O loiro
Por Lily Evans
Sempre gostei de lufas-lufas. Incrível, não?
Claro, é simplesmente impossível não gostar deles. São todos amáveis, gentis, leais, sempre prontos para te ajudar, cordiais, tem até alguns inteligentes. São estudiosos, não tanto quando os corvinais, mas são dedicados. São carinhosos e amantes da natureza, manifestada em animais, plantas, ou qualquer outra coisa viva.
Hunf
Simplesmente impossível não gostar deles?
Conta outra.
Eles são bem venenosos. Manipulados, dissimulados. É até capaz de serem piores ainda que os sonserinos.
Quer saber como eu sei de tudo isso?
Bom, aí vai o meu relato...
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James, Remo e Sirius estavam sentados á sombra de uma árvore grande, á beira do lado. Era quinta feira, os exames já haviam passado, então a maioria dos alunos aproveitava para descansar daquela bateria de provas na beira do lago, com todo aquele calor de março.
Eu estava na beira do lago também, com as minhas amigas, sentada com os pés para dentro d’água. O sol estava escaldante, mas eu convencera as meninas que aquele lugar era o melhor lugar para se ficar com todo aquele calor. Porque era mais perto da água, batia um ventinho agradável (e quase inexistente). Mas aquilo tudo, todas aquelas desculpas tinham um só objetivo:
Enganar as meninas sobre o meu real objetivo.
...
Qual era?
... Hun...
Espiar o Potter? QUEM VOCÊ PENSA QUE EU SOU? Ò.Ó
Estou... Hun... Observando ele. Só isso.
De repente um lufa-lufa, bonitinho até, se aproximou dos Marotos. Imediatamente James Potter abriu o maior sorriso que já vi abrirem na face da terra, daqueles que faz o tempo chuvoso ou até uma tempestade se transformar em um dia ensolarado e feliz, sem nenhum sinal de nuvem no céu, e fez sinal para que o garoto sentasse ao lado dele.
Rangi os dentes e cerrei as mãos com força.
-Algo errado, Lily? – Marlene me perguntou, tentando localizar o local que eu observava. Quando viu, deu um sorrisinho.
-Ah, é mesmo. Aquele garoto é lindo. – Ela deu um suspiro – Um pedaço de mau caminho. Pena que seja gay. – Ela completou, e minha cabeça virou.
Pena que seja gay.
Pena que seja gay
Pena que seja gay
-Gay? – Eu falei baixo e observei-o conversar animadamente com o Potter, os olhinhos castanhos bem claros brilhando, eu conseguia ver ao longe. Mas o Potter não parecia notar, continuava falando e falando, provavelmente sobre algo fascinante como quadribol.
Só que os olhinhos daquele maldito estavam brilhando. O Potter podia não se dar conta disso, mas eu me dava. Bufei.
-Que atrevido! – Sussurrei pra mim mesma ao vê-lo roçar o braço no braço do Potter.
Num ímpeto de fúria me levantei, peguei meus sapatos e fui andando com passos duros até o colégio, sem dar explicações á ninguém.
Me dirigi diretamente ao banheiro dos monitores, pensando em tomar um banho enquanto os elfos de plantão lavavam a minha roupa, que estava suja com o barro molhado da beira do lago. Entrei no banheiro e abri as torneiras. Então, na doida, me joguei dentro da banheira.
Foi aí que a porta do banheiro se abriu e eu me afundei na água, fazendo um feitiço cabeça de bolha pequeno. Ninguém podia me ver ali, não naquele estado, com a blusa transparente. Mas também fiquei curiosa com os sons que escutei, mesmo por debaixo d’água. Eram suspiros, gemidos e... Bom, o estranho é que não notei nenhuma voz feminina.
Dois pares de pernas entraram na água, nus. Então eu vi que não eram pernas de garota alguma. Eram dois garotos mesmo.
Não que eu achasse... Anormal, ou estranho. Sempre fui bem cabeça aberta nesses assuntos. Só que eu estava escondida, e não podia sair dali. Resolvi fechar os olhos quando começaram a descer mais na banheira, ficando cobertos de água até as cinturas.
Fiquei quietinha, ouvindo os gemidos, suspiros e corpos se chocando. Logo dois gemidos mais longos, e eu sabia que tinha terminado. Ouvi uma voz rir.
-Não vejo a hora de catar aquele Potter... – Certo, algo no meu estômago rugiu. Eu estava de costas para eles, mas se não fosse o meu bom-senso eu me viraria para brigar com os malditos
...
Porque?
Oras, não me venha com uma pergunta boba dessas agora! Me deixe ouvir o que eles tão dizendo!
-Mas o que te impede? Ele parece bem aberto para experiências novas - O outro falou com voz insinuante, risonha. Os dois se sentaram na borda da banheira, pelo que eu ouvi com a movimentação da água. Me virei para eles, e só vi pés balançando dentro da água.
AHÁ! Eu sabia que conhecia essa voz! É aquele garoto que tava com o Potter hoje! Ele senta do meu lado na aula de História da Magia!
Continuei ouvindo.
-Depois você me explica o porque, eu tenho que ir, lembrei que tenho aula de transfiguração agora – O outro, que não era o menino que dá em cima do Potter, falou isso rápido, pelo barulho deu um beijo no outro e catou as roupas, vestindo e indo embora.
O menino que dá em cima do Potter então deu um suspiro. E eu notei que até a minha bolha de ar estava quase sem oxigênio, e que não agüentaria mais muito tempo ali. Logo tentei emergir o mais silenciosamente o possível, mas não deu certo. O garoto já tava vestido com a calça, mas viu a cabeça vermelha saindo da banheira.
-Evans? O que faz aqui? – Eu fiquei mais corada que um pimentão.
Oh droga >.<
-Eu entrei pra tomar um banho e mergulhei, e daí vocês entraram no banheiro, e eu não soube o que fazer, daí eu resolvi ficar quietinha, fechar meus olhos e não atrapalhar, porque seria constrangedor tanto pra vocês dois quanto pra mim – Eu despejei tudo rapidamente e fechei os olhos de tão envergonhada – Me desculpe, na hora eu pensei ser a melhor coisa á fazer.
O garoto então se agachou na borda da banheira, ainda com o cinto pendendo e a calça aberta, olhando pra mim de um modo... cínico?
-A Santa Evans, sempre pensando no bem de todos... – Ele cuspiu aquilo, e eu fui ficando indignada de novo – Não sei o que James viu em você, menina, mas eu estou prestes á fazê-lo esquecer isso, seja o que for – Ele me disse venenoso, e uma coisa rugiu no meu estômago novamente. Mas eu fiquei um tanto indignada, um tanto triste e um tanto confusa.
Indignada porque: Oras, quem ele pensava que era? Pra falar comigo assim, falar do Potter assim? Qual era a dele?
Triste porque: Sinceramente eu não sei. Mas... Vai que o Potter realmente se envolve com esse menino? Vai que ele pára de me encher o saco nas aulas com bilhetinhos insinuando que eu sairia com ele no próximo feriado de Hogsmeade? E se ele não tentasse mais roubar beijos meus no café da manhã?
Ou pior: E se ele se agarrasse com esse garoto venenoso e dissimulado na minha frente, e na frente de todo mundo?
Mas... Porque eu to pensando isso?
Confusa porque: Certo, qual é a minha de ficar triste e indignada? Isso não tem lógica. Eu deveria só dizer pra esse loiro barbado de uma figa que o Potter é todo dele.
-O Potter não viu nada em mim, ele está só fingindo, como sempre – Eu disse gaguejando, e ele riu, se sentando na borda da piscina, me encarando com aqueles olhinhos castanho-claros que até me pareceriam inocentes, se eu não soubesse da maldade que ele tava carregando dentro de si.
-É, eu sei. Sempre soube que aquilo era só fachada – Ele pegou um chocolate no bolso de trás da calça e abriu com os dentes, mordendo. E então me ofereceu uma mordida, a qual eu recusei – Você não é afim dele, é? – Ele me perguntou e eu fiz que não com a cabeça rapidamente – Ótimo.
-Hum... Porque? Se eu fosse, o que você faria? – Ele me olhou seriamente e eu me retratei rapidamente – Digo, falando hipotéticamente.
Ele deu outra mordida no chocolate, pensativo.
-Eu acho que eu acabaria com você. Sabe, além de ser um desperdício ele ficar justamente com você, eu sei de mais usos que ele teria para mim do que para você. Ou seja: Eu faria melhor uso dele. – Ele me disse e aquela coisinha que rugia no meu estômago deu uma cambalhota uma pirueta e resolveu brincar de amarelinha.
E eu fiquei com raiva do garoto. Não sei por que.
-Certo, hun... – Eu disse me contendo, afinal, grifinórios são seres de sangue-frio perante qualquer coisa – Será que você pode sair, pra eu poder sair também? – Ele riu.
-Você acha realmente que algo que esteja aí me interessa? Sai logo e não enche o saco, menina – Ele disse e eu bufei, saindo, enquanto ele me entregava uma toalha rapidamente.
Sequei a minha roupa com a varinha e saí correndo dali, sem me preocupar se ele ia me achar uma covarde ou não.
Afinal, quem comandava agora era a minha raiva.
Que vinha não sei de onde, não sei por que, não sei pra quê. E assim que eu me dei conta disso ela sumiu, se esvaindo como a água quando você destampa o ralo. E a raiva deu lugar mais uma vez á confusão e a uma tristezinha rasa, que me preenchia lentamente.
E se eu visse o garoto se agarrando com o Potter? E se eu parasse de pensar besteiras?
Certo, isso basta pra vocês terem uma noção do que tava se passando pela minha cabecinha ruiva.
Continuei andando pelo colégio sem rumo até que ouvi alguém me chamar.
Mentira, essa pessoa tava se esgoelando pra gritar o meu precioso nome.
-O QUE É? – Eu berrei de volta e me arrependi assim que vi quem que tava gritando o meu nome.
O Potter tava com meus sapatos nas mãos, acenando pra mim.
-Lily! Lily o Daniel me deu os seus sapatos pra eu entregar – Ele disse se aproximando de mim, e pelo jeito eu to com cara de muito confusa – Sabe, eu não sei bem porque ele fez isso, já que ele é tão legal que você não brigaria com ele – Ele coçou a cabeça, parecendo uma criança – Mas sabe – Ele me segredou – Eu acho que ele acha que você odeia ele. Você não o odeia, né Lily?
Certo, o que foi isso?
Certo[2], o que foi isso no meu estômago?
Como assim ele é tão legal que eu não poderia odiar aquele bando de venen... – Ah, não, claro que não – Ele então deu um sorriso aliviado, muito animado, com malditos olhinhos brilhando.
Oh céus, não.
Não, por favor, não.
Ele não pode estar...
-Ah, que bom, porque eu não me perdoaria se a minha futura namorada não gostasse do meu mais novo amigo – Ele piscou para mim e eu, não sei por que, me aliviei, e sorri também.
Inconscientemente, claro.
Mas ele não pareceu notar, porque tava olhando fixamente pra algo que tava atrás de mim.
-Ah, Daniel! Que sorte encontrar você aqui! – Ele foi ao encontro do outro rapaz, e me deixou sozinha.
Sozinha.
Eu olhei para trás e vi o Potter abraçado com o outro garoto, e o tal do Daniel agarrava o pescoço dele como se eles fossem Romeu e Julieta no ultimo momento de vida. Eu só me virei e segui o meu caminho, que era o contrário daquele, segurando a enxurrada de duvidas que se instalaram na minha mente. E fui tomar um banho descente no dormitório feminino da grifinória.
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Tá, tá, eu sei. Mais uma, e deixando a good girl gone bad de lado. mas é que eu tive essa idéia do nada, no banho. E tips, n é fácil assim. Sequei de idéias pra Good Girl. mas logo vem, não se preocupem.
Por enquanto se contentem com o relato da lily. Beeijos ;**
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