Você Sou Eu que me Vou




Era incrível como divergiam até mesmo em meio às divergências. Nos dias em que ela estava com vontade de gritar com ele e precisava controlar o impulso de azará-lo com a varinha, ele se limitava a pequenas e irritantes ironias. Mas quando ele vinha com ofensas, ela preferia ignorá-lo, ferindo-o com sua cruel e gélida indiferença.

Quando estavam de bom humor, o que não era muito freqüente, até se divertiam com suas diferenças, se riam da diferença gritante ao se vestirem para determinadas atividades sociais. Às vezes ela em seu mais fino vestido e no mais charmoso salto e ele em mangas de camisa e calça jeans, com sua berrante bota de couro de dragão. Outras vezes ela com sua calça de lycra e a jaqueta de pele falsa de hipogrifo e ele em seu terno trouxa de grife, presente dela mesma.

Quem não os conhecia de perto, deduziria que a vida dos dois era um definitivo inferno. Muitos questionavam a situação que as duas crianças tinham que enfrentar em suas vidas familiares, e quase ninguém conseguia entender que os dois amavam aquilo tudo, compreendiam os pais e os amavam, e sabiam que eram muito amados. Definitivamente a família toda era muito feliz em meio a todas as discussões, as crianças eram felizes e cresciam em tamanho e intelecto da maneira mais saudável possível, e o casal era feliz e se mamava. Contudo, apesar de haver quem duvidasse, eram flagrantemente felizes, e os que conviviam com eles sabiam. Harry, Gina, Neville, Luna, todos os que eram íntimos o sabiam. Talvez eles também o soubessem, mas definitivamente agora a insegurança a fizera esquecer esse detalhe. O que a insegurança é capaz de causar a um coração?

O que era o coração da morena naquele momento. O que era ela? Sempre tão segura e decidida, de repente ali, tão insegura, frágil, indefesa, por tão pouco motivo. O espelho, sabia bem ela, não mostrava nada que se ligasse de forma alguma a realidade. Ela sabia em algum recôndito recanto de si mesma que eles se amavam e eram, do jeitinho deles dois, muito felizes. Diabos, eles eram felizes.

Sim. Ela sabia que eram felizes e se amavam, e tinha a mais absoluta certeza que ele também sabia. De onde vinha essa insegurança?

Ela teve a chance de fazer um pedido ao espelho de Dagna, e bem poderia ser esse: que ele jamais deixasse de amá-la.

Mas isso incutia muitas questões. Se ela fizesse o pedido, teria que deixar todos os outros o fazerem também, e isso atrasaria a missão e colocariam o artefato em uma exposição vulnerável muito arriscada.

Definitivamente sabia que agira até aqui com muita prudência e competência, e não estava disposta a deixar tudo cair por terra, ainda que tivesse que sentir seu intimo lacerar com a expectativa aterradora.

Seguiria até o fim, mas por Merlin, quem poderia supor o turbilhão de sentimentos que a estava afogando!
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Eu vou de tênis e jeans Encontro você demais: escarpin, soiré
Quando o pau quebra na esquina cê ataca de fina e me ofende em inglês
É fuck you, bate bronha e ninguém mete o bedelho
Você sou eu que me vou no sumidouro do espelho
Você sou eu que me vou no sumidouro do espelho
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