Capitulo XX



Depois do que aconteceu na biblioteca, Harry dormiu mal mais uma vez. Saíra, na noite anterior, para dar uma caminhada e, ao voltar, ouvindo a voz da mãe, acabara por surpreendê-la em uma conversa estranha ao telefone. E depois, os beijos que trocara com Gina... Devia estar ficando louco, pensou, maneando a cabeça. Mas, afinal, não conseguia entender o que lhe estava acontecendo. Estaria apaixonado novamente? Não havia se curado daquele sentimento nem mesmo depois de tantos anos?


 


- Vai comer esses ovos ou não?


 


Harry ouviu a voz severa de Eleanor e ergueu a cabeça para vê-la. Estivera mexendo nos ovos mexidos, mas não colocara uma só garfada na boca.


 


- Não estou com fome – murmurou.


 


- Mas precisa comer – ela insistiu. – Já notei que anda sem apetite nos últimos dias. – Ela esperou um pouco, olhando-o, depois perguntou: - Sabe se sua mãe vai levantar esta manhã? Marcus Venning disse que viria às dez e já está quase na hora.


 


Harry consultou o relógio, espantado por já ser tão tarde.


 


- Pelo que sei, minha mãe estará em pé para receber o sr. Venning – confirmou e, sem conseguir disfarçar sua ansiedade, indagou: - Viu Gina?


 


- Ela se levantou bem cedo e tomou café comigo, mas agora não sei onde está. Saiu há quase meia hora e não perguntei para onde estava indo.


 


- E não faz nenhuma idéia? O sr. Venning vai querer vê-la também.


 


- Deve ter ido à igreja. Gina disse alguma coisa sobre despedir-se do pai antes de partir. Ah, a propósito, espero que seu quarto já esteja liberado, porque Beth virá fazer uma faxina na casa. Afinal, depois de todas aquelas pessoas aqui, ontem, por causa do funeral... – Eleanor deixou a frase no ar e voltou a seus afazeres.


 


Beth era uma senhora que havia muitos anos limpava a casa quando era necessária uma faxina geral. Harry a conhecia e sabia que ela gostava de limpar os cômodos quando não havia roupas espalhadas por eles. Como seu quarto estava em ordem, levantou-se e caminhou até a biblioteca, para acender a lareira. Sabia que o velho advogado, apesar da aparência jovial, sofria de artrite e que não gostava de fazer seu trabalho em uma sala fria.


 


Já acomodado na poltrona diante do fogo, Harry olhou pelas grandes janelas e, sem que sentisse, as recordações do passado começaram a fluir em sua mente...


 


 


Devia estar com quinze anos quando percebera que Gina já não era mais uma garotinha. Não se sentira atraído por ela naquela época, já que Gina era muito mais um estorvo do que uma companhia, com todos aqueles seus trejeitos de adolescente encantada com o mundo novo que descobrira em si mesma. Fora no último ano do colegial que alguma coisa parecera ter mudado nela... Harry passara a notar a beleza de seu rosto e de seu corpo esguio. Esperava por ela para voltarem da escola, estava a seu lado em qualquer evento social e adorava cada minuto em que podiam conversar e trocar idéias. Havia muito mais entre ambos do que apenas atração física, agora reconhecia, mas, na época, não se importara em entender o que sentiam.


 


Em casa, porém, era diferente, já que Lilian não gostava da atenção que o filho dispensava a sua enteada. Já o avisara de que Arthur poderia não gostar, embora ele jamais houvesse feito algum comentário negativo. Pelo contrário, estava satisfeito que sua filha e Harry estivessem, afinal, mais próximos.


 


O verão que antecederia a ida de Harry para a universidade foi particularmente quente. E o rio Madoc, com suas calmas a límpidas águas e próximo à propriedade, era um ponto de encontro para os jovens locais. Muitos costumavam ir nadar ali, entre eles Gina e Harry.


 


Lembrando-se agora daquele verão, ele percebia como fora inocente ao imaginar que estava interessado apenas na beleza física de Gina porque já despertava em si a veia artística para a fotografia. Como poderia imaginar que já a estava desejando? Estavam ficando cada vez mais próximos, mais unidos, até aquela noite...


 


 


O ruído de um motor tirou-o de seus pensamentos. Pouco depois, tia Nell veio avisar da chegada do advogado.


 


- Quer que eu chame sua mãe ou você irá chamá-la? – perguntou ela, direta como sempre.


 


- Já estou aqui! – respondeu a voz aguda de Lilian, que aparecia no último degrau da escadaria. Pouco depois ela já estava na biblioteca, oferecendo a mão a Venning.


 


- Que bom ver que está melhor hoje, sra. Weasley – disse ele. – Foi uma pena não poder estar conosco no funeral ontem. – Parecia claro que não acreditava muito no estado depressivo em que ela alegara estar, mas a conversa limitou-se a apenas esse comentário.


 


Lilian ignorou Venning e olhou ao redor, como se procurasse por algo, até que perguntou:


 


- Onde está Gina?


 


- Virá em seguida – Eleanor informou. – Está tirando as botas no vestíbulo. Ela foi à igreja esta manhã.


 


Marcus Venning aceitou a explicação com um assentimento aprovador, enquanto Harry via, no rosto da mãe, um certo descontentamento por perceber que, para o velho advogado, Gina ainda era uma das proprietárias da casa.


 


Minutos depois, quando Gina chegou, a tensão na biblioteca pareceu aumentar consideravelmente. Harry se perguntou se a estaria sentindo sozinho e se o ar de indiferença de sua mãe seria forçado. Quanto a si mesmo, mal pôde tirar os olhos de Gina, em especial porque ela vestia uma saia muito elegante que revelou parte de suas pernas quando se sentou para ouvir o que Venning tinha a dizer.


 


- Bom dia – disse ela, enquanto se acomodava. – Sinto se acabei atrasando-os. Estava conversando com o padre Lewis e acabei me esquecendo de que precisava voltar logo.


 


- Todos nós entendemos – comentou Marcus, educadamente. Depois, olhando para a porta, onde Eleanor aguardava, convidou: - Venha e sente-se, srta. Tenby. É beneficiária também.


 


Ela não pareceu gostar da idéia, mas fez o que lhe era pedido. Marcus então, abriu sua valise e retirou dela alguns papéis e uma pasta.


 


A tensão aumentou na sala. As juntas de Lilian estavam brancas enquanto segurava com força o apoio da cadeira de braços em que sentara. Eleanor estava rígida como um bloco de gelo, talvez imaginando que teria de abandonar aquela casa se, como previa, Arthur a houvesse deixado para a esposa.


 


Harry observava o prazer com que o advogado fazia seu trabalho. Olhou para sua mãe e viu que ela devolvia o olhar, extremamente apreensiva. Na comunicação muda que tiveram, tentou acalmá-la com sua própria tranqüilidade.


 


Venning começou a ler devagar, o que abalou ainda mais os nervos de Lilian. Algumas pequenas quantias em dinheiro foram deixadas para amigos, como o dono do barzinho local e o jardineiro que estava trabalhando para a família havia mais de quarenta anos. Uma soma considerável também foi deixada para a cunhada, e Eleanor relaxou assim que seu nome foi lido. Instantes depois, quando Venning anunciou a divisão da fortuna, Lilian agarrou-se com mais firmeza à cadeira e esperou.


 


-“Para minha esposa, Lilian, deixo metade de minha casa e tudo o que me pertence, com exceção das pelas de joalheria que me foram dadas por minha primeira esposa, Molly, e que entrego a minha filha, como lembrança do amor que eu e sua mãe partilhamos. Também deixo fundos suficientes para prover o sustento de minha atual esposa, para que continue a viver em Penmadoc, caso assim o deseje, desde que minha cunhada, Eleanor Tenby, também continue morando lá se for de seu agrado. Caso minha esposa deseje casar-se novamente ou viver em outro lugar, a casa ficará de posse de minha filha, como também acontecerá na eventual morte de minha esposa.”


 


Houve uma expressão abafada de espanto assim que o advogado acabou de ler essa parte do documento, e Harry não soube ao certo se ela teria vindo dos lábios de sua mãe. No entanto, ela estaria arriscando muito se mostrasse surpresa por aquele testamento estar diferente do o que encontrara... talvez fosse Gina, afinal, quem estava mais surpresa ali.


 


O advogado vacilou por alguns momentos, depois continuou:


 


- “Para minha filha, Gina, deixo as jóias já mencionadas, bem como todos os meus livros e quadros valiosos, além de metade da casa em que vivemos por tantos anos. Talvez, partilhando a responsabilidade pela mansão ela e minha esposa possam, por fim, se entender, o que não foi possível durante minha vida, infelizmente. E designo meu enteado, Harry Potter, como executor legal deste documento.”


 


Harry sentiu seus nervos relaxarem, então, percebendo que também estivera tenso. Ao que parecia, Arthur soubera repartir muito bem o que lhe pertencia, imaginou, olhando com atenção para aos rostos que estavam a seu redor.


 


 


Apesar dos pedidos de tia Nell, Gina deixou Penmadoc naquela mesma tarde. Sabia que havia documentos a assinar, mas não queria permanecer naquela casa por mais tempo, além de ter de contar com a presença de Harry, que a deixava ainda mais tensa.


 


Não conseguira deixar de pensar nos beijos dele e por isso saíra de manhã para ir à igreja, mas até mesmo lá havia lembranças, e precisava fugir delas.


 


Ao chegar a Euston e tomar o táxi até o hotel, continuava pensando no testamento e sentia-se feliz por saber que a casa, embora partilhada com Lilian, continuaria na família. Harry deveria estar agora consolando a mãe, dizendo-lhe que Gina não dificultaria as coisas para ela... Ele sempre fora assim, sempre ajudara Lilian mesmo não recebendo nada em troca.


 


Já anoitecia quando começou a desfazer as malas no quarto do hotel. Ficaria ali por algum tempo para pensar melhor e decidir o que faria de sai vida. Jantou no quarto, já que não estava disposta a vestir-se para descer e depois telefonou para tia Nell, comunicando onde se encontrava e pedindo-lhe que não revelasse seu paradeiro a ninguém, a não ser em caso de emergência.


 


- Seria melhor se tivesse ficado  aqui, querida – insistiu Eleanor.


 


- Eu prefiro assim, tia.


 


- Mas esta é sua casa. E depois nunca se sabe o que aquela mulher poderá fazer agora que acha que você atrapalhou seus planos...


 


- Quais planos?


 


- Para vender Penmadoc, é claro. Não me diga que nunca percebeu quanto ela está ansiosa para sair daqui. Pelo amor de Deus, Gina, ela quer se mudar para Cardiff há anos!


 


- Mas ela e papai...


 


- Ela e seu pai não dormiam juntos há muito tempo, querida. Achei que soubesse disso.


 


Gina guardou silêncio por instantes. Repassava a expressão alegre de seu pai quando haviam se encontrado em Londres no verão anterior. Imaginava agora se ele estaria escondendo algum problema cardíaco da mesma forma que escondera seu relacionamento problemático com Lilian.


 


- Acha que pode haver algum outro homem na vida dela, tia? – perguntou, por fim, a idéia cruzando-lhe a mente em um átimo.


 


- Tudo que estou dizendo é que deve estar preparada para enfrentar essa mulher, minha cara.


 


Era óbvio que sua tia não iria fazer confidências, e Gina achava que essa seria, talvez, sua maneira de obrigá-la a voltar a Penmadoc, para saber por si mesma como deveria agir em relação a Lilian. No entanto, pelo menos por alguns dias, pretendia permanecer no hotel para poder descansar e pensar melhor.


 


Dois dias depois, ligou para o tio de Draco e agora seu patrão e explicou a situação. Ele foi muito simpático, muito solidário, mas deixou claro que precisava dela em Nova York. Gina prometeu voltar em uma semana.


 


- É pena que a casa não tenha ficado só em seu nome, não? – comentou ele, pouco antes de desligar. – Assim, poderia vendê-la e voltar para fazer bons investimentos com o dinheiro. Ou será que encontrou algum amor do passado e pretende ficar por aí mais algum tempo?


 


O comentário fora apenas uma brincadeira, mas desencadeara uma série de emoções em Gina. Emoções que, naquela noite, ao subir para seu quarto, depois do jantar, levaram-na a recordar-se da noite fatal em que toda a sua vida fora mudada. A noite em que juntara toda sua coragem juvenil e fora ao quarto de Harry. Era estranho pensar nisso agora, mas, se tivesse de repetir sua atitude, não mais conseguiria.


 


Depois, houvera os acontecimentos que se seguiram àquela noite e que a tinham transformado na mulher que era hoje.


 


Os sons daquele princípio de noite estavam em seus ouvidos. O ruído longínquo dos trovões anunciava a chuva depois do dia extremamente quente no qual ela observara Harry jogar futebol com os colegas da escola. Ele se sentara a seu lado. Cansado e feliz porque seu time tinha ganhado a partida e haviam conversado durante muito tempo. Era assim naquela época, pensava, com um nó na garganta. Conseguiam conversar porque eram inocentes e estavam cada vez mais próximos um do outro. No entanto, não podiam conversar e nem estar juntos quando estavam em casa. Lilian não permitia que ficassem sozinhos. Por isso, imaginando que seu pai e Lilian estariam fora naquela noite, talvez em um cinema ou em visita a amigos, pensou em ir ao quarto dele para poderem conversar, partilhar momentos agradáveis que não poderiam ser vividos a não ser na escola.


 


Gina não sabia ainda, mas o que a movia era a ânsia louca de poder partilhar da intimidade da vida de Harry. Queria estar com ele sempre, porque já o amava. Sabia que, à noite, ele ficava trabalhando ao computador durante muito tempo, e decidiu que poderiam ficar juntos até perceberem a chegada de seus pais.


 


No entanto, quando entrou no quarto, a surpresa de ver Harry adormecido foi ao mesmo tempo encantadora e frustrante. Encantadora porque estava ali, diante do rapaz por quem se apaixonara, vendo-o dormir, calmo, másculo e belo, e frustrante porque não poderiam conversar.


 


Aproximou-se da cama na intenção de apenas permanecer ali, sem saber ao certo o que fazer, quando ele acordou, assustado, os olhos incrédulos por vê-la. De repente, ela se sentiu uma tola. Um sentimento absurdo de vergonha a tomou, fazendo-a voltar-se em direção à porta, para sair daquele quarto quanto antes.


 


Mas, antes que tocasse na maçaneta, Harry já estava atrás dela, o corpo quente praticamente recostado ao seu, o que despertou-lhe de imediato uma série de sensações que jamais experimentara antes.


 


- Espere. Quero que me diga por que, de fato, veio até aqui. – Era como se ainda pudesse ouvi-lo falando, a voz baixa e rouca penetrando por seus ouvidos e fazendo-a estremecer.


 


Tudo acontecera de maneira romântica e inocente. Ela se voltara e vira-se presa entre seus braços. E um beijo alucinante os unira, envolvendo-os na paixão que já conheciam, mas da qual jamais haviam partilhado. Os carinhos, hesitantes a princípio, foram intensificando-se, levando-os calmamente até o leito que Harry ocupara antes, para ali se manifestarem de maneira mais íntima.


 


Gina jamais fora beijada daquela maneira. Jamais sentira as emoções que tomavam conta de seu corpo e deixavam-na cega e surda para o resto do mundo. Queria apenas viver intensamente aqueles momentos nos braços de Harry porque, naquele momento, soube que o desejara ardentemente por muito tempo. Sua inocência e docilidade cativaram-no, deixavam-no enlouquecido de paixão. Ele também já a amava, embora nunca houvesse se dado conta de quanto.


 


O amor que fizeram naquela noite foi uma mistura de encantamento e inocência, e, embora tivesse sido a mais terrível noite da vida de Gina, ela sabia que fora a mais bela também.


 


Até o momento em que as luzes do quarto foram acesas e Lilian aparecera diante de ambos, o rosto congestionado, a expressão terrível. Gina julgara-se a pior entre as criaturas, pega assim, nua na cama de Harry, parecendo a pior das rameiras. Todo o encantamento e inocência foram transformados, em segundos, em um ato de devassidão aos olhos da madrasta.


 


Lembrava-se vagamente das palavras dela, mas de seu significado, guardara todas as marcas. Aparentemente, a tempestade a fizera ficar em casa, enquanto Arthur fora até a cidade para ficar apenas por pouco tempo na casa dos amigos. Fora pura sorte isso ter acontecido, pois ele jamais viria a saber do que acontecera em Penmadoc.


 


Lilian fizera da situação uma tempestade pior do que aquela que se aproximava. Fizera-os enxergar o ultraje em que se sentia por ambos estarem agindo daquela forma dentro de sua própria casa. Criou, para os dois, a pior impressão daquilo que tinham acabado de viver e que, segundos antes, fora a mais bela prova do amor que sentiam um pelo outro.


 


E, depois de fazê-los envergonharem-se até o mais profundo de suas almas, Lilian decidira que tudo deveria ser escondido de Arthur para que ele não se aborrecesse, para que pudessem manter o “lar decente” que tinham tido até então. Na ocasião, Gina chegara a sentir-se aliviada com isso, sabendo que seu pai continuaria sem sabe o que se passara. Aceitara as palavras da madrasta e voltara para seu quarto, na esperança de que, de fato, pudessem continuar a viver como haviam feito até então.


 


O que Gina não poderia esperar era que Lilian acabasse por convencer Harry de que deveria partir porque isso seria o melhor a fazer para ambos. Jamais fora deixada a sós com ele outra vez e, certa manhã, ao acordar, ficara sabendo que ele partira em viagem para a Europa. Não houvera despedidas, nem recados, nada. Lilian preparara tudo muito bem. Como sempre.


 


Gina engoliu em seco, diante das lembranças. Como fora tola durante toda a sua vida! Como fora manipulada! Ela e Harry! Dois tolos inocentes que tinham pago por um pecado que desconheciam... Um pecado inocente, se é que isso pudesse existir.


 


As recordações, porém, continuaram. Precisava lembrar-se para finalmente exorcizar os fantasmas do passado. Quanto tempo chorara, desesperada, querendo saber notícias de Harry, sentindo sua falta... E, com o atraso em sua menstruação, no mês seguinte, houve a constatação da gravidez, o grande choque de sua vida. Com quem poderia conversar a respeito, a não ser com a única pessoa que sabia do que acontecera? Ficara aterrorizada. Negava-se a contar. O problema seria só seu. Até o dia em que não mais pudesse ocultá-lo.


 


Pouco tempo depois, o pior dia de sua vida, depois daquele em que Lilian a surpreendera com Harry, aconteceu: fortes dores no ventre a levaram a arrastar-se até o banheiro de seu quarto. Estava perdendo muito sangue. Estava perdendo seu filho.


 


Por coincidência, Lilian subira e notara que alguma coisa estava errada e a ajudara, mostrando-se excepcionalmente amiga e solidária. Na verdade, Lilian se comportara como uma verdadeira mãe, carinhosa e compreensiva, prometendo inclusive, fazer de tudo para que seu pai nada percebesse. Cuidara dela com extremo zelo. Gina chegara a pensar que, enfim, conseguira a simpatia da madrasta. Apesar da gravidade de seu estado, estava desesperada porque queria muito aquela criança que se fora...


 


Mais uma vez viu quanto fora tola. Tola por imaginar que Lilian estivesse agindo por amor. Tola por não perceber que aquele aborto espontâneo servia aos propósitos de sua madrasta mais do que poderia imaginar. Ela estava livre de um problema ainda maior e, jurando segredo para com Arthur, estava protegendo seu filho da infâmia e afastando-o ainda mais de Penmadoc... Mais uma vez ela manipulava a tudo e a todos com sucesso, mostrando-se uma criatura exemplar...


 


Mais tarde, ao seguir para a universidade, Gina jurara nunca mais voltar a sua casa para morar. E dali para o casamento com Draco, faltara pouco. Queria fugir daquele lugar, da presença de Lilian, das recordações do passado, da indiferença de Harry, que, depois de sua viagem pela Europa fora estudar e nunca mais voltara. A chance de morar nos Estados Unidos lhe acenara como uma possibilidade maravilhosa de recomeçar a vida e de esquecer o passado. O casamento não dera certo, porém, e Gina aprendera a viver por si mesma, sem esperar compreensão ou amor de ninguém. Crescera em espírito, mas sofrera muito.


 


E agora, tantos anos depois, ela ainda carregava as mágoas que a tinham abalado. Rever Harry fora difícil, doera muito. Pensara, sinceramente, que conseguiria lidar com o fato melhor do que fizera, mas o amor que sentira por ele era grande demais.


 


 


 


 


 


(...)


 


 


 


 


Para que o próximo capitulo venha mais rápido comeentem ;**


 


 


 


 


 


 


 

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