Capitulo XIV





- Jamais diga que dessa água não beberá. Você ainda poderá precisar e mim. - disse ele, gentilmente.
- Tenho certeza que não.
- Me diga uma coisa. Como foi que você fraturou a mão ? - indagou ele, e percebeu que Gina ficara tensa. - Um leigo não notaria,mas como cirurgião reconheço uma fratura quando a vejo. Como aconteceu?
Gina detestava falar sobre o passado, especialmente com ele, serviria apenas para confirmar aquilo que pensava sobre seu pai, embora não tivesse, motivos para defende-lo.
- É uma fratura antiga. - disse, olhando para a própria mão .
- Que tipo de fratura?
- Esqueça , não sou sua paciente.
De repente, Potter deu-se conta de pouco que sabiam um sobre o outro. Apesar das discussões calorosas, jamais tocavam em assuntos pessoais. Longe da profissão, eram apenas cordiais um com o outro, discutindo somente assuntos ligados à medicina.
Mas agora estava conhecendo uma nova Gina, não tão fria. Uma mulher com um passado sofrido, trancada dentro do mundo que construíra para si. Será que ela tivera algum incentivo para enfrentar a realidade?
- Por que não conversa sobre o assunto com Dino? - ele perguntou.
Gina hesitou e em seguida balançou a cabeça.
- Não é importante, já disse.
Potter fitou-a intensamente antes de aproximar-se para pegar-lhe a mão e levá-la ao peito.
- Pode confiar em mim .- disse ,solene - Tudo o que falar permanecerá entre nós dois.
Gina suspirou. Jamais comentara o episódio com quem quer que fosse. Sua mãe sabia, mas defendia o marido, tentando desesperadamente fingir que jamais acontecera, que Gina imaginara a cena toda. Ela desculpara a infidelidade do marido, seu vício, sua brutalidade e seu sarcasmo, tudo em nome do amor, enquanto seu casamento desmoronava e sua filha se afastava.
Amor obsessivo, dissera uma das duas amigas, tão cego e obsessivo que se recusava a reconhecer a menor falha na personalidade da pessoa amada.
- Minha mãe era emocionalmente dependente - confessou ela, como se pensasse alto. - Era tão apaixonada por meu pai que, não importava o que fizesse.... - De repente deu-se conta de que estava falando da sua vida, e o fitou, assustada.
- Quem quebrou a sua mão ?
- Meu pai estava bêbado e bateu em mamãe. Louca de raiva, tentei tirar-lhe a garrafa da mão. Ele conseguiu evitar que eu fizesse isso e ainda me atingiu. Ergui o braço para proteger o rosto e ele me acertou na mão. A garrafa quebrou-se..... - Doía falar sobre o assunto, e Gina baixou a cabeça. As lágrimas toldavam-lhe a visão e ela tentou reprimi-las. - E durante todo o tempo, mesmo enquanto eu era operada, ele disse que eu caíra sobre um porta de vidro e me cortara. Todos acreditaram, até minha mãe. Quando contei-lhe a verdade ela me acusou de estar mentindo.
A revelação não o surpreendeu. Conhecia bem a reputação do Dr. Weasley.
- Continue.
- Meu pai era alcoólatra, além de viciado em drogas. Precisou parar de operar quando uma jovem paciente quase perdeu a vida em suas mãos. Graças à fama que tinha como cirurgião, permitiram que se demitisse e que permanecesse no conselho do hospital. - fitou-o e acrescentou - Ele pode Ter sido péssimo com a familia, mas foi um excelente profissional. Eu queria ser tão boa quanto ele, mas infelizmente perdi a habilidade de que precisaria para operar. Foi então que optei pela clínica geral.
- Sinto muito. - Harry podia entender o que ela sentia. Era cirurgião e adorava o que fazia.
- Mas não foi tão ruim. Afinal realizei parte do meu sonho. - Gina sorriu. – Quero que saiba que apreciei muito o tempo que passei clinicando aqui em Jacobsville.
- Eu também – Potter admitiu, relutante. Sorriu diante do espanto de Gina - Surpresa? Passou tempo suficiente aqui para saber como todos a consideram. Fui o garoto mais indisciplinado da cidade, e não fosse o incentivo que recebi de um dos meus professores, provavelmente hoje estaria na prisão. Tive uma infância difícil; era rebelde e detestava toda forma de autoridade. Constantemente arrumava encrenca com a polícia.
- Você? Não consigo acreditar.
Potter assentiu.
- As pessoas nem sempre são aquilo que aparentam ser. Mas. Apesar de tudo, eu adorava a medicina e pude contar com a ajuda de pessoas, que apostaram em mim. Sabia que sou o primeiro da família a escapar da pobreza?
- Nada sei sobre sua família, e jamais faria perguntas tão pessoais.
- Dá para perceber. Você evita partilhar seus sentimentos e não gosta que ninguém se aproxime tanto.
- Agindo desse modo evito que me magoem.
- Sem dúvida foi mais uma lição aprendida com o seu pai.
Gina abraçou a sim mesma.
- Estou com frio. Acho melhor ir embora.
- Não quer ir para minha casa. - Sugeriu ele. Fez uma careta ao ve-la hesitar. – Devia se envergonhar do que está pensando. Julguei te-la convencido de que não faz parte da minha lista de conquistas. Estou convidando você para jantar comigo. Sei preparar um excelente chili mexicano. Depois do jantar, poderemos tomar café enquanto assistimos um vídeo da última audição do Pavarotti. Gosta dele?
Os olhos dourados de Gina cintilaram.
- Adoro! Mas....já pensou no que as pessoas irão dizer?
- Que importância tem isso? Somos ambos adultos e solteiros. O que fazemos juntos não é da conta de ninguém.
- Só que a opinião geral é que somos propriedade pública. Soube o que o Sr. Bailey me disse?
- Sim, eu soube.- Ele riu e pegou-a pela mão . Entrelaçou os dedos nos dela e conduziu-a para fora da clínica.
- Por favor, Dr. Potter...
Ele trancou a porta.
- Meus amigos costumam chamar-me de Harry.
- Não somos amigos.
- Julguei que fôssemos, após um ano de convivência. - disse ele, impelindo-a em direção ao automóvel.
- E quanto ao meu carro?
- Deixe-o onde esta. Eu a levarei para casa depois do jantar e passarei para apanhá-la pela manhã. Está trancado?
- Sim, mas....
- Não discuta e venha comigo. Foi um longo dia, e ainda teremos de ver nossos pacientes no hospital.
Era uma tortura ouvi-lo dizer aquilo, em especial porque ficaria apenas duas semanas em Jacobsville. Sim , o mais sensato a fazer era partir. Não suportaria ficar perto dele e ser tratada apenas como amiga. A outra alternativa era ter um caso, mas de que adiantaria?
Potter notou-lhe a preocupação .
- Resolva logo. Prometi não seduzi-la, a menos que você queira que aconteça .- brincou ele. - Lembre-se que sou médico e sei como evitar consequências desagradáveis.


Continua...


Hannah B. Cintra: É claro que o Harry não vai deixar ela ir embora assim, nem pode ;D
pryscylla malfoy: Pois é coitada dela! Mas logo isso pasa... xP
Lua Potter: Fico feliz por vc estar gostando das fics!

Comentem! =*

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.