Acordar





Terceiro Capítulo – Acordar – Por Hermione Granger



Hermione abriu os olhos. Sua cabeça estava doendo tanto que ela não conseguia nem enxergar direito. Todos os seus sentidos pareciam estranhos, e quando ela tentou sentar acabou caindo no chão.
Ouch.
Não era assim que ela pretendia acordar, caindo de cara no tapete. Mas que seja. E o cavalo? Onde estava o cavalo? Ela fora presa pelo policial? Ela...
Ela estava em casa.
Fora um sonho.
Fora tão vívido. Tão real. E seu joelho estava efetivamente doendo, como se tivesse ralado no chão de uma rua. Que besteira. Fora só um sonho. Mas, se fora só um sonho, como ela tinha quase certeza que fora, por que seu jeans estava rasgado nos joelhos? E porque estes estavam ralados?

“Eu sou sonâmbula” - resolveu finalmente Hermione com um suspiro. E foi ao banheiro tomar banho, porque suara ao dormir. Suas costas doíam um pouco, devia ser efeito do não tão confortável sofá da sala. “Ou fiquei louca”.
Ela passaria o resto do dia tentando lembrar tudo o que já lera sobre sonambulismo, e se este era um efeito colateral da loucura.

**

A mulher estava ocupada espalhando com carinho um cheiroso sabonete em sua pele macia quando ouviu, através da porta entreaberta, o solo de guitarra que denunciava o toque de seu celular.
Ops. O celular estava tocando.
Meio destrambelhada, Hermione saiu correndo do banho, quase caiu no chão molhado, enrolou-se em uma toalha e, descalça, passou para seu quarto, da onde ela podia ouvir John Lennon começando a cantar.
Dessa vez ela sabia perfeitamente onde o aparelho estava, e foi fácil atendê-lo.

- Alô?
- Hermione? É a Ginny! Você não quer almoçar aqui em casa? Minha mãe me mandou uma receita de...
- Ginny, porque você fica iludindo sua mãe? Você não consegue cozinhar alguma coisa gostosa nem para salvar sua vida. – poderia até chamá-la de rude, Hermione estava sendo somente realista. Ginny mal conseguia fritar um ovo para comer no café da manhã.
- Quem disse que sou eu que vou cozinhar? Não parece, mas o Harry é um mestre na cozinha! – depois deste comentário, a atriz convenceu-se a ir almoçar na casa dos amigos, certa que seria divertidíssimo ver seu agente com um avental de cozinheira.

Ginny abriu-lhe a porta com o sorriso honesto de quem é feliz. Estava então com seis meses de gravidez, enorme, pesada e bonita. Exclamou ao ver a amiga, que não encontrava há talvez mais de dois meses. Levou-a até a sala, acomodou-se no sofá e fez sinal para Hermione sentar-se também.
- Então, o que anda acontecendo na sua vida? - a morena apressou-se em perguntar, para que a outra mulher começasse a discorrer sobre sua própria existência e não pedisse muita participação na conversa. Os pensamentos de Hermione ainda vagavam pelo seu sonho.

Aquele lugar não lhe era de todo desconhecido... Onde ela o vira antes? As máscaras... O homem... Em especial um dos homens, aquele que não gostara de vê-la... Ele lhe era familiar. Será que estava sonhando com alguém que conhecia? Aquela cidade...
- Então, o que você acha? – perguntou meio ofendida pela demora da resposta Ginny Potter. – Eu realmente acredito que James Potter é um nome bonito para meu filho, e além de tudo é uma homenagem ao pai do Harry. Você não acha cafona, acha, Hermione?
- Não Ginny, não acho. – afinal, ela realmente não achava - É só que... Eu já vi este nome na minha frente. – Hermione começou a revirar suas memórias, porém o máximo que conseguiu foi ficar com a sensação incômoda que estava prestes a lembrar, que a memória estava ali, se ela esticasse um pouco mais o braço a pegaria... Porém na última hora ela fugia de seus dedos.
- Talvez você já tenha visto em algum livro. Ele era escritor, e acho que chegou até a vender alguns roteiros para o cinema e a televisão. Estava fazendo sucesso quando morreu, uma pena. Acidente de carro.
- Hum... É, eu realmente acho que li o nome em algum texto... Se bem que não tenho lido nada ultimamente, a última coisa li tem a ver com trabalho , é o... – seus pensamentos voaram para seu apartamento, e deram um ‘zoom’ no texto que ela começara a ler na noite anterior. Na capa, ela lembrava com clareza, logo abaixo do título, estava o nome: James Potter.
Era muita coincidência.

- Hermione? Como vai? Pronta para o almoço mais gostoso da história? – Harry entrou na sala, e para a total alegria da amiga ele ainda vestia um avental de cozinha.

**

- Ginny estava me contando que seu pai escrevia roteiros. – entre uma garfada e outra, Hermione descobriu ser este era um jeito de saber mais sobre a história e manter uma conversa saudável. Harry respondeu que sim, o pai dele escrevia, e disse mais ou menos o que sua mulher já havia informado: ele era escritor e começara a fazer sucesso quando morrera. Acrescentou que só tinha um ano quando isso aconteceu, porém dispensou as considerações com um gesto de mão:
- Ora, foi há tanto tempo atrás. Mas me diga, porque isso lhe interessa? – seus olhos brilharam astuciosamente na direção da atriz, demonstrando que percebera a curiosidade dela no assunto.
- Nada de verdade. É que o nome dele assinava aquele texto que o Sr. Malfoy me deu. – ao pronunciar Senhor Malfoy ela sempre achava estar se referindo ao Malfoy pai, porém o outro entendeu perfeitamente a quem ela se referia.
- Deve ter sido o último que ele escreveu. Com a morte do roteirista o filme acabou não vingando. Acho que também faltou verba na última hora, não sei bem. – e dispensou o assunto com o dar de ombros que ele usava para todos os assuntos que não lhe interessavam.

Na volta para casa, Hermione não pode deixar de finalmente perceber porque a cidade que aparecia em seus sonhos lhe era tão familiar. As poucas páginas do texto que lera na noite anterior fizeram sua imaginação passear justamente por aquele local: uma Cidade das Máscaras. O que Draco dissera no dia anterior mesmo?
“Este lugar é um eterno baile de máscaras”
Ela não prestara muita atenção na hora, mas decerto cabia bem em seu sonho...

Hermione sentiu sua impaciência aumentar enquanto o táxi virava as últimas esquinas em direção ao seu prédio. Mal chegou em casa ela correu até o sofá, jogou-se lá e voltou a ler o texto, que ficara lhe esperando caído no chão.

**

Apesar de ter deixado de ler com a avidez que tinha antes, a mulher não perdeu o raciocínio rápido e o jeito de entender as palavras e até frases antes mesmo que elas chegassem ao final, capacidade comum a todos os leitores ativos. Sendo assim ela já chegara às últimas páginas quando resolveu interromper a leitura para comer alguma coisa, tomar um banho e ir dormir.
Comer era pura necessidade, tomar banho virara um vício e ir dormir implicava um longo processo que ia de escovar os dentes até passar quatro cremes diferentes no corpo, cada um prometendo algo como beleza, hidratação e juventude, coisas que Hermione tinha de sobra, até finalmente deitar-se na cama.

Após puxar as cobertas sobre si, a mulher acendeu o abajur, que iluminou com uma luz amarela a mão macia dela, segurando o texto aberto nas últimas páginas. Acomodando-se melhor nos travesseiros, Hermione preparou-se para terminar a leitura.
Porém aquela luz amarela parecia tanto o sol de outra cidade...

N/A: well, desculpem pela enorme demora. Estou correndo de lá para cá, e infelizmente não vou nem ter tempo de responder aos comentários. Porém queria agradecer a Juh Felton por ser minha beta x)
Obrigado a quem comentou:
Chel
JuH FeLtoN
Beca Black
Mione03
Lili
Angélica Granger Potter
Nini Jones Evans Potter
Kikawicca

Desculpem mesmo!
Beijos,
Luce Black

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