"Mergulhando em caos"



Não que já não houvesse muito a ser comentar no colégio ultimamente... Entretanto, os acontecimentos recentes acabaram por trazer uma atmosfera de receio que pairava sobre os alunos... De fato, a sensação que se tinha era que as notícias, de mortes misteriosas e desaparecimentos repentinos de bruxos e até mesmo trouxas por toda parte se intensificara ainda mais... (ou talvez, comentou Hermione naquela manhã, a diferença era que agora todos pareciam prestar atenção de fato).

Harry, entretanto não podia se dizer alarmado com relação ao que estava ocorrendo. E não só ele como Rony e Hermione, já estavam tão familiarizados com esse sentimento, que a situação acabara por se tornar rotineira, por mais estranho que isso pudesse parecer... E de fato, Harry achava que no fim das contas até que houve um lado positivo em toda aquela história. Ele e Rony haviam voltado a se falar... Bom, pelo menos uma comunicação básica já havia sido estabelecida entre os dois. Motivo pelo qual felizmente já era possível para ambos manter uma conversa saudável durante o café...

- Esquece Hermione! Eu não vou visitar Malfoy. – insistiu Rony.

- Rony está certo. Além do mais, considerando tudo que ele fez pra gente durante esse tempo todo, principalmente você...– acrescentou ele - agente deveria ter deixado ele lá.- concordou Harry tentando ignorar a cara feia da amiga.

- Mesmo assim! Eu ainda acho que agente deveria ir lá! – reclamou Hermione novamente.

- Pra quê?- questionou Rony. – Agente já fez o suficiente... Além do mais, mesmo se agente fosse, não ia fazer muita diferença mesmo...

- É... Quero dizer... Você não espera sinceramente que Malfoy vai nos agradecer certo? – concordou Harry. Hermione desviou os olhos se voltando para o bacon intacto em seu prato. – Você não está sentindo pena dele não está?

- Não! Eu... Eu só fico pensando... – continuou ela, se curvando sobre a mesa em seguida, e falando num sussurro. – Quero dizer... Ignorando o fato de que foi Malfoy... Se você fosse um pai e seu filho estivesse à beira da morte... Você viria vê-lo certo? Já faz três dias... Além do mais, considerando a situação, ele deveria estar sobre algum tipo de proteção.

- Eu não acredito que você está defendendo ele... – retrucou Rony abismado, como se não houesse escutado nada do que a amiga dissera.

- Não, eu não estou... – retrucou ela começando a se irritar. – Esquece! Vamos... Nós estamos atrasados...

- Eu ainda não acredito que ela nos convenceu a fazer isso... – reclamou Rony enquanto acompanhava junto com Harry, a amiga em direção a enfemaria. A menos de três passos da porta, eles puderam ouvir uma discursão nitidamente.

- Eu não quero! Eu já estou bem eu já disse! – retrucou uma voz irritada e arrogante que logo Harry reconheceu como sendo a de Malfoy.

- Você tem que beber isso Sr. Malfoy! Beba! – retrucou Madame Ponfrey. Em seguida um barulho de engasgo e resfolegar se fez ouvir denunciando a vitória da enfermeira.

- Típico... – resmungou Harry, sob um estalar de língua de Hermione.

Os três entraram na sala. Rapidamente os olhos de Harry se voltaram para o garoto loiro ocupando a penúltima cama da esquerda. E apesar da insistência no contrário, a última coisa que ele parecia era curado... Seu olho esquerdo ainda estava roxo, e de fato, ele parecia estará tendo muita dificuldade em se manter sentado.

Malfoy estava prestes a reclamar com Madame Ponfrey, quando avistou a entrada dos três na enfermaria.

- O qu... – a primeira impressão que Harry teve foi a de que uma ligeiro ar de surpresa tomou conta da feição de Malfoy. Algo realmente incomum de se ver. Mas logo a surpresa foi substituída por o ar característico de arrogância e irritação.

- Como você está? – perguntou Hermione mais rápido do que o normal, soando provavelmente mais fria do que gostaria, denunciando que ela também não estava confortável com a situação... – o olhar de Malfoy pulou de Rony que parecia extremamente contrariado, apara Hermione. Por um momento ficou claro que ele não soube o que responder, mas logo em seguida Hermione obteve uma resposta mais que óbvia, considerando que ela vinha de Malfoy:

- Eu acho que não é da sua conta Granger. – Hermione piscou. Harry estava pronto para uma resposta atravessada, mas foi interrompido pela enfermeira:

- Ele está um caos! E não quer ser tratado! Eu nem sei o que poderia ter acontecido se vocês não tivessem chegado! – completou ela se voltando para Mlafoy com cara de desaprovação.

- Eu suponho que um obrigado daria pro gasto. – alfinetou Rony secamente.

- Eu não sei do que você está falando Wezzy. – retrucou Malfoy.

- Agente salvou a sua vida! É assim que você retribui? – reclamou Hermione estarrecida. Ele não respondeu.

- Agente devia ter deixado ele lá, eu disse... – comentou Harry com frieza.

- É eu suponho que sim. – cortou Malfoy com arrogância.

- Vamos... Eu sabia que isso ia ser uma perda de tempo. – concluiu Rony se voltando para porta, acompanhado por Harry. Mas Hermione permaneceu:

-Sabe Malfoy... Esse é o motivo pelo qual você é, e vai continuar assim... Sozinho. – falou ela com visível desprezo. – Vamos.

Seguindo porta fora ela continuou sem uma palavra sequer. Ela não podia ter dito melhor... Pensou Harry assim que saíram da enfermaria.

Desde o episódio na Ala hospitalar Hermione não tocara mais no assunto, de fato ela largara da preocupação, ou do que quer que fosse e decidira que era melhor que ele passasse o máximo de tempo possível debilitado. Pelo menos assim ela poderia cuidar dos afazeres de Monitora sem o transtorno que era Draco Malfoy... De fato, nesse aspecto pelo menos, os dois dias seguintes passaram calmamente... Desconsiderando a crescente agitação que surgia aos poucos nos corredores por parte dos alunos, normal antes de um final de semana livre para ir à Hogsmaed. Formando um completo contraste com o humor de Rony, que definhava a cada dia. Ele tinha detenção, e por isso não iria ao povoado aquele sábado. Apesar da tentativa de consolo por parte de Hermione, não ter melhorado o humor dele quando deixou a sala comunal da Grifnória naquela manhã. Quanto a Harry, achou por bem ficar de fora de qualquer opinião sobre o assunto. A final a detenção de Rony significava um sábado inteiro a sós com a amiga. Uma perspectiva muito agradável aos seus olhos, que ele achava melhor não compartilhar com o amigo...

E de fato eles estavam sozinhos, apesar da garota não demonstrar nenhuma propensão de ir ao povoado naquele dia...

- Eu não acredito que você pretende passar o dia todo fazendo exercício! – reclamou ele pela quinta vez.

- Bem... Geralmente é isso que eu faço... - retrucou ela levantando os olhos.

- Mas hoje é sábado! – insistiu ele.

- E ?

- Agente podia ir para Hogsmaed... – sugeriu ele. Ela o observou novamente agora pousando a pena.

- Você percebe que há uma grande possibilidade de chover hoje, não? – explicou ela como que para alguém de três anos de idade.

- Desde quando você tem medo de água? – insistiu ele.

- Engraçado.

- Vamos! Eu te pago um sorvete...

- Ta fazendo frio...

- Certo... – concordou ele pensando novamente – Eu te levo na Dedos de Mel... E pago pelo que você quiser... Convenceu?

- Nah... Mas continue... – instigou ela apoiando o queixo na mão esquerda.

- Ok... – continuou ele com um sorriso. – Eu podia te levar na livraria... Eu soube que chegou uma remessa de livros novos... Pro ano que vem sabe? – Harry pode ver que a amiga estava se inclinando a aceitar.– Mas se você não quiser ir eu...

- Eu vou pegar meu casaco... – retrucou a menina levantando rápido demais para quem estava negando o convite há alguns segundos atrás...

- Ok... – respondeu Harry com um sorriso maior ainda.

Não demorou muito para que os dois se juntassem aos retardatários que agora seguiam em direção ao povoado... De terminado a ignorar completamente os olhares que eram lançados a eles, Harry levantou os olhos para observar o céu negro acima dos dois...

- Vai chover... – comentou ela, que também parecia ter notado os olhares à sua volta. E ela estava certa. O breu agora estava tão grande e o tempo tão frio e húmido que se Harry não houvesse acabado de almoçar, diria que já era noite...

Harry ouviu um pigarro vindo da garota. Ela não parecia muito confortável... De fato, agora que prestava mais atenção ela realmente parecia nervosa...

- Hermione, o qu...

- Harry talvez nós devêssemos voltar.

- Por que?- Harry observou a amiga que parara, aparentemente pensando em uma boa razão para volatar atrás na sua decisão...

- Bem... É que... Vai chover, olhe! – apontou ela, como se este fosse o motivo mais plausível do mundo.

- Bem... Se chover, agente se molha... Agora vamos... – concluiu ele puxando a garota pelo braço.

- Espere. – insistiu a menina. Harry se voltou para a amiga com a testa ligeiramente franzida:

- O que?

- Oh Harry vamos! Você não acha que depois do que aconteceu... Quero dizer... O que agente ta fazendo? – ok... Agora ele estava oficialmente perdido...

- Er... Indo para Hogsmead...?

- Certo... – concordou ela impaciente e ligeiramente vermelha agora. – Mas o que isso significa? – logo a conversa fez sentido para Harry. E apesar de ter uma resposta totalmente contrária em sua mente, a ponta de sua língua se preparou para outra:

- Significa que nós estamos indo para Hogsmead, só isso. – mentiu ele. Olhe... Se você quer voltar tudo bem... – não, não estava bem. Ele não queria que ela fosse... E tinha certeza de que se ela aceitasse ir, os dois iriam se divertir...

- Não, quero dizer... Eu acho que não... – olhando para os próprios pés, a garota parou por um momento, obviamente tomando uma decisão. – Olhe... Eu estou sendo estúpida... Você está certo... A lém do mais você me prometeu um sorvete... lembrou ela calmamente.

-Você recusou.

- Eu mudei de idéia... Eu faço muito isso... – acrescentou ela com um sorriso.

- É, eu percebi... – um barulho forte de explosão se fez ouvir no céu e Harry sentiu um grosso pingo d’água cair no seu ombro. Logo outro atingiu Hermione no rosto, e em menos de dez segundos uma chuva imensa se abateu sobre os dois. A água gelada começou rapidamente a encharcar ambos.

- Vamos! – gritou Harry. A chuva agora estava tão forte que apesar da proximidade era quase impossível ouvir algo além do barulho das gotas caindo no chão...De fato, exceto por algumas sombras difusas ao redor não era possível nem ao menos ver com clareza o caminho que estavam seguindo, sendo que a situação de Harry se tornava ainda pior pois seus óculos se embassaram rapidamente. E essa foi a única razão, pela qual ambos acabaram parando onde pararam, Harry não pensou duas vezes ao entrar pela primeira porta que viu na sua frente, onde pelo menos eles estariam à salvo da chuva do lado de fora...Arrastando Hermione para dentro do local, ele pode ouvir a amiga resmungar numa imitação escrachada de sua voz:

- “Desde quando você tem medo de água?” – retrucou ela olhando para Harry que riu do estado da garota. À contra-gosto, ela prórpia começou a rir alguns segundos depois...

- Onde agente está? – perguntou ele se voltando para o estabelecimento. Um estalo soou sobre a cabeça de Harry:

- O que diabos? – exclamou a garota sacudindo uma nuvem de papéis picados que atingiam agora seu rosto...

- Oh... – Harry olhou à sua volta. A atmosfer era familiar...

- Nós estamos no Padfoot! – excalmou a menina, Harry não sabia se envergonhada, ou se divertindo, ou talvez até ambos... Ele não tinha certeza...

Asa florzinhas, lacinhos... Os querubins... Que agora faziam questão de voar desagradavelmente sobre suas cabeças... Até que um deles levou um tapa de Hermione, chamando atenção de uma menina horrorizada à esquerda de Harry. Mas o pior ocorreu a Harry no momento seguinte ao ver o anjinho voar de volta irritado... Era dia dos namorados... Como ele esquecera disso? Que maluquice dera em sua cabeça para trazer Hermione para Hogsmead no dia dos namorados?

- Bem, isso é...

- Estranho...

- É... – concordou Hermione.

- E embaraçoso... – completou Harry.

- E todo mundo está olhando pra gente... – de fato, agora os olhares da maioria dos casais no pub se voltavam para eles... Sentindo o rosto esuqentar violentamente, Harry se voltou para a amiga também parecendo mais disposta a enfrentar a chuva do lado de fora à continuar ali...

Sem uma palavra sequer, ambos seguiram para o dilúvio novamente.

- Hermione! – chamou Harry soltando o pulso da mão da garota. Ela estava correndo desembestada em direção ao Três Vassouras.

- O que? – gritou ela de volta.

- Você não acha que é um pouco tarde para correr assim não?

- Agente vai pegar um resfriado!

- Bom, eu acho que agente chegou num ponto que não dá pra ficar mais molhado que isso! – Um clarão surgiu seguido logo de um barulho de trovoada, fazendo Hermione saltar. – Ok, vamos entrar...

Harry não se lembrava de ter visto o pub mais cheio que aquela tarde... onvicto que eles não iriam achar uma mesa para se sentar, era óbvio que ele ia fazer o possível para chegar até a mesma quando Hermione avistou dois locais vazios... Entretanto, a locomoção não foi das mais fáceis, de fato ele perdeu a conta de em quantas pessoas ambos esbarraram, sem contar com o fato de que estavam tão molhados que quase caíram no meio do pub por duas vezes seguidas antes de chegar à mesa às gargalhadas. As risadas continuaram, apesar dos contras daquele dia... A verdade era que tudo que podia dar de errado estava dando, e já chegara a proporções tão absurdas que se tornava engraçado... Não. Ilário...

E felizmente Harry não era o único a achar isso, fato pelo qual o barulho vindo da mesa dos dois chamava atenção da maioria das pessoas ao redor...

- O que vocês vão querer? – perguntou um homem parando ao lado da mesa dos dois.

- Er... – começou Harry olhando para Hermione em seguida.

- Oh... Certo... Eu vou querer... Um chocolate quente... E você? – perguntou ela se voltando para Harry:

- Eu vou querer uma cerveja-amanteigada, por favor...

Um momento de silêncio entre os dois transcorreu enquanto Hermione observava o bar a sua volta... Harry pôs os olhos na amiga... Assim como ele, ela estava encharcada dos pés à cabeça, com a roupa colada no corpo e os cabelos pingando... E ainda sim...

- O que...? – perguntou ela, tirando Harry de seus pensamentos. Só agora ele percebia que ela o estava observando havia um tempo...

- O que? – desconversou ele.

- Harry!

- O que? – repetiu.

- Pare! – reclamou ela, apesar de ter um sorriso nos lábios.

- Eu?- agora ele próprio estava rindo da expressão da amiga.

- É, você!

- O que foi que eu fiz?- exclamou ele, perdido.

- Você... Bem... Você fica me olhando assim...!

- Como? – questionou ele agora com um ligeiro rosado no rosto, e a sensação de que já sabia do que a amiga falava...

- Eu não sei... É só... Diferente... Do usual eu quero dizer... – explicou ela agora ficando mais séria. Harry não soube o que dizer...

- Er... Isso é ruim...? – perguntou ele sem pensar.

- Eu... Depende... – Harry encarou a amiga através da mesa. O que ele estava fazendo? Só agora ele percebia do que a garota estava falando quando sugeriu que voltassem para o castelo... Por ele, Harry sabia que se continuasse ali só havia uma forma de aquilo acabar... Pelo menos do ponto de vista completamente irracional... (que, diga-se de passagem, estava em completa vantagem naquele momento).

Além do mais, ela foi quem mudou de idéia certo? Então se alguma coisa acontecesse, pressupondo claro que algo iria acontecer, seria por vontade mútua... Quero dizer... Geralmente são necessárias duas pessoas para esse tipo de coisa...

- Aqui está. Sua cerveja, e seu chocolate... – falou o rapaz que os atendera, tirando Harry de seus devaneios. Um silêncio quase que tocável se abateu sobre os dois, enquanto Harry observava Hermione tomar o chocolate dela calada. Logo, ele foi tomado por uma imensa vontade de rir à visão da amiga...

- O que? – perguntou ela levemente irritada, ao ver que Harry ria dela.

- Seu rosto... – respondeu Harry ainda rindo. – Você tem chocolate no seu rosto...- de fato, um garotinho acabara de se esbarrar nela, fazendo grande parte do seu chocolate creme atingirem seu rosto.

- Onde? – ela perguntou já passando a mão em uma das bochechas. Fazendo Harry rir ainda mais, pois agora, o chocolate atingira inclusive o nariz da amiga.

- Espere... – disse Harry apanhando um guardanapo na mesa e limpando o rosto da garota.

Hermione pareceu ter sido pega de surpresa pelo ato do amigo, encarando-o, sua expressão ficou séria quase que imediatamente. Harry, evitando ao máximo qualquer tipo de contato visual com a amiga, tentou distrair o pensamento, pensar em qualquer coisa, qualquer coisa que não se relacionasse com a proximidade que os dois estavam agora...

Tentou, e tentou novamente, mas não sabia se felizmente ou infelizmente, não foi muito bem sucedido... A verdade que no fundo ele não queria se desfazer daquilo. Ele sabia que não devia, mas sua força de vontade não estava das melhores ultimamente... Ele queria beija-la, ele queria tanto, e há tanto tempo que já nem se importava mais se era certo ou errado faze-lo... E ele sabia que ela queria também... Ele...

- O que foi isso?- murmurou ela olhando a volta.

- Hãn...?- perguntou o garoto, ainda meio que desconecto. O que foi o que? – pensou Harry, ainda com a idéia do beijo na cabeça.

- Isso! – falou ela olhando para o amigo assustada. De fato, agora Harry sentiu a mesa e cadeiras sob eles tremerem levemente, fazendo sua cerveja amanteigada virar. E aparaentemente eles não eram os únicos...

Por todo o pub, murmúrios começarama a surgir, sobre o que estava acnotecendo ali. Harry olhou para Hermione de volta, a amiga parecia assustada.

Um estrondo encurdecedor se fez ouvir no local, seguido de um tremor ainda maior, que fez Hermione cair de sua cadeira, com um grito no chão, junto com a maioria das pessoas ao balcão...

- Hermione! – chamou Harry se levantando para ajuda-la.

- Harry o que está acontecendo...? – perguntou ela, agora visivelmente assustada. Ele olhou à sua volta. A maioria das pessoas agora se levantavem do chão aos poucos, alguns irritados, mas a maioria definitivamente assustada.

Um silêncio apreensivo se seguiu no local, ninguém pronuciava uma palavra sequer. E aos poucos, Harry pode ouvir barulhos... Gritos, vindos de fora, alguma coisa estava acontecendo lá... Algo terrível pelo visto... Fazendo menção de ir até a calçada, Harry sentiu o pulso de Hermione se prender ao seu, soltando-se rapidamente, Harry seguiu por entre as pessoas em direção às vidraças do pub.

A primeira impressão que Harry teve foi a de que o dia estava amanhecendo novamente, uma luz alaranjada tomava conta da vista para o sul do povoado, clareando toda a rua principal. Isso foi até aos poucos uma fumaça imensa e cinza escura começar a subir...

- O que é? – perguntou um garoto que Harry reconheceu como sendo Smith, do mesmo ano que ele, exceto que da Corvinal...

Harry observou novamente a cortina de fumaça, um vulto mostruosamente grande se movimentada rapidamente numa direção que parecia ser a deles, com algo longo e comprido em uma das mãos... A semelhança era enorme, com...

- É um...

- Se abaixem! – gritou Harry, puxando Hermione pelo braço e se jogando rapidamente no chão. Um barulho enorme de vidro estilhaçando estourou em seus ouvidos, seguido de um rugido ensurdecedor. Algo, que parecia ser um dos postes da rua acabara de ser lançado dentro do pub, quebrando as vidraças e atingindo a maioria das pessoas que estavam por perto.

Uma gritaria tomou conta dos ouvidos de Harry, choros e berros de dor das pessoas machucadas. Voltando-se para a amiga, Harry procurou algum ferimento nela...

- Hermione... Você está bem? – perguntou ele com a voz grave.

- Es-estou... – respondeu a garota. – Harry o qu...

- Vamos... – chamou ele, puxando a menina pelo braço. – Nós temos que voltar para a escola... –puxando a própria varinha do bolso, Harry observou rapidamente a amiga fazer o mesmo.

O povoado estava um completo caos. Havia pessoas, a maioria alunos, gritando e correndo por todo lado... E para o horror de Harry, aquele não era o único gigante no local... –um engasgo veio de sua direita, significando que a amiga estava tão abismada quanto ele.

Olhando para cima, Harry avistou rápidos vultos negros sobrevoando o povoado por entre as chamas. Não demorou muito para que ele pudesse reconhece-los...

- Dementadores...

- Onde? – perguntou Hermione assustada. Harry apontou para cima, sentindo a mão da garota apertar ainda mais sobre a sua...

- Vamos... – chamou ele. – Pra a floresta...

Ele e Hermione, não foram os únicos a terem essa idéia... Harry podia ouvir na escuridão da floresta os gritos e passos de pessoas correndo à sua volta, uns esbarrando-se nos outros. Correndo o mais para dentro possível da mata, onde supostamente nenhum perigo os atingiria... Apressando-se, e puxando a amiga consigo, Harry correu o máximo que pode, o mais rápido possível, mas a amiga não podia acompanhar seu passo mais...

- Harry... – parou ela ofegante. – Eu... Não posso...

- Nós temos que ir! – pelo menos até a casa dos gritos... Poderiam se esconder lá, pelo menos por um tempo... – Hermione... – Harry parou instintivamente. Ouvia vozes, além dos gritos ao longe, ouvia uma voz familiar... Pareceu... Uma risada, olhando para trás, Harry pode ver a pelo menos uns três metros alguns vultos se movimentando. Outra risada, dessa vez mais intensa... De repente uma forte luz verde clareou parte da floresta.

Harry abafou rapidamente com a mão direita o grito de Hermione, encostando a amiga na árvore mais próxima. Fazendo sinal para a garota ficar calada, puxou-a pelo braço na direção oposta, de volta para o povoado... O mais distante possível dos Comensais... Em silêncio e a passos rápidos ele procurou se manter o mais distante possível deles...

Normalmente, ele iria lá enfrenta-los, de fato, a idéia agora era muito atraente, mas a verdade era que eles estavam em vantagem, e Harry não conseguia nem imaginar o que eles fariam se colocassem as mãos em alguém como Hermione, que além de “sangue-ruim”, era tão próxima dele... Motivo pelo qual ele pretendia se afastar o mais rápido possivel dali.

Primeiro, eles não encontraram muita dificuldade de retornar para a orla da floresta, entretanto, à medida que avançavam, o fluxo de pessoas crescia mais e mais, tornando quase impossível correr na direção oposta. Pouco tempo depois, já se tronara impossível se manter próximo da amiga, que num puxão acabou se soltando dele. Harry parou olhando em volta.

- Hermione! – gritou ele. Onde ela estava? A perdera completamente de vista... Sentindo o coração na boca ele gritou novamente pela amiga. – Hermione!

- Harry! – Harry se virou para a direção contrária. Pode ouvir novamente o grito da menina. – Me solta!

- Hermione?! – gritou ele, agora sentindo um desespero familiar... Ele podia ouvir os berros da amiga mais claramente agora, não demorou muito para avistar a garota... Ela estava sendo arrastada pelo mesmo caminho de onde ambos haviam acabado de sair. Um senhor segurava a menina pelo braço, parecendo tão assustado quanto ela própria. Ao seu redor, mais três mulheres, uma delas, com um bebê no colo, e outras três crianças, também terrivelmente assustadas.

Harry, entretanto não parou para observar esse detalhe, empunhou a varinha assim que o avistou diretamente para o rosto do bruxo à sua frente.

- Solta ela! – gritou ele ofegando. Hermione, que ainda se debatia nos braços do homem, reconheceu a voz do garoto:

-Harry! Harry!? – gritou a menina, se debatendo ainda mais.

- Harry? Harry potter? – chamou o homem. Harry firmou ainda mais a varinha. Harry não confirmou, o que pareceu ser tomado por um sim pelo bruxo, que afroxou o pulso sobre a garota, soltando a menina, que correu rapidamente para Harry, se jogando nos braços do amigo.

- Você é Harry Potter? – perguntou uma das crianças. Harry olhou para a menininha, pensando se deveria ou não responder.

- Sou... – respondeu ele. O homem pareceu voltar à realidade da situação, pegando a menininha pelo braço, se voltou para seu caminho e continuou...

- Espere! – chamou Harry. – Vocês estão indo para o lado errado! Nós temos que voltar! – o homem olhou para ele, como se Harry fosse de fato louco.

- Voltar? – repetiu ele. Os gritos vindos da cidade aumentaram... – Vocês estão loucos, os dois...

- Harry... O qu... – começou Hermione confusa, mas Harry a cortou.

- Eu conheço um caminho... – falou ele, novamente – Eu posso leva-los até Horgwats... –insistiu ele. – Dumbledore com certeza vai abriga-los...

Um barulho de explosão e outro clarão verde veio do interior da floresta. Harry encarou o homem esperando por uma decisão...

- Certo... Vamos logo antes que eu mude de idéia. – retrucou o homem se amaldiçoando por confiar em Harry.

- Harry... – murmurou Hermione.

- Sim.

- Aonde nós vamos?

- Dedos de Mel...

- Mas... Isso é do outro lado do vilarejo...

- Eu sei. – respondeu ele, olhando para a amiga, que o encarou de volta.

Era óbvio que ela não estava confiante, Harry percebeu num segundo, pelo olhar que a garota lhe retornara que ela estava receosa...

- Olhe... Vai ficar tudo bem... – Hermione deu mais uma olhada em direção à vila ao longe. E se voltando para o amigo, confirmou com a cabeça...

- Vamos...

Exceto pela extrema preocupação com as crianças que os acompanhavam, a idéia era que seria melhor se ficassem todos próximos, até que pudessem aos poucos chegar na loja... Apesar do plano parecer simples, não foi tão simples executa-lo...

A sorte foi que pelo menos naquela parte do povoado, a maioria das pessoas havia fugido, e as ruas estavam relativamente vazias... Provavelmente, pensou Harry morbidamente, todos eles, gigantes, dementadores, comensais, haviam saído dali, justamente por não haver mais ninguém lá...

- Por aqui... – chamou Harry. A porta estava escancarada e a loja vazia e escura. Os doces e potes quebrados pelo chão, as prateleiras arrebentadas e vidraças despedaçadas no piso.

Liderando a família até o porão da doceria, Harry levantou o alçapão rapidamente indicando o caminho.

- É só seguir direto, no final, vai ter uma passagem, agente vai dar dentro do castelo... – dito isso, o home começou a colocar as crianças, uma por uma, dentro do alçapão.

- Por aqui. – Harry ouviu uma voz vinda de cima, seguida de passos. Todos pararam em silêncio.

- Você tem certeza Avery? – perguntou a segunda voz.

- Absoluta Bella... Eu vi os dois entrando aqui com um bando de crianças...

Harry olhou para Hermione em silêncio. Ela sabia o que ele estava pensando, e fez logo um aceno negativo com a cabeça.

- Harry! – sussurrou ela quando o garota fez menção de subir atrás de Bellatrix. – Não! –disse ela, apontando para as crianças que esperavam os dois debaixo do alçapão. – Vamos... –insistiu ela, agora desesperada.

À contra-gosto, Harry seguiu a amiga pelo alçapão fazendo questão de esconder a entrada novamente com um feitiço. Em silêncio, o grupo seguiu pelo longo túnel em direção ao castelo.

- Harry... – ele não respondeu. – Harry! – chamou a amiga novamente. – Espere! – pediu ela, puxando-o pelo braço. Ele não queria conversar... Ainda sentia a frustração de por duas vezes não ter enfrentado a mulher... Aos poucos a raiva e desprezo que sentia por Bellatrix estava começando a crescer e se tronar um ódia tão grande que chegava a assustar até a ele próprio... – Harry pare! Olhe... Eu sei o que você está pensando... E você está errado.

- Como é que você sabe?- respondeu ele irritado.

- Sabendo. – ela encerrou, tão rude quanto ele. E num tom completamente diferente, levantou a mão e tocou no rosto do amigo. – Você está sangrando...

Harry levantou a própria mão e tocou em sua têmpora, de fato estava sangrando... E passara por tanta coisa até ali, que só agora sentia o líquido quente escorrendo pelo rosto. Observando a amiga puxar um lenço do bolso em silêcio, Harry se viu pensando se aquilo não teria sido por causa dele... Tudo bem que era dese esperar que para Voldemort não fosse necessário um motivo para atacar alguém daquela forma... Mas ainda sim, não parecia muito sensato um ataque daquele só para chegar até Harry...

- Ai! – reclamou ele.

- Desculpe... – murmurou a garota, limpando o corte agora, mais gentilmente. A pesar de ainda sim não parecer muito confortável fazendo aquilo... - Você vai precisar ir até a enfermaria quando voltar... – Harry sorriu.

- É nisso que você está pensando agora? – retrucou ele. Ela sorriu. Não era... Ele sabia que não...

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