O Duelo de Titãs



Para a surpresa dos circunstantes, Dumbledore aparatou no centro do acampamento. Os gritos, os brados, os vivas de “DUMBLEDORE!”, “ELE ESTÁ AQUI”, “ESTAMOS SALVOS!” foram ditos e repetidos pela multidão que respirava aliviada por saber que estava à salva.
Alto, magro, seus olhos azuis eram claros, luminosos e cintilantes atrás dos óculos meia-lua, seus cabelos prateados eram presos a uma longa trança, Dumbledore vestia uma elegante túnica vermelho-escarlate, adornada por fios de ouro bordado que lembravam cobra se entrecruzando e enquanto caminhava uma capa arrastava no chão.
Ele sacou a sua varinha, mas manteve apontada para o chão, como se não precisasse usá-la e continuou, caminhando, lentamente na direção de Voldemort, enquanto os quatro Aurores eram empurrados pela árvore pra fora do campo de batalha, junto aqueles que o circundavam.
- Saudações Tom! – disse Dumbledore, como se cumprimentasse um amigo que há muito tempo não via – Folgo em revê-lo!
Os dois começaram a rodear um ao outro, mantendo a mesma distância entre si e descrevendo um círculo exato.
- Finalmente o destino nos coloca frente a frente Dumbledore – disse Voldemort, movendo-se de lado assim como Dumbledore.
- Creio que a última vez que nos vimos foi quando você foi a Hogwarts pedir pelo cargo de professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, lembra-se Tom? – perguntou Dumbledore – Mas é claro que lembra, depois do dia em que neguei o seu pedido, nenhum professor lecionou essa matéria por mais de um ano em Hogwarts – concluiu ele.
- Você subestimou o meu conhecimento sobre as Artes das Trevas Dumbledore – disse Voldemort e os dois continuavam a se rodear, absortos um no outro.
- Eu jamais subestimei você, tampouco o seu conhecimento sobre as Artes das Trevas – disse Dumbledore, enquanto rodeava Voldemort e encarava-o nos olhos - Exatamente por eu conhecê-lo sabia que não era apto a ocupar o cargo e percebo que não estava errado.
- Você poderia ter o mundo aos seus pés Dumbledore – disse Voldemort, continuando a rodear Dumbledore em círculo – Todavia, optou por lecionar para jovens bruxos, você é tão poderoso quanto é patético, meu velho! – disse ele a Dumbledore, como se suas palavras pudessem ofendê-lo.
- Como eu poderia ter o mundo aos meus pés? – perguntou Dumbledore – Matando? Torturando? Não, obrigado! Eu ainda opto por lecionar – concluiu ele aos risos.
- Durante anos eu evitei encontrá-lo Dumbledore, prevendo um confronto direto entre nós dois, mas dadas as circunstâncias atuais, percebo que não há outra escolha! – disse Voldemort e Dumbledore sentiu um perigo maior na sua voz do que na mais poderosa maldição – Essa guerra só terminará quando nós dois nos enfrentarmos na última e decisiva batalha! – concluiu ele.
- Cansou de jogar xadrez, Voldemort? Cansou de deixar os peões morrerem em seu lugar? – perguntou Dumbledore, cuja voz não era mais calma.
Voldemort levantou sua varinha e uma Maldição da Morte voou na direção de Dumbledore, o qual desapareceu com a mesma velocidade com a qual havia aparecido.
No momento seguinte, Dumbledore reapareceu no lado oposto do acampamento e Voldemort virou-se para encará-lo ao mesmo tempo em que o chão em torno dos seus pés abriu-se em grandes fendas e delas elevaram-se colunas de pedras quadradas dispostas sinuosamente como paredes de um labirinto. A fúria de Voldemort, preso no labirinto como um pássaro preso na gaiola, manifestou-se através de um grito ensurdecedor e as paredes de pedra próximas a ele explodiram em milhares de rochedos que voaram em todas as direções. À medida que Voldemort levantava sua varinha e voltava a baixá-la, tais rochedos elevavam-se no ar como criaturas vivas e desabavam sobre Dumbledore como uma chuva de pedras.
As centenas de pessoas escoradas as árvores permaneceram imóveis, contemplando o duelo épico travado entre Dumbledore e Voldemort.
Ato seguido, Voldemort brandiu sua varinha para os céus e ventos fortes açoitaram as árvores da Floresta Proibida, desceram e formaram um tornado que prendeu Dumbledore como uma massa de ar sufocante. Conforme Voldemort concentrava sua força no tornado, Dumbledore sufocava cada vez mais. Um estampido, seguido por um clarão de luz e o tornado explodiu em fumaça que pairou sobre eles, voltando a solidificar-se até transformar-se numa torrente de flechas que choveram em Voldemort, o qual ergueu os braços no ar, cruzando-os como uma cruz, para logo depois abri-los categoricamente e as flechas sumiram como se nunca houvessem existido.
A luta entre Dumbledore e Voldemort era terrível e inevitável e ninguém, auror, comensal, gigante ou centauro ousava aproximar-se do campo de batalha.
- Você é digno de pena Tom! – disse ele calmamente – Você é fruto de uma relação sem amor – continuou Dumbledore – Seu pai, trouxa, abandonou sua mãe, bruxa, quando ela o carregava no ventre.
“E sua mãe, Mérope, morreu ao dar-lhe a luz. Você cresceu num orfanato, sem conhecer o amor, sozinho, sem ninguém! E o ódio que você nutre pelos sangues-ruins, como você gosta de chamar os mestiços e os nascidos-trouxas é porque você é um deles e odeia a si mesmo por isso. Matou a própria família pela vergonha que sentia por ela ser trouxa e por não aceitar que nas suas veias corria e ainda corre um sangue mestiço”.
“Tom, olhe a sua volta! – disse Dumbledore, indicando os corpos dos mortos que jaziam ao seu redor – Veja quantas vidas foram perdidas durante a batalha – continuou ele – Somente você pode acabar de uma vez por todas com essa guerra, a qual não levará a nada a não ser a morte!
- É tarde de mais para arrependimento Dumbledore! – exclamou Voldemort – O caminho que eu escolhi não tem retorno – continuou ele – Quanto à guerra, ela acabará sim, quando eu matá-lo!
- Você selou o seu destino, Tom, agora sofrerá as conseqüências dos seus atos! –exclamou Dumbledore numa voz de trovão, como se fosse um deus determinando o destino de um mortal.
O solo sob os pés de Voldemort esquentou e fendeu: águas selvagens brotaram das entranhas da terra, subiram e o cobriram como uma esfera d’água, que esfriou e congelou transformando-se numa bola de gelo.
A multidão que assistia bradou e Voldemort deu um grito: o globo vítreo explodiu em milhares de fragmentos pontiagudos que foram paralisados no ar por Voldemort, e logo depois despencaram sobre Dumbledore como uma chuva de cacos de vidro; ele só conseguiu evitá-los desaparecendo e reaparecendo atrás de Voldemort.
Todos os olhares convergiram sobre a varinha de Dumbledore, quando ela girou e golpeou: um feitiço prateado voou dela como uma bomba voa de um canhão, cortou o ar num estampido ensurdecedor e voou como uma flecha de energia na direção de Voldemort, arremessando-o no lado oposto do campo de batalha, fazendo-o bater contra uma árvore que se despedaçou com a força do impacto e deslizar, inconsciente, para o chão.

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