Ladrões
Capítulo 18
- Ladrões -
- Os senhores devem agora colocar os últimos ingredientes. Espero que não estraguem a poção agora, logo no final - Snape deu um sorrisinho sórdido, seus olhos grudados em Neville, que girava febrilmente sua colher dentro do caldeirão. Uma densa fumaça esverdeada saía de sua poção, enquanto deveria estar completamente branca. Claro que não era tão ruim quanto a poção de um tal de Goyle, da Sonserina, um garoto com jeito, formas e cérebro de Trasgo. A poção dele estava simplesmente negra como piche, e tinha a textura de concreto. Quando ele tentou mexê-la com a colher, a colher quebrou.
Rony olhou com o canto dos olhos para Harry, ao seu lado. Eles estavam na mesa mais próxima do armário do professor, e Harry tinha deixado uma sombra dentro do armário quando entraram para pegarem os ingredientes da aula. Sentia a pequena parcela de escuridão se remexer, ansiosa, dentro do confinado espaço.
Snape virou-se para o quadro, e neste instante Rony levantou discretamente o polegar.
Harry apertou a mão de Hermione, e tirou dos bolsos uma bombinha, potente e silenciosa, que conseguira com Fred Weasley. Quase sorriu, enquanto a acendia riscando a ponta dela em seu caldeirão, e jogando discretamente na poção de Goyle, que dormia a sono solto jogado em sua carteira. A bomba quicou algum tempo no líquido antes de afundar.
Na mesma hora, explodiu, lançando a poção do garoto pelos ares, chovendo líquido negro nos sonserinos. Rony gritou, e deu um chute proposital em seu caldeirão, enquanto saía de perto. Seu cotovelo acertou Neville, que derrubou a própria poção, manchando as vestes de Simas, a sua frente, que gritou e agitou os braços, fazendo Parvati Patil quase cair dentro do próprio caldeirão.
Harry e Hermione não ficaram para verem o tumulto. Harry a abraçou e afundou rapidamente na sombra, se tornando apenas um pensamento, enquanto mantinha a mente de Hermione próxima a si.
Entraram por um dos veios de sombra, e chegaram, instantaneamente, no armário de Snape.
- Rápido - Murmurou ele, estalando os dedos e fazendo uma pequena luz surgir acima da cabeça da menina.
- Procure por "amico" - Murmurou ela, se afastando.
Harry piscou algumas vezes, seus olhos verdes brilhando no escuro como os olhos de um gato. Sua visão noturna era excelente, mas a letra miúda e apertada de Snape, nas etiquetas manchadas dos milhões de potes, frascos e sacos que ele tinha ali, não era fácil de ser identificada. Harry achou o frasco, apanhou um vidro em seus bolsos e tirou uma grande colherada da coisa, jogando imediatamente no pote e o tampando. Hermione agarrou uma tira de pele, pendurada numa das prateleiras, e cortou um naco com sua longa faca prateada.
- Pegou tudo? - Murmurou ele, enfiando alguns frascos em seus bolsos.
- Vamos, vamos!
Eles enfiaram tudo numa bolsa que Harry carregava nos bolsos, e ele enfiou a bagagem numa sombra. Abraçou-a, e sumiu.
No mesmo instante, Snape abriu a porta num rompante, olhando para todos os lados, sem saber ao certo se realmente alguém entrara ali.
Voltou-se para a classe, agora vazia, com os alunos no corredor das Masmorras, e soltou um palavrão baixo.
Harry e Hermione saíram de trás de Rony, que ficara num canto, perto de uma das portas trancadas das masmorras. Com um leve assentir de Hermione, ele se sentiu relaxar, e pôde rir.
- Goyle, meu amigo, não sabia que sua poção podia fazer aquilo - Caçoou ele. - Foi realmente um estouro.
Draco e Blaze se adiantaram na mesma hora.
- Ficou interessado, Weasley? Tá querendo explodir sua casa, também? - Draco riu alto. - Ah! É mesmo! Você não tem casa, Weasleyzinho, você mora na lama...
A Sonserina explodiu em gargalhadas. Harry e Hermione seguraram Rony.
- E você, Draco - Sorriu Harry, sarcasticamente. - Está querendo comprar um lugarzinho na lama? Seria um grande avanço, pensando do lixo de onde você veio.
Draco avançou sobre eles, mas a mão grande e pálida de Snape o segurou.
- Menos cinco pontos para a Grifinória, por brigar no corredor - Ele rosnou. E então mostrou os restos da bombinha - Se eu ficar sabendo que algum de vocês fez isso... A expulsão vai ser um paraíso, perto do quê eu vou fazer!
Ele encarou Harry nos olhos, enquanto falava. Então sorriu malignamente, mostrando as longas presas peroladas.
- Classe dispensada.
Hermione misturou os últimos ingredientes, e picou um pedaço de pele.
- Aquela brincadeira com o Goyle foi totalmente desnecessária, Rony - Disse ela, em tom de bronca. - Podia nos ter colocado em apuros.
- Mais do quê nós já estamos? - Riu Harry, jogando uma bola de papel amassado para o amigo. - Impossível.
- Não é coisa pra vocês ficarem brincando! - Atalhou a menina. Olhou feio para o moreno. - Eu não estou me sentindo nem um pouco bem com isso que estamos fazendo.
Harry se ajoelhou perto dela, tomando cuidado com o caldeirão fervente.
- Desculpa, Mione - Disse ele. - A gente vai tomar mais cuidado, não vamos nos meter em mais encrencas, certo, Rony?
- Foi mal, Mione. A gente não faz mais...
Ela deu de ombros, mais conformada, e examinou a cópia que fizera da receita.
- Só uma pergunta - Disse Rony. - Aquelas caras de dor que as pessoas nos desenhos do livro faziam... Era só ilustração, né?
- Eu não sei Rony. - Disse ela, meio pensativa. - Mas não deve ser tão ruim assim. Pode ser apenas imaginação do artista.
Harry olhou para a poção, que borbulhava cinzenta e com calombos subindo e descendo em sua superfície.
- Acho que posso imaginar o gosto, pelo menos. - Resmungou, com uma careta.
Hermione deu uma última mexida na poção e baixou o fogo, até restar uma chama lenta, que cozinharia bem devagar a gororoba.
- Certo. Com isso, nós podemos continuar a nossa missão... Em um mês.
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