Capitulo XIII



- Pode mandar entrar o primeiro. O Dr. Potter está de saída.
- Terminaremos nossa conversa após o expediente.- garantiu ele.
- Após o expediente?- repetiu Gina, cheia de suspeitas.
- Sim, sossegue,o que houve no sábado não se repetirá. Não estarei bêbado. – disse o médico, e a deixou.

Gina jamais saberia dizer como conseguiu atender os pacientes sem revelar seu estado de espírito. Estava furiosa com Potter e igualmente furiosa com Brenda, por Ter chegado à sala sem Ter sido anunciada e consequentemente ouvido a resposta que dera a ele.
Com certeza agora todos no hospital, começariam a imaginar que havia algo entre os dois quando, na verdade, nada existiu.
Gina examinou o Sr. Bailey e, em seguida deu-lhe alta. Há um mês ele contraíra pneumonia, mas reagira ao tratamento de maneira surpreendente.
Quando se aprontara para deixá-lo, o sr. Bailey a chamou:
- Dra. Weasley? Existe alguma verdade nos boatos que ouvi sobre a Sra. E o Dr. Potter? Alguma chance de casamento?
Pouco depois, ele perguntava a Brenda se ela sabia porque a Dra. Weasley dera aquele grito. A enfermeira respondera que não sabia, mas que a Dra. Talvez tivesse visto uma assombração.
No final do expediente, depois que os funcionários foram para casa, Potter a esperou no saguão. Chegara cedo, para o caso de Gina tentar escapar. Usava um terno azul marinho de talhe perfeito. Recostava-se à porta de entrada quando ela o avistou.
- Você fica bem com essa cor. – Elogiou ele, referindo-se ao conjunto de linho lilás que ela usava.
- Não precisame bajular. Diga logo o que deseja, porque pretendo ir logo para casa.
- Como quiser. – Os olhos fixaram-se em sua boca.- Quem foi que começou a espalhar as fofocas a nosso respeito?
- Lamento, mas prometi que não contaria.
- Nickie? - indagou ele, e balançou a cabeça ao ver-lhe a expressão.
- Não a culpe. Ela é jovem e está apaixonada.
- Nem tanto.- disse ele, com sarcasmo.
- Esqueça. Esses boatos não passam de fogo de palha. Logo irão achar algo mais interessante para comentar.
- Tem razão. Nada de tão picante acontecia desde o casamento de Ted Regan com Coreen Tartelon.
-Não há como comparar os dois casos, considerando-se o fato de que todos sabem o que sentimos em relação um ao outro.
-O que acha que sentimos em relação ao outro, Gina?
- Acho que somos....antagônicos.
- Somos? - ele a fitou em silêncio - Venha aqui.
Gina prendeu o fôlego. Queria ir, sim, mas para passar por ele e ir embora. Mas os olhos verdes alertaram-na
A não se atrevera fazer isso. Eram como chamas ardendo no rosto bronzeado, prometendo prazeres inimagináveis.
Potter ergueu a mão.
- Venha. Não vou machucá-la.
- Lembre-se de que agora está sóbrio.
- Exatamente. Vamos ver como as coisas acontecem, agora que sei o que estou fazendo.
O coração de Gina parou e disparou. Ela hesitou enquanto ele ria, divertido, e lentamente se aproximava, demonstrando claramente suas intenções.
- É melhor ficar onde está!
Potter ignorou-a. Pegou-lhe a mão e puxou-a para junto de si, aprisionando-a entre os braços poderosos.
- Não, não é- corrigiu, os olhos presos na boca feminina.- Além disso, preciso saber.
Cedendo a um impulso incontrolável, beijou-a nos lábios com sofreguidão, aspirando o perfume do corpo que o enlouquecia.
Gina jamais descobriu o que ele precisava saber, porque no instante em que foi beijada viu-se arrebatada por um desejo tão forte que nada se igualava. Tentou falar, protestar, mas aquela boca ávida não permitiu.
Com facilidade, ele a ergueu do chão, para que os corpos se ajustassem perfeitamente, dos seios às coxas bem torneadas. Gina tentou desvencilhar-se , assustada, com o erotismo do gesto e com sua própria reação .
Seu protesto fez com que Potter começasse a suspeitar de algo. Lembrou-se de que ela tivera a mesma reação na festa de Natal.
- Não posso acreditar....Você não pode ser virgem!- exclamou, e a frase soou mais como uma acusação do que como um comentário.
Ela desviou o olhar embaraçada.
- Não seja desagradável.
- Quantos anos você tem, Gina? Trinta?
- Vinte e oito. E não fique tão espantado. Ainda existem pessoas com certos princípios morais.
- Eu julgava que virgens só existiam nos contos de fadas, droga!
Ela o fitou de queixo erguido.
- Qual o problema, doutor? Estava começando a pensar em mim como uma agradável diversão para usufruir nos intervalos entre um paciente e outro ?
Potter enfiou as mãos nos bolsos da calça, preocupado com uma ereção indesejável. Durante todo o fim de semana estivera sonhando em levar Gina para casa e seduzi-la. O desejo que sentia precisava ser satisfeito. Do contrário, ele temia enlouquecer.
Parecia tão simples...Ela também o desejava. E o que importavam mais algumas fofocas se as pessoas já faziam comentários sobre eles?
Mas agora surgia um novo dado, com o qual não contava.
Gina não era nenhuma garotinha, mas não era preciso ser um entendido no assunto para saber por que motivo fugia de todos os contatos mais íntimos.
Nessas condições, ele não se atreveria a seduzi-la. Mas como faria para se ver livre do desejo esmagador que sentia?
- Qualquer homem com um pouco de experiência faria uma mulher reagir dessa forma- disse ela , na defensiva,o rosto vermelho.
- Concordo ,somos ambos humanos. Mas não se preocupe. Foram apenas alguns poucos beijos.
- Não permitirei que me seduza. Não sou igual as outras.
- Sossegue ,não seduzo virgenzinhas.
- Folgo em saber.
Gina mordeu o lábio inferior, ao fazer isso, sentiu o sabor dos beijos dele. Estremeceu.
- Porque Gina? Não quer me dizer?
Ela abaixou os olhos.
- Porque não quero acabar como minha mãe.
A resposta o surpreendeu. Não esperava por aquilo.
- Sua mãe? Não estou entendendo
Gina balançou a cabeça.
- Nem precisa.è assunto meu. Eu e você temos um contrato de trabalho que termina no final do ano. Depois disso, nada que se refira a mim, será do seu interesse.
Potter não se moveu. Ela parecia vulnerável, magoada.


Continua...

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