1ª Missão
Após o jantar Guenevere chamou discretamente Merlin para uma conversa, ambos se encaminharam aos aposentos reais, enquanto Arthur ia fazer sua ronda nos arredores do castelo, todo inicio de noite Arthur passeava ao redor do castelo para se certificar que os vigias estavam acordados e alertas, ele não precisava fazer isso, mas fazia questão, pois assim mostrava à seu povo e a seus soldados que se importava com eles, que apesar de ser rei não se sentia superior a eles a ponto de não se dar o trabalho de uma simples ronda noturna.
Quando chegou ao seu quarto Guenevere foi diretamente ao assunto que queria debater:
- Como os dois podem ter a mesma idade de quando eles me salvaram? Aliás, eles parecem ser mais jovens, eu tinha oito anos, os Potter me salvaram há dez anos atrás! Como isso é possível?
- Bem. – começou Merlin desconfortável, aquilo ia ser difícil de explicar. – No futuro Harry e Gina estavam enfrentando uma guerra, e eles estavam muito perto de ser derrotados, bem… não tão perto, mas eu resolvi interferir, eu os trouxe aqui, para treiná-los, eles tinham respectivamente dezoito e dezessete anos quando chegaram, ficaram por cinco anos treinando comigo, Shinaya e Atalon, mas quando voltaram para o tempo deles, tinham a mesma idade de quando saíram de lá, quando você os conheceu eles já estavam no quinto ano aqui, ou seja, quando te salvaram Harry tinha vinte dois anos e Gina vinte e um, mas como quando voltaram para o futuro eles voltaram a ter a aparência que tinham quando saíram, hoje eles aparentar ter vinte e dezenove anos.
Guenevere olhava Merlin como se nunca o tivesse visto na vida, não tinha entendido absolutamente nada, ponderou por um momento pedir uma explicação mais detalhada, mas então mudou de idéia, seja lá o que for que Merlin estivesse metido, estava sempre além da compreensão de qualquer pessoa, e ela pelo visto não era uma exceção.
Com um aceno de cabeça e um murmúrio Guenevere agradeceu o tempo que Merlin gastou com ela e gentilmente o dispensou, Merlin saiu sorrindo do quarto da rainha, sabia que ela não tinha entendido nada do que tinha falado.
Arthur voltou de sua ronda e percebeu que Gwenevere estava pensativa, quando perguntou o motivo, ela tentou explicar o pouco que tinha entendido do que Merlin falara, ou seja, ela repetiu quase palavra por palavra o que Merlin tinha dito, Arthur entendeu tanto quanto ela, mas não pareceu frustrado com isso apenas resmungou “coisas de Merlin” antes de beijar Guenevere.
Quando o Sexteto se aproximou da mesa para o café da manhã o mesmo mal estar da outra vez que se juntaram ao resto da corte tomou conta do local, a corte de Arthur se compunha basicamente por cavaleiros e suas esposas, dois conselheiros: Merlin e o Arcebispo e as damas de companhia de Guenevere (a maioria casada com os cavaleiros andantes de Arthur).
A refeição foi feita em silêncio, nem mesmo os cochichos costumeiros eram ouvidos, todos estavam incomodados, mas não se podia dizer o motivo, Lince leu a mente de algumas das pessoas mais próximas e descobriu por que estavam tão silenciosas, eles não eram o único motivo, havia um número considerável de cavaleiros que estava sendo morto e também Morgana, irmã de Arthur estava vindo à corte, ela era a líder das Sacerdotisas da Lua e parecia que as pessoas não gostavam muito dela. Lince passou aos outros o que tinha averiguado e todos ficaram intrigados pelo fato da irmã do rei ser tão mal vista pelos súditos, normalmente mesmo quando não gostavam dos monarcas os súditos fingiam gostar, mas as pessoas em volta não pareciam se importar com o fato de que Arthur poderia perceber a animosidade deles por sua irmã, Lince resolveu que ficaria de olho em Morgana, queria saber porque as pessoas não gostavam dela.
Após o café da manhã quem entrasse na sala do trono onde a lendária mesa da Távola Redonda ficava se depararia com uma cena inusitada: o rei curvado sobre a mesa mostrando um mapa para seis pessoas.
- Bem é isso, essas são todas as rotas que eu conheço. – finalizou Arthur sorrindo.
- Entendo. – afirmou Lince. – Mas o que exatamente você quer que a gente faça? Porque nos mostrar tudo isso?
- Porque preciso da ajuda de vocês. - começou Arthur sério. – Meu reino é muito vasto. Alguns dos barões que são leais a mim, inclusive meu pai de criação, o barão Antor, não sabem o que está acontecendo, devem ter chegado rumores de que eu estou sendo ameaçado, mas é provável que não saibam a extensão dos meus problemas e muito menos que a guerra pode acontecer a qualquer momento. Estou tentando avisá-los já há algum tempo, mas não estou conseguindo, meus cavaleiros são valorosos, mas Malagaunt tem matado-os antes de conseguirem entregar as mensagens que eu envio através deles, e tem também os outros cavaleiros… eles são andarilhos, não permanecem muito tempo na corte, preferem viajar pelo meu reino procurando todo tipo de aventura… como vêem tenho muitos aliados, mas estou sem meios de reuni-los, não posso mandar meus cavaleiros para a morte, assim como não posso deixar de avisar meus aliados.
- Então você quer que a gente seja os mensageiros? – perguntou Harry.
- Sim. – confirmou Arthur sorrindo. – Temos ainda algum tempo, mas Merlin me disse que tenho que começar a reunir meu exercito o mais rápido possível, pois se deixar para mais tarde, Malagaunt já terá reunido o dele, e não deixará que o meu se reúna e vocês são os únicos que podem fazer isso, mas temos que ser rápidos.
- Creio que tenho uma solução. – começou Rony, que estivera pensativo durante toda a conversa, ele igualava a guerra a um jogo de xadrez, assim ele podia pensar nas melhores estratégias para vencer os inimigos, foi assim durante a guerra contra Voldemort e seria também contra Malagaunt. Rony deu um sorriso maroto, sabia que os outros não iriam gostar do plano dele. – Nós seis podemos nos dividir, não teremos problemas com os homens de Malagaunt, eles estarão esperando cavaleiros, atacarão por magia, nós podemos nos defender de magia, e ao nos dividirmos poderemos ser mais rápidos.
- Como vão se dividir? – perguntou Arthur, já prevendo que seriam dois grupos.
- Harry e Lince, eu e Anny e Gina e Mione. – era dessa parte que os outros não gostariam, eles fizeram uma careta para Rony, mas concordaram, era o jeito mais rápido de falar com os aliados de Arthur, Rony queria muito ter separado eles em casais, e deixar Lince e Anny juntas, afinal eram melhores amigas, mas sabia que para este tipo de missão era melhor não ter distrações como beijar e outras coisas mais.
Arthur tentou não demonstrar sua surpresa ao perceber a escolha de Rony, pensou que ele os separaria em trio, não em duplas, os homens deixariam as mulheres cavalgando sozinhas? Depois desse pensamento teve vontade de rir de si mesmo, aquelas não eram mulheres comuns e saberiam muito bem como se defender.
- Que assim seja. – concordou Arthur.
- Sabia que estaria aqui. – disse Guenevere a Arthur, eles estavam em uma das torres do castelo que ficava escondida do pátio principal do mesmo, à frente deles se estendia uma imensidão verde, a floresta era linda e Arthur gostava de ficar contemplando a paisagem quando precisava pensar.
Guenevere assim que percebeu que Arthur tinha sumido foi procurá-lo ali, encontrou-o de pé encostado na amurada da torre, seu olhar estava triste e sua cabeça estava baixa, o vento soprava pelo cabelo loiro dele, e Guenevere teve mais um motivo para adicionar a sua lista de motivos por ter se apaixonado tão rapidamente por Arthur.
- Você me conhece bem. – respondeu Arthur sorrindo, estendendo a mão num pedido mudo que se aproximasse, Guenevere se aproximou e Arthur a estreitou em seus braços.
- O que o preocupa? – perguntou Guenevere, sabia que a guerra não era o único motivo para o ar pensativo de seu marido.
- Eu não sei bem. – respondeu Arthur, ele não sabia como explicar o que estava sentindo. – Algumas coisas que eu pensava serem verdades absolutas, estão se mostrando falsas.
- Como assim? – perguntou Guenevere olhando nos olhos do marido.
- É difícil para mim ter que ver outras pessoas cuidando do que deveria ser resolvido por mim, hoje eu falei com os bruxos sobre o problema das mensagens, e eles se ofereceram para entregá-las.
- E? – instigou Guenevere ao perceber que Arthur não continuaria, sabia que ele precisava desabafar.
- Eles vão se dividir em duplas. – respondeu Arthur suspirando. – E isso quer dizer que vamos ter duas mulheres cavalgando por um reino que não conhecem sozinhas, e eu não posso nem me preocupar, afinal elas sabem lutar…
- Você sempre viu as mulheres como seres frágeis e indefesos e agora vai deixar duas mulheres cavalgarem sozinhas, sabendo que elas sofrerão ataques. – interrompeu Guenevere começando a entender o que o marido sentia.
Arthur concordou com a cabeça e estreitou Guenevere nos braços, ele precisava de conforto e ela era a única pessoa que poderia fazer isso por ele, eles ficaram abraçados por muito tempo, apreciando a companhia um do outro, num momento raro de paz, mesmo quando não estavam em guerra, à corte tomava todas as horas do dia, normalmente tinham apenas à noite para desfrutar a companhia um do outro.
Sirius estava no grande escritório da mansão Cresswel, ele se sentia sozinho e deprimido desde que Lince foi para o passado, ele passava horas vagando pela mansão, parecia um fantasma, Sirius não fazia questão de esconder seu estado de espírito sentia muita falta de Lince, e não se importava com o que os outros dissessem, ele só tinha uma única distração nos últimos dois dias, que era o tempo que tinha passado desde que Lince se foi, sua distração era folhar os diários dos Cresswel, desde os primeiros integrantes daquele clã, eles escreviam suas vidas em diários, seus descendentes liam-nos e tentavam aprender com os erros que os antepassados cometeram, era incrivelmente interessante ler esses diários, Sirius ficou surpreso ao constatar que todos os diários sempre tinham histórias de poderosos bruxos que lutavam contra as trevas, ele se sentiu mal ao se lembrar que havia várias passagens em que os Cresswel lutaram contra os Black, isso fez com que ele renegasse mais ainda seu passado e sua família, para ele sua vida começara aos nove anos quando conhecera Lince*.
Na manhã do terceiro dia, mais deprimido do que antes Sirius resolveu folhar o diário do primeiro Cresswel, ele tinha pegado os diários a esmo, pegando aqueles que datavam da época em que ele sabia que tinha acontecido alguma coisa interessante, mas mesmo quando ele lia algum diário de alguma época que para os bruxos nada demais tinha acontecido, ele descobria que tinha havido sim grandes e sangrentas batalhas, os Cresswel pareciam ter o mesmo pendor que Harry para confusão, não havia um único diário, até onde ele tinha lido, que não tivesse pelo menos umas dez batalhas contra bruxos e criaturas das trevas, ele já considerava os Cresswel a família mais impressionante que conhecera e isso só se intensificou com a leitura dos diários, e por isso ele resolveu começar do início, queria saber tudo sobre eles, assim escolhera o diário de Jonathan Cresswel, responsável pela criação do clã, de quem o pai de Lince ganhou o nome, aquele que começou tudo, na primeira página estava escrito:
Sinto-me meio idiota de estar escrevendo um diário, mas a necessidade que sinto de que tudo o que estou vivendo seja conhecido por mais alguém é mais forte do que eu, quero que meus filhos saibam como tudo aconteceu e porque eu os estou condenando a uma vida de batalhas, a maioria dos pais deseja que seus filhos tenham uma vida honrada e se possível longa, eu desejo que meus filhos lutem pelo bem, que eles impeçam qualquer coisa ruim de tomar o poder, seja de um reino ou de uma vila, eu escolhi essa vida e sei que por causa disso, meus filhos serão perseguidos e talvez eu não viva tempo suficiente para vê-los crescer, e talvez… talvez eles me odeiem, esse foi o motivo de escrever minha história, pois até agora eu ainda não acredito que tudo aconteceu, parece tão irreal, mas ela mostra que eu não tinha escolha, meu destino tinha sido traçado mesmo que naquela época eu não soubesse disso…
Tudo começou há dois anos atrás, eu era apenas mais um bruxo se escondendo da perseguição dos não bruxos, tudo que eu mais queria era paz, às vezes eu me envergonhava de ser bruxo, meus pais nunca me perdoaram por isso, mesmo tendo me criado, eles nunca me amaram, nunca se importaram comigo, por isso, com o passar dos anos eu percebi que meu lugar nunca seria ao lado deles, eu fugi de casa e troquei de sobrenome, eu tinha ouvido falar de um guerreiro de uma lenda antiga que os druidas contavam quando eu era criança, ele tinha o sobrenome de Cresswel, eu adotei o sobrenome, desde que comecei minhas andanças todos me conhecem como Jonathan Cresswel, eu viajo pelo reino de Camelot em busca de aventuras, ajudando a todos que podia, não uso magia com freqüência, eu me tornei um excelente guerreiro, vivo entre os não bruxos e não acho que seria justo lutar contra eles usando magia, e também não quero confusão, as pessoas parecem propensas a me odiar quando descobrem que sou um bruxo, mesmo que eu tenha salvado suas vidas, vivendo como cavaleiro andante eu sou aceito por todos, pois essa é a vida que todos querem, para todos essa é uma vida feliz, e eu não ouso ficar muito tempo numa mesma vila, pois sei que serei descoberto e aqueles que juraram sua amizade voltariam suas costas a mim.
Depois de dois anos perambulando pelo reino de Camelot e vivendo como um ser humano normal, eu estava andando distraído por um bosque quando ouvi um barulho de batalha, o som metálico de espadas se batendo era inconfundível, corri em direção ao som… nada do que eu já tinha visto na minha vida tinha me preparado para aquilo, eu era jovem e tolo, na época tinha vinte anos e por andar pelos reinos pensei já ter viso de tudo, mas ali na minha frente havia uma coisa que eu jamais pensei ver.
Uma carruagem estava queimando, pelos detalhes acreditei que o dono da carruagem pertencia à realeza, mas o que me chamou a atenção não foi o fogo consumindo a madeira, cercada por um bando de saqueadores estava a mulher mais bela que eu já tinha visto em toda minha vida, seu corpo era curvilíneo e esbelto, sem as pesadas roupas que as mulheres normalmente usavam, suas curvas eram acentuadas por uma saia grossa e uma blusa de manga longa, ela vestia o espartilho por cima da blusa, os cabelos dela eram de um vermelho vivo, caindo em cachos perfeitos pelas costas, o fogo atrás dela projetava um brilho avermelhado em volta deles, eles pareciam em chamas, assim como seus olhos de uma cor que eu nunca tinha visto antes, seus olhos eram violetas, e eles estavam enfurecidos, em suas mãos estava uma espada e ela lutava contra os saqueadores.
Eu nunca imaginei ver uma mulher lutando, as mulheres para mim eram tolas e influenciáveis, apenas as sacerdotisas mereciam algum respeito, as outras choravam demais, mas na minha frente estava uma mulher que não se encaixava em nenhuma das alternativas, ela não era uma dama e também não era uma sacerdotisa, pois elas lutam com bastão, não com espada.
Ela lutava com graça e sua precisão era incrível, ela parecia estar dançando com movimentos leves e ritmados, mas era uma dança de morte, a cada golpe de sua espada um saqueador caia morto. A luta não durou muito tempo, logo os saqueadores fugiram amedrontados deixando para trás os corpos de seus companheiros eu contei dez corpos caídos e cinco homens fugindo.
Ela olhou para mim curiosa, o olhar dela parecia estar lendo minha alma, isso além de muito incomodo me deixou envergonhado, sabia que não estava nada apresentável, fazia um dia e meio que estava andando pela floresta e ainda não tinha encontrado um riacho para tomar banho, com a água do cantil que eu sempre carregava, dava para me limpar parcialmente, pelo menos eu não estava fendendo, depois de um momento em silêncio nos encarando ela sorriu e eu me perdi naquele sorriso, assim que ela sorriu e eu vi seu nariz se enrugando levemente eu percebi que meu coração não mais me pertencia, ele agora era dela.
- Meu nome é Pandora. – disse ela sorrindo estendendo sua mão para mim, eu me aproximei e beijei a mão dela sem desviar o olhar, quando levantei a cabeça eu continuei a segurar sua mão na minha e ela não a tirou, eu sorri quando percebi isso.
- O meu é… - eu comecei, mas ela me interrompeu.
- Eu sei quem você é. – disse ela ainda sorrindo, era difícil me concentrar em outra coisa que não fosse os lábios dela, até hoje eu ainda acho difícil. – Seu nome é Jonathan e eu estive te esperando por muito tempo.
Eu arregalei os olhos para ela, como ela sabia quem eu era? Ela continuou sorrindo perante minha confusão e se aproximou, e me beijou! Eu fiquei tão aturdido que não correspondi no começo, mas logo eu a puxei para mais perto de mim transformando o beijo delicado dela em algo mais forte, nada do que eu já tinha sentido poderia se igualar ao que eu sentia naquele momento, o mundo parecia ter parado e tudo o que eu conseguia sentir era sua boca na minha seu corpo pressionado contra o meu, acho que nós não sairíamos daquela posição tão cedo, eu poderia ficar eternamente com ela nos meus braços, mas eu ouvi um pigarro divertido vindo da estrada, eu me afastei imediatamente dela, não queria que a honra dela fosse questionada, ela parecia irritada e divertida ao mesmo tempo, eu procurei ao meu redor tentando ver quem tinha estado nos observando.
Em frente à carruagem que era um monte indistinto de madeira chamuscada e cinzas estava um homem que parecia um guerreiro, sua túnica era negra e nela bordadas habilmente haviam as figuras de um lobo, uma folha e um bastão, ele era alto e forte, seu cabelo era preto e brilhante, usava uma barba curta e cerrada, igualmente preta, seus olhos eram negros e perspicazes, ele olhava para nós com certa diversão.
- Então você finalmente o encontrou? – o guerreiro perguntou a Pandora, a voz do guerreiro era forte e profunda, levemente rouca, o tipo de voz que impunha respeito sem necessitar gritar, eu fiquei arrepiado, mas Pandora não se impressionou com a voz, ela sorria novamente, e se aproximou de mim, ela estava de costas e puxou meus braços em volta da cintura dela, queria obviamente que eu a abraçasse por trás, eu fiz o que ela queria, e olhei preocupado para o guerreiro, o que ele poderia pensar disso? Mas ele estava estranhamente calmo, seu sorriso não vacilou nem por um momento, assim como ela, ele parecia me conhecer, eu me senti incomodado com isso, não me importava que Pandora soubesse ler minha alma, mas aquele estranho me deixava nervoso.
- Sim, eu o encontrei tio. – respondeu Pandora feliz, eu olhei dela para o homem, ele era tio dela? Mas não era novo demais? Talvez ele fosse filho de um segundo casamento, às vezes isso acontecia, tinha um monte de velhos por ai que se casavam com mulheres jovens, desses relacionamentos nasciam filhos que tinham idade para serem filhos de seus irmãos.
Ele desceu do cavalo e de repente, não era mais o poderoso guerreiro, ele agora era velho e tinha uma barba enorme e branca, assim como seus cabelos, usava vestes azuis com estrelas prateadas, na cabeça ele tinha um estranho chapéu cônico, eu soltei uma exclamação de surpresa, o que tinha acontecido com o guerreiro?
- Tio! – ouvi a voz de Pandora repreender o velho. – Você o assustou.
- Desculpe meu caro. – o velho falou, sua voz era a mesma do guerreiro, eles eram a mesma pessoa? Meus olhos se arregalaram mais ainda. – Eu sou Merlin e essa que você está abraçando é minha sobrinha Pandora.
A afirmação dele me pegou de surpresa eu estava de frente para o bruxo dos bruxos, eu mal pude acreditar, eu conhecia a história de Pandora, todos conheciam, em um dia longínquo Merlin chegou a corte trazendo um bebê recém-nascido, a mãe do bebê tinha morrido no parto e seu pai ninguém sabia quem era, sua mãe tinha sido violentada e Pandora nasceu, Merlin disse que ela seria uma poderosa bruxa assim como o pai, apesar de saber quem era o pai dela Merlin nunca disse a ninguém, Pandora cresceu na corte sendo mimada por todos e treinada por Merlin e os da Armada de Merlin, eu ofeguei com tudo isso, perguntas rondavam pelo meu cérebro e eu não sabia quais fazer primeiro, então como normalmente acontece eu fiz a mais idiota de todas:
- Você estava me esperando? – sussurrei num fôlego só, ela se virou para mim, acho que ela estava esperando essa pergunta, seu rosto voltou a sorrir.
- Sim. – ela confirmou. – Eu não sou uma vidente, eu só tive uma única visão em toda minha vida…
- Que ela repete todos os dias desde então. – cortou Merlin sorrindo também. – Aos dez anos ela viu um guerreiro em seu caminho, ele também era bruxo e ela o encontraria muitos anos depois da visão que teve, e assim aconteceu, hoje ela encontrou o guerreiro dela, você é este guerreiro.
Desde então minha vida mudou radicalmente, eu me casei com Pandora dois meses depois desse episódio e hoje sou o homem mais feliz do mundo, faço parte da Armada de Merlin e fui treinado nas mais diversas artes da magia e da esgrima, já não tenho mais vergonha de ser bruxo, na verdade hoje tenho muito orgulho disso, durante os dois meses de noivado me inteirei que Pandora passa pouco tempo na corte, ela viaja o mundo caçando bruxos e criaturas das trevas, eu resolvi segui-la nessa batalha, pois isso é algo honrado para se fazer.
Eu e ela ainda não tivemos filhos, mas estamos pensando seriamente em ter um, mas para isso teremos que voltar a corte, pois não queremos que nosso filho corra perigo, pelo menos não nos primeiros anos de sua vida, mas nossos planos terão que ser adiados, ouve um golpe e Vertigeiro tomou o poder, Merlin teve que convocar rapidamente alguns membros da Armada para escoltarem o legitimo herdeiro do trono ao reino do Barão de Antor, lá de acordo com Merlin, Arthur estará em segurança, rezo para que assim seja.
*Para quem não sabe, eu escrevi uma short que mostra a cena dos dois se conhecendo (Juntos, Hoje e Ontem – é só pesquisar o nome).
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!