O plano que não deu certo
As duas irmãs brincavam novamente no parquinho, numa manhã ensolarada, algumas semanas depois do comentário de Petúnia sobre a mãe de Snape.
O garoto também estava ali, atrás de um arbusto, outra vez observando a mais nova das irmãs, com aqueles olhos de um verde que encantavam qualquer um. Snape nunca se esqueceria daqueles olhos.
Andava pensando num jeito de dizer à garota que ela era como ela. Que ela era bruxa, também. Tinha um plano, e se tudo desse certo... Bem, agora era só esperar a hora exata.
As meninas se balançavam para frente e para trás [n/aC: HÁ, essa parte tivemos que copiar das lembranças do Snape do sétimo livro pra encaixar na história] , e Snape as observava atenciosamente. Havia uma indisfarçável cobiça em seu rosto magro ao espiar a mais jovem das meninas que se balançava mais alto do que a irmã.
- Lily, não faz isso! – gritava a mais velha.
A garota, porém, soltava o balanço na altura máxima do arco que descrevia e voava no ar, literalmente voava, atirava-se para o céu com uma gargalhada e, em vez de cair no asfalto do parquinho, pairava no ar como uma artista de trapézio, permanecendo no alto tempo demais, aterrissando leve demais.
- Mamãe disse pra você não fazer!
Petúnia parou o próprio balanço arrastando os calcanhares das sandálias no chão, produzindo um forte atrito, depois saltou, com as mãos nos quadris.
- Mamãe disse que você não podia, Lily!
- Mas eu estou ótima – respondeu Lily, ainda rindo. – Túnia, dá uma olhada. Veja o que eu sei fazer.
Petúnia relanceou a sua volta. O parquinho estava deserto exceto pelas duas e, embora as garotas ignorassem, Snape. Lily apanhara uma flor caída na moita em que o garoto espreitava. Petúnia se aproximou, evidentemente dividida entre a curiosidade e a desaprovação. Lily esperou a irmã chegar suficientemente perto para poder ver bem, então estendeu a palma da mão. A flor estava ali, abrindo e fechando as pétalas como uma bizarra ostra com muitos lábios.
- Pára com isso! – guinchou Petúnia.
- Não estou machucando ninguém – respondeu Lily, mas fechou a flor na mão e atirou-a no chão.
- Não é direito – reclamou Petúnia, mas seus olhos tinham acompanhado o vôo da flor até o chão e se detiveram nela. – Como é que você faz isso? – acrescentou, e havia um claro desejo em sua voz. Era agora.
- É óbvio, não é? – Snape não conseguira mais se conter e saltara de trás da moita. Petúnia gritou e voltou correndo para os balanços, mas Lily, embora visivelmente assustada, não arredou pé. Snape pareceu se arrepender de ter se mostrado. Um colorido baço subiu às suas bochechas pálidas quando olhou para Lily.
- O que é óbvio? – perguntou ela.
Snape tinha um ar de nervosa excitação. Com um olhar rápido à distante Petúnia, agora parada ao lado dos balanços, ele baixou a voz e disse:
- Sei o que você é.
- Como assim?
- Você é... Você é uma bruxa. – sussurrou Snape.
Ela se ofendeu.
- Não é bonito dizer isso a uma pessoa!
Ela deu as costas, empinou o nariz e se afastou com firmeza em direção à irmã.
- Não! – chamou Snape. Estava agora muito vermelho, qualquer um se perguntaria nessa hora por que não tirava aquele casaco ridiculamente grande, a não ser que quisesse esconder a bata que usava por baixo. Ele saiu atrás das garotas abanando o casaco, já parecendo o absurdo morcego que veio a se tornar em adulto.
As irmãs o avaliaram, unidas em sua desaprovação, ambas segurando na armação do balanço como se fosse um pique.
- Você é – disse Snape a Lily. – Você é uma bruxa. Estive observando um tempo. Mas não é uma coisa ruim. Minha mãe é, eu sou um bruxo.
A risada de Petúnia foi um balde de água fria.
- Bruxo! – guinchou ela, retomando a coragem, agora que se refizera do choque de sua inesperada aparição. – Eu sei quem você é. Você é aquele garoto Snape! Mora na Rua da Fiação na beira do rio – disse Petúnia, deixando evidente pelo seu tom que considerava o endereço uma fraca recomendação. – Por que estava nos espionando?
- Não estava espionando – respondeu Snape, vermelho e constrangido, os cabelos sujos à claridade do sol. – Não espionaria você, pode ter certeza – acrescentou vingativo -, você é uma trouxa.
Embora Petúnia não entendesse a palavra, o tom não deixava dúvida.
- Lily, anda, vamos embora! – disse esganiçada. Lily obedeceu imediatamente à irmã, fazendo cara feia para Snape ao se afastar. Ele ficou parado observando-as se dirigirem ao portão do parquinho. Snape parecia ter um amargo desapontamento. Planejara aquele momento há muito tempo e tudo saíra errado. Mas não ficaria assim, ele não desistiria tão fácil, nem tão rápido.
[n/aC: gente, comentem, pra gente saber como a fic está indo. obrigada a todos os leitores (:]
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