Fada verde! (09/12)



Capitulo



Capítulo 1 - Fada verde!
Por Ju Fernandes


 Michael Jackson - Thriller


Espelhos! Nunca fui muito com a cara deles. Talvez seja porque às vezes me deixam um pouco gorda, ou porque neles meu cabelo sempre parece estar mais cheio do que ele realmente está... Não sei... O fato é que não gosto! Mas até que hoje ele está colaborando. Sem dúvidas a pessoa refletida nele não parece ser eu. Pansy e Gina tinham razão, preto é a minha cor! Minha mãe sempre fala "Pastéis Hermione, use tons pastéis! Combinam com seu cabelo e, além do mais, a boa etiqueta recomenda!". Fala sério, tons pastéis são para pessoas pastéis! É, pensando bem talvez até combinassem comigo, mas numa outra época, não agora! Uma época não muito distante, mas já esquecida! Hoje, tudo é diferente! Mas não quero me lembrar disso agora. Vamos falar de coisas interessantes.

Uma voltinha para garantir que está tudo certo aqui atrás e pronto! Agora só falta o gloss. Vestida para matar, sem dúvidas! Não acredito que, em pleno verão de Londres, eu vou ter que sair de sobretudo pelas ruas! Esse negócio de morar com os pais mata qualquer um! Mas também, se eu passasse pela cozinha com esse vestido desse tamanho, com esse decote em V e, ainda por cima, as costas nuas, e essa única tirinha fina prendendo o vestido no meu pescoço, hunf ....minha mãe não ia deixar eu sair nunca! É vai ter que ser de sobretudo mesmo!

Essas botas também não ajudam muito. Na verdade, elas apenas dificultam ainda mais a minha situação, e muito se quer saber. Ah Deus,o que fazer, agora? Ah, que se dane... Espero que ela não perceba, mas eu sei que isso vai ser um pouco improvável de acontecer. É melhor eu sair logo antes que o Rei da encrenca chegue! Minha mãe enchendo o meu saco já basta, mas meu pai também eu não vou aguentar. Ainda bem que ainda está claro, assim meus óculos (abelha) escuros ajudam a esconder essa maquiagem forte.

Já posso até ver minha mãe perguntando pra mim: "Pra que essa maquiagem toda se você vai pra casa da sua amiga, Hermione? Acho melhor levar as botas na bolsa e colocá-las na rua, pelo menos é uma razão a menos pra minha mãe me perturbar. Qual o problema se eu gosto de me produzir, se eu tenho um estilo interessante? É por essas e outras que eu acho que sou incompreendida nessa família.

O vestido tudo bem, está encoberto pelo sobretudo, mas essas botas de couro e cano longo são o problema da questão, acho difícil que alas passem pela "alfândega". E lá vamos nós, outra vez, trocar as maravilhosas botas por essa sandalinha brega que minha mãe me deu de Natal. Pelo menos elas combinam com a bolsa cor de bronze, ponto positivo pra sandália. Ainda bem que existem feitiços para aumentar o tamanho da bolsa porque senão, nem sei o que eu faria. Bem, tudo pronto! Não que eu esteja mesmo contente com essas modificações ridículas que precisei fazer no meu visual, tudo pra conseguir escapar dos olhares críticos de uma mãe rabugenta, mas eu não tenho muitas opções agora, não é mesmo?! Ou esse sacrifício imenso ou simplesmente perder a noite.

Acho que agora dá! Mãos a obra, Hermione!



-Mãe! Tô indo , tá? - Perguntei em tom alto, já nos últimos degraus da escada, bem próxima a porta da sala, tentando passar despercebida. Pelo menos, ela está ocupada na cozinha, acho que vai dar pra sair ilesa dessa.

-Vai onde Hermione? - Sabia que ela ia perguntar isso, acho que calculei as minhas possibilidades de escapar das criticas dela errado.

-Pra casa da Pansy, mãe! Avisei isso ontem à noite, esqueceu? Falei que os pais dela viajaram ontem e que ela não queria ficar sozinha, lembra? - Detesto ter que repetir vinte vezes as mesmas coisas, por isso revirei os olhos entediada diante dela e equilibrei o peso do meu corpo em apenas uma perna.

-Ah sim, lembro! - Ouvi a voz dela se aproximando, isso não é nada bom, não mesmo, porque ela tinha que vir até aqui, pensei que nossas vozes estivessem suficientemente altas pra que não precisássemos estar próximas. - Pra que o sobretudo, minha filha? Está calor! - Já era! Ela já me viu, droga!

-Ah mãe, você sabe como eu sou frienta, né? E além do mais, pode fazer frio durante a noite, e eu não estou nem um pouco a fim de carregar esse sobretudo enorme, minha bolsa já está pesada demais! - Espero que ela acredite nessa, mas até eu já estou acreditando, acho que sou boa nisso, digo, inventar desculpas fajutas.

-Se você acha... – Viu, ela caiu na minha. Talvez eu treine um pouco mais pra ver se consigo façanhas maiores da próxima vez. Acho que ela não reparou em mais nada, pelo menos isso. - Por que os óculos escuros, Hermione? - É, não tinha reparado em nada. Eu não entendo, ou eu sou uma garota azarenta ao extremo ou joguei pó de mico em Jesus Cristo na cruz. Vou pensar seriamente nessa última possibilidade.

-Porque tá sol, né mãe! - Respondi, tentando parecer óbvia, o que não foi difícil, porque realmente estava sol.

-Hum... Está bem, então! - Ela me analisou por mais um instante, seu olhar me analisando dos pés a cabeça, maldição, que mãe eu fui arranjar, hein?! - Divirta-se! Está com o spray de pimenta na bolsa? Porque você sabe, né, nesses últimos tempos as coisas não estão fáceis...

-Mãe! Eu sou uma bruxa, lembra? - Ainda bem que estou de óculos escuros, pelo menos assim ela não pode ver meus olhos se revirando impacientes com o absurdo que ela acabou de dizer.

-Eu sei querida, mas é sempre bom prevenir do que remediar...

- Tudo bem, mãe! Agora posso ir? Vou chegar atrasada! - Mentira deslavada, estou mesmo é com medo de o meu pai chegar. Desse eu sei que eu não escapo.

- Desculpe filha! Tenha juízo, hein! - Tava demorando...

-Relaxa, mãe...Vamos só conversar assuntos de meninas e beber refrigerantes! - Os pais sempre gostam dessas coisas, não sei por que, e claro que vou abusar bastante disso, afinal, o quanto mais iludida ela estiver sobre meus planos, melhor eu vou poder executá-los.

- Ótimo então, até amanhã, querida! - Acho que agora é hora do beijo na mamãe! Droga, ela vai estar perto demais, e isso vai arruinar completamente meu esquema. - Nossa, quanto perfume!

-Ah mãe, não começa! Beijo e tchau! - Tentei me livrar de mais um interrogatório e sai depressa, cruzando o gramado da frente em passos rápidos.


Mais alguns minutos lá e estaria muito tarde para usar óculos escuros! Aí, adeus disfarce. Pelo menos essas sandalinhas servem pra alguma coisa. Acho que não aguentaria andar até a casa da Pansy com aquele salto agulha. Nunca que eu poderia imaginar que a Pansy morava num bairro trouxa. E ainda por cima, num bairro trouxa vizinho ao meu! Ironias do destino...

Mas agora vamos voltar ao assunto principal... Onde eu parei mesmo? Ah , sim ....Minha mudança! Bem, tudo começou numa manhã de um fim de semana em Hogwarts....


Flash Back


Era domingo de manhã e o castelo ainda estava um pouco vazio. Bando de preguiçosos esses alunos de Hogwarts. Eu como sempre, tinha me levantado cedo naquele dia, como em muitos outros, na verdade. Como nenhum dos meus "amigos" estava de pé ainda, nem mesmo Gina, eu decidi ir até a biblioteca, pretendia passar aquele inicio de manhã entretida em algum livro interessante. Mas acabei dando com a cara na porta, até Madame Pince havia decidido acordar mais tarde. Irritada, dei meia volta e comecei a caminhar pelos corredores pouco habitados, seguindo na direção da Grifinória, resignada depois das minhas frustrações.

Uma brisa fria entrava pelas grandes janelas do castelo, me deixando um pouco arrepiada. Sabia que deveria ter colocado pelo menos um suéter por cima dessa blusa fina. Ou ao menos uma calça jeans... Mas não, eu com essa mania de agradar os outros, tinha vestido as roupas que Gina me dera de presente no último natal: Saia de pregas e blusa regata. Não que fosse o meu estilo, mas eu sabia que ela ficaria ressentida se eu não as usasse. E, no final das contas, era domingo mesmo. Por que não me arrumar um pouquinho melhor?

Estava um pouco distraída quando notei duas sombras se aproximando, ao longe. Eu não estava acreditando na minha tamanha falta de sorte. Em pleno domingo de manhã encontrar com Malfoy e seu fiel escudeiro, Zabini, era muito azar. Sim, eu tinha certeza que eram eles dois. O jeito arrogante e imponente de andar do Malfoy era inconfundível, e o corpo escultural de Zabini também.

Um arrepio percorreu minha espinha, e não era de frio. Eu estava com um pouco de medo por estar sozinha com eles naquele corredor e, ao que parecia, não havia ninguém por perto, muito menos a possibilidade de alguém resolver se juntar a nós. Pensei até em dar meia volta, mas logo me recriminei por isso. Onde estava minha coragem grifinória? Não, eu não podia demonstrar medo diante deles, isso só serviria pra inflar ainda mais o ego do Malfoy asqueroso.

De cabeça erguida, eu continuei a andar tentando manter meus passos firmes. Direcionei o meu olhar diretamente para o Malfoy, observando seus cabelos loiros platinados esvoaçando com a brisa fria. Era incrível como ele conseguia ser arrogante só com o olhar. Até o modo como ele movimentava os braços enquanto andava me dava nojo.

Observá-lo foi fazendo com que a raiva tomasse conta de mim de uma forma extrema, e isso estava se transparecendo em meu olhar, que agora era de puro ódio. Os olhos frios dele se cruzaram com os meus e aproveitei pra despejar todo meu asco naquele contato visual.

Já um pouco recuperada daquele meu acesso de raiva, passei a observar seu amigo Zabini. Sem dúvidas, eu nunca havia parado pra reparar nele daquela maneira. Ele mantinha um sorriso safado no rosto e, de alguma maneira, aquilo me atraiu. Aqueles dentes perfeitos à mostra, deixando o rosto dele imerso numa expressão de más intenções. E eu sabia que essas más intenções eram pra cima de mim, mas não me importei muito com isso naquele momento. O que eu queria era observá-lo um pouco mais atentamente.

Céus, como ele era bonito!

Os cabelos bagunçados, os olhos castanhos mais claros que os meus, o corpo perfeitamente modelado... sem dúvidas um belo pedaço de mau caminho. Passei a finco os contornos dos músculos que aquela camisa branca escondia. Os dois primeiros botões abertos me davam uma idéia do que mais tinha por ali. A calça jeans colada ao corpo, modelando aquelas pernas perfeitamente torneadas pelos anos de quadribol. Nossa, eu definitivamente estava babando por ele.

Estava presa a mais umas constatações quando senti o olhar do Malfoy recair sobre mim. Imediatamente, direcionei meus olhos a ele. Era incrível, mas aquele olhar tinha um magnetismo diferente de tudo que eu já havia visto. Ele me olhava tão profundamente que pensei que pudesse penetrar minha alma só com aqueles olhos cinzas caso realmente quisesse. Mirei meu olhar no chão, quebrando aquela conexão que havia se formado entre nós.

Estive tão preocupada em analisar Zabini atentamente que nem percebi o quão próxima eu estava deles. Ainda fitando o chão, pude perceber quando eles soltaram uma risada e se afastaram, deixando um espaço entre eles. Como aquela bosta de corredor era estreito demais, eu não tive outra opção senão passar entre os dois.

Tomei o meu caminho decidida e com expressões sérias esboçadas na face, mas me senti ser imprensada pelos dois idiotas que tinham voltado para as posições iniciais deles, fechando meu caminho novamente. Olhei com muita raiva para eles, enquanto eles riam sem parar da brincadeira estúpida que haviam feito comigo. Direcionei meu olhar ao Malfoy, despejando todo meu asco sobre ele, e tudo o que ele fez foi rir mais alto ainda. Cansei daquela idiotice toda e me virei, pronta para ir embora dali, deixando-os para trás e, com eles, a vergonha que estava sentindo por ter permito que eles me usassem daquela forma.

- Ei Granger, onde pensa que vai? - Escutei Malfoy perguntar.

Eu ignorei a pergunta e continuei a caminhar, tentando me afastar deles o mais depressa que eu podia. Mas fui impedida por eles antes mesmo de alguns poucos passos para longe, sendo segurada pelos braços firmemente, um de cada lado do meu corpo.

- O que pensam que estão fazendo? - Perguntei, me direcionando ao Malfoy. A raiva tomava conta de mim, sim, mas, naquele momento, eu também estava com medo do que eles estivessem fazendo.

Eles começaram a me arrastar para fora do castelo sem nenhum tipo de permissão, me carregando pelos braços de forma que eu não tinha outra escolha senão permitir ser carregada.

-Nada demais, só te levando para um passeio nos jardins. - Disse Zabini, respondendo à minha pergunta anterior.

Aqueles dois loiros aguados continuavam a rir, fazendo com que eu ficasse com mais raiva ainda. Tentei impedir que eles me levassem lá pra fora, forçando todo meu peso pra baixo e fincando meus pés sobre o chão, mas eles eram mais fortes que eu e conseguiram me arrastar sem problemas quanto a minha resistência.

Quando pisei no gramado e visualizei o céu, constatei o que eu já imaginava antes: ia chover, e não seria uma simples chuva, provavelmente seria um temporal. As nuvens estavam escuras e o vento estava forte, balançando as árvores assim como balançava a minha saia também. Eu sabia que deveria ter colocado calça jeans ao invés dessa saia, mas arrependimentos naquele momento não iriam diminuir o aperto das mãos deles contra meus braços nem iria fazê-los parar seja lá o que estivessem tentando fazer comigo.

- Podem, por favor, me soltar? – Disse num tom alto, praticamente berrando com aqueles dois.

Nenhum dos dois disse absolutamente nada. Senti pingos frios indo de encontro à minha pele, fazendo com que eu me arrepiasse completamente, instantaneamente. Ótimo, era tudo que eu precisava: chuva! Havia muitos alunos naquele jardim, e agora eu entendia o porquê dos corredores no castelo estarem vazios. Muitos daqueles alunos começavam a correr pra dentro do castelo, tentando se proteger da chuva que se intensificava a cada momento. Em poucos segundos eu já estava completamente ensopada, assim como os dois imbecis ao meu lado. Tentei me esquivar deles, me mexendo bruscamente sobre o domínio deles e consegui me soltar dos dois, começando a gritar insultos, completamente enlouquecida.

-Vocês vão me pagar caro por isso! - Berrei, ameaçando-os.

Por que nenhum dos dois respondia às minhas provocações e nem aos meu xingamentos? Eles pareciam estar num transe completo. No início, eu não percebi, pois estava completamente tomada pela raiva, mas o amiguinho do Malfoy, Zabini, estava praticamente me comendo com os olhos. Senti meu rosto esquentar, e sabia que estava ficando vermelha. Mas que droga! Por que eu tinha que ficar assim logo na frente deles? Baixei meu olhar, tendo uma visão do meu estado. É claro que ele tinha que estar olhando pra mim, a bendita (ou maldita, devo dizer) blusa que Gina me deu, estava COMPLETAMENTE transparente. Era como se eu estivesse só de sutiã na frente deles. Cruzei meus braços sobre o peito tentando me proteger daquele assédio sexual visual vindo de Zabini.

Acho que a doninha do Malfoy também notou o modo como o amiguinho dele me olhava, pois, assim que cobri meu corpo, ele soltou uma risada alta, daquelas que me dava nojo. Em seguida, ele começou a se aproximar de mim, mantendo aquele sorriso de canto de lábio preso em sua boca, um tanto apetitosa, devo dizer. Meu coração acelerava à medida que ele chegava mais perto de mim.

Quando ele já estava bem próximo, meu corpo estremeceu e ouvimos uma trovoada alta proveniente de um raio que acabara de cair nos jardins, não muito distante de onde estávamos. Percebi quando eles fizeram menção de sair dali, mas eu não conseguia me mexer um passo sequer. Ainda estava meio que em transe devido à perigosa aproximação do Malfoy, e pela visão do amigo dele com a camisa molhada colada ao corpo. Não adiantava negar, Zabini era bonito demais. Ele era do tipo que enlouquecia qualquer mulher.

Então, Malfoy me despertou do meu transe momentâneo, me puxando para fora dos jardins. Eu estava tão imersa em meus pensamentos que nem reparei que aquele local estava se tornando perigoso devido à chuva. Quando chegamos ao hall de entrada, me soltei dele e tratei de me afastar dali o mais depressa, a passos largos, evitando que algum outro tipo de diversão envolvendo a mim surgisse no pensamento dos dois.
Batia meus pés firmemente no chão, descontando minha raiva.Antes de virar num corredor, pude ouvir Zabini comentando algo sobre mim do tipo "Você viu isso, Draco?"

Então quer dizer que o sonserino arrogante estava interessando na sangue-ruim?! Bom saber disso. Sorri divertida, me acalmando um pouco. Essa história ainda iria render um bocado. Eu só não imaginava o quanto.

Fim do Flash Back



Mas a história da minha vida não para por aí, não. Ainda tenho muita coisa pra contar, mas não agora. Finalmente, depois de quase meia hora de caminhada, quase uma peregrinação, eu consegui avistar a casa de Pansy. Naturalmente, a casa dela era uma mansão enorme e linda, e agora eu entendia porque ela sempre foi tão metida, os pais dela realmente tinham muito dinheiro. Mas quem disse que dinheiro traz felicidade? Os pais dela vivem viajando e deixando-a sozinha nessa casa enorme. Não que isso seja algo realmente ruim, muito pelo contrário, ela não poderia ter mais sorte. Acho que é por isso que ela faz tanta merda.

Meus pais não são cheios do dinheiro como os dela, mas têm uma condição financeira considerável. A diferença é que eles estão sempre presentes em minha vida. Presentes até demais, pra falar a verdade. Ultimamente, eu estou preferindo dinheiro que a presença de meus pais. Eles estão me torrando a paciência com perguntas e restrições. Será que é tão difícil perceber que eu cresci? Que saco!

Toquei a campainha impacientemente. Aquele sobretudo já tava me esquentando, mas se eu o tirasse na rua iria chamar ainda mais a atenção das pessoas. Eu posso não ser muito ligada nessas coisas, digo, manter as aparências e tudo mais, mas eu confesso que estava vestida para arrasar todos os quarteirões daquele bairro, naquela noite. Não demorou muito e Pansy abriu a porta, ofegante.

-E aí CDF! - Ela exclamou, me dando um abraço rápido.

Desde que começamos a nos falar, Pansy sempre me chamava de CDF. Ela havia tornado isso um apelido, pois ela disse que eu sempre serei a CDF intragável por mais que eu vá para boates, beba ou fume. Na visão dela, eu nunca vou mudar. Sabe, eu não me importo, mesmo que esse tipo de apelido me faça recordar os tempos em que fui uma Granger completamente diferente desta que sou hoje. Mas nossa amizade tem evoluído tanto que é uma forma divertida de lembrar que um dia nos detestamos amargamente e, hoje, nutrimos um tipo de respeito e carinho mútuo uma pela outra.


- Hey, tudo bem? - Eu disse, adentrando o salão de entrada e retirando, finalmente, aquele maldito sobretudo.

- Nossa! Vestida para matar, hein? - Pansy disse, apontando para o meu vestido.

- Espere até eu colocar minhas botas novas! - Eu complementei, sorrindo. - Você também não fica atrás, hein! - Comentei dando uma analisada no visual dela. Ela usava uma calça jeans escura, bem justa, e uma blusa vermelho-sangue combinando com o batom de mesma cor. As sandálias, altíssimas, eram num tom de vermelho um pouco mais escuro que a blusa, mas que combinavam perfeitamente com as roupas. Adoro o estilo dessa serpente.

- Onde está a Gina?

- Tá lá em cima, arrumando o cabelo! - Disse Pansy, já subindo as escadas.



Eu a segui, subindo junto com ela e, logo, chegando a um quarto onde estava Gina de frente para um espelho, ajeitando a franja com um secador barulhento.

- Mione! - Ela exclamou assim que me viu, largando o secador de lado e correndo para me abraçar. - Quanta saudade! - Ela disse, enquanto me sufocava com aquele abraço de urso que ela havia herdado da Sra. Weasley.

- Hey, Gi! Tudo bem? - Eu perguntei, assim que ela me deixou respirar, pensei que precisaria implantar ossos novos.

- Tudo ótimo, Mione!

- E como estão todos na Toca?

- Ah... Tudo na mesma. Mamãe brigando com os gêmeos, eles aprontando, Ron comendo que nem um trasgo, papai trabalhando muito no Ministério, e Harry... Bem, o Harry como sempre naquela lerdeza dele, você sabe... - Ela comentou, tentando parecer divertida, mas eu sabia que por trás daquela máscara de indiferença havia muito sofrimento.

Gina sempre fora e sempre será apaixonada pelo Harry, por mais que ela tente negar isso. A única coisa que eu não consigo entender é: Por que eles não estão juntos? Tá mais do que na cara que Harry também gosta dela... Mas não, o grande idiota prefere sofrer, procurando em outras garotas o que ele sabe que só quem possui é a Gina, sem obter êxito algum nisso, diga-se de passagem. Conseqüentemente, ele faz com que a ruiva sofra também.

- Mas então? Como é que é? Vocês já estão prontas? Desse jeito nós vamos nos atrasar... - Disse Pansy, me despertando de meus devaneios.

- Eu já estou pronta! Falta só passar batom. - Disse Gina, correndo pra frente do espelho com uma espécie de batom vermelho nas mãos.

- Bem, eu já vim pronta! Falta só calçar as botas. - Eu disse, me defendendo do olhar impaciente de Pansy.

Corri para minhas sacolas e tirei a minha maravilhosa bota de couro e salto agulha de lá. Calcei observando o contraste dela em minha pele branca... Sem dúvidas, o encaixe perfeito!

- Ótimo! Agora vamos, senão vamos nos atrasar! - Eu ouvi Pansy dizer, novamente... Mas que espécie de boate é essa que abriria tão cedo?

- Pansy, que boate é essa que abre às 19h? Não é muito cedo, não? - Perguntei, a fim de esclarecer minha dúvida.

- É verdade... Geralmente as boates abrem depois das 22h. - Reforçou Gina.

- Essa é uma boate diferente... Vocês nunca viram nada igual! - Disse Pansy com um sorriso malicioso no rosto. - Os homens mais gatos estarão lá... Tanto os solteiros, quanto os casados! - Continuou, parecendo feliz. Na verdade, Pansy sempre teve uma queda por homens casados. Vai entender... - Hoje é sexta... Então tem o Happy Hour, que vai das 19h às 22h... E às 22h começa a noite pra valer... Aí, meus amores, só acaba quando o dia amanhece. - Finalizou, esboçando um sorriso de canto de lábio, típico do Malfoy... Deve ter aprendido com ele...

- Entendi... Então, quer dizer que temos, no mínimo, 10 horas de farra? - Perguntou Gina. Eu pude ver os olhos dela brilhando em excitação. Essa ruiva não presta.

- Exatamente. - Confirmou Pansy, piscando marotamente pra Gina.

- Então o que estamos esperando? - Perguntei, afinal. Estava começando a gostar dessa idéia de 10 horas de muita bebida.

Em poucos minutos já estávamos cruzando os grandes portões da propriedade dos Parkinsons. De acordo com Pansy, a boate ficava a duas quadras dali, portanto, não tinha problema em irmos a pé. Confesso que andar com aqueles saltos era um desafio, mas valia a pena. Eu estava deslumbrante, como nunca imaginei que um dia ficaria. Quando as aulas retornassem, eu iria calar a boca de muita gente que achava que eu era apenas um sabe-tudo de cabelo de vassouras.

- Escuta Gina, você não acha que essa roupa está um pouco indecente para uma garotinha de 16 anos? - Eu perguntei, imitando a voz do Rony que implicava com todas as roupas da irmã.

- Ah, vai te catar, Mione! - Ela respondeu mal humorada.

Eu e Pansy engatamos numas gargalhadas um tanto quanto exageradas. Gina vestia uma saia jeans curtíssima e uma blusa branca com as costas nuas, contrastando com os cabelos incrivelmente ruivos. Estava calçando uma plataforma também branca, que dava alguns centímetros a mais a ela, que era a mais baixa dali.

Caminhamos por alguns minutos até que eu consegui avistar as luzes florescentes que vinham da boate. Mesmo tendo acabado de anoitecer, havia muita gente parada à entrada do local. Parecia que era bem conhecido e movimentado. Passei a mão pelos meus cabelos, me certificando de que eles estavam no local certo, porque, depois de tanta peregrinação, eles deveriam estar um horror. Mas pra minha felicidade, a poção modeladora de cachos que comprei na semana passada funcionava perfeitamente bem, mantendo-os sempre alinhados.

Eu pude sentir os olhares recaindo sobre nós quando paramos em frente à entrada da boate para observar. A palavra "Renaissance” estava escrita em cores gritantes num letreiro luminoso bem acima da entrada. Interessante aquele nome. Graças às identidades falsas que Pansy tinha providenciado para nós, não houve problemas na entrada.

Assim que passamos pelas portas de entrada, consegui visualizar o interior da boate. Era tudo muito bonito e diferente. No centro havia uma pista de dança onde luzes coloridas se alternavam. Ao redor da pista estavam várias mesas com cadeiras que pareciam bastante confortáveis e uma espécie de sofá que eu só tinha visto numa lanchonete trouxa chamada Mc Donald's. Havia espelhos em todas as paredes, refletindo tudo que acontecia ali. Não pude deixar de reparar na quantidade de homens bonitos enquanto atravessávamos a pista de dança em direção às mesas. Eram tantos que eu nem sabia por onde começar!

- E aí, o que acharam? - Escutei Pansy quase gritar para nós, quando finalmente chegamos a uma das mesas.

- Demais! - Ruiva safada.

- Demais a boate ou aquele cara ali, Gina? - Eu perguntei, rindo da expressão dela.

- Ah Mione, que é isso! Eu nem estava olhando pra ele! - Ela disse de maneira irônica. O que aconteceu com a Gina que eu conhecia? Ou eu estivera tremendamente equivocada em relação a ela, durante todos esses anos, ou ela havia mesmo mudado e eu, tola, não percebi isso logo de cara. Mas uma coisa era certa: se alguém ali mudou, ela não era a única.

Oi, estou falando de mim mesma!

- E você CDF, que tal?

- Muito interessante, Pansy! - Eu respondi ao mesmo tempo em que senti um sorriso malicioso se formar nos meus lábios, enquanto eu avistava um Deus Grego vindo na nossa direção.

Pansy deve ter percebido os meus olhares devoradores na direção do cara e olhou também, por curiosidade. Ele era extremamente lindo. Alto, moreno, musculoso... Tudo que uma garota sonha. E ainda continuava vindo na nossa direção. Só faltava saber em qual de nós três ele estava interessado, mas no fundo eu já sabia quem. Claro que só podia ser a ruiva, assanhada. Com aquele corpão e aquela roupa minúscula, quem não se interessaria?

Os dois engataram num papo que parecia bem divertido porque Gina hora ou outra dava algumas gargalhadas. Logo, eles já não estavam mais ali, e eu pude ver Gina se esfregando contra o corpo dele na pista de dança. Eu e Pansy nos entreolhamos no mesmo momento e caímos na gargalhada. Era sempre assim, toda vez que saíamos, não estávamos nem cinco minutos no lugar e já vinha alguém tirar Gina pra dançar. Eita ruiva poderosa!

- E aê! Vamos abrir o bar? - Essa era a pergunta que eu mais ouvia sair da boca de Pansy. Era só a Gina rodar que lá íamos nós, as pinguças, encher a cara.

- Como sempre! - Respondi, sorrindo.

- O que vai querer pra começar? - Pansy me perguntou quando já estávamos no bar, como se ela não soubesse.

- Caipirinha! - Nossa, minha preferida! Uns três copos e eu já estaria dançando até o chão.

- Uma caipirinha e uma piña colada! - Ouvi Pansy dizer ao barman, que por sinal era um gato.

Logo as nossas bebidas estavam prontas e viramos numa golada só. De certa maneira, eu e Pansy combinávamos. Primeiro, o ódio pelos homens que nos fizeram desacreditar no amor. Segundo, a paixão pelas bebidas. E terceiro, o bom gosto pelos homens. Lembro perfeitamente bem até hoje do dia em que nós três começamos a nos falar... Desde então, temos sido um grude só.

Era final do sexto ano, há uns três meses atrás... A merda toda já tinha acontecido na minha vida e eu estava desolada. Essas adolescentes bobinhas, apaixonadas e com o coração partido, sabe? Então, essa era eu a um tempo atrás. Minha sorte é que existia Gina, e foi por causa dessa ruiva que eu resolvi quebrar as regras do colégio e sair naquele dia.


Flash Back


- Gina, eu não sei... Acho melhor voltarmos! - Tentei argumentar.

- Pára de ser medrosa, Mione! A gente está precisando de um pouco de diversão, não acha?

- O que exatamente você chama de diversão? - Perguntei, temendo a resposta dela.

- Bebidas e muito homem! - Ela respondeu com os olhos brilhando de excitação.

- E onde vamos encontrar esse tipo de diversão?

- Em Hogsmead, onde mais? - Estava começando a ficar com medo dessa ruiva.

- Mas Gina, Hogsmead é um povoado calmo... De gente direita... Não creio que tenha esse tipo de coisa por lá.

- Doce inocência! – Eu a ouvi dizer em tom irônico, eu estava até mesmo um pouco irritada com aquele jeito superior e sabichão dela.

- O que você está querendo dizer com isso? - Perguntei desconfiada.

-Você vai saber logo! - Pude ouvir um tom de diversão na voz dela? Isso ainda vai dar merda.

Finalmente terminamos de atravessar a passagem secreta, magicamente encurtada, e encontramos uma porta de madeira de aparência bem antiga. Se eu já estava com medo antes, agora então nem se fala.

- Onde essa porta vai dar? - Perguntei, com medo da resposta.

- No seu paraíso! - E então ela abriu a bendita porta.

Aquilo era diferente de tudo que eu já tinha visto. A única iluminação local vinha das luzes coloridas que piscavam na pista de dança. O salão era grande o suficiente para comportar a quantidade de pessoas que estava ali, e eram muitas. Num canto havia um bar e um barman preparando todo o tipo de bebida que puder imaginar. No canto inverso ao do bar, tinham sofás e pufes espalhados, a utilidade deles eu pude entender rapidamente ao ver um casal deitado num dos sofás, quase se engolindo. Fiquei chocada observando alguns outros casais se esfregando na pista de dança, e todos ali pareciam achar aquilo perfeitamente normal, digo, eles estavam em público, afinal. Talvez fosse normal para eles, eu que era antiquada demais ali.

- Mione? - Perguntou Gina, estalando os dedos na frente dos meus olhos, me despertando do meu transe.

- São todos alunos de Hogwarts? - Eu perguntei, ainda em choque.

- A maioria. Mas alguns são moradores do vilarejo. - Ela disse, observando o local assim como eu.

- Eu não reconheço nenhuma das pessoas aqui!

- Não acho que eles se vistam dessa maneira no colégio! - Disse a ruiva, soltando uma gargalhada.

- Merlim... Como descobriu esse lugar, Gina?

- Uma amigas minhas me trouxeram algumas vezes...

- VOCÊ JÁ VEIO AQUI? - Eu berrei, chocada.

- Ah qual é, Mione! Tá parecendo o Rony! E sim, já vim várias vezes!

- Eu não conhecia esse seu lado. - Eu acusei, exasperada.

- Há tanta coisa sobre mim que você não sabe. - Ela disse, por fim, havia um tom misterioso em sua voz. Safada!

- Por favor! Poupe-me dos detalhes sórdidos! - Eu pedi e ela começou a rir novamente.

- Venha! Vamos procurar diversão! - E começou a se embrenhar entre as pessoas, me arrastando junto.

Paramos num canto da pista de dança e ela começou a se mexer de acordo com o ritmo da música, enquanto eu ficava estática tentando me acostumar com aquela situação. Gina não tinha pudor nenhum quando rebolava com aquela saia minúscula que ela estava usando. Só de pensar que ela tentou empurrar uma dessas pra cima de mim, chega me dar nervoso. Estou bem confortável com meu jeans velho, apesar da Gina tê-lo apertado com a varinha para que destacasse mais minhas curvas, segundo ela.


- Ora ora... Veja só quem está aqui! Se não é a Sabe tudo de Hogwarts: Hermione Granger! - Reconheci imediatamente a voz de Pansy.

- Hey Parkinson, não estamos nem um pouco a fim de confusão, viemos apenas nos divertir. - Ouvi Gina dizer ao meu lado.

- E quem disse que eu quero confusão, ruiva? - Pansy perguntou, virando-se para Gina. - Eu só estou curiosa pra saber quais motivos trouxeram você aqui, Granger!

- Só estou cansada de sempre obedecer as regras e só me ferrar como retorno. - Minha voz saiu antes mesmo que eu pudesse pensar no que responder.

- Wow! Momento histórico esse! Hermione Granger revoltada com a vida! - Ela disse, divertida.

- Algum problema? - Perguntei desafiadoramente, e percebi Gina me olhar pelo canto do olho. Provavelmente, ela não estava me reconhecendo. Nem mesmo eu estava me reconhecendo.

- Problema algum... Só temos soluções aqui! - Disse Pansy, sorrindo pensativa. - Eu é que não vou perder essa! Vem, vou lhe apresentar a Vodka! Sua nova companheira daqui pra frente! - Ela começou a me puxar pela mão, me arrastando na direção do bar.

Olhei pra Gina assustada, e ela me retribuiu o mesmo tipo de olhar. O que exatamente Pansy Parkinson estava fazendo? Enfim, não sei se é porque ela estava bêbada ou porque ela realmente queria participar dessa minha mudança, mas o fato é que me deixei ser arrastada por ela até chegarmos ao bar.

- E aí gatas, o que vão querer? - Perguntou o Barman, muito simpático. Simpático até demais pro meu gosto, parecia que queria engolir meus seios com os olhos. Maldita Gina que me fez vestir essa blusa decotada!

- Queremos Vodka! - Exclamou Pansy, depositando o copo que ela já estava bebendo anteriormente em cima do balcão.

- Vodka pura? - Perguntou o Barman, desviando o olhar dos meus seios para os de Pansy.

- Não... É melhor não... É a primeira vez dela, sabe? - Ela falava com o Barman, com uma expressão de compreensão no rosto que eu não entendi. - Que tal uma caipirinha caprichada? - Completou, sorrindo largamente.


Confesso que nunca tinha ouvido falar em caipirinha em toda minha vida, mas depois que provei não consegui mais parar. A vodka exercia um poder sobrenatural sobre mim. E, em pouco tempo, eu estava bem mais solta e sem as preocupações de antes. Logo me juntei à Gina na pista de dança, rebolando até o chão enquanto Pansy, completamente bêbada, gritava incentivos sentada, literalmente, no balcão do bar, virando seu milésimo copo de vodka. Nem me lembro como voltei à Hogwarts naquela noite, mas me lembro de ter acordado com uma dor de cabeça de matar qualquer um.

Fim do Flash Back


Desde então nós três formamos um trio inseparável. Sempre nos bares e boates, bebendo, beijando, dançando... Aproveitando tudo que a vida nos oferece.


- Tive uma idéia! - Ouvi a voz de Pansy, distorcida pela embriaguez. Já estávamos no sexto copo de bebida.

- Fala! - Eu sabia que minha voz também não estava lá essas coisas, mas eu ainda estava consciente. Acho!

- Que tal uma apimentada?

- Como assim?

- Vamos experimentar algo novo? – Mas do que diabos ela estava propondo? Eu só podia imaginar que boa coisa não seria, mas são as melhores idéias, não são?

- O que exatamente? - Perguntei, sentindo o chão rodar.

- Abisinto! - Ela disse, dando um tapa no balcão.

- Ah... eu não sei se aguento não!

- Deixa de ser frouxa, CDF! Você aguenta tudo! Somos total flex! - Disse Pansy, caindo na gargalhada e dando mais um tapa no balcão, chamando a atenção de algumas pessoas em volta da gente.

Eu não sei porque, mas também comecei a rir descontroladamente. Estávamos as duas caindo na gargalhada sem nem ao menos saber o motivo.


- Duas doses de absinto! - Gritou Pansy para o Bartender, levantando um dos braços e gesticulando que nem uma doida enquanto continuava a rir. - Cadê a ruiva? Ela precisa de um pouco disso!

Mirei meu olhar na pista de dança e pude ver Gina aos beijos com um cara. Agora, se era o mesmo do início da noite ou não, simplesmente não consegui enxergar... Minha visão já estava fora de foco, e só conseguia ver borrões. O barman colocou os copos com as doses de absinto na nossa frente no balcão. Pansy e eu nos olhamos mais uma vez e gargalhamos ainda mais, antes de pegar os copos.

- Pronta pra ver fadinha verde, Granger? - Ela zombou.

- No três! - Eu sugeri.

- Um, dois, TRÊS! - Contamos juntas, e em seguida viramos a dose numa golada só.

Lembro daquilo ter descido rasgando pela minha garganta como se uma bola de fogo estivesse presa ali. Senti um tremor involuntário no corpo e acabei batendo com a minha mão no copo que caiu do balcão, e só não quebrou porque o barman foi rápido o suficiente para agarrá-lo. Virei o rosto pro lado para ver Pansy, mas tudo parecia estar se movendo em câmera lenta. Pansy falava alguma coisa que eu não conseguia entender de jeito nenhum. Era como se ela abrisse a boca e o som saísse devagar, impossível de decifrar.

Já tinha desistido de entender Pansy e mirei - ou pelo menos tentei mirar- meu olhar na pista de dança. E então eu vi! Bem na minha frente, sorrindo pra mim e revelando seus dentes impecáveis, branquíssimos... A face angelical e delicada, contrastando com os cabelos loiros platinados... Vindo na minha direção com passos lentos e sensuais, estava ela, envolta numa luz verde florescente... A fada verde!

Não! Não pode ser real isso! Ela existe mesmo! Automaticamente, outra onda de risos tomou conta de mim, quase caí da cadeira, de tanto que meu corpo se contorcia. E a fada continuava vindo em minha direção. Olhei pra Pansy, ela ria também... Mas olhava em outra direção com cara abobalhada. Será que ela também estava vendo a fada? Levantei meu corpo da cadeira com um pouco de dificuldade e fui cambaleando em direção a minha fada. Ela estendeu os braços pra mim e eu sem pensar me joguei em cima dela e a abracei.

Nossa! Como era cheirosa! Era um cheiro de menta mais suave que o da bebida, mas muito mais gostoso. Senti ser conduzida até a cadeira do bar de novo. Acho que a fada estava tentando falar alguma coisa comigo, mas eu não ouvia muito mais do que uns ruídos e zumbidos estranhos.

Abri minha bolsa que estava em cima do balcão e peguei meu maço de cigarros. Nossa, já estava há muito tempo sem fumar, nem sei como consegui. Coloquei um cigarro na boca, tentando, inutilmente, encontrar meu isqueiro dentro daquela bagunça que chamo de bolsa. Ai como eu queria que a força do pensamento funcionasse nessas horas... "Acende cigarro, acende cigarro!" , mentalizei... E, do nada, senti algo quente tomar conta da minha boca.

Traguei uma vez, profundamente, não acreditando no que estava acontecendo. E não é que o cigarro estava aceso mesmo! Parecia... Mágica, wow! Acho que essa é uma das vantagens de ser uma bruxa! Fechei os olhos aproveitando aquele momento da fumaça invadindo os meus pulmões. Cara, como era reconfortante aquilo, se eu quisesse acho que podia voar agora.

Abri os olhos, novamente, pronta pra enfrentar a minha fada verde. Mas o que era aquilo, Merlim? A minha fada tinha se transformado num DEUS APOLO? Não era possível... Meus olhos deviam estar me pregando alguma peça - embora eu não estivesse enxergando muito bem, né. Olhei pro meu cigarro mais algumas vezes, me certificando de que era não uma droga alucinógena. Eu não estava muito consciente de muita coisa, mas eu tinha plena consciência de que aquele loiro, gato ao extremo, sorrindo pra mim, de fada não tinha nada.

Espera ai, eu acho que ele não estava sorrindo pra mim, e sim rindo de mim! Ou será que confundi? Ah, deixa pra lá. O fato era que ele estava ali, bem na minha frente, dando sopa, e eu estava perdendo tempo pensando demais.

Ah, Hermione, nunca te falaram que pensar demais atrapalha? Pois é né... Então menos teoria e mais ação! Não hesitei em puxá-lo comigo pra pista de dança. Larguei minha bolsa sobre o balcão mesmo, pouco me importando com ela. Pensaria nisso mais tarde. Acho que devo ter esbarrado na Gina porque ela ficou me olhando com uma cara espantada quando passamos por ela. Se é que era a Gina mesmo. Sinceramente, eu não estava enxergando um palmo à minha frente.

O Deus loiro estava falando umas coisas sem sentido pra mim, que eu não dei a menor importância. Quando chegamos ao centro da pista de dança, enlacei meus braços ao redor dele e comecei a me movimentar na batida da música. No início ele parecia meio duro, retraído, mas logo se soltou e começou a me seguir nos passos. A música deu uma parada estratégica, dando lugar pra uma batida mais lenta e mais romântica. Apesar de eu odiar romantismo, aquela era a hora perfeita para atacar!

Nós diminuímos o ritmo dos passos, acompanhando a música lenta agora. Uma força estranha que eu não sei de onde veio, nos impulsionou para frente e, logo, estávamos com os corpos colados numa dança quase sensual. É claro que Merlim ia me dar uma ajudinha, né? Ele não ia me deixar na mão!

Passinho pra lá, passinho pra cá... Passinho pra lá, passinho pra cá... Passinho pra lá, passinho pra cá...

Sério, esse cara está me enchendo a paciência. O que ele está esperando, afinal? Que eu me jogue em cima dele? Ai Merlim... Não se fazem mais homens como antigamente... Ou então, ele pode não estar gostando, né? Oh será que ele é gay? Ai não... ele é gay! Eu sabia, droga, eu sabia! Essa coisa toda de fada... Como eu não pensei nisso antes? Não! Gay não pode ser... Não com todo esse material. Não consegui segurar uma risada quando pensei isso, mesmo sabendo que eu estaria fazendo ainda mais papel de idiota. Ele logo percebeu e me encarou. É melhor eu agir logo ou então daqui a pouco estaremos falando sobre o clima.

E a meteorologia acertou mais uma vez! Essa noite vai ser quente! Muito, muito quente!

Habilmente, me coloquei na ponta dos pés pra ficar na altura dele. Quer dizer, quase da altura dele, porque ele era bem mais alto do que eu. Mas acho que ele entendeu o recado, pois aproximou o rosto do meu ainda mais. Ah aquele hálito de menta! Mergulhei na profundidade daqueles olhos cinzas... Tenho a ligeira impressão de já tê-los visto em algum lugar. Talvez em meus sonhos... É, só em sonhos mesmo para ver tais olhos e não me lembrar.

Não vi como nem quando, mas os lábios dele já estavam nos meus com um desespero sem igual. Acho que ele estava tentando me engolir, na verdade. Mas quer saber? Eu não tô nem aí pra isso. A única coisa que eu fiz foi retribuir o beijo igualmente. Não sei se era o ar condicionado que estava fraco, mas eu já estava suando. E muito! A língua quente dele invadiu minha boca sem nenhum pudor. Acho que ele deveria estar sedento por isso há algum tempo... Nossa hein, mas que virilidade!

Senti mãos urgentes percorrendo minhas costas, enquanto ele tentava aprofundar ainda mais o beijo. Aprofundar mais só se fosse enfiar a língua na minha garganta, né?

Fiquei alguns segundos ali, em estado de beta, sabe? Tipo, flutuando... voando... Viajando naquele contraste de lábios frios com hálito morno indo de encontro à minha boca. Em todo esse tempo de estrada - leia-se de experiência - eu nunca tinha provado um beijo como aquele. Nossa. Melhor que o beijo só as mãos dele passeando pelas minhas costas e, por vezes, puxando os meus cabelos... Estava me levando a loucura. Puxei com força os cabelos loiros dele, dessa vez... Tão macios, tão sedosos... Paramos o beijo por algum tempo para respirar, mas ele continuou distribuindo selinhos e leves mordidas pela extensão da minha mandíbula. Quando ele voltou a atenção para minha boca, eu entreabri os lábios dando início a mais um beijo devorador. Mesmo estando alcoolicamente atormentada, eu desejava que as lembranças daquela noite não se esvaíssem tão cedo das minhas memórias. Fada verde ou Deus grego, não importa, ele valia por milhares cavalos de Tróia.




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N/A (Crik_Snape) – Aqui estou eu!! Mais uma fic né? E dessa vez em parceria com essa pinguça aqui!!! /o jah viu que nós duas juntas só sai merda né? Hahahahaha... não foi a toa que a gente demorou anos luz pra postar o primeiro capitulo!! TUDO CULPA DA JU!!!!!!!!!!!!!!!! Hahaha, te entreguei pra todo mundo!! HAuhauhauhau
Brincadeira, é culpa dela não...!!! É que nós somos enroladas mesmo! HAUhAU
Mas então, o que acharam? Sabe, vou confessar uma coisa... esse capitulo foi obra da JU! Hahahaha Grande coisa, ninguém sabia né!!! Não foi a toa que ficou fodãão desse jeito! Tipo assim, eu rachei de rir aqui do outro lado com os spoilers que ela me mandava enquanto escrevia. O “passinho pra frente, passinho pra trás” foi o melhor... ju, tu vai lavar minha calcinha, me mijei toda nesse dia!! HAuHAUHAUHAu podre essa tá, ignorem!!!
Mas então, eu vim aqui falar umas coisinhas:
Primeiro, pedir desculpas pelo fato de a gente ter demorado pra postar esse capitulo! Desculpa mesmo... mas a gente tava muito enrolada... é a facul da Ju, são as minhas fics, os nossos bloqueios mentais, a minha mudança!! Aff, gosto nem de pensar nisso!! Hahaha
Segundo, tô muito curiosa pra saber o que vocês acharam do capitulo... porque eu adorei!! =) Bom trabalho, Pinguça... HAUhAU mas o que importa mesmo é a opinião de vocês!!! Por isso, soltem o verbo!! As criticas negativas vão todas pra Ju, que fique claro. AHuahu Papo né... =O
Terceiro... comentem bastante mesmooo... que é pra gente ficar feliz e não desanimar com a fic!! /o Próximo capitulo vai ser narrado pelo Drakito e ai sim lapada na Cris!!! HUAhu
Bom, é isso!!! Vamos nessa, senão nada de capítulos e a gente abandona a fic!! HAuHAUa
Noossa, que drama!! Hahaha

Bjuuuusss! Crik_Snape


N/A( Ju Fernandes) : Oiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii genti! =D ... Como cês tão??? *sorriso sem graça* ; E aí, o que conta de novo? Muita coisa boa? E as festas de fim-de-ano, animados? Enfim, vamos parar de enrolação e ir para o que interessa... Tá, eu sei, eu demorei! Tá, eu tb sei que o cap nem taa tãao grande assim... Tá, EU SEI QUE TÔ ERRADA! Mas sabe o que é gente, essa vida é mto complicada... Mto difícil... Tipo, a demora TEM JUSTIFICATIVA! Assim, a Cris sabe? É a vagaba mesmo, então, ela NÃO FAZ NADA POW! Assim num dá neh; Tudo eu, tudo eu... Brincadeirinha... rs *menos a parte do que ela não fez nada pq ela não fez msm!* kkkkkkkkkkk; Enfim , esse cap foi narrado pela Mione, então as coisas aconteceram pela perspectiva dela... Legal neh? *ficou uma merda que eu sei* ... O próximo capítulo será narrado pelo Draco gato maravilhoso Malfoy, e aí sim a vagaba vai fazer alguma coisa... Pq assim não dá neh ? Só eu que trabalho nessa porra! kkkkk; Gente, minha vida tava uma correria danada... Tipo é uma longa históooooooria, mas vcs tem tempo neh? rs Então, a bendita(leia-se: Maldita) da minha facul, entrou em greve! Faculdade pública eh uma merda! *mentira, as chopadas são as melhores =D* Então, até aí tudo bem neh ... Greve = casa o dia todo sem fazer nada... Mas não foi isso que aconteceu... Os meus amados professores resolveram mandar trabalhos pela internet! Lindo isso! Então tive que fazer trabalhos durante a greve e aquela coisa toda... Aí tá... passaram-se dois meses e nada de voltarem as aulas, eis que DE REPENTE a greve acaba! \o/ Só que adivinha qual foi o dia que recomeçaram as aulas? PRIMEIRO DE DEZEMBRO! Parece até piada neh? Em pleno verão, estou eu naquele inferno, estudando literatura! Legal isso, né? Resumindo, vou ter q estudar dezembro, janeiro e FEVEREIRO!!! Carnaval estarei foliando na UERJ! =x .. Além disso tudo, eu ainda tenhos muuitas fics pra betar ... Acho que já são quase 15!!! E fora as duas minhas que eu tenho pra escrever que são "Até o fim" e "Resistindo às tentações", fora essa aqui... E como a minha mente eh um buraco negro que não pára, ainda inventei de escrever duas fics novas... Desculpem, mas não pude resistir colocá-las no papel... E ainda tem uma fic de um amigo oculto que estamos a Cris e eu participando... EM SÍNTESE: A MINHA VIDA VIROU UMA BOLA DE NEVE TOTAL!!!! Agora o negócio tah feio pro meu lado pq tenho provas, trabalhos e etc...mais as fics... Legal isso neh? Mas então... essa foi a minha justificativa, espero que me perdoem!!! Gostaram do capítulo??? Espero que sim pq eu dei altas gargalhadas com ele! rsrsrsrs ... Comentem bastante tah??? A gente vai ficar tãaaaaao feliz!!!*olhinhos brilhando* ... Amo todos vcs!=D

Beijocas!;*


Ju Fernandes

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Comentários (1)

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