Cabeça de Trasgo
Enquanto isso, Hermione seguia sorrateira pelos corredores do castelo em direção à enfermaria. Ela esperava encontrar todos os ingredientes lá, porque, por nada neste mundo iria até a sala do Prof. Snape sozinha àquela hora, correndo o risco de levar uma séria detenção. Por sorte a enfermaria estava vazia e Madame Promfrey ressonava pesado num dos leitos. Ela foi até um armário de vidro nos fundos do salão e tentou abri-lo, mas este estava trancado. Usou um simples Alorromora, que fez a porta se abrir com um leve estalido. Ela memorizou os ingredientes e deixou o pesado livro numa mesinha ao lado.
- Acho que aqui deve ter tudo o que preciso... Vamos ver... Ataduras, um punhado de pó de pedra de benzoar, acônito, balsamina, leite de unicórnio... Nossa, não posso esquecer disso... nem do fígado de dragão... -ela examinou cada prateleira. -Onde está o bendito fígado de dragão?
Hermione olhou para os lados, tentando achar algum outro armário por perto, talvez estivesse guardado dentro de um vidro para conserva-lo, mas nada encontrou. Foi até uma portinha que ficava a poucos metros, nos fundos da Ala Hospitalar, mas esta estava trancada novamente. Usou mais uma vez um feitiço para destrancá-la, e ela se abriu lentamente. A jovem guardou a varinha no bolso e adentrou a sala.
Estava tudo escuro, então ela foi entrando devagarzinho até que tropeçou em algo antes que pudesse usar Lumus para iluminar o ambiente. Hermione foi tateando o objeto com o pé, aquilo provavelmente era uma escada. Subiu o primeiro degrau, depois o segundo. "Esta escada está um pouco bamba..." ela pensou enquanto tentava achar sua varinha no bolso das suas vestes. "Essa capa está me atrapalhando..." e afrouxou um pouco a capa de invisibilidade, pegando sua varinha e usando-a para iluminar o ambiente. Hermione finalmente pode enxergar ao seu redor: eram tantos bichos e pedaços de animais dentro de vidros que ela ficou surpresa. Começou a procurar logo pelo fígado de dragão. Não estava lá em cima, nem nas prateleiras do meio. Sentou-se na escada e foi procurando pelas prateleiras mais baixas.
- Achei! Já não era sem tempo... Nem precisava ter olhado lá em cima!-ela colocou a mão na escada para descansar.
"Oh, não..." pensou a menina. Ela tateou com a mão a escada, ainda com medo de olhar para aquele objeto. "Será que existem escadas cabeludas? ...Orelhudas?" Hermione se levantou de sobressalto, iluminou o objeto e levou um enorme susto. Ela tropeçou na capa frouxa, escorregou no tapete e com a mesma velocidade que reconheceu a cabeça do trasgo, ela caiu no chão com um baque surdo, levando consigo alguns objetos que estavam em cima de uma mesinha logo em frente. A cabeça rolou e parou no meio dos joelhos: aquele bicho esverdeado, de pele macilenta, nariz grande, orelhas peludas e pontudas; de aspecto muito assustador foi parar no seu colo. A menina soltou um grito, mas logo se conteve.
Hermione ouviu passos lá fora, então se levantou rápido do chão, enrolando-se na capa e encostando-se na parede onde ficava a porta. Apagou a luz de sua varinha assim que alguém entrou na sala: era Madame Pomfrey, obviamente. Ela se abaixara para pegar o castiçal que caiu no chão, dando tempo à menina de pegar o fígado de dragão que ela deixou cair a pouco tempo. Hermione saiu pela porta que estava aberta e se dirigiu o mais rápido que pode até a porta que dava acesso ao corredor, mas olhou para trás e se lembrou do livro. Correu até a mesinha onde havia deixado seu material, e a enfermeira, ouvindo passos, saiu apressada da sala. Ela teve tempo de ver o livro desaparecer bem na sua frente.
- Pirraça, seu fantasma maluco!!! -Madame Pomfrey gritava. -Você de novo por aqui!?! Deixe só eu contar para Dumbledore o que você anda aprontando com os remédios dos alunos!!! -e ela ergueu seu punho para o alto, tentando enconrtar algum vestígio de fantasma. -Se alguém morrer envenenado, você será banido, ouviu!?! Não apareça mais por aqui, ou não me responsabilizo pelos meus atos!
Hermione espiou por uma fresta na porta e soltou um uivo para confirmar as suspeitas da enfermeira. Respirando aliviada, ela foi cantarolando baixinho até a torre. "Acho que tudo acabou bem... Quero ver a cara daqueles dois quando eu contar o que aconteceu!" ela pensava e ria consigo mesma. "O que eu não faço por eles?"
Harry e Rony viram quando sua amiga entrou pelo buraco do retrato, eles pararam o que estavam fazendo e a cumprimentaram:
- Olá! Você por aqui... -Harry sorriu.
- Voltou rápido! -disse Rony.
Hermione observou a cena e ficou pasma: os dois sentados confortavelmente em suas poltronas, em frente à lareira quentinha, jogando xadrez bruxo após terem copiado todos os seus deveres de casa da amiga, já que seus livros estavam abertos no chão, enquanto ela, a boba do grupo, tinha arriscado seu pescoço para ir até a enfermaria, tomado um grande susto e trazido para aqueles folgados um remédio para curar a dorzinha de Rony. Hermione espumou e veio em direção a eles, e os dois se entreolharam.
- Argh! Vocês... como podem?!? -ela esbravejou.
- Nós... -Harry ficou pensativo. -Ah! Bem, nós não copiamos seus deveres... só os usamos para consulta! -eles riram, mas a amiga continuava séria.
- Não se preocupe, tomamos muito cuidado com seus livros... -Rony olhou para o chão e se levantou correndo para colocar o material da amiga no seu devido lugar.
- Melhor assim... -ela bufou, jogando-se na poltrona onde Rony estava.
Hermione se ajeitou na poltrona do amigo, que fez questão de mostrar desapontamento antes de se sentar no chão à sua frente. Ela, para mostrar que não se intimidava, jogou a capa, livro e mapa sobre a mesa, espalhando as peças do jogo.
- Ah, Hermione! Eu estava ganhando! Por que você fez isso?-ele fechou a cara.
- Por que quis... -disse ela para provocar.
- Então por que você não nos conta o que tanto te aborrece? -Harry ponderou.
Hermione, mesmo relutante, resolveu sair da sua ostra e falar o que se passava em seu coraçãozinho naquela hora.
- Ah... Vocês me deixam tão desapontada às vezes que nem sei o que faço aqui!!! -disse ela desviando o olhar para bichento, que dormia sossegado na poltrona mais ao fundo. -Eu fui sozinha lá embaixo, passei por grandes apuros e quando volto, vejo que o que fiz foi em vão! Não recebo nenhum reconhecimento, nem ao menos um "obrigado"!!!
- Obrigado, Mione... -disse Rony baixando a cabeça.
- De que me adianta o seu obrigado!?! -ela retrucou.
- Por que me tomas!?!
- Oras, Rony! Não quero um agradecimento da boca pra fora! Queria que você reconhecesse meus esforços sem que eu precisasse dizer nada!
- Mas... eu...
- Mione, nós estamos muito gratos por tudo o que você fez. Sabemos que sem você não conseguiríamos dormir hoje! -Harry tentou anima-la.
- Vocês não sabem tudo o que fiz!
- Então conta pra gente! -Harry esboçou um sorriso amigável e acolhedor.
Hermione narrou sua aventura na ala hospitalar, e os amigos deram muitas gargalhadas quando ela terminou de contar tudo. "Pobre pirraça..." disse Harry, enquanto Rony tentava recuperar o fôlego de tanto rir. Hermione se levantou da poltrona e tirou do bolso todos os ingredientes que trouxera consigo, colocando-os sobre a sua mesinha no fundo do salão comunal.
- Bem, acho bom começar logo... Já estou com sono!
- Que bom! Não agüento mais esta dor... -Rony sorriu.
- Mas não fique tão esperançoso! -Hermione esboçou um sorriso de canto de boca que ela sempre exibia quando estava satisfeita. -O ungüento demora uma hora para ficar pronto! Ou seja... você ainda tem muito o quê esperar!
- Mas... mas já passa da meia-noite! -ele retrucou.
- Ora, não se preocupe, Rony! Vamos jogar mais algumas partidas de xadrez...
- Ainda não perdeu o suficiente, Harry!?! -o amigo se alegrou.
Os amigos jogaram algumas partidas, cochicharam muitos assuntos interessantes, "papo de homem", enquanto Hermione fazia o preparado, explicando para eles o processo, mesmo sabendo que eles não prestavam atenção a ela.
- Primeiro ferve-se leito de unicórnio em fogo médio, tem que manter a temperatura se não coalha e perde todas as propriedades... Enquanto isso você mói o benzoar, mas como eu trouxe em pó, não preciso me dar ao trabalho... -ela olhou para os dois que estavam jogando xadrez e continuou. -Quem está ganhando?
- Adivinha? -disse Harry com ar desapontado.
Eles riram e a garota ficou a observar o jogo até que o leite de unicórnio ferveu.
- Depois de fervido, deve-se acrescentar o pó de benzoar e deixar descansar em fogo baixo por vinte e sete minutos.
- Ah! Ta bom... -disse Rony sem muito interesse enquanto armava um belo xeque-mate.
- Posso te ajudar, Harry? -Hermione se adiantou até a mesa.
- Ah, claro... Estou perdendo mesmo... -ele sorriu sem graça.
- Hum... talvez... -ela analisava a jogada do garoto. -Talvez se você mexer seu bispo aqui.... -ela apontava o lugar no tabuleiro. -ainda tenha uma chance...
Harry fez o que a sua amiga lhe aconselhou, foi então que Rony retrucou:
- Sai pra lá Hermione! Você está estragando a minha jogada!
Ela sorriu satisfeita e continuou aconselhando o amigo. A derrota foi inevitável, mas mesmo assim, a disputa se tornou interessante.
- Oras, viu? Não adianta, pois nem mesmo vocês dois juntos podem ganhar de mim numa partida de xadrez bruxo!!!
- Não fique se gabando, mocinho! Aposto que se eu jogar com você desde o começo, consigo ganhar uma partida!
- Tudo bem... você se acha tão inteligente, acho que está na hora de te colocar no seu devido lugar... -ele a provocou com um sorriso.
- Acho que eu é que devo mostrar a você o seu devido lugar... -ela sorriu com desdém. -Sabe, Roniquinho, você merece que eu acabe com você... Talvez assim você deixe de ser tão topetudo!!! -e ela bagunçou o cabelo do menino com a mão.
- Oras! Não faça isso! -ele tentou se esquivar.
Hermione riu e se levantou do lugar onde estava. Agora faltava muito pouco para o ungüento ficar pronto. Ela apagou o fogo do caldeirão e continuou dizendo:
- Agora eu devo passar a balsamina no fígado de dragão e deixar curtindo aqui do lado... -assim que ela fez isso, o fígado inchou, soltando um odor forte de carne podre.
- Nossa! Que horror!!! Eu vou ter de colocar isso ai no meu braço?
- Pare de reclamar, Rony! Ao menos você não tem que manusear isto aqui...
Ela colocou o pedaço de fígado do lado e foi abrir as janelas. Então voltou ao caldeirão e continuou a sua explanação, satisfeita por ter conseguido atrair a atenção dos amigos.
- Depois você deve acrescentar o acônito no leite de unicórnio com benzoar. Mas não pode ferve-lo de novo que isso pode explodir... -ela sorriu maquiavélica. -Ai a mistura deve ser mexida lentamente por dez minutos...
Hermione mexeu o caldeirão pacientemente enquanto os dois a observavam e conversavam baixinho. Ela reparou que eles estavam olhando demais para ela, então comentou:
- Se vocês tiverem algo a dizer, digam logo! Odeio ser a última a saber de tudo...
- Não é nada... Eu só queria te perguntar uma coisa... -Harry disse meio relutante.
- Então pergunte! Se eu não tiver uma boa resposta, procuro em algum livro e te digo logo pela manhã! -ela sorriu.
- "Há certas perguntas cujas respostas não se encontram em livros..." já dizia Dumbledore...
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Gente, espero que vocês estejam gostando. Por favor, comentem esta fic, pois é a primeira... E eu desejo que seja o começo das muitas fics que pretendo escrever um dia!
Comentários (1)
Frase sabia, realmente nem todas as respostas se econtram em um livro como nem todas as perguntas podem ser respondidas. Ameiii o capitulo *---*
2011-12-22