Debaixo dos escombros



Capítulo 6 - Debaixo dos escombros




Hagrid passou uma xícara de chá tamanho gigante a Harry Potter dizendo:



- Faz tempo que vocês não vêm aqui.



Hermione sorriu:



- São as provas, Hagrid. Estamos na época de exames.



Rony quis saber:



- Alguma novidade, Hagrid?



- Não muitas. Mas Tessa já está melhor, e o Prof. Snape parece bem satisfeito com o progresso dela.



- É, nós a vimos na sala de aula algumas vezes - disse Harry - Ela é tão quietinha que não dava para saber que tinha um bicho na sala.



Hagrid sorriu:



- Ela é uma gracinha. Mas foi muito judiada, pobrezinha.



- Também - disse Rony - Ela está com Snape.



- Eu quis dizer que ela foi judiada antes de estar com o Prof. Snape, Rony - esclareceu Hagrid - Demorou muito tempo até ela confiar em mim.



Os três ouviram um barulho abafado.



- O que foi isso?



- Parece ter sido uma explosão.



Outro barulho, dessa vez mais alto e inconfundível.



- *Foi* uma explosão. E mais de uma.



Hagrid se levantou:



- Alguém pode ter se machucado. É bom irmos logo.



Mais perto da porta, Rony abriu, mas deu um pulo:



- AAHH!



Canino latiu - o que ele raramente fazia.



- O que foi?



- O bicho! - disse Rony Weasley, vermelho - O bicho do Snape! Estava aqui, mas aí - puf! Ele sumiu.



Hagrid disse:



- E essa agora? Ela deve estar assustada com vocês. Tessa! Tessa, eles são amigos, Tessa. Não vão fazer mal. Pode aparecer, Tessa.



Palavras mágicas. A seminviso reapareceu perto das pernas de Hagrid, olhando fixamente para os três. Hagrid se abaixou e explicou:



- Esses são amigos, Tessa. Harry, Hermione e Rony. Eles não vão fazer mal a você. Pode chegar perto deles.



Cautelosamente, Tessa chegou perto de Rony e deixou Hermione acariciar sua cabeça. Mas ela cheirou Harry longamente. Hagrid indagou:



- O que está fazendo aqui sozinha, Tessa? Onde está o Prof. Snape?



Voltando-se para Hagrid, Tessa abriu a boca e soltou um uivo alto. Ela se agarrou às pernas do gigante, mas seus bracinhos não conseguiram envolvê-lo. Ela tremia.



Harry disse:



- O que ela está tentando dizer?



- Acho que aconteceu alguma coisa, Harry. O Prof. Snape jamais deixaria Tessa sozinha. É melhor irmos logo. Hermione, pegue Tessa.



- E como é que eu pego ela?



- Ora, no colo, como se fosse um bebê.



Antes que Hermione chegasse perto, Tessa se jogou para as pernas de Harry. Rony riu:



- Acho que ela já escolheu no colo de quem ela quer ir. Snape vai ter um troço!



Harry ajeitou a macaquinha no colo enquanto Hagrid apressava todos:



- Vamos, vamos logo!



O grupo correu o mais rápido que pôde para as masmorras e na sala de aula viram o caos formado. Os alunos faziam uma grande multidão do lado de fora. Tessa começou a se agitar no colo de Harry, querendo sair, e ele a colocou no chão. Ela sumiu entre o mar de pernas, entrando na sala.



Lá dentro, eles viram Madame Pomfrey cuidando de um Mestre de Poções desacordado, deitado no chão. Tessa ficou do lado dele, choramingando, ignorando a enfermeira.



- Mas que animal é esse?



- É o bichinho do Prof Snape - disse Hermione - Ela está assustada.



- Pois tente controlá-la para longe dele, Srta. Granger, eu preciso de espaço!



Tessa tinha pegado a mão de Snape e tentava colocá-la na própria cabeça. Mas a mão dele caía, e ela tentava de novo, gemendo e choramingando. Suavemente, Harry pegou Tessa no colo de novo e explicou:



- Madame Pomfrey vai deixar o Prof. Snape bom de novo. Mas ela precisa trabalhar. Vamos esperar aqui.



Tessa fez algo novo:



- Ih, ih.



Mas não tentou sair do colo de Harry, os olhos cheios de lágrimas grudados em Snape. Madame Pomfrey tocou sua varinha na testa do professor, e ele mexeu a cabeça. Ele tentou abrir os olhos:



- Oh...



Madame Pomfrey disse:



- Tem sorte de sua cabeça ser mais dura do que a escrivaninha.



Ele precisou de três tentativas para abrir os olhos. Depois olhou em volta e pareceu alarmado:



- Tessa! Preciso encontrá-la!...



- Eeeeeeeeeck! - fez o animal no colo de Harry.



- Tenha calma, professor - disse Madame Pomfrey - Ela está aqui.


A criaturinha começou a se contorcer no colo de Harry, fazendo os olhos de Snape ganharem um brilho perigoso:



- Sr. Potter, o que pensa que está fazendo?



Perturbado, Harry tentou dizer:



- Madame Pomfrey pediu...



Tessa se desvencilhou de seus braços, gemendo, e se lançou nos braços de Snape.



- ... para segurá-la.



Ele se sentou no chão, e Tessa passou a encostar as bochechas dela nas dele, gemendo baixinho. Ele a colocou em seu colo e a acariciou, dizendo:



- Tudo bem, Tessa. Eu estou bem.



Nada parecia convencer a seminviso, que punha sua mão na cabeça de Snape e colocava a mão dele na sua cabeça. Ele finalmente se ergueu e disse:



- Acho que estou bem agora. Mas exijo uma explicação, Sr. Potter, por estar maltratando um animal indefeso.



Rony disse:



- O quê?



- Eu jamais maltrataria Tessa! - inflou-se Harry - Ela gosta de mim!



Hagrid interveio, alheio à animosidade entre os dois, sorrindo:


- Professor, ela foi buscar ajuda para o senhor! Acredita nisso? Ela foi até a cabana me apanhar! Que bichinha esperta! Lá ela conheceu Harry e os meninos.


Tessa correu para junto de Harry e pegou a mão dele, colocando-a na própria cabeça. Era sinal de que ela obviamente gostava de Harry. Snape estreitou os lábios, e Tessa olhou para seu mestre, curiosa. Um pouco desconcertado, o animal largou Harry e pediu colo a Snape. Aquilo acalmou o Mestre de Poções.


Alheia a isso, Madame Pomfrey disse:


- O senhor já está bom, Prof. Snape. Mas procure descansar muito o resto do dia. Se sentir mais alguma coisa, pode me procurar.


- Excelente - disse ele, azedo - Isso significa que já posso expulsar todos da minha sala de aula?


- Exatamente.


Ele lançou olhares ameaçadores a todos em volta, com Tessa no colo e rosnou para o grupo:


- Então? Por que ainda estão aqui?


Todos, incluindo Madame Pomfrey e Hagrid, apressaram-se em deixar a sala, sob um dos olhares desafiadores de Snape. Quando eles estavam sozinhos, Snape olhou para Tessa, no seu colo, e disse:


- Você deve estar traumatizada demais para esquecer seu bom senso e fazer amizade com *aqueles* grifinórios. Por hoje passa. Mas nada de confraternização no futuro!


Ele abriu a porta para seu escritório, e de lá foi para a porta que conectava a seus aposentos. Tessa estava toda agarradinha nele, como se temesse que ele subitamente ficasse doente de novo. Ele a depositou na escrivaninha e ficou olhando-a nos olhos, dizendo:


- Você agiu muito bem, hoje. Mesmo que a explosão a tenha assustado, você agiu como uma sonserina, salvando sua pele e buscando ajuda. Estou orgulhoso de você.


Tessa realmente pareceu entender isso:


- Uh, uh.


Ela pediu colo de novo e como um bebê colocou a cabecinha no ombro de Severo, com um suspiro profundo. Ele a abraçou, acariciando-a:


- Eu sei, eu sei. Eu também fiquei assustado quando não vi você ali. Na verdade, eu fiquei com muito medo de que alguma coisa tivesse lhe acontecido. Eu não me perdoaria, Tessa. Não se fosse você... Parecia... que tudo estava voltando... Aquele dia... Tudo tão... horrível.


Tessa passou a gemer mais alto, dando tapinhas no alto da cabeça de Snape. Ele sorriu:


- É, você tem razão, pequena. Tudo passou, foi apenas um susto. E acho que para comemorar nossa incrível sorte, deveríamos fazer algumas extravagâncias: o que você acha de nós fazermos um jantar especial na masmorra? Excepcionalmente hoje, Tessa, você vai comer na mesa, junto comigo.


Ela deu um daqueles estranhos sorrisos, mostrando todos os dentes a Snape.


- Sabia que você ia gostar. Mas antes disso, banho. Para os dois. Mais tarde lidamos com a bagunça que ficou na sala de aula. Vamos nos preparar para o banho.


Tessa saiu do colo dele e foi até o armário onde ele guardava as toalhas. Lá ela subiu até se pendurar na prateleira indicada. Ele deu um meio sorriso, divertido:


- Ah, você quer ajudar? Talvez eu devesse treiná-la para fazer algumas tarefas, como os trouxas fazem com macacos.


Tessa olhou para ele, parecendo sentida.


- Não me olhe assim. Eu estava brincando! Por favor, Tessa, não me olhe assim.


Mas Tessa não tinha gostado da brincadeira e desceu da prateleira, aborrecida. Ela foi, de cabeça baixa, para sua caminha e lá se deitou. Snape se sentiu tão mal que foi até lá, ajoelhou-se no chão e disse:


- Desculpe, Tessa. Eu não disse aquilo por querer. Foi uma brincadeira e acho que brincar é uma coisa que eu não sei fazer muito bem. Mas graças a você, eu estou querendo aprender. E isso eu nunca quis antes, porque nunca vi sentido. Mas eu quero ver você sorrir, e brincar, e pular. Ver você feliz é importante para mim. Sei que vou cometer erros, muitas vezes, e que vai levar tempo até eu aprender. Mas eu quero que saiba que eu nunca, jamais, pensei em magoar você de qualquer maneira. Você entrou na minha vida de uma maneira muito especial e me deu uma alegria que eu nunca conheci. Devo muito a você. Pode me perdoar?


Thessa se sentou na cama, os olhinhos cheios de lágrimas. Ela pegou a mão de Snape e colocou-a em cima de sua cabeça:


- Uh, uh.


Desculpas aceitas.

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