PERDIDO EM CASA



Capítulo 6
– Perdido em Casa –



Harry sentou-se perto de Rony, e apanhou uma torrada. Mas antes que pudesse comê-la, uma profusão de pássaros entrou pela janela, derrubando copos e pratos. O primeiro, um pequeno passarinho, de penas douradas, pousou sobre a cabeça de Hermione e ficou piando feliz, derrubando as cartas que trazia sobre as torradas da garota. Ela tentou espantá-lo, e só conseguiu ver o pergaminho do envelope afundar mais ainda na geléia.
Rony recebeu um pássaro majestoso, branco e preto, que lhe entregou a carta como se fosse uma medalha. Já Harry sentiu uma coruja parda pousar em seu ombro, e derrubar os envelopes em seu colo. Ele ofereceu uma torrada para a ave, que aceitou grata antes de sair pela janela por onde entrara.
– Alguém me ajude! – Exclamou Mione, com o passarinho ainda piando em seus cabelos. Gina levantou, e com delicadeza, apanhou o pequeno em suas mãozinhas. Ela o colocou no colo, enquanto lhe dava torradas e suco.
Fred e Jorge comparavam suas cartas, disputando qual era maior. Percy se retirou para ler a sua sozinho.
Hermione, com os cabelos arrepiados, despenteados e com algumas penas, agarrou sua carta e a abriu, irritada.
Harry a imitou.

Caro Sr. Potter,

Como o Sr. passou para o Segundo Ano na Escola Vampira de Hogwarts, nós estamos lhe enviando a lista de materiais para seu ano escolar.


Incrivelmente, além dos livros comuns (“Trasfiguração Básica”) (“Livro de feitiços – 2ª Série”) apenas um nome se destacava na lista de autores.
– Gilderoy Lockhart. – Suspirou a Sra. Weasley.
– Mamãe é gamada nele – Sussurrou Rony, mas a mãe ouviu e ralhou com ele.
– Os livros dele são caros... – Suspirou Gina.
A Sra. Weasley fechou a cara.
– Daremos um jeito, querida. Agora... Quero todos prontos para uma ida até o Beco Diagonal. Vamos! Vamos!
Logo eles estavam diante da lareira. A Sra. Weasley pegou um vasinho que ficava sobre o console, e murmurou algo sobre comprar mais. Então ela enfiou a mão no vasinho e botou um pouco do pó nas mãos de Harry.
Ele olhou desconfiado para aquilo. Era de comer?
– Ele nunca viajou de Pó de Flu, mãe... – Informou Rony.
– Ah! – Exclamou a bondosa mulher. – É um meio de transporte arcano que os Vampiros usam. Entre na lareira, atire o pó nas chamas e diga “Beco Diagonal”. Bem claramente.
– Procure manter os olhos fechados – Recomendou Rony. – E os cotovelos grudados no corpo.
Seria muito, muito mais fácil se ele fosse pelas Sombras, do jeito comum. Mas ele preferiu não contrariar a bondosa família e enfiou o pé nas chamas, que incrivelmente não o queimaram, apenas o aqueceram levemente.
Ele jogou o pó no fogo, e este se tornou alto, de um verde intenso. Mas tão alto que cobriu Harry. Ele não enxergava mais nada, e quando abriu a boca, cinzas entraram nela.
– B-bedo Diaghonal – Tossiu ele. E o inferno começou.
Primeiro tudo ficou escuro, então centenas, milhares, milhões de janelinhas surgiram à sua volta. Ele girava descontrolado, e as janelinhas passavam por ele num átimo. Era claro que cada uma daquelas janelinhas era uma lareira de uma casa Vampira. Ele bateu o braço em algo duro, e lembrou-se de mantê-los grudados no corpo. Começou a enjoar, e então fechou os olhos, perguntando-se se chegaria no Beco ainda naquela semana.
Ele caiu de borco no chão, e seus óculos se partiram.
– Que ótimo! – Resmungou ele, cuspindo cinzas. Levantou, espanando a sujeira de suas roupas, e percebeu que realmente não estava no Beco Diagonal.
Era uma loja sombria, agradavelmente escurecida, com um leve toque de mofo no ar. Assustadoras caveiras, crânios, pedras sinistras, animais empalhados, armas ensangüentadas e outros itens partilhavam os lugares em prateleiras e balcões. Ele olhou para uma moeda grande, do tamanho de um galeão (ou seja, do tamanho da palma de sua mão), que parecia coberta de limo. Uma etiqueta se destacava.

Cuidado! Amaldiçoado! Não toque!

Um tilintar nada musical indicou que alguém entrava. Harry olhou em volta e viu um grande armário negro entreaberto, vazio. Abriu, e se enfiou lá dentro, deixando uma fresta para espiar (e ele não seria louco de se trancar num armário desconhecido).
Para sua surpresa, quem entrou foi Draco Malfoy. Era a primeira vez que Harry o via sem Jack Blaze ao seu lado. No lugar deste, um homem alto, magro, de olhar frio e com longos cabelos loiros escorridos. Não havia dúvida que era o pai do sonserino.
– Não toque em nada – Vociferou ele para o filho, visto que este estava quase tocando um grande crânio com uma faca enterrada na fronte.
Um homem apareceu por uma porta atrás de um dos balcões. Parecia nervoso, com olhos sempre se desviando de um lado para o outro. Era completamente careca, parecendo na meia idade. Esfregando as mãos o tempo todo, como se tentasse aquecê-las, fez uma exagerada reverência para o Sr. Malfoy.
– E então? – Perguntou o loiro, inflexível. – Como está minha encomenda?
O homem cochichou algo, que Malfoy riu.
– Pagamento adiantado? Que há, idiota? Acha que eu, um Malfoy legítimo, me comportaria como um ladrãzinho que foge com o pacote antes de pagar?
O homem balbuciou uma desculpa qualquer e trouxe um engradado com diversas garrafinhas. Malfoy examinou atentamente cada uma, antes de despejar uma quantidade absurda de galeões sobre o balcão.
Draco Malfoy olhou curioso para o armário onde Harry estava. O garoto se aproximou silenciosamente. Harry estava pronto para entrar nas sombras do armário, quando Malfoy-pai chamou o filho, e depois de algumas reverências do dono da loja, eles se foram.
O homem da loja resmungou um pouco, xingou os Malfoys, e saiu pela portinha dos fundos.
Harry suspirou, aliviado. Esperou um pouquinho, para evitar que saísse do armário quando o dono da loja decidisse voltar, e abriu a porta. Ao sair da loja, deu de cara com a rua mais estranha que já vira.
Dezenas de lojas se amontoavam umas sobre as outras, numa total confusão. Centenas de Vampiros, todos decididamente malignos, andavam pelo calçamento de pedra da rua.
Uma mulher belíssima, com os seios quando saltando para fora do espartilho vermelho que usava, anunciava paradisíacos sabores, da porta de uma espelunca suja de seis andares.
Um homem bem vestido andava segurando a própria cabeça embaixo do braço, trazendo sobre o pescoço uma grande abóbora sorridente. Duas irmãs gêmeas, de pouco mais de cinco anos cada, arrastavam um menino desacordado, e carregavam grandes facas prateadas em suas mãozinhas.
Harry deu alguns passos, e uma mulher, de lábios vermelhos como cerejas maduras, sorriu para ele, maliciosa. Ela ofereceu uma bandeja cheia de estranhas iguarias. Algumas decididamente tentando fugir.
Ele recusou educadamente, e ela sorriu de novo, oferecendo para as menininhas gêmeas.
Harry se guiava por algo completamente estranho. Ele estava, sem perceber, se aprofundando naquele lugar, indo como se em direção ao centro, puxado por algo sussurrante e maravilhoso.
Ele não percebeu, mas a cada passo do Vampiro moreno, as sombras do lugar se agitavam. Harry avançava lentamente, indo sem vacilar para algum lugar que ele desconhecia.
– HARRY!
O grito estralhaçou o encanto como um espelho que se quebrava. Harry virou e deu de cara com Hagrid, que lhe olhava entre assustado e irritado.
– O quê você faz aqui? – Vociferou o homem. – Mesmo que você seja...
– Não, Hagrid! – Sorriu Harry, interrompendo-o. – Eu me perdi usando o Pó de Flu e...
Depois de resumir sua história para o gigantesco Vampiro, Hagrid o guiou para fora daquele lugar, segurando seu ombro e o levando para o lado completamente oposto que Harry seguira. Logo deram num portão enferrujado meio aberto, e Harry viu o prédio branco de Gringotes.
– Hagrid, o quê você estava fazendo lá? – Perguntou Harry.
O gigante mostrou um grande garrafão verde.
– Repelente para lesmas carnívoras. Estão acabando com minha plantação de abóboras.
Então Harry foi agarrado por uma massa de cabelos castanhos. Hermione o agarrava com todas as forças.
– ONDE É QUE VOCÊ FOI? – Berrou ela. Harry sorriu, e a apertou levemente, para que se afastassem um pouco.
– Onde o achou, Hagrid? – Perguntou a Sra. Weasley, avançando com os filhos e o marido.
– Na Travessa do Tranco. Parece que ele saiu na lareira errada mais próxima.
Hermione tocou delicadamente os óculos quebrados de Harry, e eles ficaram como novos. O amigo sorriu, e a amiga lhe sorriu de volta.
Os dentes dela, longos e finos, presas tão mortais como suas próprias, encantavam Harry. Ele sorriu mais, agradecendo com os olhos a preocupação da garota. Hermione agarrou o braço dele, como se para impedi-lo de desaparecer novamente, e começaram a viagem pelo beco.
Hagrid foi-se, e começaram a andar. Harry olhou por sobre o ombro, e visualizou, meio escondido, o portão da Travessa do Tranco. E não conseguiu afastar a sensação que queria voltar para lá um dia.
Nunca se sentira tão em casa.

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Pessoal....

Peço desculpas pela demora, mas é que meu PC passou por um processo de formatação, e mesmo sem ter perdido nada, demorou pra me organizar de novo.

Outros problemas foram os trabalhos que tive de fazer, e alguns projetos de outras histórias que clamavam por atenção. Mas não, não desisti da Fic. Teremos sete V.V.'s como prometido, não importa o quê acontecer.

Obrigado por não desistirem, e até a próxima!

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