Em busca de aliados



Era um dia claro e bonito, uma leve brisa soprava, fazendo com que o dia que normalmente seria quente se tornasse fresco e agradável, a corte estava em peso no pátio do castelo, todos queriam ver a partida dos seis bruxos, eles levavam mensagens importantes consigo.

- Que cavalo é aquele? – perguntou Lince a Merlin, ele tinha trazido cinco cavalos, dizendo que Lince encontraria o dela sozinha.

O cavalo de Harry era o mesmo que ele tinha usado quando foi ao passado pela primeira vez, grande e de porte altivo Fire era branco, mas não de um branco comum, ele cintilava a luz do sol, sua beleza era cativante, Merlin disse que ele era uma cruza de um cavalo puro sangue e um unicórnio, o nome foi dado por ele ser mais rápido que qualquer cavalo existente, sem perder a graça e a nobreza dos unicórnios.

O de Gina era marrom claro, como os olhos dela, e tinha uma mancha branca na testa, que parecia uma estrela, por causa dessa mancha a égua recebera o nome de Estrela. Nevasca era o nome da égua de Anny, apesar de ser branca e linda, perto de Fire ela parecia cinza, mas mesmo assim Anny amou-a. Hermione recebeu um cavalo cinza bem claro, mas este não tinha nome, e coube a Hermione escolher, ela não sabia bem que nome dar, por isso ela resolveu fazer uma homenagem à Grifinória, chamou o cavalo de Grif. O de Rony também não tinha nome, era bege malhado de marrom, sem boas idéias quanto a um nome ele chamou-o de Bili.

- Ônix. – respondeu Merlin olhando para o cavalo apontado.

Vários viajantes vinham diariamente à corte para vender suas mercadorias, um deles tinha trazido na noite anterior um cavalo selvagem e intratável chamado Ônix, ninguém conseguia domar o cavalo, que detestava cela e qualquer um que se aproximasse.

- Ônix. – repetiu Lince fascinada pela força que emanava do cavalo, ele parecia uma força da natureza, indomável, forte, ela sorriu para o cavalo que a estava observando, como se tivesse percebido que ele era o motivo da conversa, os olhos negros do cavalo ficaram presos aos olhos azuis brilhantes de Lince, eles pareciam estar se medindo, o cavalo esporeou o chão nervoso, ele era negro como piche, uma noite tempestuosa, era o que Lince queria.

Ônix parou de esporear o chão e ficou estranhamente calmo, mas essa calmaria foi interrompida com um peso que ele sentiu sobre seu lombo, ele estava com uma cela, ele odiava cela, e alguém montou nele, isso era inaceitável, sem se importar com quem seria, ele começou a pular e a corcovear, ignorando os gritos implorativos das pessoas ao redor, que tentavam pará-lo.

Enquanto ainda olhava para o cavalo Lince viu uma criança se aproximar devagar dele, aquilo não ia prestar… o menino montou em Ônix, e em segundos estava no chão com as patas de Ônix prestes a pisoteá-lo, sem pensar sobre isso Lince aparatou onde o menino estava estirado no chão o protegendo com seu corpo, se apoiando nos cotovelos para não esmagar a criança com seu corpo, logo começou a sentir os cascos do cavalo em suas costas, se estivesse encostada no menino poderia tê-lo esmagado.

Harry estava alisando a crina de Fire, feliz por vê-lo novamente, quando ouviu um barulho de aparatação perto de si, olhou ao redor e viu Lince protegendo uma criança com o corpo enquanto um cavalo a pisoteava, ficou paralisado por um momento, e quando ia agir o cavalo saiu flutuando de cima de Lince, Merlin executara o feitiço mobilicorpus, correndo o mais rápido possível ele foi o primeiro dos bruxos a chegar ao local, às outras pessoas já se aglomeravam ao redor.

- Madrinha? – perguntou Harry preocupado.

- Estou bem, não se preocupe. – respondeu Lince se levantando limpando a sujeira da roupa, parecia que ela nem tinha sentido as fortes patas do animal em suas costas, Harry suspirou aliviado, enquanto as pessoas olhavam amedrontadas para Lince, ela devia estar morta!

- Seu imprestável! – ouviu-se um grito no meio da multidão chocada, Lince olhou na direção do grito, viu que o dono do cavalo segurava um chicote e estava quase acertando uma chicotada em Ônix, aparatou imediatamente na frente de Ônix e segurou o chicote com uma mão, enquanto olhava severamente para o homem que engoliu em seco.

- Nunca mais tente bater no meu cavalo. – avisou Lince, sua voz era quase um rosnado.

O homem não conseguiu responder nada, simplesmente olhou para ela tremendo de medo, Lince soltou o chicote, olhou para a mão e ela estava sangrando, mas isso não pareceu incomodá-la, retirou um anel de ouro que usava, ele era grosso e tinha inúmeras pedras de diamante em toda sua extensão, jogou o anel para o homem.

- Pelo Ônix. – falou ela, enquanto o homem pegava o anel por reflexo, ele olhou ainda mais assustado para ela, como o ouro naquela época era muito valorizado, o anel era quase o dobro do que o cavalo custava, por não ser domado o preço de Ônix caia muito, mesmo ele sendo um puro sangue.

O homem agradeceu a ela comovido, se não fosse Lince ele estaria morto agora, Ônix teria matado o menino que era filho de um nobre, e como ele era dono do cavalo, seria responsabilizado pela morte e condenado a morte. E ainda tinha saído lucrando, o anel daria estabilidade para ele e sua família durante o inverno, ele normalmente passava fome nessa época do ano que seria dali alguns meses.

Lince sorriu de lado para o homem e se virou para seu cavalo, ainda sorrindo ela tirou a cela e os arreios dele, ela tinha aprendido a montar quando era criança e sempre odiou usar cela, e ela sabia que os arreios machucavam os cavalos, então sempre montava em pelo, assim como Harry e Gina, Estrela e Fire também odiavam cela e só permitiam que montassem neles, aqueles que montassem em pelo. Com um só pulo, Lince montou Ônix, que ficou quieto, parecia que ele tinha se conformado com o destino dele, ou então ele sentiu o poder que emanava da mulher que acabou de montá-lo.

- Vamos? – perguntou Lince.

Harry sorriu e assobiou, Fire veio em sua direção e ele montou, os outros já estavam sobre os cavalos, eles partiram para o portão do castelo e assim que saíram cada dupla tomou uma direção diferente.

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- Eu devia saber que era algo assim. – comentou Sirius sorrindo, assim que terminou de ver o que aconteceu para todos terem medo de Lince.

- É um pouco mais que isso. – murmurou Merlin sorrindo também. – Os bruxos não sabem aparatar ainda, a maioria deles concentra seus esforços em poções e transfiguração, eu sei aparatar porque eu vi no futuro como se faz, mas prefiro não interferir no futuro… bem, sei que estou mexendo no futuro de vocês, mas foi necessário.

Desde que Lince salvou o garoto, todos tinham medo de sua força, agora esse medo se voltaria para Sirius, todos acreditavam que para se casar como uma mulher como ela, Sirius deveria ser muito poderoso e acreditar muito em si mesmo.

- Eu entendo. – falou Sirius. – Eu não vou aparatar, não se preocupe, é por isso que eles foram a cavalo e não aparatando? – Merlin concordou com a cabeça.

Quando eles estavam se preparado para a viagem, Merlin comentou sobre alguns dos poderes que não deviam utilizar naquele tempo, entre eles aparatação, mas ele sabia que no caso de Lince foi inevitável aparatar (pelo menos na hora de salvar o menino, ela não precisava aparatar para salvar o cavalo de uma chicotada).

- Isso me lembra uma coisa. – Merlin falou sério. – Animagia é uma coisa muito avançada para essa época.

- Você não é animago? – perguntou Sirius estreitando os olhos.

- Sim, mas eu não me exibo por ai. – respondeu Merlin sorrindo.

- Que animal você se transforma? – perguntou Sirius muito curioso.

- Fênix.

Sirius sentiu que estava abrindo a boca, mas não pôde evitar, a Fênix era um dos mais poderosos animais mágicos, ele tinha pensado que era impossível se transformar nela.

Aquele foi o fim da conversa deles, pois perceberam que as pessoas começavam a prestar atenção na neles, o jantar depois disso transcorreu em silêncio quase absoluto.

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- O que está acontecendo na corte? – perguntou Malagaunt nervoso, fazia tempo que nenhum de seus espiões lhe mandavam notícias, chegou a pensar que tinham sido pegos.

- Como o senhor desconfiou, Merlin convocou sua Armada. – falou o homem alto e moreno. – O que dificultou minha vinda até aqui, peço perdão pela demora meu senhor. Atalon e Shinaya vieram, mas já partiram, eles provavelmente participarão das batalhas, mas não podem se ausentar de Avalon por muito tempo. Os Cresswel não vieram, estavam envolvidos numa guerra contra um exército de lobisomens, pelo que entendi, Merlin acredita que eles só conseguirão participar da ultima batalha contra o senhor, o que me leva a crer, que Merlin acredita que teremos muitas batalhas antes do fim dessa guerra.

- Isso eu já tinha imaginado. – disse Malagaunt mal humorado, ele não era burro, sabia que antes de vencer teria que lutar muitas vezes e perder muitos de seus homens. – Mas se Atalon, Shinaya e os Cresswel não estão na corte, quem são os bruxos que conseguiram escapar das primeiras armadilhas que eu tinha colocado nas estradas que levam para os aliados de Arthur?

- São bruxos do futuro. – respondeu o homem desconfortável. – São seis, dizem que dois deles estiveram aqui, quando Pendragão ainda era o rei…

- Um casal não é? – perguntou Malagaunt, vendo o homem concordar com a cabeça prosseguiu. – Eu ouvi meu pai uma vez discutindo com um de seus conselheiros, ele tinha medo que Merlin chamasse esses dois, pelo que soube eles não fizeram grande coisa quando estiveram aqui pela primeira vez, o mais significativo, foi transformar os saqueadores da floresta em homens da floresta.

- A tribo que vive nas árvores? – perguntou o homem surpreso.

- Sim. – respondeu Malagaunt perdido em pensamentos. – Esses homens eram saqueadores, se escondiam na floresta e atacavam as carruagens que passavam por perto, mas pelo que pude apurar, eles só faziam isso para comer, esse casal os ensinou a caçar e a tirar tudo que precisavam da floresta, a construir casas nas árvores, para evitar predadores… mas isso não é importante, você disse que eram seis.

- Sim senhor. – o homem retomou o relatório. – Tem esse casal, e tem duas mulheres de cabelos pretos e um outro casal.

- Descreva-os. – ordenou Malagaunt, precisava passar a descrição dos seis para seus homens, assim poderiam saber exatamente seus alvos.

- Tem um homem de cabelos pretos, alto, branco, de estranhos olhos verdes, um ruivo de olhos azuis brilhantes e muito alto, branco e com sardas, uma mulher ruiva de olhos castanhos, deve ser irmã do ruivo, de estatura mediana e têm algumas sardas também, uma mulher de cabelos cheios e castanhos, que é a cor dos seus olhos, uma mulher de cabelos pretos e olhos negros, que parecem ver tudo, ela me dá arrepios, e a ultima tem cabelos pretos e olhos muito azuis. Pra mim é a mais perigosa de todos, os outros parecem ser mais contidos, eu não os vi em momento algum usar seus poderes, já essa tal de Lince apareceu e desapareceu na frente de todo mundo (um claro feitiço do futuro) e foi pisoteada por um cavalo e não sofreu nenhum arranhão por isso.

Malagaunt ficou em silêncio, aquelas eram características comuns, a não ser pelos ruivos, seria difícil reconhecer os outros, mesmo que os olhos fossem brilhantes e claros, ainda assim…

Ivana escutava tudo no mais absoluto silencio, ela mal podia acreditar no que acabara de ouvir, o homem que espionava para Malagaunt acabara de descrever os seis guerreiros com quem ela sonhara toda sua vida. Mas se eles existiam mesmo… como ela podia ter visto-os em seus sonhos? E eles eram inimigos de seu marido, logo eram inimigos dela também, então porque eles pareciam ser seus amigos, sempre que sonhava como eles?

- Mais alguma coisa? – perguntou Malagaunt ao homem que ficara em silêncio.

- Eles vão tentar entrar em contato com as sacerdotisas da lua senhor. – respondeu o homem temeroso.

Fora Merlin elas eram quem mais Malagaunt temia, ninguém sabia ao certo quais eram os poderes dela, só sabiam que podiam prever o futuro, então seria lógico deduzir que eram bruxas, mas elas nunca usaram nenhum tipo de feitiço, e mesmo assim ninguém nunca conseguiu derrotá-las, nem mesmo Vertigeiro que teve êxito matando bruxos, não conseguira sequer ferir uma delas, as sacerdotisas da lua eram um mistério insondável e Malagaunt não podia deixar que elas se aliassem a Arthur, mas para isso ele teria que conseguir a ajuda de Morgana, a Senhora do Lago (é o título dado a líder das sacerdotisas da lua), irmã de Arthur, Malagaunt tinha esperanças de conseguir uma aliança com ela, por Morgana ser hostilizada na corte, ele teria que torcer para que o preconceito dos membros da corte de Arthur afetasse mais Morgana do que ela demonstrava, ela praticamente ignorava a todos, e a relação dela com Arthur nunca foi das melhores, foram criados separados e eram muito diferentes um do outro.

No entanto, Malagaunt não podia negar que tudo era mera suposição dele, ele não tinha certeza nenhuma quando o assunto era a misteriosa Morgana, ele não a conhecia pessoalmente, mas já estava na hora de mudar isso.

- Deixe que os bruxos cheguem aos seus destinos e entreguem as mensagens. – falou Malagaunt ao seu general, que estava sentado em silêncio ao seu lado.

- O que? – perguntou Sir Mordred espantado.

- Todos já sabem que eu estou atacando Arthur, é questão de tempo para que os aliados de Arthur comecem a se movimentar por si próprios, eu não teria tempo o suficiente para reunir meu exercito e impedir que eles se juntem ao rei. – Malagaunt pronunciou a ultima palavra com escárnio. – As mensagens só vão apressar o inevitável, quando os bruxos voltarem de suas viagens eu irei pessoalmente falar com Morgana.

Mordred e o espião concordaram plenamente com Malagaunt, ambos sabiam que seu senhor era um gênio em estratégias de guerra e se ele dizia que a missão dos seis bruxos não atrapalharia seus planos então não atrapalharia.

Ivana não prestava mais atenção na conversa, ela estava muito confusa com a idéia de que podia ver o futuro, ela sempre teve pressentimentos, no dia do seu casamento ela sentiu que não devia se casar, que algo ruim iria acontecer se se casasse, mas fora tola o suficiente para ignorar isso, uma vez sonhara que o pai estava se afogando num lago e no dia seguinte ele se afogara, era apenas uma criança e apanhara muito quando dissera que tinha tido uma premonição, com medo ela aprendeu a não ligar para esse tipo de coisa e logo ela já não tinha mais sonhos, a não ser com os seis guerreiros.

Agora que sabia que ela realmente tinha poderes mágicos Ivana resolveu não mais repudiá-los, que eles fossem bem vindos, estava decidida a mudar, apesar de ainda amar Malagaunt esse amor estava desaparecendo dia após dia, ela nem sentia mais sua falta quando ele viajava, então talvez… talvez os guerreiros sejam mesmo amigos, que a protegeriam de seu marido, nenhum dos homens presentes notou o que estava se passando com Ivana, a partir daquele dia ela seria outra mulher, acreditaria mais em si mesma, como acreditava antes de se casar, recuperaria a auto estima que havia perdido.

Para começar com sua mudança Ivana se empertigou na cadeira mantendo sua postura austera e decidida durante o resto do jantar, ignorando os comentários maliciosos e depreciativos do marido, preferindo comer em silêncio.

Apesar de mal humorado Malagaunt deixou pela primeira vez em muitos anos a mulher comer em paz, ele se casou com Ivana por querer uma esposa, nada mais, não se interessava por amor nem nada desse tipo, para ele as mulheres existiam apenas para satisfazer os homens e isso era o que ele queria que Ivana fizesse, mas ela era tão tola que não aceitava logo sua posição inferior, mas ele pouco se importava com ela, na verdade nem sentia mais desejo por ela, não que ela tivesse deixado de ser bonita, já fazia algum tempo que ela não se arrumava e parecia mais uma serva do que uma senhora, ela ainda era linda, mas ele já tinha enjoado dela, preferia as outras belezas que existiam em seu reino, amanhã mesmo uma das mais belas camponesas de seu reino se casaria e ele não abriria mão de tê-la na primeira noite, sorriu feliz por ter restaurado a lei da primeira noite, ela era bastante agradável.


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