Capitulo VI
- Amigos – anuiu, aceitando aquele aperto de mãos e quase sufocando ao sentir os dedos de Harry fechando-se ao redor dos seus.
Aqueles dedos estavam frios, mas o impacto que sentiu foi de calor. Um calor que subiu depressa por seu braço e que atingiu-lhe o peito e o coração, tornando-a emotiva demais. E, por uma fração de segundo, a imagem de Harry, deitado em sua cama, naquela noite de verão, havia tantos anos, ocupou sua visão, bloqueando-a para qualquer outro pensamento.
- Calma, está tremendo... – ouviu-o comentar, e teve de morder o lábio inferior para privar-se de uma negativa diante de tal comentário. – Sinto muito. Eu não queria perturbá-la.
- Não perturbou.
Harry encarou-a, parecendo notar algo diferente em sua reação. Então, com as costas da mão, tocou-lhe de leve o rosto. Desta vez, Gina não conseguiu disfarçar sua resposta imediata àquele toque. Afastou-se abruptamente, chegando a bater com força na quina da mesa que ocupava o centro da cozinha.
- Gina! – A irritação dele era evidente, mas Gina suspeitava que nenhum dos dois estivesse preparado para a reação dele. Ao invés de soltá-la, Harry a seguiu e, tomando-lhe pela nuca, fê-la encará-lo.
- Foi isso que um casamento infeliz fez a você? – perguntou firme, quase grosseiro.
Gina negou de leve com a cabeça, percebendo que Harry imaginava ser aquela reação o reflexo de algum tormento intimo que lhe restara de seu relacionamento com Draco. E o pânico que estava sentindo, nada tinha haver com seu ex-marido...
Não sabia o que dizer. Sua mente estava atormentada com as emoções que a mão de Harry provocava, ali, em sua nuca, espalhando irradiações por todo o seu corpo. Como ele podia culpar seu marido de criar emoções que Draco jamais fora capaz de provocar? Era cruel demais!
- Solte-me, por favor – pediu, em voz fraca. – Estou... muito cansada.
- É, eu sei. – Ele a acariciava com o polegar agora, passando-o com suavidade pela curva de sua orelha.
Gina imaginava que era possível que Harry imaginasse que, assim, dava-lhe algum conforto...
- Pobrezinha... – ouviu-o murmurar. – Tem idéia de como parece jovem nessas roupas?
- Por favor, Harry... – Ela quase se sentia desfalecer.
- Eu sei, eu sei como se sente. – Harry já a puxava para si, com jeito protetor e amigo. – E sabe que pode confiar em mim e contar comigo para qualquer coisa, não sabe?
Gina afastou-se, perturbada com tamanha intimidade, e, ao mesmo tempo, ouviu uma voz alterada que protestou:
- Mas... o que pensa que está fazendo?
Como imaginara, Lilian estava à porta que dava para o interior da casa. E ela continuava, contrariada:
- Pelo amor de Deus, Harry. Está em pleno juízo. Ela mal chegou a esta casa e já está começando a criar problemas entre nós?
Gina entreabriu os lábios, pasma diante do que ouvia.
- Não acredito que esteja imaginando que eu... que eu o estava encorajando... – tartamudeou.
- E o que está fazendo aqui embaixo a esta hora da noite? – Lilian rebateu austera. – E que cheiro horrível é este? – Depois, voltando-se para o filho, sem esperar por uma resposta, prosseguiu: - Imagino que a tenha feito abrir a porta para você. Por que não entrou pela porta da frente, afinal? Eu lhe disse que estaria esperando!
- Eu “vim” pela porta da frente – ele acentuou as palavras. – Mas achei que ninguém estaria de pé, esperando-me a estas horas. Além do mais, não havia luzes acesas para que eu pensasse o contrário.
- Eu devo ter adormecido por alguns minutos, nada mais do que isso – Lilian explicou, sem perder a autoridade. – Deus sabe o pouco que eu tenho dormido desde que Arthur se foi. – Seus olhos brilharam ao tornar a encarar a enteada. – Ainda mais porque algumas pessoas parecem se esquecer facilmente o motivo que as trouxe aqui...
- Pare com isso, mãe – Harry interferiu, sabendo que aquela conversa não poderia levar a algo agradável. – Gina também não conseguiu dormir. Ela estava aqui, tentando preparar algo quente para beber e eu acabei perturbando-a quando cheguei. Foi por isso que o leite ferveu. É este o cheiro que está sentindo: leite queimado, nada mais.
Lilian ainda olhava para Gina, parecendo não acreditar.
- Se é o que diz... – murmurou por fim, sem a menor intenção de parecer sincera. E, passando os olhos pelo corpo da enteada, provocou: - Não tem nada melhor para vestir?
Gina, porém, apenas negou com a cabeça. Não queria começar uma discussão com Lilian naquele momento.
- Se me derem licença... – sussurrou, na intenção de sair dali o quanto antes. – Vou voltar para a cama.
E foi mais fácil do que imaginara, já que nenhum dos dois ofereceu qualquer objeção a sua saída. Passou pelo hall, de onde pôde ver a porta de madeira entalhada que dava para o escritório de seu pai. sentiu-se tentada a ir até lá, mas deteve-se diante da idéia de que Lilian poderia querer mostrar a Harry o local exato onde encontrara o marido. Subiu a escada depressa, então, entrando em seu quarto e fechando a porta atrás de si. Recostou-se a ela, imaginando por que Harry a perturbava tanto cada vez que se viam. Qualquer coisa que ele fizesse ou dissesse deixava-a mais sensível do que o normal.
Cruzou o aposento até chegar à cama antiga que sempre ocupara enquanto vivera naquela casa. Mesmo tendo seus pertences sido retirados dali e tendo Lilian feito uma nova decoração para o quarto, aquele lugar ainda lhe era familiar. No entanto, aquela poderia ser a última vez em que dormiria ali e, mais uma vez, sentiu os olhos marejados de lágrimas. Assim que o funeral de seu pai terminasse, não teria mais desculpas para permanecer em Penmadoc ou em fazer uma visita de vez em quando.
Continua (...)
Ui gente no começo da fic eu cometi um pequeno grande erro!
A Gina era casada com o Draco e não com o Dino...e por isso desculpa ai!
xD
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