Amigos?
- Eu quero ir, Túnia!
- Não, Lily! Não voltaremos ao parquinho enquanto você não parar com aquilo.
- Mas Túnia...
- NÃO, Lily. Eu vou à casa da Christine Foolmer para um chá de bonecas, se quiser me acompanhar.
- Não quero ir à casa das suas amiguinhas idiotas! – disse fazendo bico e sentando no sofá, de cara fechada e braços cruzados.
- Ótimo, então fique aí – respondeu a outra saindo de casa com um vestido laranja florido, o nariz empinado e uma boneca na mão.
Lily ligou a televisão. Não estava passando nada de interessante, então foi à cozinha tomar refrigerante, e já ia servindo o copo, quando ouviu uma batida na janela que dava para o jardim.
- Quem ‘tá aí? – perguntou assustada, mas não obteve resposta.
“Psiu!”, ouviu alguém fazer. E quase que inconscientemente, abriu a janela e se inclinou sobre o parapeito para ver o que havia embaixo. Deparou-se com um par de olhos negros, um rosto pálido feito cal e cabelos mal cortados sujos e oleosos.
- O que você faz aqui? – perguntou ríspida – Como tem coragem de aparecer depois de me chamar de... De bruxa?! E aliás, como conseguiu chegar até aqui? Você... Você seguiu Túnia e eu no último sábado, não é? Seu mau caráter! – fechou a janela e se dirigiu ao jardim de fora da casa, onde o garoto estava.
E começou a andar em direção ao menino, que até tentava emboçar um sorriso, mas que agora andava para trás com um olhar assustado.
- Ca-calma! – ele dizia com um tom de medo na voz.
- Calma? – ela respondeu, fria.
O garoto tropeçou em uma pedra e caiu de costas na grama seca por causa do verão. A menina parou e sorriu de lado, ainda meio desconfiada.
- Me desculpe.
Ele se levantou, desajeitado.
- Tudo... Tudo bem. – ele parecia muito nervoso.
- Afinal, o que você quer comigo... Hum... ?
- Snape. Severo Snape. – se apressou a dizer.
- Lily Evans.
- Eu sei.
E apertaram as mãos. Depois de uma longa pausa, Snape tomou coragem e convidou a menina para ir ao parquinho.
- Não posso, Severo, minha irmã não deixou.
- Mas é rapidinho. Prometo que ela nem ficará sabendo.
Lily olhou para os lados preocupada, suspirou e sorrir gentilmente,
- Ok, mas só um pouquinho.
Lado a lado, andaram até o parquinho do bairro e foram vagueando por ali.
- Tá bem. Agora me diz. O que você quer comigo, afinal?
- Você tem que acreditar em mim, Lily...
- Em quê?
- Você é realmente uma bruxa. Isso não é ruim, é uma coisa boa.
- Uma coisa boa?
- É, lá em casa a minha mãe é, e eu também sou.
- Eu não acredito em você – respondeu Lily se sentando debaixo da árvore onde tantas vezes conversara com a irmã, embora agora Snape fosse sua companhia.
- Por que não? – disse o garoto, com os olhos entreabertos e a visão turva por causa do forte sol que fazia entre as onze horas e o meio-dia.
- Porque isso tudo não existe. Não no mundo real. Essa coisa de mágicas e de bruxos, só existe nos livros e filmes. É tudo fantasia.
- Como é que você explica todas aquelas coisas que você faz, então?
- Que coisas?
- QUE COISAS! – agora a conversa antes amigável entre Lily e Snape agora já parecia uma grande discussão. – Como é que você praticamente consegue voar ao se soltar do balanço?! Como é que você faz uma flor se mexer daquele jeito, Lily?!
- Mas isso é perfeitamente normal, muitas crianças...
- LILY, ISSO NÃO É NORMAL!
- Não sou uma criança anormal – disse num tom indisfarçavelmente ofendido.
- Claro que não é – respondeu Snape como se quisesse se desculpar. – Mas você é diferente, nós dois somos. Somos bruxos.
- E se eu acreditar em você?
- Que é que tem?
- As pessoas vão dizer que sou muito infantil por acreditar nessas fantasias. E Túnia não vai gostar, vai dizer que sou boba.
- E você realmente liga para o que as pessoas dizem a seu respeito?
- Ligo pro que Túnia diz.
- E o que ela diz? – disse Snape, já prevendo a resposta.
- Que... Que você não presta, e que só fala bobagens. Que isso tudo é invenção sua.
- Então não acredita em mim?
- Eu... Como vou saber que isso tudo que você está falando é verdade?
- Você vai receber a carta.
- Que carta?
- A carta de Hogwarts.
- Hogwarts?
- É uma escola de bruxos.
- Eu vou receber a carta? – perguntou uma Lily sorridente.
Snape assentiu com a cabeça. Sabia que o jogo estava ganho.
- E se não receber? – o sorriso de Lily havia desaparecido e havia um claro tom de ameaça na voz da garota.
- Você vai receber – respondeu Snape numa clara certeza, tranqüilizando a menina.
n/aK: geente só pra lembrar eles são crianças : então as atitudes também são bem infatis, né. (:
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