Capitulo VIII
Gina recebeu alta na manhã seguinte e ,quando Dino se ofereceu para levá-la para casa, Harry interveio argumentando que a paciente estava sob sua responsabilidade. Dino não protestou, mas sorriu com certa malícia antes de deixá-los.
Uma hora depois o médico a ajudava a entrar em casa e hesitava à porta, culpando-se por não tê-la levado para almoçar.
- Quer que eu vá comprar alguma coisa para você comer?-ofereceu.
- Não, obrigada. Estou sem fome. Comerei algo mais tarde. –murmurou ela sem fita-lo.
- Acha que ficará bem?
- Creio que sim,mas obrigada por se preocupar.
- Engraçado...Faz muito tempo que não me preocupo com o conforto de uma mulher.
- Ora, doutor, eu apenas trabalho com você –constatou Gina fazendo-o lembrar que nada mudara. O relacionamento dos dois permanecia em bases estritamente clínicas.
- Creio que a partir de agora não podemos continuar mantendo apenas uma relação profissional .Nunca ao convidei para ir à minha casa,mas darei um jeito nisso.
Aquela conversa começava a perturbá-la.
- Também não o convidei para vir à minha. -Ela sorriu com ar travesso-Talvez por não querer colocá-lo numa situação embaraçosa.
- Embaraçosa por quê?
- Você teria que inventar uma boa desculpa para recusar o convite.
Harry Potter fitou Gina em silêncio por um segundo, e pareceu refletir sobre o que acabara de ouvir. Em seguida sorriu.
- Talvez eu não recusasse.
O coração dela disparou, e logo a emoção transparecia nos olhos cor de mel. Queria que o médico fosse embora porque temia expor os próprios sentimentos.
- Bem ,acho melhor ir me deitar.Estou cansada.
Potter percebeu-lhe a tentativa de manter-se longe dele, gentilmente, sem ofensas. Imaginou quantas vezes ela teria feito exatamente a mesma coisa com outros homens.
Aproximou-se mais e notou-lhe a tensão , o ofegar revelador, os lábios entreabertos. Sua presença a perturbava, mas ela corajosamente tentava disfarçar. Tocou-o profundamente saber quanto aquela mulher era vulnerável a ele. Condenou-se pela maneira como a tratara até ali.
Fitou com prazer o rosto deliciosamente corado e resolveu parar quando havia apenas um palmo de distância entre os dois. Colocou as mãos nos bolsos, para que ela não ficasse ainda mais nervosa.
- Se não estiver bem, nem pense em trabalhar amanhã. Eu me arrumo.
- Está certo.
- Gina?
- Sim?
- Não se sinta responsável pelas atitudes de seu pai. E me perdoe por ter-lhe dificultado a vida. Uma última coisa: espero sinceramente que reconsidere sua demissão e continue como minha assistente.
Gina sentiu-se pouco à vontade.
- Lamento, mas não penso em reconsiderar. Estou certa de que você será mais feliz com outra pessoa.
- Não concordo.
Potter correu as pontas dos dedos pelo rosto delicado e parou no canto da boca. Era o primeiro contato íntimo de ambos, e ele a sentiu tremer. Aquela reação provocou-lhe um efeito explosivo. Olhou para a boca sensual e concluiu que morreria se não conseguisse beijá-la. Mas ainda era cedo para tentar. Tinha de ir embora antes que pusesse tudo a perder.
Afastou a mão, como se o rosto dela o queimasse.
- Foi muita gentileza ter me acompanhado até aqui. Agradeço de coração.
Potter parou à porta e a fitou, os olhos atentos ao corpo esquio, ao cabelo macio e aos olhos sedutores.
- Agradeça à sua boa estrela, por eu estar indo embora...a tempo.
Fechou a porta diante da expressão surpresa de Gina. É, ultimamente andava muito estranho...Seria arrependimento? Afinal, durante aquele ano, não a incentivara nem um pouco. Profissionalmente falando, claro.
Porém aquilo não importava mais. Ela precisava acostumar-se à idéia de que em breve partiria para bem longe. Potter nada podia lhe oferecer. Na verdade, tinha todos os motivos do mundo para odiá-la.
Entrou na cozinha e tirou uma embalagem com comida congelada do freezer. Precisava se fortalecer antes de retornar ao trabalho.
Fez uma careta quando a embalagem metálica escorregou de sua mão. Seu sonho de tornar-se uma grande cirurgiã fora destruído por causa de uma atitude violenta. Uma pena, dissera seu professor, pois ela possuía uma rara habilidade com as mãos, algo que poucos cirurgiões têm. Provavelmente seria famosa, mas infelizmente, o tendão afetado acabara com seus sonhos.
Nem mesmo os esforços do melhor ortopedista conseguira reparar o dano causado. E seu pai nem se quer se desculpara. Ela balançou a cabeça, para espantar as lembranças amargas. Havia coisas na vida que era melhor esquecer, concluiu, ao levar a embalagem para o microondas.
Continua [...]
ps: ainda não sei quantos capitulos a fic vai ter mas por volta de uns 20...por ai!
Espero que gostem do cap., ta curtinho mais ta valendo
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