Viagem [Rony e Anny]



Já faz dois dias que partimos da corte, Rony é uma companhia agradável, sempre alegre, é uma das pessoas que mais me faz rir, no entanto nem ele anda conseguindo me fazer sorrir, sinto muita falta do Matheus, nós mal nos casamos e já tivemos de nos separar.

- O que foi Anny? – ouço Rony me perguntar preocupado.

- Nada não Rony, não liga pra mim. – respondo infeliz por deixar Rony preocupado.

- Você sente falta dele não é? – perguntou Rony pesaroso, eu não respondi, apenas acenei que sim. – Deve ser muito difícil ficar longe dele, estou a apenas dois dias longe da Mione e já sinto como se fossem séculos.

Eu sorri de má vontade, não pelo que Rony falou, mas pela careta que ele fez ao dizer que estava com saudade de Hermione. Suspirando voltei a me enterrar na tristeza lembrando com saudosismo como eu e Matheus nos conhecemos, eu tinha acabado de me inscrever na academia de auror e estava super ansiosa, pensei que não me aceitariam, por ter parentes envolvidos com artes das trevas…


- Boa tarde senhora Yaxley. – falou uma voz masculina.

Depois de fazer a inscrição na academia de auror eu tinha ido contar a mamãe, minha mãe possuí uma butique no Beco Diagonal onde vende ervas e essências de todos os tipos, é uma das perfumarias mais conhecidas do mundo bruxo, mas em tempos de guerra até mesmo os melhores comércios entram em crise, em tempos de paz eu nunca conseguiria falar com minha mãe no meio do expediente.

Aquele era um dia calmo em que poucas pessoas entraram na loja, mal contei para minha mãe que tinha me inscrito na academia e ouvi uma voz atrás de mim, era forte, rouca, máscula, o tipo de voz que sussurrada no ouvido deixaria qualquer mulher arrepiada, e mesmo que o dono da voz não estivesse sussurrando no meu ouvido eu pude sentir um arrepio percorrendo minha espinha e os pelos do meu braço se arrepiarem.

Lentamente me virei e vi um homem parado à porta, ele era alto, pelo menos para mim, mas todo mundo era alto para mim, então não era grande coisa, tinha cabelos escuros alinhados, olhos amendoados, que no momento pareciam curiosos enquanto me observavam, sua pele era clara, e ele era muito musculoso, o tipo de músculos que a gente via em comerciais em TVs trouxas.

- Olá senhor Bohrn, entre, fique a vontade. – ouvi minha mãe responder. – Em que posso ajudá-lo?

- Minha mãe pediu para que eu buscasse o perfume que ela encomendou, para o presente do papai. – respondeu o rapaz que devia ser uns quatro anos mais velho que eu.

- Há sim, vou buscar. – minha mãe foi para os fundos da loja, sem nem ao menos me apresentar para o homem a minha frente, que em momento nenhum desviara os olhos amendoados de mim.

Percebi (para minha tristeza) que estava corando, isso sempre acontecia, não sei por que sou tão tímida e retraída, quando era criança eu era tão retraída, que não emiti nenhum sinal de magia involuntária, o que fez com que meus pais pensassem que eu era um aborto, mas aos onze anos a carta de Hogwarts chegou e eu fui tão bem lá que meus pais logo esqueceram que eu não tinha feito magia involuntária, o que era o normal, até mesmo para os nascidos trouxas.

- Acho que sua mãe esqueceu que eu moro na Irlanda e não conheço ninguém por aqui. – falou Bohrn fazendo uma tentativa de quebrar o silêncio constrangedor que se instalara entre nós.

- Eu me chamo Anny Yaxley. – me apresentei sorrindo timidamente.

- Matheus Bohrn. – ele se aproximou e pegou minha mão a beijando, o que me fez corar novamente. – É um grande prazer conhecê-la.

Mesmo enquanto beijava minha mão seus olhos não saíram do meu rosto, parecia que ele tentava captar o que se passava na minha mente, por um momento temi que ele estivesse usando legilimência comigo, mas logo me acalmei, eu saberia se ele estivesse usando isso comigo, afinal eu tinha um talento natural para legilimência, quando cursava o ultimo ano em Hogwarts os professores organizaram um curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas, no qual eu participei, tive dificuldades para fechar minha mente e ainda sou somente razoável nisso, mas… eu não sei como explicar, eu simplesmente consigo entrar na mente de qualquer um sem esforço, eu nem precisei terminar o curso para ganhar o diploma de conclusão, oclumência e legilimência eram as últimas matérias ensinadas.

- Então você mora na Irlanda? – perguntei interessada em fazê-lo parar de me encarar, ou ao menos falar alguma coisa, toda aquela contemplação estava me deixando nervosa.

- Sim, meus pais são donos da loja de quadribol a duas lojas daqui. – ele respondeu sorrindo, mostrando os dentes perfeitos e brancos. – Eles abriram uma filial da loja na Irlanda e eu me mudei para lá para poder ficar de olho em tudo.

- Aqui está o perfume, aliás, diga a sua mãe que foi uma excelente escolha, esse perfume é maravilhoso. – minha mãe falou entrando novamente, eu não tinha percebido, mas enquanto falávamos nós nos aproximamos sem perceber, eu até podia sentir o calor que emanava do corpo dele, envergonhada eu dei um paço para trás.

- Obrigada senhora Yaxley. – Matheus falou, deixando pela primeira vez de olhar meu rosto, fiquei surpresa quando me senti frustrada por isso.

Com um aceno para mim ele saiu da loja, deixando em mim uma sensação estranha de perda, era como se eu estivesse perdendo parte de mim.


- Hum. – a voz de Rony interrompe minhas recordações, percebi tarde demais que não tinha bloqueado minha mente, logo ele estava vendo tudo que eu vi. – Eu nunca pensei que você fosse o tipo de pessoa que se apaixona a primeira vista.

Irritada e principalmente envergonhada eu o ignorei o que rendeu estrondosas gargalhadas da parte dele, às vezes eu concordava com Hermione, quando ela dizia que Rony era um legume insensível.

- Hei! – protestou Rony, e percebi que ele ainda prestava atenção nos meus pensamentos, eu o bloqueei. – Você não pode me bloquear, esqueceu que combinamos ficar com a mente aberta para que em qualquer eventualidade não precisássemos falar para alertar o outro?

Rony perguntou com um tom claramente debochado, às vezes esse negócio de conexão mental era extremamente irritante! Mesmo com raiva eu desbloqueei minha mente e ele teve acesso aos meus pensamentos novamente, isso o fez perceber o quanto eu estava irritada.

- Desculpa. – ele pediu corando. – Às vezes eu exagero.

- Tudo bem, eu é que sou boba. – respondi rindo, Rony podia ser irritante, mas também era a única pessoa com quem eu teria contato por muitos dias, era melhor ser amigável, afinal ele não tem culpa do meu mau humor.

Continuamos a cavalgar em silêncio, quando percebi algo, o silêncio estava demais, não havia aves, não havia barulho a não ser dos cascos dos nossos cavalos e nossa respiração, os cavalos começaram a relinchar nervosos, Rony também tinha percebido que algo estava errado, não tínhamos nos encontrado com ninguém por toda a estrada, nem mesmo com camponeses, acho que a primeira armadilha ia ser posta em prática.

“Cuidado”, Rony pensou, “eles estão por toda parte, não sinto magia, devem ser soldados”.

“Prepare-se para brigar”, pensei em resposta, nossas espadas estavam em nossa cintura, apesar de ser mais prático (e mais cômodo) fazê-las desaparecer e aparecer, Merlin tinha nos pedido para não usar nossos poderes com tanta freqüência, estávamos em uma época em que todos sabiam que magia existia e odiavam isso.

“À minha esquerda”, pensou Rony, eu também podia ouvir os passos, mas senti também pessoas a minha direita e mais atrás, pelas nossas costas sentimos magia, havia um bruxo entre os atacantes, mechemos nossas mãos direitas devagar, deixando-as mais próximas da varinha, que recomeçamos a usar desde que chegamos aqui, afrouxamos as rédeas, mas mesmo assim Billi e Nevasca não diminuíram o ritmo, nossa mão esquerda estava preparada para pegar a espada ao menor sinal.

Durante toda a manhã eles nos seguiram sem nos atacar nem se aproximar nenhuma vez, mantinham uma distância segura, não conseguiríamos acertá-los com feitiços, mantivemos o ritmo da marcha apenas esperando, a espera parecia fazer os minutos se arrastarem.

Paramos para almoçar esperando que com isso eles finalmente atacassem, isso não aconteceu, começamos a ficar apreensivos, eles se aproximaram mais, eu até podia ver vultos através das árvores que nos circundavam, por um momento eu pude vislumbrar os olhos de um deles, por esse instante mínimo consegui ver sua mente, as imagens mais recentes eram deles nos perseguindo, sua vontade de nos matar, eu mais lentamente, ele estava pensando em como eu era bonita, meu rosto várias vezes se misturavam com as outras imagens (eu ia precisar de um banho depois disso), consegui vislumbrar também as ordens que eles tinham recebido do bruxo, que era o líder deles, deviam nos seguir, nos deixar nervosos, com os nervos a flor da pele, isso nos tornaria descuidados, o que facilitaria a tarefa deles de nos matar.

Rony segurou o riso quando viu através de mim o que eles estavam pensando, eu e ele já lutamos em batalhas demais para nos deixar levar por algo tão simples, ao final do dia nós paramos e montamos acampamento, nós alternamos a guarda, pensei que quando estivesse vigiando eles finalmente atacariam, mas o líder parecia não querer arriscar, afinal sabia que eu era uma bruxa.

Dois dias se seguiram da mesma forma, eles achando que estavam nos amedrontando, e nós nos divertindo secretamente, por breves momentos eu podia ler-lhes as mentes, eles achavam que o fato de eu e Rony não estarmos conversando significava que o plano deles estava dando certo, eles não sabiam que os membros da Armada de Merlin podiam conversar mentalmente.

Após o almoço do terceiro dia em que estávamos sendo seguidos, nossos seguidores finalmente se cansaram e nos atacaram, apesar de não ser muito cômodo nós não desmontamos, Nevasca e Billi foram impecáveis, até derrubaram alguns idiotas com coices, era difícil lutar montados, mas fizemos o melhor que pudemos, ainda usávamos bem as varinhas, derrubamos os primeiros adversários antes de chegarem até nós, também lutamos com as espadas, os homens não eram muito bons, provavelmente meros saqueadores, nenhum soldado treinado, enquanto nos defendíamos dos golpes com as espadas e atacávamos com feitiços, sem matar ninguém, o bruxo tentou nos acertar repetidas vezes com o Avada Kedavra, para desapontamento dele, conseguimos nos desviar de todas as maldições, os saqueadores começaram a fugir quando viram a quantidade de companheiros seus havia caído e que eu e Rony não estávamos nem mesmo cansados, o bruxo quando viu seus homens fugindo saiu correndo também, eu e Rony até pensamos em ir atrás deles, mas tínhamos que entregar a mensagem, essa é a nossa missão, então continuamos a cavalgar deixando os atacantes desacordados por lá mesmo.

Merlin tinha nos avisado que era necessário avisarmos apenas quatro dos aliados de Arthur, eram nesses quatro que Malagaunt estava se concentrando, os outros aliados seriam avisados por mensageiros comuns, Lince e Harry avisariam dois, pois estavam mais ou menos no mesmo caminho, o pai adotivo de Arthur o Barão de Antor e Morgana.

Pelo resto da viagem não tivemos mais problemas, o que era muito estranho, pensamos que passaríamos à viagem inteira nos livrando de emboscadas, mas chegamos ao reino de Heitor (dizem que seus antepassados vieram da Roma, a mesma Roma que hoje está em decadência, mas tenta se manter de pé) pacificamente.

Heitor não ia à corte com muita freqüência, guerreiro por natureza passava a maior parte do tempo viajando pelos reinos aliados de Arthur atrás de alguma aventura, mas Merlin nos disse que ele estaria na corte quando chegássemos, já se passara treze dias desde que partimos de Camelot, Merlin nos avisou que demoraríamos um mês, seríamos os primeiros a chegar, depois chegariam Gina e Hermione, que estavam indo ao reino de Pelinor, onde encontrariam Lancelot, os últimos seriam Lince e Harry, que estavam indo pedir a ajuda do Barão de Antor e de Morgana, por algum motivo, mesmo temendo-a parecia que todos na corte de Arthur concordavam que Morgana seria uma aliada de extrema importância.

- Quem vem lá? – ouvimos um dos soldados que estavam vigiando a entrada perguntar, todo o castelo estava fortemente guardado, parecia que Heitor estava esperando por problemas.

- Somos mensageiros. – respondeu Rony retirando o cinto onde a bainha da espada estava presa, assim os soldados perceberiam que não queríamos problemas.

Rony jogou o cinto no chão a alguma distância de onde estávamos, os soldados se entreolharam, acho que nunca viram ninguém se livrar das armas tão facilmente, eles pareciam não contar minhas armas, afinal eu era uma mulher, sorri com isso.

- Mensageiros de quem? – perguntou um outro soldado, parecia ser um general, alto, usava um elmo que não nos deixava ver direito seu rosto, seus olhos eram negros e parecia que o cabelo também, seu corpo era muito musculoso, o que me lembrou imediatamente de Matheus, acho que o general era melhor com os punhos do que com a espada.

- De Merlin. – respondeu Rony, ele abriu a capa, na túnica que usava estava bordado o brasão da Armada de Merlin, o general parou de respirar por um momento, consegui ver claramente que ele engolia em seco, com um gesto autoritário fez com que os soldados abrissem o portão.

- Peço que me perdoe meu senhor, por favor, pegue suas armas e entre juntamente com a dama, ambos são bem vindos em meu castelo. – falou o homem retirando o elmo que usava, ele estava totalmente de armadura e por isso não o tínhamos reconhecido ainda, aquele era Heitor, Merlin nos tinha mostrado-o antes de partimos.

Eu e Rony entramos, mal consegui segurar o riso ao ver o rosto perplexo dos soldados e também de Heitor quando ao entrar eles viram que minha capa também possuía o brasão da Armada de Merlin. Fomos encaminhados até uma sala que provavelmente era usada para reuniões, pois só tinha uma mesa enorme, redonda e com muitas de cadeiras, parecia com a Távola Redonda, mas era menor.

- Pedi há Arthur alguns anos atrás que me permitisse fazer uma mesa parecida com a Távola Redonda, assim que ele permitiu mandei fazê-la, ficou linda não? – falou Heitor sorridente, ele havia percebido nossa curiosidade, pensávamos que apenas Arthur possuía uma mesa redonda. – Mas diga-me, o que Merlin pode desejar de mim?

Rony pegou uma mensagem com o brasão da armada no selo e entregou a Heitor que pegou o pergaminho com curiosidade, à medida que o lia Heitor ficava mais pálido, senti vontade de sondar sua mente, mas isso seria muito grosseiro da minha parte, mesmo que ele não soubesse o que eu estava fazendo, seria invasão de privacidade, Rony concordou comigo em pensamento, já bastava nós dois tendo que lidar com a falta de privacidade.

Minha mente estava aberta somente para a de Rony, não queríamos interferir na viagem dos outros, se estivessem numa batalha e a gente também, isso seria confuso, por exemplo, se Gina estivesse lutando, por reflexo Harry iria querer protegê-la, e como estavam quilômetros separados isso seria impossível, sem falar que tiraria a concentração de Harry de sua própria batalha… enfim, era mais saudável, que a gente só estivesse em contato com o parceiro de viagem.

- Eu sabia que estava tendo muita agitação entre Malagaunt e Arthur, mas nunca pensei que já tinha chegado a esse ponto. – falou Heitor com voz fraca. – Porque Arthur não me avisou antes?

- Ele tentou, mas Malagaunt colocou bruxos para fazer emboscadas, os mensageiros de Arthur não conseguiam chegar até aqui. – explicou Rony, tínhamos combinado que era melhor eu não falar muita coisa, aqueles homens já tinham muito que pensar, já que sabiam que eu era membro da Armada, não tinham que lidar com o fato de eu ser inteligente também.

- Meu exercito já está reunido, sofri algumas ameaças de Malagaunt e deduzi que ele também estava ameaçando Arthur, poderei partir amanhã ao raiar do dia. – falou Heitor em tom pratico. – Se puderem pernoitar seria muito bom, ter o senhor ao nosso lado faria os soldados mais corajosos. – ele agora falava diretamente com Rony. – Eles vão ficar com medo por causa dos bruxos, ter um do nosso lado seria de extrema ajuda.

Rony me olhou e eu encolhi os ombros, seria bom ter uma cama quente para dormir, nem que fosse somente uma noite, estávamos dormindo a céu aberto durante todos os treze dias de viagem, Rony olhou para Heitor e concordou com um aceno de cabeça, Heitor pegou um pequeno sino que estava em cima da mesa perto de onde ele estava sentado e o balançou, no mesmo instante um serviçal apareceu.

- Prepare um quarto para o casal. – falou Heitor ao serviçal, eu e Rony nos empertigamos na cadeira, percebemos que acreditavam que éramos casados, olhamo-nos e gememos com nojo, era a mesma coisa de me imaginar com meu irmão mais novo, era isso que Rony representava para mim, um irmão.

- Algum problema? – perguntou Heitor sem entender.

- Desculpe Heitor, mas me imaginar com Anny é o mesmo que me imaginar com minha irmã, ou seja, não é uma visão muito agradável. – respondeu Rony, Heitor pareceu constrangido pela gafe. – Anny e eu somos somente amigos, não temos nada um com o outro e ambos somos muito bem casados.

Heitor concordou com a cabeça e mandou o serviçal preparar dois quartos, eu e Rony subimos para nos lavar e descansar um pouco antes do jantar, para minha surpresa quando entrei no quarto que estava destinado a mim, haviam duas criadas esperando-me.

- Meu nome é Lilith e essa é Moran e nós vamos servi-la hoje. – uma delas, a mais velha se pronunciou, a outra parecia bem mais nova, mas ambas estavam tão sujas que era difícil divisar suas feições, eu me lembrei que naquela época as pessoas não tomavam banho regularmente e as damas usavam tantas roupas que precisavam de ajuda para se despir e vestir.

Percebi que Rony ria em pensamento com o fato de que eu ia ter que tomar banho na frente de outras pessoas, mas sua risada mental parou assim que ele entrou no quarto dele e viu que lá também havia duas criadas esperando-o, curiosa eu mal senti quando as criadas começaram a me despir, Rony ficou extremamente vermelho e tentou dispensar as criadas, mas elas não lhe deram ouvidos e começaram a despi-lo, sem alternativas ele entrou na bacia de água que estava no meio do quarto e parou de pensar no que elas estavam fazendo, cortamos a ligação enquanto tomávamos banho, afinal não tinha como não pensar em mim mesma nua enquanto eu tomava banho não é?

Depois do banho tomado as criadas me ajudaram a vestir, em nenhum momento elas comentaram nada sobre a quantidade bem menor de roupas que eu usava, talvez as mulheres usassem menos roupas quando estavam cavalgando, não resistindo eu entrei na mente delas e percebi que estava certa.

- Obrigada Lilith, Moran. – eu agradeci sorrindo, elas se entreolharam maravilhadas, será que ninguém nunca agradeceu pela ajuda delas?

- Sente-se senhorita, nós vamos penteá-la. – pediu Lilith sorrindo amavelmente, por um momento eu tive a imagem da Sra. Weasley sorrindo para mim, era o mesmo sorriso amoroso e maternal.

Eu a obedeci e me sentei, olhando-me no espelho pela primeira vez em muito tempo, eu estava horrível, tanto tempo de viagem tinha me emagrecido um pouco e meus cabelos não podiam estar mais rebeldes, eu nem queria imaginar como eu estava quando cheguei, liberei minha mente assim que Lilith começou a desembaraçar meu cabelo, Rony já tinha terminado o banho também e estava vestido adequadamente, vi que as duas criadas que ajudaram Rony eram jovens e estavam bem limpas, tão surpresa quanto Rony nesse momento eu vi que elas se ofereciam para dormir com ele, segurando a raiva Rony foi categórico ao dizer que era casado, elas fizeram uma cara, como se não estivessem entendendo qual era o problema, Rony as dispensou friamente, elas saíram rapidamente do quarto.

Tentei não me estressar, Rony já tinha feito o que era certo, estava tão chocada e revoltada que não percebi que Lilith e Moran tinham parado de mexer no meu cabelo, elas tinham passado todo meu cabelo para um lado deixando minha nuca a mostra, fazendo com que a tatuagem da Armada de Merlin ficasse a mostra, eu as olhei e elas estavam amedrontadas.

- Por favor, não temam. – eu falei calmamente, elas me olharam ansiosas, eu vi esse medo em toda a criadagem de Arthur, elas estavam com medo que eu as transformasse em algo nojento, em Camelot nós quase não tínhamos contato com os criados ou com os outros membros da corte, sempre ficávamos em nossos quartos ou em reuniões com Arthur e Merlin, por isso não sabia muito bem como me comportar. – Eu não vou machucá-las, sou um membro da Armada de Merlin, vocês sabem qual é o nosso lema?

- Honrar a vida, proteger aos fracos e lutar pelo bem. – respondeu Lilith num fôlego só, esse era um lema simples e que todos ainda conheciam, mesmo tendo passado tantos anos que a Armada já quase não existia.

- Esse é o código de vida que todos da Armada levam. – falei calmamente sorrindo levemente. – Minha vida é honrada, eu protejo os fracos e luto pelo bem, mesmo que isso signifique perder minha vida, ou estar longe da pessoa que eu mais amo. – terminei de falar olhando para o meu dedo, onde a minha aliança repousava.

Lilith e Moran olharam para minha mão e viram minha aliança também, elas provavelmente acreditaram que eu era solteira, o fato de eu e Rony nos considerarmos irmãos já devia ter se espalhado por todo o castelo.

- Sinto muito senhora, é que não estamos acostumadas a servir guerreiras. – desculpou-se Lilith sorrindo envergonhada, Moran concordou com um aceno.

- A senhora está longe de seu marido? – perguntou Moran que tinha voltado a pentear meus cabelos com a ajuda de Lilith.

- Sim. – respondi triste, Rony agora tentava dormir, estava revoltado com as duas criadas, nem prestava atenção em mim. – Ele não é um guerreiro, é um homem prático e amoroso, não gosta de batalhas, preferi que ele ficasse em nossa casa, ele concordou apesar de não querer ficar longe de mim.

Elas pareceram surpresas ao imaginar um homem que não fosse guerreiro porque não queria, naquela época todos os homens pareciam bastante ansiosos para serem soldados, eu fiquei em silêncio, não tinha paciência e nem vontade de explicar minha complicada história, me despedi das duas sorrindo, o jantar transcorreu calmamente, com todos discutindo a parte prática da viagem do exército, homens deviam ser deixados aqui, para o caso de Malagaunt resolver atacar os castelos dos aliados de Arthur, a esposa de Heitor, uma jovem loira de olhos verdes claros, alta e austera, iria ficar para trás, e Heitor parecia bastante preocupado em deixá-la segura.

Após o jantar finalmente pude descansar, minha cama parecia uma nuvem, eu decididamente não nasci para viver em cima de um cavalo dormindo a céu aberto, dormi tranquilamente durante toda a noite.



Laurenita: eu espero nunca deixar uma fic sem terminar, acho isso algo terrível a fazer com os leitores, então não se preocupe com isso, o Sexteto vai enfrentar muita coisa ainda, afinal eles são um imã para guerras.

Mat: é claro que eu me lembro de você! Era um dos meus leitores que comentavam com maior regularidade, eu adoro seus comentários, eles sempre me incentivam a continuar, quero agradecer por ter comentado na fic Inesquecível (se não me engano), é que você comentou depois que eu postei o último capítulo, e eu não costumo responder os ultimos comentários (acho que vou começar a responder por e-mail), ah! eu vou postar toda segunda.

Gian: que bom que eu te surpreendo, isso quer dizer que sou uma boa escritora, para mim a maior magia de um escritor é surpreender o leitor a cada página de um livro ou a cada capítulo de uma fic, obrigada por comentar.

Desculpem por não ter postado semana passada, mas é que estava em semana de prova na faculdade e não consegui terminar o capítulo, sinto muito gente, mas agora estou de férias agora e toda segunda capítulo novo pra vocês.

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