Three





Cap. Three - A Ilha


-No que está pensando? – Tiago me perguntou no avião, sentado ao meu lado. Eu somente maneei a cabeça.

-Em nada – Menti. Estava relembrando a despedida apressada de Amos, que parecia querer ir o mais rápido para dentro do avião acompanhado não da velhinha de dentaduras que ele achou que seria, mas de uma loura voluptuosa, secretária de Sirius nos Estados Unidos.

-Ansiosa? – Ele me perguntou e eu apreciei o tato de não insistir naquela questão.

-Acho que sim. – Menti novamente. Ele somente suspirou e começou a olhar pela janela. Logo avisou:

-Estamos chegando – E se inclinou para que eu visse.

Gente.

U-AU.

Se eu não estivesse tão... Duh por causa da parada do Amos, eu estaria tipo pulando de alegria.

A praia é em uma ilha. Uma ilha particular comprada para a construção e para ser o terreno do hotel, que se estendia majestoso de frente para a praia, com um morro logo ao lado. O cenário perfeito, se eu estivesse com o meu noivo.

Tiago olhou para mim como se entendesse o que eu estou pensando e então eu lembrei dos colares. Certo, ele sabe no que eu estou pensando. Mesmo assim ele...

Tá, okay, ele ganha pontos com isso. Que caem alheios á minha vontade na conta dele. Eu só... Gosto disso. Mas não quer dizer nada.

Nadica de nada.

-Bem vindos ao Hotel Majestic Palace |N/A: Esse hotel existe. Em Florianópolis. Só pra colocar os créditos, se alguém quiser me processar| - Um cara disse quando agente desceu do avião, no aeroporto que tinha no lado contrário da direção do hotel. Yeah.

Colocaram n’agente aquelas paradas de florzinhas no colar e tals. Depois nos levaram de carro até o hotel, com mais uns vinte casais, que iriam passar aquelas duas semanas de férias, lua de mel ou qualquer coisa do gênero naquele lugar.

Mas o que mais me espantou é que ali só tinham casais.

-Por que só tem casais aqui, Potter? – Eu perguntei e ele riu, observando as árvores que beiravam a estrada.

-Não sei. Pelos dados que eu tenho no escritório, eles acham que essa ilha tem algum tipo de poder afrodisíaco, uma magia, que deixa os casais encantados. Por isso a maioria deixa os filhos com alguma tia, avó ou parente e vem para cá. E também é um dos destinos principais dos casais em lua de mel. – Ele respondeu rindo, como se soubesse que eu não ia gostar daquela resposta.

E não ia mesmo.

-Ah, claro, fomos sorteados para o hotel afrodisíaco – Eu disse com desprezo, olhando para toda aquela natureza magnífica. Não desprezava a natureza. Não.

Eu desprezava aquele filhote de cruz-credo que estava sentado ao meu lado, vestindo um terno que não tinha nada a ver com aquele lugar e com um sorriso que derreteria qualquer geleira que não fosse a minha.

Porque a minha geleira é mais gelada.

Beijos.

Chegamos ao hotel, eles levaram nossas malas para cima e... Tcharãn!

-Como assim só tem um quarto? – Eu perguntei com a voz mais fina que o normal. Certo, isso acontece quando eu estou nervosa.

E, neste exato momento, eu to mais á beira de um ataque histérico.

-Todos os outros já estão ocupados. Me desculpe, Sr. Potter, mas o Sr. E sua acompanhante terão de dividir um quarto – O amigo que carrega as malas disse, com uma cara de tipo “desculpe”.

DESCULPE UMA OVA, SEU !@#$!@$%¨ Ò.Ó

-Pode providenciar para nós dois ao menos duas camas, ou um colchão a mais? – O Potter perguntou, mas o cara deu um suspiro desanimado e fez que não com a cabeça.

Então o Potter se virou para mim.

-Não liga não, Lílian. Eu durmo no sofá, se você quiser – Ele disse enquanto agente entrava no quarto e ele se despedia do cara das malas.

Parei pra observar o quarto. U-AL MANINHO!

Tipo assim. Tem uma cama dossel com lençóis brancos e detalhes em verde-mar. Na frente da cama, á alguns quilômetros de distância, tem uma espécie de salinha, com um armário pras roupas e uns dois sofás brancos também. Daí bem rente á cama tem um tapete, mesmo em cima do chão acarpetado. E na frente da porta, na frente desse tapete verde, tem uma porta gigante toda de vidro, com uma cortina fininha branca, que dá acesso á uma sacada que tem TODA a vista pra praia. E pro por do sol.

PHODÁÁÁÁSTICO MANO \O/

Fui olhar o banheiro. TODO de mármore com uma banheira enorme.

-Gostou? – Ele perguntou sorrindo, como se observasse uma criança dentro de uma loja de doces. Eu sorri também.

-É lindo! Certo Potter, agora eu sei porque de você ter um império de hotéis. Se todos forem como esse, vale a pena qualquer negócio! – Eu disse indo pra sacada, enquanto ele se apoiava no batente da porta.

-Esse daqui foi o décimo-quarto hotel que eu comprei. Eu não queria comprá-lo, mas a antiga dona, que era viúva, me garantiu que era ótimo. Contou que ela e o marido tinham se conhecido ali. – Ele foi contando pensativo, se aproximando e se apoiando pelos antebraços no corrimão da sacada.

-E você comprou ele sem vir pra cá? Sem nem olhar o hotel? – Ele me olhou e acenou com a cabeça.

-E fiz um belo negócio. Aquela senhora tinha toda a razão, é um ótimo lugar – Ele finalizou ainda pensativo. Mas eu não queria ficar presa naquele mar de lembranças.

-Vamos para a praia? – Eu pedi, com minha melhor cara de pidona. Ele me olhou tipo “nãão, to cansado”. Eu insisti.

-Porfavor porfavor porfavor, diz que sim, vai, siiiiiiiim? – Pedi denovo, sacudindo aquela camisa de executivo dele, e ele sorriu.

-Mas eu nem tenho roupa para isso – Broxei agora.

-Mesmo assim esse terno não ta com nada aqui – Eu falei e ele riu, olhando para si mesmo.

-O que que tem o meu terno? É um Armani, ta?

-Tsc tsc tsc – Eu fiz cruzando os braços. – Certo. Prepare-se para o seu maior pesadelo da época de Hogsmeade, Potter. Eu não vim pra esse hotel pra ficar sozinha, então agente tem que se dar bem. E pra gente se dar bem você não pode me envergonhar andando de terno numa ilha dessas. Vem – Eu puxei ele pela mão, e acho que ele entendeu quando eu disse “Maior pesado da época de Hogsmeade”.

-Você não vai...? – Ele perguntou meio horrorizado quando notou para onde eu estava indo. Na verdade ele disse isso quando viu o “Majestic Palace Clothes Store” escrito sobre um vidro de vitrine.

-Sim senhor. Vamos ás compras – E o puxei para dentro da loja.

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“I won’t hesitate no more, no more
It cannot wait, I’m sure that there’s no need
To complicate, our time is short
This is our fate, I’m yours”

Algumas camisas, bermudas, shorts de banho e um óculos de sol depois, ele estava comigo na praia, caminhando, com uma camisa branca de tecido leve e uma bermuda bege. E óculos de sol, porque ele quis comprar aqueles óculos de sol.

“Pra fazer ciúmes no Sirius, já que os dele quebraram e ele não vai saber onde eu comprei esses” Ele falou enquanto eu ria, vendo ele com aqueles óculos.

Mas agora ele parecia tão mais liberto daqueles fardos de executivo. A mente estava longe, em algum gráfico de estatísticas, mas ao menos o visual estava mais... Férias.

-Potter, você precisa de férias – Só notei agora o quanto ele parece estressado.

Ele sorriu, meio cansado.

-Nem sei mais o que é isso – Ele disse. Okay, eu comecei a olhar para o chão.

Eu não vou tentar mudar isso. Mas eu tenho que me ocupar com alguma coisa para esquecer do que Amos fez. Eu perdoei, mas não esqueci, infelizmente. Não consegui.

Merda ._.

-So I wont hesitate no more, no more, It cannot wait, I’m sure, there’s no need to complicate, our time is short, this is our fate, I’m yours – Um cara meio hippie chegou andando e cantando, tocando com o violão na mão. Fez alguns gracejos para mim, os quais eu retribuí, em forma de mesuras brincalhonas.

Então, sem parar de tocar, ele veio por trás de mim e de Tiago e uniu nossas mãos e tirou a própria dali. Então recomeçou a cantar, caminhando pela praia, alegre, livre como ele parecia ser.

Só então que eu notei que as nossas mãos continuavam unidas. E só aí percebi o significado daquela musica.

Tirei a minha mão imediatamente dali e continuei a andar, como se nada tivesse acontecido. Não falamos nenhuma palavra até entrarmos novamente no quarto de hotel, no qual eu tomei uma ducha rápida, vesti um short e uma blusa e me sentei na cadeira da sacada, começando a ler um livro que tinha comprado na livraria do próprio hotel.

Logo ele saiu do banho também.

Só de toalha.

-Será que dá pra levar a roupa pra dentro do banheiro? É tão difícil assim pra você fazer de conta que é uma pessoa descente, ou se lembrar que eu sou noiva? – Eu disse brava. Muito brava.

Não me pergunte por que.

-Desculpa, eu esqueci a roupa em cima da cama – Ele disse espantado, mas nem tanto. Pegou a roupa e se trancou no banheiro novamente.

Assim que ele bateu a porta eu joguei a cabeça para trás, nervosa. O que fora aquilo, pelo amor de Merlin? Sou uma mulher adulta, não precisava fazer todo aquele escândalo. E nem ficar tão nervosa assim.

Fica nervosa porque agora não pode mais tocá-lo. E teme não resistir á tentação de fazê-lo

Cala a boca, voz maldita.

Mas é verdade. Depois não diga que eu não avisei. Eu, se fosse você, evitaria ir na praia com ele a partir de hoje...

Certo. É uma ótima idéia. Estar numa ilha, num hotel na beira da praia, e não ir na praia. Certo, é oficial, você é doente, mente idiota.

Dê um jeito. Sabe que vai começar a ficar nervosa como uma adolescente se vê-lo na praia, sem camisa. Como nos tempos de Hogwarts. Quando tempo você acha que pode agüentar, Lílian?

Eu não tenho idéia do que você está falando. Eu sou noiva, não mais uma garotinha com os hormônios em colapso. Posso muito bem olhar o corpo de um homem sem desejá-lo ou “derreter” como aconteceria com uma adolescente.

Mas ele melhorou. Muito. Não concorda?

Oh céus, esqueça. Não vou discutir com você, é insano. Vou ignorá-la.


..

E assim eu fiz. Ignorei aquela maldita voz idiota na minha cabeça e me pus a ler o livro. E dez minutos depois descobri que não tinha passado nem da primeira linha.

-O que está lendo, Lily? – Potter se aproximou e disse por cima do meu ombro. Suspirei.

-Nada que lhe interesse, Potter – Disse entediada, fechando o livro e me levantando da cadeira, me afastando dele. Okay, é uma boa idéia seguir o que aquela voz idiota disse.

Nunca pensei que concordaria com ela ._.

Certo...

Ele arqueou uma sobrancelha e deu um daqueles sorrisos de um lado só.

-Amanhã a noite vai ter um baile no salão do hotel. Quer ir comigo? – Potter estendeu uma mão para mim, e eu recuei, batendo com o bumbum na grade de proteção, e ficando apoiada ali, o mais longe o possível dele.

Minhas pernas parecem gelatina

Minhas mãos estão suando

Minha respiração está descompassada.

Tenho um nó na minha garganta

E meu coração está a mil por hora.

MelMerlinAmado WTFH is this?

-Vamos Lily, não pode ser tão ruim depois de todos esses anos – Ele foi se aproximando e eu me encolhi, acuada – Anos que, aliás, só fizeram bem para você – Ele disse risonho, tentando descontrair.

Mas eu simplesmente não conseguia relaxar.

-O que está havendo? – Ele se aproximou mais e eu corri pelo lado dele, saindo do quarto e correndo até cansar demais. Estava no meio da floresta, mas não tinha tanto medo quanto tive no quarto.

”Sua doida, onde você está?” Era a voz dele dentro da minha cabeça. Entrei em pânico.

”Em lugar algum, me deixa em paz!” Eu disse e fechei os olhos, para que ele não pudesse ver onde eu estava.

Ele riu.

”Certo, Lílian, isso está me lembrando Hogwarts. Por que você não vêm aqui para conversarmos e... Oh céus. “ Acho que a ficha dele caiu. ”Como em Hogwarts...” a voz dele era de puro espanto. Eu tive vontade de rir da situação cômica.

Ainda de olhos fechados senti duas mãos tocarem as minhas. Abri os olhos e o vi de frente para mim, segurando as minhas mãos. Só me olhando.

-Isso deve ser um pesadelo. Eu vou acordar ao lado de Amos, tomar o meu banho e ver que, com certeza, tive mais um pesadelo louco e sem sentido. Porque isso tudo não faz sentido – Eu disse olhando para ele, e ele sorriu.

-Relaxa. Eu resolvo – Ele disse e nos aparatou no quarto do hotel novamente. Então, com um floreio da varinha, transformou a própria roupa em vestes de padre.

-Isso ajuda? Digo, estou coberto quase da cabeça aos pés – Ele parecia nervoso também, mas não tanto quanto eu. Mas ele estava realmente tentando ajudar, mesmo naquela situação constrangedora.

-Não sei, acho que só piora – Me virei de costas para ele e me joguei de braços abertos na cama de casal, fechando os olhos.

-Certo, e assim? – Ele colocou as vestes do Dumbledor. Sério. E eu ri.

-Só se você quiser que eu morra de rir toda a vez que olhar pra você – Eu disse e ele deu um suspiro desapontado.

-Sossega, Potter. Eu só estou estressada, falta muito pouco pro meu casamento, eu já mudei de vestido cinco vezes e...

-Sério? -Ele estava realmente espantado. Se sentou do meu lado. – Certo, agora você vai me contar cada mínimo detalhe dos planos pro casamento. Afinal, eu não tenho mais nada para fazer, e sei que você quer contar isso pra alguém, já que a Marlene não suporta ouvir “Casamento” e as outras meninas andam muito ocupadas – Ele se jogou do meu lado, colocando o braço por baixo da minha cabeça, e eu olhei para o lado.

-Certo. Então, pra começar, eu queria um salão... – E eu comecei a contar o que eu queria, o que Amos queria, e o que prevaleceu, que foram as opiniões de Amos.

Então agente assistiu o pôr do sol sentados no chão da sacada comendo pipoca [aquele gordo comeu mais de metade do pote] e aí...

Bem, aí chegou a hora de dormir.

-Hun... Eu vou pro sofá – Ele disse assim que me viu deitada. De pijama, sem camisa. E eu até concordo com ele. Tá realmente muito quente aqui, sério. Não no quarto, na ilha toda. Clima tropical e nós não estamos acostumados com o verão daqui.

Olhei pro minisofá no outro canto do quarto, na salinha embutida.

-Deita aqui, vai – Chamei ele batendo no outro lado do colchão – Essa cama é king, nem dá nada – Ele olhou meio incerto e se deitou, tentando ao máximo não encostar em mim.

Eu então suspirei resignada, e fiz o que acabaria fazendo de um jeito ou de outro. Me deitei apoiada no peito dele, me aconchegando ali, tentando ignorar o quão parecia certo, o quão parecia perfeito o encaixe.

Ele ficou tenso por alguns instantes e logo depois relaxou, virando a cabeça para o lado de adormecendo. Adormeci logo depois, após desligar o abajur e abrir a janela, por causa do calor.

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