Viagem ao Passado [Sirius]



Sirius continuou olhando para o diário, mesmo já não estando lendo-o, ele ficou maravilhado pelo inicio da história de Jonathan, ele podia até imaginar o guerreiro escrevendo tudo aquilo, talvez Pandora estivesse ao lado dele ou o que é mais provável, ele tenha escrito o diário em segredo, Jonathan parecia bastante envergonhado de estar escrevendo-o. Durante toda a manhã Sirius leu sobre as batalhas enfrentadas por Jonathan e Pandora para que o reino de Camelot fosse devolvido ao seu verdadeiro monarca: Arthur. Sirius leu com pesar a morte de quase toda a Armada de Merlin, ficou alegre quando leu que Camelot tinha voltado a ser governada pelo seu verdadeiro líder e ficou muito feliz quando leu que Jonathan tinha descoberto ter cinco irmãos.

Quando tentava encontrar uma posição mais confortável na cadeira que estava sentado, John (o mordomo de Lince) o interrompeu dizendo que o almoço estava servido, mesmo sem fome Sirius fechou o diário e acompanhou o velho mordomo, ele tinha que se alimentar, Lince o mataria caso chegasse e o pegasse fraco e deprimido, apesar de que ele achava que ela iria matá-lo mesmo assim, ele estava com enormes olheiras, o que era uma prova incontestável de que ele não estava dormindo como devia, ele sorriu com o pensamento, ele tentaria uma poção de sono sem sonhos ainda naquela noite.

Ansioso para prosseguir sua leitura ele almoçou rapidamente e voltou para o escritório, ele abriu o diário e foi direto para a parte em que Arthur já tinha conseguido seu reino e Jonathan e Pandora partiram em busca de outras aventuras, com os irmãos de Jonathan os acompanhando, Sirius tinha parado na parte em que eles diziam estar sendo convocados por Merlin…


Estamos em uma situação difícil, Merlin nos convoca e estávamos prestes a partir, quando descobrimos uma coisa inquietante, Lorde Black
(Sirius fez uma careta ao ver seu sobrenome novamente citado em um diário Cresswel) é um lobisomem, claro que sabemos que os lobisomens podem ser pacíficos, já encontramos algumas pessoas que depois de mordidas se enclausuram durante a lua cheia e tem uma vida relativamente normal, mas Lorde Black é um bruxo das trevas, sei que não tenho provas, mas eu sei que ele é, Pandora pode sentir a maldade das pessoas, e ela sente a maldade emanando de Black, mas isso infelizmente não é uma prova, mas hoje depois de infrutíferos meses o seguindo, nós descobrimos que ele é um lobisomem, o mesmo que vem aterrorizando a vila Liberdade a anos.

O mais inquietante de nossa descoberta, foi o fato de que Lorde Black não é o único lobisomem, ele transformou todo o seu exército, e eles o seguem cegamente, acreditando que Lorde Black lhes deu poder e força, eles não acham que são amaldiçoados, para eles a licantropia é uma benção, pobres coitados, não sabem o que falam.

Merlin nos chama, mas não podemos deixar Roma cair nas mãos desse homem, temos que lutar, já avisamos o imperador o que Lorde Black está planejando, apesar de guerreiros incríveis, os soldados romanos não tem chance contra os lobisomens, temos que ficar.



O diário fazia uma pausa ai, deixava o resto da página em branco e começava em outra, como que a demarcar que algum tempo se passou.


Recebemos uma mensagem de Merlin, ele pede para ficarmos onde estamos e resolvermos o problema o mais rápido possível, ele diz ter convocado os outros da Armada, mas eu não entendo, poucos de nós estamos vivos ainda. Eu e Pandora, Atalon e Shinaya, nosso amado mestre Taliesin morreu há alguns anos, e apenas nós cinco sobrevivemos à guerra contra Vertigeiro, e Atalon e Shinaya são líderes de seus povos, eles não podem sair de Avalon por muito tempo.

Pandora acha que ele convocou o casal que ele ajudou anos atrás, não me lembro o nome deles, pois não tivemos contato, sei que eles vieram do futuro e que foram treinados pelo druida, pela sacerdotisa e por Merlin, e que eles se tornaram membros da Armada, eu não acho que sejam eles, Merlin em sua mensagem diz que são seis pessoas, seis poderosos bruxos…



- Eu não acredito! – exclamou Sirius, mal acreditando em sua sorte.

Agora ele sabia qual era a data em que aqueles seis estavam! Eles disseram algo sobre um feitiço… um feitiço que Harry e Gina usaram para ir ao passado! E que eles não podiam usar porque não sabiam para quando exatamente deviam voltar, mas ele sabia!

Pulando da cadeira Sirius pegou o diário que nunca se atrevera a ler se quer um parágrafo: o diário de Lince. Pelos relatos dos amigos, Sirius sabia mais ou menos quando Harry e Gina foram para o passado, ele rezou para encontrar a página rapidamente, por algum motivo ele se sentia desconfortável lendo o diário de Lince, era como se ele estivesse invadindo a privacidade dela, mesmo que Lince tenha dado permissão para ele ler qualquer diário inclusive o dela, ele não se sentia bem fazendo isso.

Por pura sorte ele abriu o diário na página em que Lince relatava como tinha tido a idéia de Harry e Gina irem ao passado, e no meio da página ela dizia o feitiço que usou, Sirius sorriu emocionado, ele iria ao passado também, estaria do lado de Lince, iam voltar a ficar juntos, com um sorriso enorme nos lábios ele guardou o diário da amada e pegou a varinha, com um floreio fez com que um bilhete aparecesse em cima da mesa, explicando que ele tinha ido encontrar Lince, afinal ele não queria assustar os amigos que ficaram.

Sirius fechou os olhos e respirou fundo para se acalmar, ele nunca realizara um feitiço tão poderoso, e pelo que ele tinha entendido para ir tanto tempo ao passado, foi necessário que Harry, Gina, Lince, Rony, Hermione e Anny fizessem o feitiço juntos, mas isso não importava, ele tinha que ver Lince e os outros.

Quando se sentiu calmo o suficiente ele murmurou: Tempo Reversis, sentiu como se todas as suas forças fossem tiradas dele, ele se sentiu mais fraco do que em qualquer momento na vida, nem quando estava em Askaban conseguiu se sentir tão acabado, ele sentiu como se um gancho o puxasse com força pelo umbigo, cores diversas lhe passavam pelos olhos e o rodopio delas começou a enjoá-lo, com o cansaço e o enjôo juntos, Sirius mal sentiu quando foi projetado com mais força do que deveria para fora do túnel, ele mal sentiu a forte pancada, não conseguiu abrir os olhos, sentiu com a mão o piso e percebeu que ele era de pedra, sorriu fracamente, ele tinha conseguido, estava no passado, mas a felicidade durou pouco, a fraqueza que sentia fez com que ele desmaiasse.

Acordou o que lhe pareceram horas depois, todos os seus músculos estavam adormecidos e doloridos, ele tentou se mover, mas não conseguia, era como se algo muito pesado o esmagasse contra o chão, Sirius ouviu vozes, mas não pôde compreendê-las, abriu os olhos, mas uma névoa o impediu de enxergar, ele demorou a entender que a névoa não estava do lado de fora, que era o cansaço que o impedia de ver claramente.

Os servos de Arthur entraram no grande salão do castelo de Camelot, lá era onde ficava a Távola Redonda, a mesa mais famosa do mundo, todos os dias eles entravam e cuidavam dos preparativos para o jantar, eles estavam muito nervosos nos últimos tempos, tinham medo que os bruxos não gostassem de alguma coisa e os transformasse em alguma coisa horripilante, mas agora eles estavam mais calmos, os bruxos tinham partido em missão e tudo estava calmo… estava, era com certeza a palavra certa, assim que entraram no salão eles viram um vulto de um homem no chão, eles sabiam que não era nenhum servo, nenhum deles seria burro o suficiente para tirar um cochilo naquela sala, também não era nenhum dos cavaleiros de Arthur, os cavaleiros eram guerreiros poderosos e honrados, jamais se deixariam passar por tamanha vergonha, curiosos e amedrontados Lise, Sophia e Edmond se aproximaram do vulto.

- Será que ele está morto? – perguntou Lise temerosa, era uma moça bonita de cabelos pretos e curtos, com adoráveis olhos castanhos, não tinha mais do que dezesseis anos.

- Não, ele está respirando. – respondeu Sophia revirando os olhos, sua irmã era muito medrosa.

Sophia tinha cabelos castanhos e curtos (o que era bastante comum entre os servos), olhos cor de mel, ela tinha vinte anos, mas por sua vida difícil e seu rosto de expressão decidida, mostrava já algumas marcas do tempo, mas mesmo assim ela ainda era bela, se tivesse nascido rica, teria sido uma das nobres mais cobiçadas, mas como era pobre tudo que conseguiu foi ser perseguida sua vida inteira por nobres, que de nobres não tinham nada, ela conseguiu com muito esforço se manter pura até se casar com Edmond, seu marido tinha cabelos negros, olhos pretos e perspicazes, usava uma barba cerrada e bem aparada, como também não era rico, ele não pôde se tornar cavalheiro, o que era um grande sonho dele, mas trabalhar para Arthur, já era uma grande honra para ele, aos trinta e cinco anos, ele se sentia um homem de sorte, pois contava com a proteção e amizade do maior rei de todos os tempos.

Edmond foi à frente das mulheres para verificar quem era o homem, o homem tinha cabelos pretos e parecia muito cansado, os olhos azuis do homem estavam abertos, mas não parecia que ele estivesse enxergando algo.

Foi quando eles se aproximaram que Sirius se mexeu fazendo uma nova tentativa de se levantar, mas tudo que conseguiu foi ficar mais tonto, bufando de raiva ele tentou mais uma vez, dessa vez ele conseguiu, mas caiu de joelhos de novo, amparando-se debilmente nos braços ele olhou para frente, tinha três pessoas na sua frente, pareciam ter sido tirados de livros de história antiga, ele sorriu afinal aquilo significava que ele estava no lugar certo, ou seja, no passado, só faltava ele descobrir se tinha ido para a época certa.

Edmond, Sophia e Lise não sabiam o que fazer com o homem, ele parecia muito mal, no entanto estava no lugar errado… e na hora errada, eles concluíram, quando alguns soldados surgiram para verificar se estava tudo bem por ali, era rotina ter rondas de soldados andando pelo castelo, para verificar se nada de errado estava ocorrendo, assim que viram Sirius os soldados correram até ele e o levantaram sem qualquer educação.

Sirius estava prestes a agradecer por eles terem ajudado-o a levantar, apesar da forma nada amigável com que fizeram isso, quando percebeu que eles não soltaram seus braços e o estavam carregando pra algum lugar, como tinha passado toda sua infância andando pelos corredores de Hogwarts (durante as aulas ou não) ele sabia como era a estrutura de um castelo, e sabia que descendo como eles estavam fazendo, só havia um lugar para onde os soldados poderiam o estar levando: as masmorras.

- Soltem-me agora! – Sirius gritou e começou a se debater, apesar de não adiantar, além de ele estar ainda muito fraco, o guardas que o seguravam eram guerreiros, e como guerreiros, tinham músculos bastante avantajados.

Perto dali…

- Porque está tão inquieto meu amor? – perguntou Viviane, ela tinha intensos olhos verdes e cabelos castanhos escuros, que no sol eram avermelhados, ela estava nua, coberta por um fino lençol e se encontrava esparramada sobre um guerreiro que a abraçava carinhosamente, passando a mão esquerda pela coluna dela.

- Tenho a impressão de que está acontecendo alguma coisa errada. – falou Merlin, sim aquele belo guerreiro era a versão mais jovem de Merlin, na verdade era a versão verdadeira dele, como ele é metamorfomago ele tomou a imagem de velho sábio, porque sabia que ninguém ia lhe dar ouvidos, em guerras ele seria consultado como um guerreiro, mas não aceitariam seus conselhos quanto a política e outros assuntos, então o velho surgiu em sua mente, era apenas sua versão envelhecida, que ele tinha visualizado a alguns anos.

- Meu amor. – disse Viviane. – Se estivesse acontecendo algo você saberia, afinal você é o maior vidente de todos os tempos.

- Os maiores videntes de todos os tempos são as sacerdotisas da Lua. – corrigiu Merlin sorrindo. – Uma pena que elas nublem seus poderes com suas crenças.

- Nunca mais fale isso! – exclamou Viviane se sentando e olhando severamente para Merlin, Viviane foi criada como sacerdotisa da Lua e apesar de ter abandonado-as, ela ainda era fiel à crença da Grande Deusa.

- Eu não falei por mal. – Merlin se apressou a explicar, mas na verdade ele realmente achava a crença da Grande Deusa apenas interessante, não seguia crença nenhuma, ele estava além disso, talvez por isso conseguiu desenvolver tão profundamente seus poderes.

Viviane se acalmou e se deitou novamente, ela sorriu ao pensar o que seu irmão de criação Lancelot falaria se a visse assim com Merlin.

- O que é tão divertido? – perguntou Merlin quando Viviane começou a rir baixinho.

- Estou imaginando como Lancelot reagiria se nos visse assim. – respondeu Viviane e Merlin sorriu também divertido. – Mas isso nunca aconteceria, já que você veria antes de acontecer.

- Na verdade eu não sei se seria capaz de ver. – afirmou Merlin ainda sorrindo, Viviane estava de olhos arregalados. – Quando se trata da minha vida eu não consigo ver muita coisa, vejo tudo sobre os outros, e por isso sou capaz de ver no que eu vou interferir na vida deles, mas não sou capaz de ver muito sobre nós dois, porque você faz parte de mim, tudo que sei que nossos destinos estão entrelaçados desde que você nasceu.

Viviane ficou em silêncio, ela não sabia disso, mas ela e Merlin não estavam juntos há muito tempo, então não tinha conseguido saber muita coisa sobre ele, apesar de que ela tinha certeza que mesmo que vivesse um milênio ao lado dele, ainda assim não poderia saber tudo sobre Merlin, ele era imprevisível.

Os pensamentos de ambos foram interrompidos por gritos de um homem. Merlin tinha certeza de que já tinha ouvido aquela voz em algum lugar…

- Maldição! – gritou ele se levantando, com um aceno de mão ele se vestiu, e com uma careta de concentração se transformou no velho sábio que todos pensavam que ele era.

- O que ouve? – perguntou Viviane confusa com os gritos de: “Me solta!” ou “Se não me soltarem agora vão se arrepender seus idiotas”.

Merlin olhou para Viviane, não tinha tempo de responder, mas também não queria deixá-la curiosa, então com um aceno de sua mão ela estava vestida, ele estendeu a mão a chamando para ir com ele, o que significava que não havia perigo, ele nunca a levaria para nenhum lugar que houvesse o mínimo de perigo, ela nunca se esqueceria do dia em que um dos cervos estava cortando o pão e ela levou a mão sem prestar atenção, o corte em seu dedo foi pouco mais que um arranhão, mas foi o suficiente para Merlin fazer com que todas as tochas da sala virassem labaredas enormes de fogo, os copos (de metal) explodissem, e toda a sala tremesse, quando olharam para ele perguntando o que tinha acontecido, todos alarmados, ele disse que tinha visto uma coisa no futuro que ele não gostou, mas o servo nunca mais foi visto, ela desconfiava que Merlin tinha-o transformado em algum inseto e pisado nele.

Os dois se encaminharam ao local de onde vinham os gritos e encontraram os guardas lutando para carregar um homem até as masmorras.

- O que pensam que estão fazendo? – perguntou Merlin autoritário, os guardas olharam-no assustados, todos morriam de medo de Merlin, por mais bonzinho que ele se mostrasse, ninguém era idiota de desafiá-lo.

- Esse homem foi encontrado na sala da Távola Redonda, senhor. – respondeu um dos soldados num fôlego só.

- Vocês sabem quem ele é? – perguntou Merlin, os soldados se entreolharam e fizeram que não com a cabeça, olhando uma segunda vez para Sirius que estava em silêncio desde a chegada de Merlin, mas tinham certeza de que nunca viram Sirius antes. – É só o marido de Lince.

Os guardas o soltaram imediatamente com terror em seus rostos, vendo isso Sirius se ajeitou tirando o pó das roupas, e com o peito estufado ficou olhando dignamente para os soldados, Merlin teve que fazer muita força para não rir, Viviane não conseguiu segurar, mas disfarçou com um acesso fingido de tosse.

- Aqui, beba isso senhorita e se sentirá melhor. – falou Merlin estendendo um frasco para ela, piscando o olho, afinal tinham que disfarçar seu romance, por enquanto. – Sai tão apressado quando ouvi os gritos de Sirius, que me esqueci de entregar a poção que me pediu, a tome todos os dias antes de dormir, e estará curada dessa gripe em pouco tempo.

Tentando fazer uma cara séria Viviane pegou o frasco das mãos de Merlin e agradeceu, pegou o frasco e bebeu um pouco do conteúdo, quase teve outro acesso de tosse quando percebeu o que tinha dentro do frasco: água.

- Bem, porque não vamos jantar, assim podemos apresentar Sirius a todos, e não teremos mais incidentes como esse. – falou Merlin sorrindo para Sirius, que retribuiu o sorriso e acompanhou Merlin e Viviane de volta a sala de onde tinha sido tirado.

Quando chegou lá Sirius foi recebido com curiosidade, depois de apresentado como Sirius Black, marido de Lince, ele percebeu que todos o tratavam com extremo cuidado, como se temessem o que ele poderia lhes fazer, e isso só podia significar uma coisa: Lince havia aprontado alguma.

- O que foi que a Lince fez? – perguntou Sirius baixinho para Merlin.

- É uma longa história. – respondeu Merlin. – É mais fácil eu te mostrar.

Merlin utilizou o feitiço responsável pela tatuagem da AM poder transferir memórias para aqueles que a tem, logo Sirius estava submerso em lembranças de algo que tinha acontecido há uma semana atrás…



Gian: que bom que gostou da Relíquia (ela me deu muito trabalho), era minha primeira fic e olha o tamanho dela, kkkkkkkkkk. Espero que goste deste capítulo, eu acho ele bem divertido, obrigada por comentar, beijo.

Markim: bem, para você eu devo agradecimentos em dobro, obrigada por ter comentado na Relíquia, e muito obrigada por ter comentado aqui também, espero continuar te impressionando bastante, essa é a magia de se ler algo, ficar preso a leitura e se irritar profundamente quando alguém nos interrompe, hehehehehe, bom, eu já agradeci, então só posso torcer para você gostar desse capítulo também, beijo.

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