CAPÍTULO VII
Era uma bela e ensolarada manhã e o sol invadia todo o terraço, avançando até quase à cama. Ginny acordara há poucos minutos e vira o lugar ao seu lado vazio, porém tranqüilizara-se com o som do chuveiro vindo do banheiro.
Espreguiçando-se voluptuosamente, ela sentiu um maravilhoso e sensual cansaço. Então Harry entrou no quarto, muito à vontade, enrolado numa toalha e com gotas de água brilhando na testa. Ginny contemplou-o com desejo e corou fortemente.
Ele sorriu ao ver aquele rubor. Sentou-se ao lado dela na cama, abraçando-a de leve.
- Você parece uma garota de quinze anos.
- E eu não me sinto assim absolutamente.
- Como se sente, então? Madura o bastante para ir até a África?
- Você... Falou... África? - Ginny repetiu incrédula.
- Foi isto mesmo. Mas, olhando para você envolta neste lençol, fico com outras idéias - ele disse malicioso.
- Você falou a sério? - Insistiu Ginny.
- Claro que sim! Como você é tentadora à luz do dia, Ginny.
- Oh! Harry... Eu...
- Você o quê? Ele ergueu as sobrancelhas, olhando-a fixamente. - Pensa que o amor só pode acontecer no escuro da noite? Não sabe como é linda à luz da manhã? E que um marido pode desejar sua esposa a qualquer hora do dia?
Ela corou novamente.
- Sim. Talvez isto seja uma coisa a que terei de me acostumar com o tempo.
Os olhos de Harry brilharam mais intensamente e depois ele lhe beijou as mãos.
- Talvez. Mas sobre o que estávamos falando?
- Sobre a África. Você me perguntou se eu estava bem madura para ir até lá.
- Ah! Verdade! Antes de você acordar, eu recebi um telefonema da minha agência, dizendo que surgiram duas vagas no avião para Johannesburgo daqui a três dias. De Johannesburgo poderemos voar para Nairóbi. Daí em diante iremos para onde quisermos: Mombaça, Cairo. O que acha?
- Não posso acreditar que seja verdade. Você quer dizer que viemos até Perth na esperança de conseguir vôo para Johannesburgo?
- Isto mesmo. Mas, afinal de contas, Perth não é um mau lugar.
- Oh! Não! Claro que não! Oh! Harry! Como posso lhe agradecer?
- Não há necessidade disso - disse ele, fitando os lábios dela ao mesmo tempo em que seus braços a enlaçavam.
Beijou-a e, quando sentiu o corpo dela estremecer de encontro ao seu, afastou-se e disse levemente irônico:
- Talvez seja melhor nos controlarmos um pouco. Temos muito para fazer nos próximos dias. O que acha?
- Eu acho que você tem toda razão! - Ela disse rindo e escapando de seus braços.
Com um gesto rápido, enrolou-se completamente no lençol e saiu da cama. Tropeçou, porém no excesso de pano e caiu no chão.
- Ora, nunca consigo fazer uma saída triunfal - ela falou, entre risadas.
Harry riu e a atirou de volta à cama.
- Um diário - disse Ginny. - Preciso de um diário e de uma máquina fotográfica.
Oh! Estou encantada com a África! Sinto-me como se sentiam os primeiros exploradores.
- Verdade? - Perguntou Harry. - Vou providenciar para que você tenha seu diário e sua máquina. Nem sei como esqueci a minha. Deve ter sido o ardor da lua-de-mel.
Ginny corou àquela insinuação e Harry passou o braço casualmente sobre seu ombro.
- Quando é que você vai parar de corar quando digo coisas assim? Vou começar a chamá-la de Rosadinha.
- Ora, não se atreva - ela respondeu, enquanto pensava se algum dia ele perderia o poder de fazê-la corar intimidada.
Ainda lhe parecia inacreditável que aquele homem alto, sofisticado e charmoso, que ora fazia amor com ela, ora a tratava como uma criança fosse mesmo seu marido.
Ginny pensou muitas vezes naquele estranho relacionamento e ocorreu-lhe que não se importava com o fato de Harry tratá-la como a uma irmã caçula. Afinal, de certa forma, aquele tratamento a impedia de se abandonar de corpo e alma nos braços dele, mantinha-a com a cabeça no lugar.
"No fundo, você não admite a idéia de que ele queira passar o resto da vida com você, Ginny", pensava ela sentindo um frio no coração, ante o pressentimento da dor que sentiria no dia em que Harry não a quisesse mais.
Ginny sempre afastava esses pensamentos com determinação e censurava-se para não derrubar de uma vez as barreiras da sua timidez.
A África foi uma verdadeira revelação para ela. Uma sucessão de ricas experiências empalideceu tudo o que Ginny já lera sobre aquele continente. Ela se sentiu realmente como uma criança perdida num mundo fantástico.
Quem poderia ficar indiferente, vendo tudo àquilo pela primeira vez? Zanzibar, por exemplo, tornou-se particularmente querida ao seu coração, era como uma jóia rara em pleno oceano Índico, com suas praias brancas, seu coral, suas lem¬branças do velho tráfico de escravos, sua exótica mistura de raças. Era impossível não se emocionar.
Certo dia; Harry alugou um barco e eles velejaram até uma praia deserta onde nadaram, fizeram um piquenique e depois dormiram no quente mormaço da tarde. Ela acordara com o toque das mãos dele na sua cintura e viu o intenso brilho nos olhos. Reconheceu aquele brilho e sentou-se devagar, olhando ao redor, receosa, e depois começou a tirar a roupa lentamente.
Então aconteceu algo misterioso que a afetou profundamente ao ver seus corpos nus e tão próximos em plena luz do sol. Esqueceu toda a inibição e timidez e pousou a cabeça num dos braços para ver a mão morena e forte de Harry segurar seu seio redondo e firme. Seus olhos adquiriram um fulgor incomum ao contemplar-lhe o peito musculoso, coberto por macios pêlos.
Depois cerrou os olhos, deliciada, enquanto Harry deitava-se sobre ela, sugando os mamilos. Ondas de calor percorriam-lhe o corpo, instigando-lhe os sentidos.
Ginny sorriu, amando ainda mais aquele homem tão forte e viril e, ao mesmo tempo, tão terno. Começou a acariciá-lo espontaneamente, com gestos instintivos, simples, naturais como o sabor levemente salgado da pele dele nos seus lábios.
Naquele momento nada mais existia. O tempo se transformava em eternidade, o silêncio os transportava para um mundo mágico, onde só os dois existiam. Ginny alcançou finalmente aquele estágio de êxtase e prazer perfeito que pressentira na sua noite de núpcias. Quando seu corpo parou de estremecer, ficou absolutamente imóvel, tomada de modo irresistível pela beleza e intensidade do que acabara de viver.
Depois, poderiam ser horas ou apenas alguns minutos mais tarde, ela abriu os olhos e viu Harry fitando-a. Leu nos olhos escuros a certeza de que lhe havia proporcionado o seu primeiro êxtase de amor.
Ele alisou-lhe o cabelo com ternura e disse:
- Ginny, você agora é realmente uma mulher completa.
Uma mulher, enfim! Alguns dias mais tarde, Ginny descobriu que não estava grávida e não pôde evitar lágrimas de desapontamento. Por um instante, juraria que Harry ficara decepcionado também.
A fantasia de Ginny voava longe e ela tinha vontade de saber se sua nova situação de mulher casada e realizada não a teria transformado numa criatura segura e atraente como a loira com a qual vira Harry certa vez.
"Não sei o que acontece comigo", ela murmurou uma noite para si mesma, enquanto Harry dormia. Tenho certeza de que amo Harry e que não poderia ser de outra maneira. Mas estou feliz demais e tenho medo. “Não sei se sou amada.”
Ginny contemplou a imensa lua que pairava sobre Mombaça, até que finalmente adormeceu.
Contudo, apesar da sobriedade de comportamento que adquirira, às vezes ainda criava situações complicadas. Com raiva, perguntava-se se algum dia ficaria livre daquela maldição.
Um novo contratempo aconteceu, algo tão grande que ofuscou todos os outros que já causara e fez Harry perder a paciência, enfurecendo-se com ela pela primeira vez depois de casados.
O dia começara como qualquer outro dia num safári, no coração da África. Havia sido idéia de Harry e Ginny aplaudira entusiasmada.
Ginny acordara cedo naquela manhã radiosa e olhava o céu de um azul profundo, salpicado aqui e ali com fiapos de nuvens róseas. O tempo ainda estava fresco, mas logo ficaria quente.
- Podemos nos juntar a um grupo de turistas e aí teremos muitas mordomias, até vinho gelado - ele dissera. - Ou, se preferir, podemos achar nossa trilha sozinhos, o que é cansativo, mas excitante. O que acha?
- Oh! Vamos sozinhos, Harry! - Ela gritara, empolgada com a perspectiva de aventura. - Já estou acostumada. Andei por muitos lugares assim, com meu pai.
Harry olhara seu rosto iluminado de animação e dissera sério:
- Imagino quanta confusão deve ter havido.
Na ocasião Ginny achou aquela observação pouco gentil e de mau agouro, mas não pensou muito a respeito. Logo a seguir Harry contratou um guia, um homem tranqüilo, com surpreendente senso de humor e grande conhecimento do continente africano e de sua fauna e flora. Sam Carter providenciou todo o equipamento necessário e trouxe dois ajudantes. No espaço de três semanas, já haviam visitado um número incrível de lugares, conhecido vilas e pessoas e caçado muitos animais de grande porte.
A máquina fotográfica de Ginny trabalhava quase ininterruptamente e seu prazer era enorme como a paisagem ao seu redor. Quando apontava sua máquina para o monte Kenya, para as montanhas do Kilimanjaro ou para as margens do imenso e famoso lago Vitória, precisava se beliscar para acreditar que não estava sonhando.
Em todos os lugares onde paravam, Ginny fazia novos amigos, fotografava-os e insistia para que Harry a fotografasse ao lado deles, geralmente cercada de crianças que a chamavam de "Missy Mama".
"Que pena! Hoje é o último dia", Ginny pensou, enquanto ajudava a empacotar suas coisas, após o desjejum. Na manhã seguinte voltariam a Nairóbi e começariam a longa jornada de volta ao lar. Aquela noite faria seu último churrasco, que os africanos chamavam de brai-vleis.
Quem poderia esquecer a magia de um brai-vleis? O aroma convidativo da carne, assando sobre brasas no chão, espalhava-se por todo o ar esfumaçado. O clarão do fogo, ao mesmo tempo que atraía, conservava os animais à distância. Eram bandos de velozes zebras, delicadas gazelas, antílopes, girafas, tantas espécies que Ginny mal podia crer que estivessem tão perto dela. Ela sabia também que os grandes animais, como o elefante, o leão, o búfalo, o rinoceronte, escondiam-se nas sombras e Sam Carter sempre mandava um dos ajudantes ficarem de vigia.
Não, enquanto vivesse ela jamais esqueceria a aventura e a emoção que experimentara na África!
- Ginny, está pronta? Harry perguntou, interrompendo seu devaneio. - Se não está, vai ficar para trás - ele brincou.
- Estou indo - ela respondeu, suspirando, e estendeu-lhe a mão.
O carro deles, um Land-Rover especial para andar na areia, mal tinha andado alguns quilômetros, parou com um pneu furado.
Em meio às imprecações e ao vozerio irritado dos homens, Ginny começou a tirar fotos do trecho em que foram obrigados a interromper a viagem. Assim, ela foi se empolgando com o cenário, com o bando de aves desconhecidas e, quase sem perceber, afastou-se do carro mais do que seria sensato.
De repente, no quadrado de sua câmera, Ginny focalizou um belo e felpudo filhote de leão.
- Oh! Exclamou ela quase sem fôlego e com as mãos geladas, pensando nas complicações que lhe trariam ter se aproximado tanto de um leãozinho.
Subitamente, Ginny percebeu que o mais absoluto silêncio reinava ao seu redor e, para sua surpresa, encontrou-se fitando os enormes olhos amarelos de uma imensa leoa.
"Meu Deus; o que faço agora", ela pensou, desorientada.
Mas naquele momento ouviu a voz de Harry às suas costas.
- Ginny, caminhe de costas! Não se vire!
Gotas de suor gelado desceram-lhe pelas costas quando a leoa soltou um grunhido lamentoso e assustador.
- Continue recuando, Ginny! Era a voz de Sam Carter que a orientava agora.
Pareceu uma eternidade, mas ao fim de alguns minutos ela alcançou a área segura onde o Land-Rover estava parado. Os dois empregados negros ajudaram-na a entrar no carro, pois suas pernas recusavam-se a obedecê-la.
Harry e Sam aproveitaram uma breve distração da leoa, enquanto ela se ocupava do filhote, e recuaram rapidamente para junto do carro também.
Ginny enxugou o suor do rosto e foi acometida de tremores incontroláveis.
- Sua tola - disse Harry, com os olhos fuzilando de raiva. - Você parece idiota! É uma irresponsável! Será que nunca terá bom senso? Três semanas num safári e ainda não aprendeu a regra básica: jamais ande sozinha por aí! Ele a sacudiu pelos ombros. - Não posso despregar o olho de você nem por um instante; não só colocou sua vida em perigo, mas a de todos nós. Você nunca pára para pensar!
Ginny o olhava com lágrimas pelo rosto.
- Desculpe, desculpe - dizia desesperada. - Estou ficando enjoada. Não me sacuda mais.
- Desculpe? - Ele disse com desprezo. - É tudo que diz na vida. Também estou enjoado de você.
Não suportando mais a tensão, ela desmaiou. Depois daquilo, a raiva e a revolta de Harry pareceram diminuir e ele molhou uma toalha e começou a molhar o rosto de Ginny, como se ela fosse uma criança.
Todos aqueles acontecimentos empanaram o dia que começara tão esplendoroso embora nenhum dos dois mencionasse o acidente.
Ginny foi se deitar cedo, com o coração oprimido, sentindo-se incrivelmente fraca. Rolou na cama de um lado para o outro, sem conseguir conciliar o sono. Escutava as vozes de Harry e Sam, que ainda conversavam.
- Homem! - Sam disse. - Os leões são criaturas estranhas. Eu poderia escrever um livro sobre eles. Sua mulher teve sorte.
- Ginny parece atrair problemas. Também acho que poderia escrever um livro sobre isto.
- Olhe, tive medo pela vida dela, de verdade. Mas ela não fez por mal.
- Ah! Ela nunca faz.
- Você foi muito duro com ela, pobrezinha. Ginny é uma ótima pessoa. Sei o que estou dizendo! Precisa é de filhos. Nasceu para ser mãe, a nossa "Missy Mama"!
Fez-se silêncio por um tempo e, então, finalmente Ginny ouviu a voz de Harry.
- Ela é muito jovem. Acho que seria mais acertado esperar um pouco.
Ginny esforçou-se para ouvir mais, porém não conseguiu e, como estava cansada após aquele dia desgastante, adormeceu profundamente. Acordou na manhã seguinte bem cedo e deparou com Harry já desperto e a observá-la atentamente, com a cabeça apoiada numa das mãos.
- Vamos fazer as pazes? Amigos outra vez?
Ela engoliu um nó na garganta e murmurou, aliviada:
- Oh! Sim! Sim! Por favor, Harry!
N/A: Olá! Vejo que todo mundo adorou a idéia da fic ter mais capítulos.
Anna Weasley Potter quem não quer um marido desse? Falando aquilo tudo na lua de mel.
Bianca realmente já não se faz mais homens como esse! Olha que meu professo de física disse que homem vai entra em extinção, então quem tiver os seus que segure!
Lih Freitas quer bom que você esta gostando da fic espero que continue acompanhando.
Quézia não sei se vocês vão continua querendo um marido como esse depois desse capitulo. O Harry foi meio grosso, mas coitado ficou com medo de pede a Ginny.
Dhanny não se preocupe até o final da fic você descobre qual é a do Harry (risos).
NATALIA REIS quando eu vir que a fic ia ter mais capítulos eu mi lembrei de você, que bom que seu sonho foi realizado (risos). E o Harry que homem!(suspira)
Beijos e obrigada pelos comentários e até.
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