A ruiva
-Talvez fosse melhor você largar esses livros, antes que eles engulam você – Eu ouvi uma voz dizer para mim na biblioteca, quando eu tinha acabado de fechar um livro que, só notei tarde demais, tinha dentes, e havia tentado arrancar um braço meu.
Me virei e me deparei com o Nate, que segurou o livro com força, já que ele estava tentando abrir de novo, e o fechou com aquela fita de couro que o atava. Então eu sorri e ele me deu um beijo na testa, me ajudando a carregar o monte de livros que selecionara pra ler até a minha mesa.
-Tá fazendo um dia lindo lá fora, sabia? – Ele falou entediado, olhando pelas janelas. Eu só respondi com um distraído “hun”, enquanto virava a página de mais um livro, sem tirar os olhos dele.
-Talvez fosse um bom dia pra você aprender quadribol – Ele disse e eu finalmente tirei os olhos dos livros, olhando-o. Ele tinha uma expressão infinitamente inocente no olhar, mas eu sabia o que se passava por trás daqueles olhos dourados. Eu sabia o que se maquinava naquela mente diabólicamente maquiavélica.
Claro que sabia, venho passando muito tempo com ele. Ele começou a andar com agente, e as meninas não pareceram se importar nem um pouco de ter um menino gato (e gay) muito amigo no grupo.
-Me ensinar quadribol? O que está tramando, Nathaniel? – Ele fez aquela careta de novo, e eu quase ri vendo o nariz dele franzir.
-Se você quer mesmo conquistar o Potter, talvez devesse começar entendendo ele, e seria bom começar isso pelo esporte preferido dele: o quadribol – Ele disse me olhando, mas eu entendi que ele queria algo mais. Mesmo sendo batedor da lufa-lufa, Nate não era tão obcecado assim para tentar me ensinar quadribol.
-Primeiro: quem disse que eu quero conquistar o Potter? Segundo: Por que quer tanto me ensinar? - Ele então revirou os olhos e se debruçou sobre a mesa, falando bem baixo.
-O Potter e Daniel estão lá. Só que Daniel não entende nada de quadribol, ele ficaria furioso de me ver ensinando á você. E o Potter iria ficar com ciúmes, já que eu pretendo deixar nossa intimidade de amigos bem visível - Certo, Nathaniel, você consegue ser um gênio.
-Certo, Nathaniel, você consegue ser um gênio – Eu repeti meu pensamento e ele sorriu maliciosamente – Mataríamos dois coelhos com uma cajada só.
Ele piscou para mim.
-Isso quer dizer que aceita, Srta. Evans? – Ele me perguntou se levantando e estendendo a mão para mim, galanteador. Eu ri.
-Nunca pensei que diria isso, mas vamos logo para o campo de quadribol.
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-Tá, primeiro eu vou ter que te ensinar a voar – Eu fiz uma careta – Tem medo de altura? – Ele perguntou e eu fiz que não com a cabeça.
-É trauma. Caí de cabeça de um trepa-trepa de parquinho quando era pequena – Ele riu.
-Só relaxa. Você confia em mim, não confia? – Eu fiz que sim com a cabeça, trazendo a vassoura para perto – Então vem – Os olhos dele então me indicaram o local mais ao lado, onde o Potter estava acertando goles nos aros como um louco. Certo, até eu sei que ele é apanhador, não tem nada a ver com goles O_o
E o Daniel está na arquibancada. Engraçado que os dois parecem estar olhado pra gente, agora que o Nate se posicionou atrás de mim e colocou a vassoura pelo meio de nossas pernas. E quando ele colocou a minha saia para baixo, já que ela levantara um pouco na coxa. Claro que eu estava com um short por baixo, mas eu infelizmente não tinha calças limpas, então fui assim mesmo.
-Lá vamos nós – Ele disse e impulsionou o chão, e eu senti meus pés deixando o chão. A terra firme que por todos esses anos me agüentou. – Relaxa, Lily, eu já disse. Segura na vassoura porque eu vou subir um pouco mais, ta? – Ele estava visivelmente preocupado com o meu pavor de altura, mas eu sorri para ele, me virando para trás.
-Eu confio em você, mesmo. Pode subir – E, de um jeito doido, eu perdi o medo quando ele subiu um pouco mais. E aquele vento no meu rosto era a sensação mais... Gostosa do mundo. Acho que ele notou que eu estava bem, porque subiu mais e começou a voar com velocidade por cima do campo, enquanto eu ria.
Ele começou a rir também. Deu mais algumas voltas no campo, só para ter certeza de que eu tinha perdido completamente o medo, e então desceu para o lugar onde estávamos anteriormente, desmontando da vassoura.
-Isso foi ótimo – Eu disse rindo e ele ria também. Ele então me abraçou firme e eu revirei os olhos.
-Começando o plano para deixar o Potter com ciúmes? – Eu perguntei e ele deu uma risadinha.
-Não foi pra isso que você veio aqui? – Ele perguntou me dando um beijo no rosto.
-Não. Foi mais pra ver o Daniel com essa cara de idiota, e você com essa cara de bobo feliz por ter conseguido me fazer perder o medo de altura – Eu repliquei enquanto Nate sentava-se na grama ao lado de uma caixa grande de madeira.
-Ok. Agora vou te ensinar as regras do quadribol, apesar de que eu acho que você já saiba várias delas – Eu assenti e me sentei também.
Só saímos do campo final de tarde, o céu já alaranjado pelo início do pôr-do-sol. Nate tinha ido levar a caixa com as bolas dentro de um depósito, e eu estava sozinha esperando-o.
Foi aí que eu vi o Potter saindo do vestiário masculino, o cabelo meio molhado. Ele foi se dirigindo á mim, e eu fiquei rezando baixinho para que Nate chegasse logo. Porque eu não sei o que vai acontecer agora.
-Lily, eu preciso falar com você – Ele me disse quando chegou perto o suficiente para isso. Como que ele consegue ser tão... Tão...
E, do nada ele me abraçou forte pela cintura, me erguendo do chão por alguns instantes, e então me beijando, como se sentisse...
Como se sentisse saudades.
-Merlin, quanto tempo eu esperei por isso? – Ele disse quando se separou de mim, colando as nossas testas, ofegante, um braço possessivo ainda em volta da minha cintura. Eu ainda estava meio tonta por causa do ímpeto com o qual ele me beijou, mas tive como perguntar;
-E por que não o fez? – Ele riu e me beijou de novo, urgente. Eu só acompanhei, mas não correspondi muito não. Não podia dar pra ele o gostinho de ficar se gabando depois, acabando por me machucar.
-Achei que você não gostasse – O Potter falou e eu ri.
-Eu disse que estava gostando? – Perguntei e foi a vez de ele rir, me beijando novamente.
-Você não reclamou - Claro que não. O corpo dele ta todo colado e pressionado contra o meu pobre corpo, que agora já pedia por ele. Maldito corpo traidor.
-Cansei de reclamar, não adianta de nada – Respondi de olhos fechados, assim como ele, só ouvindo a respiração descompassada.
Então ele pegou um papel no bolso com a mão livre e se afastou de mim. E eu notei que ele vestia amarelo.
E estava absolutamente adorável com um uniforme um pouco justo para ele, jogando a capa preta no chão.
E então eu reconheci o papel que ele tinha nas mãos.
-O que você está fazendo com iss... – Ele então me beijou, me deixando sem fôlego.
-Dez motivos para odiar lufas-lufas, por Lily Evans e James Potter. – Ele começou a ler e eu a andar atrás dele, mas ele apenas recuava, rindo.
Peraí.
Daonde esse “e James Potter” aí?
-Porque eles ficam dando em cima da pessoa que você gosta. E fazem você notar que não gosta nada nada disso. – Eu corei ouvindo o que eu escrevi, enquanto ele arqueava uma sobrancelha. Mas vi então que ele estava incorporando aquilo para ele.
-Dois, porque eles são irritantemente legais. O tempo todo. E fazem você perceber que não o é.
“Porque eles querem abraçar quem gostam á toda hora, e ficam querendo ajudar essas pessoas também. Só que você começa a perceber que não quer que eles abracem um certo alguém, e não entende muito o porquê disso.
4 - Porque eles fazem você querer ficar tão bem quanto eles vestindo amarelo.
5 - Porque eles são tão lufos que até o/a Potter/Lily acha impossível odiá-los por mais de cinco minutos. Isso que ele/a (me) odeia o Snape, que nunca fez nada pra ele/a.
6 - Porque eles podem ser incrivelmente dissimulados. E falsos.
6.1 - E gays.
7 - Porque eles parecem querer competir com você pela atenção de uma certa pessoa. Tipo, não que você vá competir por uma coisa idiota dessas. Mas eles fazem você ter vontade de fazê-lo, o que é pior ainda
8 - Porque eles tocam o/a Potter/Lily constantemente. E, de um jeito estranho, você começa a desejar que eles parem.
Imediatamente.
9 - Porque eles são perfeitos, e estão em perfeita harmonia e sintonia com todas as coisas vivas, e todo mundo acha isso lindo. E você não. Porque isso te irrita profundamente, já que você sente que é tudo fachada deles. E por isso, você é taxada/o de errada/o, anti-social e recalcada/o.
10 - Porque eles fazem você querer chamar tanto a atenção do/a Potter/Lily quanto eles chamam.
10.1 - Mesmo que você não saiba bem o que isso significa.
10.2 - E mesmo que você saiba que nunca conseguiria.”
- Décima primeira e última: Porque eles fazem você se vestir de lufos, para ver se, por alguns míseros segundos, você consegue chamar tanto a atenção da Lily quanto eles, e talvez fazer com que ela se interesse por você tanto quanto por eles – Notei então que ele estava vermelho, e que segurava o pergaminho com uma força maior do que a necessária.
Ele então olhou para mim e coçou a cabeça, incerto. Deu um sorrisinho envergonhado, e eu não pensei mais. Inclinei o meu pescoço e o beijei lentamente, entrelaçando meus dedos naqueles cabelos bagunçados, que eu notei agora que tanto queria tocar. E eram macios, apesar de bagunçados.
-Isso quer dizer que eu posso ser membro do seu clube odiadores-de-lufas? - Ele perguntou olhando para mim com um sorriso besta no rosto, e eu sorri bestamente também.
-Pode ser membro honorário. É só tirar essa roupa ridícula – E então ele me ergueu no ar novamente, me pressionando contra ele e me beijando, enquanto os meus dedos tiravam os botões da blusa de suas casas, expondo o torso bem-feito e bem-trabalhado dele, sob seus risos.
Quando olhamos para trás, lá estava Nate na porta do tal do depósito, beijando um outro garoto que eu não consegui distinguir quem era. E eu notei que ele tava com um uniforme vermelho, mais largo que ele.
Bom, só posso dizer que ele foi nossa “madrinha”. E que eu acho que não odeio mais os lufos.
Mas isso é outra história.
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Uhn... A continuação da Irrésistible já vem, tá? Beeijos ;**
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