A POÇÃO POLISSUCO
Capítulo 17
– A Poção Polissuco –
Harry olhou para todos os lados, procurando por um pouco de água, ou coisa do gênero para apagar a bola de fogo que o pássaro do diretor se tornara. Era só o quê faltava! Desse jeito, logo o acusariam de assassino de animais.
Malditos Pássaros Feridos.
Uma discreta e praticamente invisível porta se abriu, e Dumbledore surgiu ao mesmo tempo em que o tal pássaro se tornara só um montinho de cinzas.
– Professor! Eu não sei o quê dizer – Exclamou o moreno. – O seu pássaro ele...
– Pegou fogo? Ótimo!
Harry parou. Como assim ótimo? Ele achava que o diretor era daquele tipo que era bonzinho pros animais e adotava gatinhos que achava nos becos. Será que o pássaro era algum tipo de prova incriminadora? Seria a mais irônica queima de arquivo, pensou o garoto.
– Fawkes – Começou o Diretor. – É uma fênix. Um dos pássaros mais mágicos que existem. E possui a intrigante habilidade de...
Ele tocou a cabeça de um pequeno e feio passarinho que agora piava em meio ao pó queimado que Fawkes deixara em seu poleiro.
– ...renascer das próprias cinzas.
O passarinho piou meio rouco, e Harry não pôde deixar de sorrir.
– Pena que você só o viu antes de “morrer”. Normalmente, ele é extremamente belo, Harry. Suas lágrimas são a cura de todos os venenos e feridas, pode carregar qualquer peso e seu canto pode espantar o mal... Mas, acho que você não veio aqui para ter aulas sobre fauna mágica, não é mesmo?
– A Profa. Mac...
A porta se abriu num rompante, e Hagrid, com todo seu tamanho e peso, adentrou como um tufão, segurando algo nas mãos que espalhava penas por todos os lados. Harry levou um minuto pra descobrir que era um galo morto.
– Harry NÃO fez isso, Professor! Eu posso jurar, eu testemunho que ele não abriu coisa alguma, nem atacou o gato de ninguém!
O Diretor sorriu gentilmente para o gigantesco Vampiro, e assentiu suavemente.
– Eu não acredito que Harry tenha feito nenhuma destas coisas, Hagrid.
A declaração de Dumbledore surpreendeu tanto o homem quanto o pequeno Vampiro. Desconcertado com sua explosão, Hagrid assentiu, corando.
– Certo, desculpe hã... Desculpe, professor. Eu vou esperar ali fora.
E saiu.
– O senhor não acredita? – Surpreendeu-se Harry, arregalando os olhos. Estava pronto para uma expulsão, ou pior, mas o diretor apenas sorriu, negando com a cabeça, e lhe oferecendo uma cadeira. O velho professor deu a volta à sua mesa e sentou-se em sua confortável cadeira enquanto o garoto ocupava uma das cadeiras à sua frente.
– Harry, mesmo que você seja o quê você é, pelas suas ações no episódio da Pedra Filosofal, eu decidi lhe dar um voto de confiança. Acredito que você não tenha feito mal algum à gata do nosso querido zelador Filch, nem tenha aberto a tal Câmara dos Segredos...
Os olhos azuis de Dumbledore brilharam por cima dos óculos de meia-lua.
– Mas eu quero saber, Harry, se você sabe alguma coisa. Qualquer coisa, que lhe tenha acontecido, que esteja acontecendo... Você não sabe como isso é importante.
Harry pensou na poção que Hermione planejava fazer. Nas suas suspeitas quanto à Draco. Na voz invisível do corredor, em tudo aquilo.
– Não, senhor – Disse ele.
Sabia que era mentira. Sabia que estava fazendo algo errado. Mas não queria revelar aquilo. Sentia que, de alguma forma, ele deveria ter algo mais concreto para revelar à Dumbledore. Que devia primeiro testar suas idéias e fazer suas próprias investigações.
Os olhos do diretor brilharam ainda mais, e ele sorriu.
– Qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, Harry, venha me contar. Eu te peço.
Ele assentiu. E saiu da sala do diretor.
– Metade dos ingredientes aqui são extremamente difíceis de arranjar. – Começou Hermione. – Muitas outras coisas demoram tempo pra cozinhar, maturar, e etc. Acredito que levará um mês, mais ou menos, pra ficar pronta.
– Um mês! – Exclamou Rony. – Até lá Malfoy poderá ter matado meia escola!
– Um mês é o mínimo, Rony – Suspirou Hermione. – E é o melhor plano que temos.
– Certo. – Disse Harry, sentindo também certo amargor pela demora pro plano ser posto em prática. – E onde vamos deixar um caldeirão cozinhando sem parar por um mês?
Hermione sorriu, mas parecia meio contrafeita.
– Ao lado da parede onde a mensagem foi escrita, tem um banheiro feminino que está sempre interditado. Lá vive uma fantasma chamada Murta-Que-Geme – Ela fez uma careta. – A Murta é uma fantasma mimada e muito irritante, então ninguém entra no banheiro dela, pois ela está sempre inundando ele, gritando ou chorando. Vou colocar uns feitiços contra água em tudo, e guardar a poção em um dos boxes. Ninguém vai suspeitar se eu der uma paradinha no banheiro entre as aulas.
Eles gostaram do plano. Primeiro, Hermione armou um pequeno caldeirão extra que ela tinha, e eles enfiaram ingredientes nos bolsos, colocaram uma parte dentro do caldeirão e o embolaram numa capa, guardando na mochila de Mione, que estava vazia.
Levaram tudo para o banheiro, mas Harry foi paranóico o suficiente para fazê-los chegarem lá separados, e depois de darem diversas voltas pelas passagens secretas da escola. Na verdade, ele se sentia totalmente vivo, a adrenalina do perigo e a excitação da aventura o agitavam, seu lado ruim totalmente contente.
O banheiro era muito úmido e sujo, com portas dos boxes meio bambas, e os espelhos quebrados. Pias antigas e grandes ficavam no meio do cômodo, com as torneiras pingando o tempo todo. Os espelhos estavam rachados e manchados, assim como o piso. A fantasma os olhou, vinda do último boxe.
– Quem são vocês? O quê querem no meu banheiro?
Ela era uma garota de uns quinze anos, transparente e totalmente branca, como todos os outros fantasmas da escola. Tinha óculos grossos e uma voz irritante. Ela olhou fixamente para Rony e Harry.
– MENINOS! NO BANHEIRO DAS GAROTAS! – Berrou ela.
– Murta! Fique quieta, por favor – Acorreu Mione, mais que depressa. – Nós precisamos de sigilo...
– Ahh – Riu ela. – Estão fazendo algo ilegal, não é?
– É, é... – Atalhou Hermione. – Então, seja bem discreta, pois precisamos de sua ajuda.
A fantasma pareceu entrar em transe de tanta felicidade ao ouvir que precisavam dela. Assistiu quando Hermione lavou o caldeirão, quando ela conjurou uma chama à prova d’água, riu quando viu eles despejando feitiços contra a água em um dos boxes e exclamou, surpresa, quando Harry colocou mais algumas proteções, inclusive uma senha para abrir a porta, e uma azaração para impedir que alguém pulasse por cima da porta ou expiasse por baixo dela.
Rony esquentou o ambiente dentro do limitado boxe, deixando-o na temperatura certa. Hermione abriu o grande e manchado exemplar que pegara da Seção Reservada: Poções Mui Potentes.
Ela deu um suspiro ao checar a lista de ingredientes mais uma vez.
– Por enquanto estamos bem. Mas até terça teremos que arranjar mais um monte de ingredientes que não temos, e não podemos comprar. Acredito que o Prof. Snape tenha tudo isso em seu armário particular, mas não há jeito...
– Hermione, você sabe reconhecer essas coisas? – Perguntou Harry.
– Sei, mas...
– Rony, temos aula com o morcegão amanhã. Você o distrai, e nós entramos na sala, certo?
– Pode deixar!
Hermione fez uma careta, imaginando os riscos que correriam. Suspirou.
– Então, amanhã nós conseguiremos os últimos ingredientes para a Poção Polissuco.
Rony grunhiu com o nome, imaginando como seria se transformar numa garota, mesmo que por algumas horas. Seria, no mínimo, aterrador.
A poção borbulhou lentamente em resposta, ainda totalmente incompleta. Será que conseguiriam tirar alguma informação de Draco? Harry perdeu os olhos nas ondas e bolhas do líquido no caldeirão.
Era a única chance de encontrar o Herdeiro da Sonserina.
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Obrigado pelos comentários, e até o próximo capítulo de V.V.! \o/
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