Contatos Imediatos



Capítulo 12
– Contatos Imediatos –


Harry puxou a folha mais para perto, examinou criticamente seu próprio trabalho e afinal o assinou, iniciando a jornada de guardar tudo. Enrolou o pergaminho e o amarrou, enfiando-o na bolsa junto dos livros, um rolo de pergaminhos em branco e suas penas e tinteiro.
Hermione estava lendo um grosso volume ao seu lado, enquanto Rony lutava para terminar os últimos centímetros do trabalho, usando de artifícios que variavam de letras grandes até minúsculos parágrafos, pulando as linhas ao fim de qualquer frase. O moreno limpou os óculos na camisa, e suspirou, cansado.
O primeiro treino de Quadribol fora marcado para, simplesmente, “logo”. Ele voara algumas vezes, sozinho, no campo da escola, mas só a emoção de buscar e capturar o Pomo de Ouro que lhe daria completa satisfação. Hermione ainda achava que o jogo era violento demais para seu gosto, mas não reclamara mais, e Rony dizia que gostaria de jogar algum dia, talvez como goleiro.
O jovem vampiro sentia-se cansado. Muito, muito mesmo. A tarde se esvaia completamente, e ele já havia terminado os trabalhos que se avizinhavam perigosamente. Precisaria esconder de Hermione a pilha assustadora de “ainda por fazer”, mas sentia-se seguro que não levaria um sermão naquele dia.
A garota fechou o livro, e avaliou depreciantemente o trabalho de Rony, que estava sendo assinado pelo ruivo. Ela fazia o quê podia para que eles fizessem seus trabalhos sozinhos, e relutantemente lhes dava as respostas. Como iriam aprender desta forma? Mas sabia que às vezes não havia o quê fazer: tinha que lhes ajudar. Alisou distraidamente a capa de seu livro. Era o volume que Harry apanhara no topo das prateleiras da Floreios e Borrões. Jamais daria o braço a torcer neste ponto, mas ele tinha razão: os melhores ficavam no alto, onde não podiam ser vistos. Caso ela não tivesse um terrível pavor de altura, poria esta idéia em prática na Biblioteca.
– Vou pra minha detenção – Anunciou o moreno. Rony levantou os olhos para o relógio, e se aprumou também, deixando suas coisas jogadas sobre a mesinha do Salão Comunal.
– Vamos lá. Por Drácula! É a última! – Rony riu, irreverente como sempre, e seguiu o amigo. Hermione grunhiu de ver as coisas do ruivo soltas ali, sem o mínimo cuidado, mas deu de ombros.
Permitindo-se um pouco de descuido, pôs os pés na mesa e começou a ler novamente.

O último jornal entrou na gaveta cuidadosamente, mas de uma maneira não muito natural. O arquivo do “Profeta Diário” era o mais lotado de todos, e foi necessária uma leve pressão para enfiar todos os últimos exemplares em sua gaveta. Harry bateu o gavetão de aço e rodou a chave na lateral do arquivo, trancando assim o armário de seis gavetões e que era maior que si. Tirou a chave da fechadura brilhante, e a prendeu na argola de chaves que carregava no bolso.
Pela última vez, checou se não esquecera nenhum jornal para fora, se todas as chaves estavam ali, e se o armário estava bem trancado. E então, deixou as chaves nas mãos do Guardião sempre presente em suas detenções. O rapaz sorriu aliviado que finalmente a dupla de horas com o moreno terminara, e inspecionou criticamente todo seu trabalho. Sorriu, e o dispensou.
Os pés de Harry seguiram sozinhos, levando seu corpo, já que sua mente estava longe. Pensava nos raios de esperança do final de semana, e no aniversário de Mione que chegava. Treze anos, a garota mais velha. Ele quase riu. Ela era mais velha, mas ele era mais alto que ela. Sem as refeições de Hogwarts, sem os treinos de Quadribol, sem as correrias e exercícios, a garota o ultrapassaria. Mas sabia que o pequeno e franzino Harry Cicatriz Potter não voltaria.
Virou o corredor, e seguiu por uma das escadas móveis. Infelizmente, como era irritantemente comum, a escada mudou de idéia, e virou para o lado errado. Ele sentiu o tranco da mudança, e soube que tudo que podia fazer era esperar pacientemente. A escada parou num corredor um pouco ao norte do caminho para a Torre. Sabia que talvez ela demorasse horas pra mudar novamente, então seguiu este caminho mesmo. Sabia de uma passagem por trás de uma tapeçaria que cortaria caminho.
E então estava na passagem, seguindo por um corredor reto e baixo, de pedra úmida. E a voz chegou nos seus ouvidos.
Liberdade... Liberdade...
Congelou no lugar. Esperou lentamente, virando a cabeça para todos os lados. Não havia ninguém ali. Sua visão funcionava quase perfeitamente no escuro. Discretamente sentiu as sombras ao redor. Realmente, ninguém ali consigo.
– Quem está aí? – Perguntou, vacilante.
Um instinto de perigo, que muitas vezes o salvara de Duda e seus amigos, que evitara que ele quebrasse tantos ossos, e que fugisse a tempo, disparou em sua cabeça. Sentiu as sirenes de perigo eminente, e desviou para o lado. Pôs-se em posição, e seguiu rapidamente, de costas para a saída, não deixando espaço para um ataque surpresa. A voz ecoou mais e mais distante, sempre falando “Liberdade”. E enfim, a tapeçaria atrás dele se abriu, e ele caiu de qualquer jeito num corredor.
Seguiu atento até a Grifinória, e quando entrou, ainda estava levemente nervoso.
– Harry?
A voz o assustou, ele pulou para trás, fechando o punho. Mas era apenas Mione, o encarando intrigada. – Que houve?
Ele não sabia se devia contar. Todavia, a garota não era apenas inteligente, era um gênio. Devia saber algo sobre as vozes do além que o perturbaram. O quadro girou, e Harry pulou de novo, quando Rony entrou. Hermione o agarrou pelo braço, e o puxou até um canto, junto do ruivo.
Ali ele contou em detalhes o quê lhe acontecera. E eles não tinham a mínima idéia do quê poderia ser.
– Bizarro – Admirou-se Rony. – Eu teria morrido de medo.
Hermione concordou silenciosamente. Calorosa ou não, Hogwarts ainda metia medo de vez em quando. E ela lembrava vivamente o ano anterior, o Cão de Três Cabeças, e o Visgo do Diabo, além do jogo de Xadrez assassino e o drama com o veneno. Fora o Trasgo do Banheiro, que ainda lhe dava pesadelos.
Suas mãos apertaram as mãos de Harry, tão pálidas e quentinhas. Os olhos verdes como esmeraldas ensolaradas miraram seus orbes de chocolate, e ele lhe sorriu. Um sorriso preocupado, mas que tentava confortá-la e espantar seus medos.
– Está tudo bem – Disse ele, ainda com aquele sorriso calmo. –Fiquei um pouco assustado com essas vozes do além, mas não há motivo para preocupação.
Ela o abraçou amigavelmente, enrolando seus braços macios e perfumados ao redor do corpo forte do amigo. Ficaram assim apenas alguns segundos, e logo se separaram. Rony deu um soco leve no braço do amigo. E Hermione percebeu que se um humano levasse aquele “soquinho amigável” ficaria com o braço latejando. Meninos eram violentos, até mesmo os vampiros.
Rolando os olhos para aquele gesto, a garota sentou numa poltrona muito vermelha, e já bem gasta, para pensar no quê poderia ser aquela voz.
– Certeza que não era um fantasma?
– Certeza, certeza, não tenho – Suspirou o moreno. – Pode até ser, e eu não tenha percebido, mas parece que não. Quer dizer, um fantasma seria livre do quê?
– Do corpo? – Sugeriu Rony. – Talvez o Snape Morcegão tenha batido as botas...
Eles riram por algum tempo, porém a preocupação não os deixou.
– Eu vou dormir – Suspirou Harry. – E deixo para amanha esses pensamentos sobre esses... Contatos Imediatos de Terceiro Grau.
Hermione riu, riu mesmo. Rony o olhou, totalmente confuso. Harry piscou marotamente para a amiga, e Mione lhe devolveu um sorriso radiante e divertido.
– Essas coisas que vocês falam... – Rony procurou palavras. – É como se fosse uma piada que só vocês podem entender...
Harry se empertigou, e mesmo assim continuou mais baixo que o amigo. Fez uma lupa surgir em sua mão, e a aproximou do ruivo.
– Elementar, meu caro Watson.
E enquanto Hermione ria de novo, se retirou da sala, deixando a lupa sobre a mesa. Rony a pegou e girou nos dedos.
– Você vai me explicar?
Mione negou com a cabeça e subiu para seu dormitório também, rindo à socapa. O vampiro ruivo sentou novamente, olhando a lupa que o amigo deixara para trás. Brincou com o objeto desconhecido, o aproximando das coisas até que elas aumentassem o máximo possível no reflexo da lente. Sorriu sozinho, e também subiu para seu quarto.
Não antes de guardar cuidadosamente o pequeno objeto em sua capa.

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Sinceramente, não tenho palavras pra explicar.

Vocês saem como é ano-novo, não? Começo de ano, toda uma bagunça pra arrumar, coisas pra pagar, muita coisa perdida pra achar.
Enfim, eu trabalhei duro nesse mês pra fazer tudo voltar a normalidade, e tive que escrever exaustivamente em todos os meus projetos pra chegar aqui.

Sei que vocês não mereciam essa longa espera (Cristo, eu também odeio a demora pra atualizar as Fics que leio), mas não podia ser diferente. Pretendo, de coração, que isso não aconteça de novo.

Sei também que deveria ter entregado hoje um baita capítulo só pra me redimir um pouco, mas não deu também. As coisas importantes estão no próximo capítulo, então não deu pra aumentar esse.

Me perdoem pela demora, agora vamos vol,tar no ritmo de antes. Obrigado, muito obrigado, pelos comentários, reclamações e incentivos.

Feer, Achocolatado, Anderson, k999 e demais: sincero muito obrigado à vocês. Continuem acompanhando, que muito mais virá! E, juro, sem tantas demoras.


Até o próximo capítulo! o/

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