A GAROTA
Capítulo 7
– A Garota –
– Vamos resolver isso do modo rápido. – Comandou a Sra. Weasley. – Arthur, vá com os gêmeos e Percy. Eu vou com a Gina e Harry acompanha Rony e Hermione. Nos encontramos na hora do almoço em frente à Floreios e Borrões. Vamos!
Eles se separaram, Hermione e Rony com os olhos grudados em Harry, como se num segundo de distração batesse um vento e Harry Potter desaparecesse.
Harry distraidamente vagava os olhos pelo Beco. Nada mudara desde o ano anterior, e mesmo assim tudo estava diferente. Na última vez em que estivera ali, ele era um menino assustado com sua nova condição. Agora era um Vampiro Completo, que já tinha mordido um humano, estudara magia por um ano, enfrentara o assassino de seus pais, solucionara um mistério, descobrira que era um ser maligno e passara uma semana numa floresta onde o índice de sobrevivência era quase nulo.
Não era o mesmo, afinal.
– Olha, doces! – Sorriu Hermione, e correu para a vitrine.
Harry sorriu docemente, sentindo que nada no mundo poderia ser melhor que aquela garota. Às vezes agindo como uma adulta, às vezes se comportando como uma criança, ela era sua noção de justiça. Se Hermione lhe dissesse que respirar era errado, ele pararia na hora. Era como se toda a sua vida se conhecessem, e não havia dúvidas ao lado dela. Na verdade, havia alguma outra coisa...
– Gringotes! – Exclamou Rony. – Mamãe nos mandou passar em Gringotes antes!
O sorriso de Hermione se transformou numa careta, e Harry riu dela. Juntos, os três entraram pelas portas do imenso edifício de mármore, e se aproximaram de um duende.
– Por favor, eu gostaria de tirar um pouco de dinheiro de meu cofre – Pediu Harry, educadamente.
Hermione e Rony o seguiram no vagonete, a menina tampando os olhos. Algo que Harry descobrira sobre ela é que era viciada em doces, e tinha horror de alturas. O vagonete parou, e Harry usou sua chave para abrir o cofre.
Os amigos exclamaram, surpresos, mas Harry não se demorou muito. Passaram no dos Weasleys, e aí sim as coisas pioraram muito.
Harry sabia que os Weasleys não tinham muito dinheiro. Na condição de Vampiros eles não passavam fome, logicamente, e podiam viver até que bem. Mas o Sr. Weasley não ganhava muito em seu departamento, e tinha sete filhos e uma mulher para sustentar. O cofre se revelou quase vazio, com apenas algumas moedas no fundo. Rony pegou um punhado delas, com as orelhas vermelhas de vergonha, e as enfiou nos bolsos, saindo tão rápido que Hermione nem tivera tempo de se levantar do vagonete.
Voltaram, pois a garota não tinha cofre algum, e ela tirou um bolo de notas humanas, iniciando uma troca de moedas com um dos duendes do balcão.
Depois de receber uma quantidade considerável de dinheiro vampiro, Hermione os acompanhou para fora do banco.
E não perceberam que Rony tinha deixado parte de seu orgulho dentro do pequeno e escuro cofre dos Weasleys.
Harry e Hermione compraram vestes (onde ele se divertiu discursando baixo como ela ficaria bem com uma saia que parecia não ter pano o suficiente para fazer um lenço), o trio comprou ingredientes de poção, penas, tinta, Hermione comprou um punhado de doces, Rony passou longos momentos escolhendo vestes do seu tamanho numa loja de artigos de segunda mão, compraram potes e frascos para substituir os quebrados, perdidos e inutilizados.
Harry passou longos momentos se decidindo, antes de comprar um par de luvas de Quadribol (ele usava um par de luvas emprestado de algum apanhador anterior para jogar), e Rony passou doze minutos, contados, babando sobre as vestes oficiais do Chudley Cannons.
– Floreios e Borrões – Sorriu Mione, depois do longo passeio. Agora eles já estavam carregados de sacolas e pacotes. Harry apanhou as sacolas dela, e a garota correu para dentro da livraria com tanta expectativa quanto correra para dentro da loja de doces.
Harry e Rony deixaram as compras perto das compras dos Weasleys, e perceberam como o lugar estava incomodamente cheio.
– Parece que tem alguém lá na frente, dando autógrafos – Percebeu Rony, examinando a fila excitada que se formava na livraria. Harry apontou um cartaz.
Seção de Autógrafos com GILDEROY LOCKHART.
– Eu não acredito – Gemeu Rony.
– Crianças, venham aqui! – A Sra. Weasley tinha um grande dom para surgir do nada, e eles perceberam que ela e Gina já haviam tomado seus lugares na fila. A menina segurava um caldeirão velho cheio de livros rotos de segunda mão. Ela também estava corada.
Harry se aproximou de Hermione, que já trazia a pilha de livros exigidos pela escola e resolutamente adicionava mais alguns. O moreno puxou a escada de correr que ficava presa na prateleira. Subiu alguns degraus.
– Que está fazendo? – Riu Mione.
– Ora, ora, Mione. – Sorriu ele. – Nunca te contaram que os melhores ficam no alto?
E iniciou a subida pela escada. A cada degrau, títulos mais e mais interessantes passavam por seus olhos. Por fim chegou ao topo, e pôde ver os olhinhos preocupados de Hermione o fitando lá do chão. Ele examinou a última carreira de livros da prateleira, e pegou um exemplar empoeirado. Sorriu, e desceu rapidamente.
– E então? – Ela perguntou.
– Este.
O exemplar era de uma cor parda, indefinida pela quantidade de pó que o cobria. Parecia velho, mas não usado. Hermione espanou o pó da capa e leu o título. Seus olhos brilharam.
– Os melhores – Riu o garoto. – Estão sempre lá em cima.
Horas se passaram dentro da livraria, até que os Weasleys chegaram defronte ao tal Gilderoy. A primeira coisa que se via era os cabelos louros, platinados e bem cuidados. Ele tinha olhos intensamente azuis, um rosto lindo, e um corpo condizente à sua face. Parecia ser o mais belo Vampiro existente, e quando sorriu, seu sorriso quase ofuscou os olhos de Harry, de tão brancos e reluzentes. Duas mulheres Weasley e uma garota Granger se tornaram perdidamente apaixonadas por aquele homem, na hora. O resto dos ruivos ficaram com ciúmes e raiva, e um único Potter descobriu que odiava aquele homem quase tanto quanto Snape.
– Vejam quem está aqui! – Sorriu novamente Lockhart, exibindo aquelas coisas espelhadas que chamava de dentes. Ele puxou Harry pelo braço. – Harry Potter!
Sussurros agitaram a multidão. Todos pararam o quê estavam fazendo. Harry fazia força para não fechar a cara. Aquele olhar de paixão desenfreada que Mione lançava para o homem não estava ajudando.
– Vejam só, meus amigos. Eu escondi esta notícia até agora, mas acho que está na hora de contar! Eu, Gilderoy Lockhart, autor de Férias com Bruxas, e Conversando com Lobisomens, serei o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas de Hogwarts!
Aplausos entusiasmados e admirados agitaram a livraria. Hermione e Gina se abraçaram em comemoração. Rony, Percy e os Gêmeos deixaram seus queixos caírem. Harry quase gemeu.
– Vamos, vamos! – Sorriu o homem para um homenzinho carregando uma câmera antiquada. – Uma foto pra o Profeta Diário, não? Que tal eu e meu amigo aqui na primeira página? Sorria, Harry!
A intimidade relâmpago do professor o irritou. Ele não fez questão de sorrir para a foto, mas pelo menos algo ele tirou disso.
– E para ele e seus amigos, todos os meus livros, autografados, totalmente grátis! – O homem apanhou pilhas de seus livros e deu para os Weasleys, Hermione e o próprio Harry. – Até Hogwarts!
– Eu te agradeço, ou rio da sua cara? – Perguntou Rony para o Vampiro moreno, enquanto saiam da livraria.
– Se fizer qualquer um dos dois, eu vou te transformar em ex-Weasley. – Advertiu Harry.
– O quê seria um excelente lucro, não é mesmo?
A voz fria e sem graça de um Malfoy chegou até os ouvidos dos garotos. Lúcio Malfoy, acompanhado de Draco, surgiu defronte a eles. O homem sorriu desdenhosamente.
– Ora, ora, ora – Riu-se. – O quê temos aqui? Materiais novos?
Ele apanhou um livro qualquer, dos de segunda mão, que Gina tinha dentro do caldeirão que carregava.
– É lógico que não – Desdenhou ele. – Para um Weasley, algo novo, só se um parente próximo morresse...
Draco iniciou um riso sem alegria, apenas sarcasmo e troça. No melhor estilo Duda Dursley.
– Malfoy, dê o fora daqui.
O Sr. Weasley parecera um homem amável, sorridente e tranqüilo, fascinado por humanos e seus objetos. Mas aquele tom de voz não deixava dúvidas que ali estava um Vampiro adulto, defendendo sua família.
– Ora, Weasley, não tinha te visto! – Disse Lúcio. – Como vai o departamento de... hã... defesa dos vermes?
– É Departamento de Controle de Mau Uso de Artefatos Humanos – Corrigiu o Sr. Weasley. E ainda não devolveu o livro de minha filha.
– Ah, que distração a minha. – O homem colocou cuidadosamente o livro dentro do caldeirão, junto com os outros. – Sei o quanto isso lhe custou, Weasley, então é melhor devolver com cuidado, não?
Os dois se encararam. Olhar contra olhar, nada de amigável entre eles.
– Muito bem, já chega... – Começou a Sra. Weasley, preocupada. Ela estendeu a mão para afastar o marido. Mas Malfoy agarrou-lhe o braço.
– Não se meta nisso, mulher.
A próxima reação foi tão rápida, tão incrivelmente forte, que todos exclamaram. O Sr. Weasley dobrara cuidadosamente sua amabilidade, a colocara no bolso, e metera um gancho de direita diretamente no nariz de Lúcio Malfoy.
– Pai, você é meu herói – Disseram os Gêmeos, em uníssono. Harry riu, enquanto Rony girava um cálice de sangue distraidamente.
O pai defendera a honra da família, como um perfeito Grifinório. Não se importara com dinheiro, hierarquia ou poder, e derrubara Lúcio Malfoy em pleno Beco Diagonal.
Mas afinal, tudo era culpa do dinheiro. Rony suspirou. Os Weasley eram uns fracassados. Tão antigos quanto os Potters e os Longbottons, mas jamais conseguiram manter o dinheiro nos bolsos. Todos fracassados, derrubados pela vida, sem nenhum pingo de dignidade. Capachos dos nojentos enricados, das poderosas famílias influentes.
Gina era um exemplo. Ela era inteligente, e sem dúvida se tornaria belíssima nos próximos anos, mas que podia ser, no futuro? Mais uma fracassada Weasley. Talvez ela casasse, com alguém rico. Podia ter dinheiro, era a esperança da família. Mas só ela.
Então Percy colocou uma gaiola em cima da mesa. Uma bela coruja parda piscou lentamente para ele.
– Este é Hermes. – Apresentou o irmão mais velho.
– Você ganhou um pássaro? – Perguntou Jorge. – Uma coruja? Porquê?
– Porque ele se tornou o mais novo Guardião de Hogwarts da família! – Explicou a Sra. Weasley, cheia de orgulho.
Hermione levou sua taça de sangue para perto de Harry. O garoto olhava meio confuso para Percy.
– Há alunos em Hogwarts que vigiam outros alunos. – Explicou ela. – Os Guardiões do Dia, os Monitores e os Guardiões-Chefes...
– Achei que só existia os Monitores...
– Não. Os Monitores são como estagiários, um teste antes de ser Guardião. Percy provou que ele é responsável o suficiente, e se tornou um Guardião do Dia.
Harry riu.
– Existe Guardiões da Noite?
– Sim – Respondeu Mione. – Mas nunca os vi. Normalmente eles não falam sobre isso.
Harry deu um gole em sua taça, e a apontou para Percy.
– O quê eles fazem?
– Os Monitores apenas direcionam os alunos, e os trancam nas Casas, se preciso. São dezenas de Monitores, e alguns terminam a escola sem serem promovidos. Então há os Guardiões do Dia, que protegem os alunos, e fazem rondas pela escola durante a noite. São eles que reportam infrações e podem dar detenções aos alunos, assim como vigiá-las. E os Guardiões-Chefes comandam todos os outros, além de fazerem rondas em dias mais perigosos, e proteger os alunos. Há um par de Guardiões, um menino e uma menina, para cada Casa, e um par de Guardiões-Chefe, um menino e uma menina também, para o castelo todo.
– E os Guardiões da Noite, que fazem? – Harry realmente ficara interessado naquilo. Mione sorriu.
– Não sei. – Admitiu. – Dizem que eles fazem rondas do lado de fora do castelo, apenas de noite. E que vigiam os portões. Só sei que são os que mais dão dor de cabeça para os Guardiões-Chefes, pois não seguem muitas regras. Ouvi dizer que é preciso ser durão para ganhar o cargo.
– Seria tão interes...
– Nem pense nisso! Você não vai ser um Guardião da Noite, eu não quero ver você machucado! – Interrompeu a castanha.
Ela levantou, tomou o resto de sua taça, passou a mão nos cabelos revoltos de Harry e se aproximou dos Weasleys, que iam embora.
Harry levantou, e bateu a cadeira contra uma menina. Ele se aproximou, preocupado.
– Tudo bem? Eu te machuquei?
Ela levantou os olhos para ele. Devia ter a mesma idade que Gina, era loura, de cabelos mal-cortados. Tinha um olhar avoado e meio ausente, como se sonhasse acordada. Mas aqueles dois imensos olhos azuis atingiram Harry como se fossem luz pura, e ele deu um passo para trás. Sentiu-se como se tivessem ligado o próprio sol em sua cara.
– Não precisa se preocupar, Harry Potter. – Disse ela, num tom distante.
Ele deu mais um passo para trás.
– Você vai perdê-la, Harry. Ela não foi feita para você. Foi forjada para que outras Trevas a tomem. Não se preocupe com ela, Harry Potter. Pois tentar alcançá-la o fará perder o que lhe é mais importante.
Aquele tom foi como se facas perfurassem sua pele. Ele fechou os olhos, sentindo a cabeça explodir em dor, e quando os abriu a menina já tinha se afastado, cantarolando de boca fechada e levando um copo de alguma coisa indecifrável. Imediatamente a dor de cabeça de Harry sumiu, e ele se aproximou dos Weasley.
A Sra. Weasley segurava um punhado de Pó de Flú.
– Hã, Sra. Weasley... – Chamou ele, discretamente. – Posso ir pelo meu jeito? Não gostaria de parar numa lareira na África por engano.
A bondosa mulher pensou rapidamente. Gostava do garoto, muito mesmo, e sentia que sua pequena Gina era totalmente apaixonada pelo garoto. Porque não ajudá-la?
– Vá, mas leve a Gina com você. Pode não parecer, mas se vocês se perderem, ela saberá voltar para casa. Tudo bem pra você?
Hermione parecia que tinha engolido ácido, mas não alterou um músculo de seu rosto, quando Harry mostrou como Gina devia se segurar nele.
A ruiva estava nas nuvens.
Harry abraçou Gina delicadamente, ela de costas para seu peito. Não queria largá-la dentro das sombras. A garota corou, mas foi junto com ele quando o moreno começou a andar de costas, em direção à sombra do canto da lareira. Ninguém do bar percebeu aquilo, e num instante Harry e Gina afundaram para dentro das sombras.
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Sei que atrasei, mas estava com muita coisa pra fazer. Felizmente hoje meu ano escolar acabou, e agora a Fic vai caminhar bem mais rápido, pra iniciar o ano com Prisioneiro de Azkaban.
Obrigado pelos comentários, por lerem, e por estarem prestando atenção (ou não), nesta nota do autor.
Perguntas Respondidas:
=> Mas quando que eles iram voltar para Hogwarts? Lá sim as coisas ficam mais emocionantes.
Eles vão voltar no próximo capítulo, eu acho, não sei se é nesse ou no próximo. De qualquer forma, não vai demorar muito!
=> Novamente gostei do capitulo, mostrou que o Harry se deu bem com a Travessa do trancou, e isso no decorrer da fic pode ser bom ou ruim? E uma pergunta, o Harry seria capaz de sair de Hogwarts pelas sombras? E ele pode levar alguem junto a ele?
Harry ter se sentido muito em casa na Travessa apenas mostra que, mesmo não aparecendo, a maldade dele cresce a cada momento. Se isso é bom ou ruim...
Sim, ele seria, mas antes teria de burlar todas as defesas do território, as quais Dumby já adicionou proteção contra jornadas dentro das sombras. Mesmo assim, se não houvesse barreiras que o impedissem, ele poderia viajar até onde pudesse. A viagem também conta como magia, e consome muito poder. O limite de Harry é o limite mágico dele: quando mais poderoso ele é, mais longe ele vai.
No capítulo de hoje vocês viram que ele pode, sim, levar uma pessoa. Durante a viagem não há necessidade de respirar, e ela é, para quem está do lado de fora, instantânea (enquanto lá dentro, pode demorar muito, ao sair, o viajante perceberá que não se passou praticamente nenhum tempo entre a saída e a chegada). Mas a mesma coisa que para a distância, vale para os "passageiros". Como não é a magia deles que é consumida, quanto mais gente ele leva, mais se desgasta.
=> k999 - Me considere membro do grupo. Já estou até decorando o nome! É... A... Não... C... Hã... Próxima pergunta...
=> Hey o Dumby, Sirius e o Moody vao morrer que nen nos livros ? =}
(eu sabia que esta pergunta chegaria)
O quê você deve entender é que, depois do terceiro volume, a Fic realmente se distancia do livro. Logo no quarto "livro" já temos uma grande mudança, que será ao mesmo tempo muito boa e muito ruim. Alguns personagens que morreram vão morrer aqui, e outros vão viver. A história de V.V. é diferente de HP, e vai seguir seus próprios rumos. E se pro rumo de V.V. tal personagem precisa morrer, ele morrerá.
Mas para deixá-los curiosos... Haverá, no quinto "livro", uma cena com um Véu da Morte.
E não será Sirius Black que cairá nele.
[Srta. Polaris, se estiver lendo isso, peloamordosdeuses, não conte pra ninguém o quê você sabe sobre a cena do Véu que planejei. Obrigado]
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