Quebra-cabeças.




Nunca pensei que poderia me sentir assim. Como se nunca tivesse visto o céu antes. Quero desvanecer dentro de cada beijo seu. Todos os dias eu te amo, mais e mais. Ouça meu coração, pode ouvi-lo cantar? Dizendo-me que te dê tudo. As estações podem mudar do inverno à primavera. Mas eu te amo. Até o fim dos tempos.


Os lábios de Cedric moviam-se contra os de Hermione, de uma maneira nada cuidadosa, os lábios quentes continuavam ansiosos. Cedric afastou-se para que ambos pudessem se lembrar de como respirar, mesmo que isso fosse inútil. Não conseguindo ficar muito tempo longe de Hermione, Cedric ainda tinha seu rosto perto do dela.


            Começou a traçar uma linha com seus lábios pela mandíbula de Hermione e sentiu-a vacilar por um instante, ele sorriu e mordiscou-lhe o lóbulo da orelha. Hermione estremeceu e afastou-o, relutantemente.


            _ Desculpe... – murmurou Cedric, vendo que passara alguma linha imaginária.


            Não era proposital, ele parecia estar esperando por isso a tanto tempo que simplesmente não conseguia se controlar. Hermione sorriu.


            _ Você é mesmo muito bobo! – concluiu.


            _ O quê? – perguntou Cedric confuso.


            _ Quem mais pediria desculpas? – perguntou Hermione, explicando-se.


            _ Bem, eu achei que devia... – disse Cedric, encolhendo os ombros.


            _ É isso que te torna tão irreal! – exclamou Hermione.


            _ Não sou irreal, eu estou bem aqui! – protestou Cedric – Você pensar que isso não está acontecendo confirmaria meu maior medo.


            _ Eu acredito... – respondeu Hermione – Quero acreditar... – completou.


            _ Por você faz isso? – perguntou Cedric nervoso, de repente.


            _ Hã? – perguntou Hermione, confusa.


            _ Me faz a pessoa mais feliz do mundo e depois tenta dizer que não foi real! – respondeu Cedric, cruzando os braços.


            Hermione revirou os olhos.


            _ Perdão! – exclamou Hermione, debochadamente.


            _ Agora eu não sei se te perdôo! – respondeu Cedric virando seu rosto para o lado. Ele ainda estava de braços cruzados e sorria.


            _ O que eu posso fazer para você mudar de idéia? – perguntou Hermione.


            _ Não sei... – respondeu Cedric, suspirando – Você sabe? – perguntou, maliciosamente.


            _ Hum... – Hermione fingiu estar pensando.


            Ela se inclinou em direção ao rosto de Cedric e pressionou seus lábios contra os dele. Uma, duas, três, quatro vezes... E depois se afastou, sorrindo. Cedric suspirou profundamente.


            _ Nem pensei que você entenderia... – comentou ainda um pouco impressionado.


            _ Como Rudy diz: “As quietinhas são as piores!” – respondeu Hermione.


            _ Não sei como me sinto sobre isso... – disse Cedric pensativo.


            _ Como você se sente? – perguntou Hermione, sem entender.


            _ Sobre você não ser boazinha... – disse Cedric. – Sem ser comigo!  - completou.   


            _ Ah, sim! Eu saio por aí o tempo todo brincando de menina malvada com os outros! – debochou Hermione.


            _ Menina malvada? – os olhos de Cedric ficaram vazios.


            _ O que você está fazendo? – perguntou Hermione.


            _ Montando a imagem na minha cabeça... – respondeu Cedric, risonho.


            _ Está gostando? – perguntou Hermione, cruzando os braços na frente do corpo em desaprovação.


            Cedric olhou para Hermione e balançou a cabeça afirmativamente.


            _ E você nem sabe o que eu pensei... – comentou, rindo – AI! – protestou quando Hermione lhe deu um tapa no braço.


            _ Onde está o menino que pediu desculpas? – perguntou Hermione, em repreenda.


            _ Não tem nenhum menino aqui. – disse Cedric mais sério.


            _ Hey! Por que você está mais sério do que eu? – perguntou Hermione, sem entender a reação de Cedric.


            _ Nada. – mentiu Cedric, ele ainda se sentia incomodado em ser chamado de menino, era bobo e infantil, por isso não queria dizer nada.


            _ O que é? – insistiu Hermione, chegando seu rosto perto do dele – Por favor, me diga! – continuou com sua boca a centímetros da dele.


            _ Você está jogando sujo. – repreendeu Cedric segurando-se ao máximo para não se render àquele perfume.


            _ Vale tudo no amor e na guerra! – respondeu Hermione, rindo.


            _ Não sei se sua curiosidade se encaixa em nenhum desses... – contrapôs Cedric – Mas como posso negar-te algo? Só se afaste um pouco, por favor, eu meio que não consigo raciocinar com...


            Hermione estava rindo abertamente e Cedric cerrou suas mãos em punhos.


            _ Sério, se você quer que eu te responda ao invés de te atacar agora mesmo, se afaste! – advertiu Cedric, segurando-se.


            Hermione se afastou com as mãos levantadas em sua defesa.


            _ Melhor? – perguntou em uma distância normal.


            _ Suportável. – respondeu Cedric – Bem... Você vai me achar um idiota! – ele hesitou.


            _ Você quer que eu chegue perto outra vez? – “ameaçou” Hermione. Ao ver a expressão de Cedric completou – Só chego se você me disser!


            _ Eu... me sinto... – tentou começar Cedric – Quando você me chama de menino eu meio que... me sinto como um.


            Hermione olhava incrédula.


            _ Que ridículo!... – começou Hermione.


            _ Eu disse! Por isso não queria te contar! – interrompeu Cedric, sentando de lado para Hermione, com os braços cruzados. – Agora você me acha ridículo... – completou.


            _ Eu não te acho ridículo! – protestou Hermione, mas Cedric ainda não a encarava.


            _ Uhum... – murmurou Cedric.


            _ Eu estou falando sério! – insistiu Hermione. – Cedric você pode olhar para mim? – perguntou.


            Ele encarou-a com seus olhos em fogo-cor-de-mel. Hermione hesitou por um momento.


            _ Eu não te acho ridículo, acho ridícula a sua reação. – disse Hermione, por fim. – Você é mais velho que eu...


            _ Não, não! – protestou Cedric – Você não entende... As coisas que você diz, o seu jeito é tão maduro para sua idade, que eu me sinto muito pouco perto de você e a idade parece a única coisa que nos põe em pé de igualdade...


            _ Isso é irônico! – disse Hermione, rindo e balançando a cabeça.


            _ Irônico? Você achou engraçado? – perguntou Cedric frustrado e incrédulo.


            _ Irônico. Sim, acho irônico - respondeu Hermione – Veja, na situação em que me encontro... é irônico, porém nunca acharia graça de algo que tenha atormentado você. Mas sou eu que me sinto um nada ao seu lado, a disparidade entre nós chega a doer...


            _ Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci! – protestou Cedric.


            _ Me encanta que aos seus olhos seja assim... – respondeu Hermione.


            _ Não só aos meus olhos! – protestou Cedric, mais uma vez. – Você não faz idéia de quantos queriam estar em meu lugar neste exato momento... no bar deve ter mais de vinte!


            _ Não vamos discutir o que os seus olhos vêem... – interrompeu Hermione. – Sim, os seus! – completou, quando Cedric fez ma careta em desaprovação. – Você gostaria de saber o que os meus vêem?


            _ Eu... adoraria! – disse Cedric dando preferência a segunda parte da fala de Hermione: sua pergunta.


            _ Eu vejo um menino corajoso, que acha que pode fazer tudo. Ele é muito bobo, mas admirável. Ao sorrir, ele arranca um sorriso meu, sua teimosia me irrita, sendo eu igualmente teimosa! Por trás de sua expressão superior há um menino divertido. Ah, menino! Esse menino brinca com o meu coração! E ele não deve ser sentir mal por ser chamado de menino... Ele é um lindo menino, e só para mim como um presente interno, ele é meu menino... – Hermione terminou seu discurso, sem ar e com a sensação de que dizer tudo aquilo era muito fácil, estranhamente fácil.


            Após conseguir suspirar profundamente, deixando o ar entrar em seus pulmões, Hermione sentiu sua mente ficar enevoada. Cedric havia tomado seus lábios mais uma vez e ela sabia que nem que fosse a centésima vez, ela continuaria sentindo como se tivesse ido a Lua e voltado. Mesmo estando colados um no outro, ainda parecia haver uma distancia entre ambos a ser preenchida.


            _ Já se convenceu? – perguntou Hermione com o rosto ainda próximo do dele.


            _ Foi um impulso... – disse Cedric – Eu não me convenci, mas com você falando assim...


            Ele pressionou seus lábios contra os de Hermione mais uma vez, e ela riu por entre esse beijo.


            _ Você vai terminar uma dessas frases? – perguntou Hermione mais uma vez, só que dessa vez ela talvez não se importasse dele não terminar.


            _ Quando você fala desse jeito – continuou Cedric. – tão... apaixonadamente, você sempre põe tanto no que diz...


            _ Foi apaixonadamente inspirado para te descrever. – respondeu Hermione.


            _ “Em vão tenho lutado comigo mesmo, nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente.” – Cedric recitou, perfeitamente em sua voz de veludo.


            Hermione suspirou para o príncipe a sua frente.


            _ Orgulho e preconceito... – afirmou para Cedric - Era uma dos livros que você estava segurando, nunca havia ouvido falar... mas fiz uma pesquisa! – disse Cedric abrindo um lindo e grande sorriso.


            _ Pesquisa? Você foi pesquisar o que eu estava lendo? – perguntou Hermione, incrédula.


            _ Eu estou viciado em você! – disse Cedric, abrindo os braços.


            Hermione recostou-se de costas em seus braços abertos. Cedric a abraçava, envolvia em seus braços e ambos pareciam se encaixar perfeitamente, como a peça que falta em um quebra-cabeça.


            _ Como um vício? – perguntou Hermione, entrelaçando sua mão livre na dele, com a esquerda Cedric acariciava o braço de Hermione. – Bom ou ruim?


            _ Ah... um pouco dos dois. – respondeu Cedric, rindo.


            _ Dos dois? – voltou a perguntar Hermione sem gostar da parte de ser ruim. Cedric beijou-lhe a cabeça.


            _ Bom porque você é o melhor vício que alguém poderia ter. Ruim porque eu quero estar ao seu lado e ter você ao meu, só ao meu. Isso é tão egoísta! Sinto que não me controlo quando se trata de você, e não gosto de perder o controle. – explicou-lhe Cedric.


            _ Sei o que você quer dizer... – disse Hermione.


            Ela realmente sabia, essa noite principalmente. Tudo que sempre foi tão controlado em sua mente era facilmente manifestado por sua boca, com palavras e beijos secretos.


            Agora, nos braços de seu príncipe encantado, Hermione se sentia completa. Nos braços de sua donzela nada indefesa, Cedric sentia-se completo. Um quebra-cabeça quando completo simplesmente parece... certo.


            ●●●


            _ Rose, Rose! Ignore! – pedia Kate, enquanto Chris segurava a amiga.


            John ainda gargalhava, Rose tremia de raiva.


            _ Sinceramente, garoto, você se fingir de hiena não vai ajudar muito agora! – Moon reprimiu John.


            _ Cara, não é uma idéia muito boa... – comentou Rudy – Ela já está ficando vermelha... – preveniu.


            _ Melhor! – respondeu John debochadamente. – Vai combinar com o cabelo dela! Só estou esperando pegar fogo!


            Todos prenderam a respiração.


            _ VOCÊ QUE VAI FICAR SEM CABELO!!! – berrou Rose, atirando-se na direção de John. Agora Rudy ajudava Chris a segurá-la.


            Mesmo sendo retirada de perto de John rapidamente, Rose conseguiu atingir-lhe dois tapas nos braços que John ergueu na frente de seu rosto, em sua defesa.


            _ Vou ter que começar a andar de varinha na mão para falar com você! – disse John, rindo enquanto olhava as marcas vermelhas em seus braços.


            _ Você vai ter sorte se tiver uma próxima vez! – disse Rudy, virando-se para John.


            _ Qual é o seu problema, cara? – perguntou Chris, também de frente para John.


            Agora Rudy e Chris faziam uma barreira que separava Rose, do lado direito sendo acalmada pelas meninas, e John, do lado esquerdo, ainda rindo abobadamente.


            _ Rose, é melhor você sair daqui... – disse Rudy com seus olhos queimando em John. – Vá tomar um pouco de ar.


            _ Você vai quebrar o nariz dele? – perguntou Rose, olhando John com três vezes mais ódio do que Rudy estava. John pareceu gostar.


            _ Provavelmente. – respondeu Rudy, sorrindo. Isso pareceu convencer Rose.


            Rose suspirou e abriu caminho por entre Rudy e Chris.


            _Vocês vão tirar a fortaleza humana? – perguntou John, debochadamente. – E se a ruiva louca quiser me atacar?!


            Ao passar por John, Rose pisou no pé do sonserino com seu salto agulha, fortemente, devo acrescentar. John soltou um gemido audível e fechou as mãos em punhos.


            _ Eu só saio dessa relação aleijado! – exclamou John, ainda morrendo de dor.


            Enquanto andava para longe, Rose levantou sua mão, ainda de costas, sem parar de andar. Bem... ela não levantou a mão para mandar um adeusinho.


            _ Que menina bem educada! – John gritou de volta.


            Rose bateu a porta do banheiro feminino tão brutalmente, que até no outro lado cheio do bar todos puderam ouvi-la.


            _ O que foi aquilo? – Isa perguntou a John.


            Rudy e Chris gesticulavam ferozmente com Kate e Moon do outro lado da mesa. Parecia que as meninas não aprovavam o uso de brutalidade... nesse caso...


            _ Eu fui atingido verbal e fisicamente. – respondeu John. – Inúmeras vezes! – acrescentou.


            _ Aaaaah... você gosta de Rose! – acusou Isa incrédula.


            _ Da ruiva maníaca? – debochou John. – Você não viu o que ela acabou de fazer comigo?


            _ Sim. – respondeu Isa. – Ela chamou sua atenção...  _ O que a sua mente maligna está pensando? – perguntou John, ao ver o sorriso malicioso que cresceu no rosto de Isa.


            _ Oh! – Isa parecia ter compreendido algo. Depois começou a rir descontroladamente.


            _ O que é isso, Isa? – perguntou John, assustando-se com a reação da amiga. – Jack! Medo! – John se dirigiu a Jack, vendo que Isa tinha perdido completamente sua sanidade mental.


            Jack mantinha um olhar furioso para suas mãos que seguravam uma taça vazia de whiskey de fogo.


            _ A taça te fez alguma coisa? – perguntou John, tentando chamar a atenção do amigo, inutilmente.  


            _ Desista dele! – disse Isa, ela não mais sorria.


            _ Qual é o problema? – quis saber John.


            _ Granger... – respondeu Isa, amargamente.


            _ Aaaah... Ela saiu com... – começou John.


            _ Ced, é saiu. – completou Isa.


            _ Ced? – perguntou John, rindo – Quem bom que Jack não está te ouvindo...


            _ Como se ele ouvisse! – respondeu Isa, com um olhar triste que logo se dissipou. – De qualquer forma, você parece ter deixado aqueles dois bem irritados... – disse apontando para Rudy e Chris.


            _ Eu me importo muito se eles estão irritados ou não! – disse John, debochadamente.


            _ Eu vou falar com aquele ali! – disse Isa, sorrindo perigosamente.


            _ Mas ele tem namorada, certo? – perguntou John. – É... não que isso importe.


            Isa bateu no ombro de John.


            _ Ai! Eu já não fui agredido o suficiente por hoje? – protestou o sonserino.


            _ Não estou falando de Rudy! – disse Isa, ofendida. – Estou falando do amigo dele.


            _ Do qual você nem sabe o nome...? – comentou John, provocando a amiga.


            _ John... É para isso que eu estou indo lá, sabe as pessoas não lêem mentes, geralmente é preciso se apresentar para saber o nome de alguém. – respondeu Isa, igualmente maliciosa.


            _ Ok, desisto! – disse John, levantando os braços em derrota.


            Isa se levantou e começou a andar em direção ao outro lado da mesa redonda, levando consigo olhares desejosos. A maneira com a qual Isabella Nalick andava era confiante e sensual, ela estava sempre de cabeça erguida, já era algo natural que ela fazia: roubar olhares desejosos. Nunca, porém, de quem ela queria. Este olhar já fora roubado, e agora queimava de raiva.


            _ Olá! – disse Isa, sentando-se na cadeira entre Rudy e Chris.


            Ambos ficaram meio embasbacados, sem fala. Moon pulou no colo de Rudy, este se assustou, para logo depois sorrir da reação da sua recente namorada.


            _ Muito animadinho, Sr Steiner! – repreendeu-o Moon, em um sussurro.


            _ Como não ficar? Acabo de ver uma deusa... – Rudy sussurrou de volta.


            Moon olhou-o chocada.


            _ Pular em meus braços! – completou galantemente o lufa-lufa. – É difícil de acreditar que eu tenha tanta sorte...


            _ Saiu bem dessa... – respondeu Moon alisando os cabelos de Rudy.


            _ A inspiração me pega e eu dou um espetáculo! – disse Rudy, presunçoso.


            _ Modéstia é uma das características que eu mais amo em você! – disse Moon, debochadamente.


            _ Eu amo o seu sarcasmo! – rebateu Rudy, quando Moon sorriu, ele comprimiu os lábios. – E seu sorriso... e sua boca... – Rudy era um homem hipnotizado.


            _ Foi com essas palavras que você me ganhou da primeira vez! – disse Moon com os lábios a centímetros do de Rudy.    


            _ É o suficiente para que eu te ganhe uma segunda? – perguntou Rudy.


            Segundos depois o casal apaixonado estava entrelaçado em um envolvente beijo.


            Chris conversava animadamente com Isa, Kate também estava na conversa, embora não comentasse nas falas com segundas intenções lançadas por Isa e Chris.


            _ Então você também gosta de quadribol? – perguntou Chris, como um dos batedores da Lufa-lufa.


            _ É um jogo muito interessante... – respondeu Isa, “ajeitando” a gola da jaqueta de Chris. – Os jogadores são tão ágeis! – disse subindo a mão para o pescoço dele. – Seus movimentos são tão... – Isa parou sua frase no meio e suspirou, suas mãos voltaram a seu colo.


            Kate agora se excluiu totalmente da conversa, que havia ficado por demais constrangedora.


            _ É com certeza um esporte muito interessante... – disse Chris, rígido em seu lugar.


            _ Isa! Fala comigo!!! – interrompeu John – Eu não agüento mais o Jack Altista!


            _ John, se liga! – disse Isa, olhando-o significativamente.


            _ Alguém tem que “ligar” o Jack! Cadê a tomada? – perguntou John.


            _ Essa foi realmente fraca! – disse Isa, ela queria se livrar de John, rapidamente. – Vai caçar sua ruiva!


            John fazia menção de responder, mas seu rosto se iluminou com a idéia de atormentar aquela ruivinha irritante.


            _ Depois me conta como foi! – disse Isa para John, antes que ele fosse embora.


            _ Divertido... sempre divertido! – respondeu John, saindo com um sorriso malicioso.


            Ao se levantar, porém, John encontrou um obstáculo, foi tudo muito rápido, John apenas se levantou e encontrou a mão de Rudy vindo de encontro ao seu nariz com um lindo soco.


            _ RUDY! – interveio Moon.


            _ Promessa é dívida, Moon... – disse Rudy em sua defesa, enquanto John se contorcia de dor com as mãos no nariz.


            _ Mas você também prometeu: nada de sangue! – disse Moon, agora ela e Isa separavam os dois.


            Moon de frente para Rudy e Isa ajudando John.


            _ Você está vendo algum sangue? – perguntou Rudy, apontando para John.


            Moon olhou para John. Apesar de o soco ter sido forte e o nariz de John estar provavelmente latejando agora, não havia sangue.


            _ Viu? Rose fica feliz, você fica feliz, e eu também! – disse Rudy. – Todos ficam felizes!


            _ E quanto ao John? – perguntou Moon, ainda sem aprovar o comportamento agressivo de Rudy. Apesar de todas as meninas judiarem dos garotos.


            _ Com licença? – pediu John, retirando Moon do seu caminho com toda a delicadeza. – Qual é o seu problema?! – perguntou, uma vez que estava frente a frente com Rudy.


            _ Só estava fazendo um favor a uma amiga... – respondeu Rudy, calmamente.


            _ O que você estava pensando?! – perguntou John, empurrando Rudy. Ele estava muito zangado.


            _ Chega! – interveio Isa, ficando entre os dois. – Abaixem o nível de testosterona! John, -  ela virou para o amigo. – não compre briga! Vai tomar um ar...


            John ainda olhava para Rudy com raiva.


            _ John... – pediu Isa. Depois algo lhe ocorreu. – Não estrague a diversão!


            John deixou de olhar Rudy, sua raiva deixada de lado e sua expressão foi suavizada.


            _ Diversão... certo! – disse John antes de desaparecer da vista de todos.


            A tensão foi dissolvida e todos voltaram ao que estavam fazendo, antes de Rudy resolver cumprir uma promessa.


            ●●●


            Rose adentrou o banheiro proclamando todo o tipo de xingamento que ela conhecia para descrição de um único ser que atormentava      seus pensamentos.


            _ Aquele ser desprezível, babaca, idiota, retardado, cheio de si! – berrava Rose, encarando seu reflexo no espelho. – Grande merda que ele é! Aquele filho da...


            Rose parou no meio da frase, pois reparou o quão descontrolada estava, quando viu duas bruxas saírem do banheiro encolhidas e com os olhos arregalados de medo.


            _ Desculpe... – Rose murmurou, antes que elas saíssem.


            Ela precisava se acalmar, mas ainda sentia seu sangue fervendo em suas veias. Viu que suas bochechas estavam por demais vermelhas, então jogou um pouco de água em sua nuca e relaxou completamente. Quando abriu os olhos outra vez, Rose estava melhor, recomposta. Foi quando seu olhar tornou-se fixo, de repente, e sua visão começou a ficar inebriada, até que não sobrasse mais nenhum vestígio da imagem de seu reflexo, e sua visão fosse uma névoa branca.


            A névoa começou a se dissipar e uma imagem perfeita se formou na mente de Rose, isso indicava que aquela cena aconteceria em pouco tempo, talvez ainda aquela noite (manhã já passava das 01h00min). Assim funcionavam as suas visões, ela não controlava quando as teria e a nitidez com a qual elas apareceriam, dependiam do quanto elas estavam longe de acontecer. Se estivessem mais perto eram mais nítidas, se estivessem mais longe iam ficando inebriadas.


            A cena vista por Rose baseava-se em John beijando uma garota, que ela não viu quem era. A garota pareceu assustar-se e até resistir no início, mas depois se entregou aos braços do sonserino. Com um flash de luz Rose estava de volta, olhando para seu reflexo no espelho.


            _ Ugh! Será que até nas minhas visões esse idiota vai me atormentar? – protestou Rose, para logo depois sorrir maliciosamente – Pobre menina! Ela que vai ficar atormentada...


            Quando Rose estava saindo do banheiro feminino, pode ver John, também saindo do banheiro masculino. Ele apalpava o nariz, com as sobrancelhas franzidas. O rosto de Rose se iluminou.


            _ Levou um soco? Aiiii! – disse Rose, rindo de John.


            _ E mais uma vez, fui agredido por sua culpa. – disse John, parecendo sério, mas ele estava feliz de tê-la encontrado. Brigar com ela parecia uma necessidade.


            _ Devo uma ao Rudy! Sangrou? – perguntou Rose, animadamente.


            _ Não. – respondeu John, secamente. - Eu devo uma a sua amiga.


            _ Moon! – exclamou Rose, amaldiçoando a grifinória. 


            _ É, pelo visto ela não é muito fã de violência... – disse John, sorrindo.


            _ Isso é irônico. – disse Rose, já que todas as meninas viviam agredindo os meninos.


            _ Isso está estranho... – disse John, apoiando-se na parede, de frente para Rose. – Você não gritou, se descabelou, ou tentou me matar e nós já levamos três minutos inteiros nessa conversa...


            _ Você fala como se eu fosse uma descontrolada! Você nem me conhece! – disse Rose, tentando não se descontrolar.


            _ Claro... porque todo mundo sai gritando e batendo em um desconhecido. – disse John, sarcasticamente – Você é bem normal! – completou, rindo.


            _ A opinião dos outros sobre como eu sou não me importa, eu nunca mudaria por isso. – respondeu Rose, segurando-se para não deformar aquela cara risonha.


            _ Isso é um pouco arrogante, você não acha? – perguntou John, sabendo que estava conseguindo deixar Rose nervosa.


            _ Há! Você falando de ser arrogante? – debochou Rose – De qualquer forma, eu não me expressei bem. Eu só ouço comentários construtivos...


            _ E dizer para você ser normal não é construtivo?  - perguntou John, atiçando a ruiva.


            _ Não vindo de você! – respondeu Rose, rispidamente. 


            _ Você parece achar que me conhece... – disse John, balançando a cabeça – Você está ciente de que só nos conhecemos a algumas horas, certo? E estávamos brigando!


            _ Como se existisse uma conversa entre nós na qual eu não tivesse que te corrigir! – disse Rose.


            _ Você não Poe dizer “discutir”, ou “ter idéias contrárias”?! Tem que ser você corrigindo a mim?! – disse John, endireitando-se para ficar frente a frente com Rose. – Você é teimosa e maluca!


            Rose olhou-o chocada, para logo depois responder, nervosamente.


            _ E você é arrogante e metido!


            _ Uuuuuh! E a hostilidade começa a infestar o ar novamente! – debochou John.


            _ Você é um garotinho muito ridículo! – respondeu Rose.


            _ Minha garota, estamos chegando a um entendimento! – disse John, sorrindo.


            _ Eu tenho um nome! Mas que droga! – protestou Rose.


            _ Eu também! – respondeu John,. – E da última vez que eu chequei não era “garotinho ridículo”.


            _ Mas é o que você é! – disse Rose, superiormente.  – Um garotinho ridículo!


            _ Para você também! – respondeu John, ignorando seu ego ferido.


            Rose olhou-o confusa, o que John havia dito não fazia sentido.


            _ Você também é minha garota. – explicou John.


            Rose ficou alguns segundos calada, pasma. Logo depois estava com raiva, ma antes que pudesse responder, John disse:


            _ Nossa! Você fiou desse jeito pela possibilidade de ser “minha garota”?


            _ Há! – debochou Rose. – Não existe possibilidade de eu ser “sua garota”!


            _ Você parece muito certo disso. – contrapôs John.


            _ Nunca fui fã de serpentes! – respondeu Rose.


            _ Quer provar do meu veneno? – atiçou John, divertido.


            _ Você não conseguiria me morder... – respondeu Rose, perto de John, perto demais.


            O sonserino sorriu maliciosamente.


            _ É uma aposta? – desafiou John.


            _ Eu na apostaria com alguém que vai perder. – respondeu Rose. – É injusto...


            _ É uma aposta? – insistiu John – Ou está com medo, garota?


            _ Ótimo! Apostado! – respondeu Rose, no mesmo instante.


            Em um rápido movimento, John puxou Rose ao encontro com seus lábios. Ele a sentiu rígida, como se não tivesse assimilado o que estava acontecendo, pela rapidez com a qual ele aconteceu. Logo depois, ela começou a reagir, se debatendo, mais John não iria ceder ao protesto. Desde o momento em que os seus lábios encontraram os de Rose foi como uma explosão, como se o fogo que havia nela derretesse o gelo nele contido. John pressionou Rose mais fortemente contra o seu corpo, sentido-a diminuir os protestos até eles já não mais existirem. Quando Rose se entregou ao beijo por completo, entrelaçando suas mãos na nuca de John, ele sentiu como se nada fosse tão bom quanto aquilo que estava sentindo.


            Quando John puxou Rose para aquele beijo avassalador, ela não fazia idéia do que tinha acontecido, só sentiu um frio em seu estômago, como gelo acalmando o fogo que por demais ardia em seu interior. Não! Ele a estava beijando! Rose imediatamente começou a se debater contra os braços dele, John por sua vez, pressionou-a ainda mais contra seu corpo, não deixando outra escolha se não entregar-se aquele momento fora do normal.


            John afastou-se milímetros de Rose para sorrir com seus lábios ainda nos dela. Suavemente, mordiscou-lhe o lábio inferior.      


            _ Simpatiza com serpentes, agora? – perguntou John, sorrindo maliciosamente, seu rosto ainda a centímetros de Rose.


            Rose roçou seus lábios nos dele, sensualmente. John pareceu ter sido tomado por uma nova onde de desejo, foi quando Rose o atingiu fortemente na virilha. John ajoelhou-se, contorcendo-se de dor.


            _ Não. – respondeu Rose, antes de sair e deixar o sonserino para trás.


            ●●●


            Na mesa a conversa continuava animada, Rudy e Moon eram um casal apaixonado, Isa e Chris continuavam com o duplo sentido e Kate assistia as duas cenas, entediada.


            Do outro lado da mesa, Jack também estava sentado em silêncio, Kate quis ser solidária... antes não tivesse.


            _ Parece que nos largaram, não é? – perguntou Kate para Jack, tentando puxar assunto.


            Jack apenas encarou-a sem dizer nada.


            _ Sabe, todos saíram em pares.. e nós aqui. – insistiu Kate.


            Jack ainda não havia proferido uma palavra sequer.


            _ A-N-T-I-P-Á-T-I-C-O! – concluiu Kate – Bem, se você não vai respondeu é melhor! Assim eu posso só falar, falar, falar, falar, falar...


            Jack não dava o braço a torcer, mas Kate não agüentava mais não ter com quem falar.


            _ E eu não preciso fingir estar te ouvindo... Isso também é uma boa razão! – continuou Kate – Viu? Olha quantas razões... Isso é bem feliz, certo?


            Jack olhava para Kate, incrédulo, e parecia estar perdendo o controle.


            _ Feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, FELIZ! – repetia Kate irritantemente.


            _ Chega! – cedeu Jack – Por favor! O que eu preciso para fazer você parar?


            _ Só fale comigo! É muito chato ficar aqui sozinha... Só você parece gostar de se afogar na amargura. – disse Kate, aliviada por ter começado uma conversa.


            _ Eu estou com um problema, então acho que tenho o direito de estar chateado. – respondeu Jack, sem emoção.


            _ Mas você deveria? – perguntou Kate – Sabe, nem sempre as pessoas que gostamos sentem o mesmo por nós...


            _ Do que você está falando? – perguntou Jack, fingindo não entender.    


            _ Estou falando da cara que você fez pelo fato da Mi ter saído com o Ced. – especificou Kate -  E por eles ainda não terem voltado...


            Jack cerrou as mãos em punhos e sua respiração começou a ficar pesada.


            _ Quer um conselho? – perguntou Kate.


            _ Não... – respondeu Jack, mas ela o ignorou.


            _ Bem, eis o que eu acho que você deveria fazer: tire essa cara de infeliz e siga em frente, continue sendo amigo dela... Talvez possa dar umas “investidas”... Mas cara, quando você vir que ela está feliz, não fique no caminho dela. – Kate disse em seu “momento psicóloga”.


            _ E quanto a mim? Eu... não sei o quão infeliz poderia ficar. – disse Jack, sem ter noção de com quem estava falando. Uma desconhecida. Ele não se importava, precisava falar.


            _ Bem, você deverá achar felicidade na felicidade que ela senti. – concluiu Kate – Caso contrário, você nunca gostou dela realmente.


            _ Certo... – desistiu Jack – Se determinadas partes dessa noite não tivessem acontecido... – lastimou – tudo seria diferente...


            _ Sim. – concordou Kate – mas esse não é o caso.


            _ Não... não é o caso. – repetiu Jack, mais para o seu coração que para Kate. Como aquela menina havia feito aquilo com ele?


            Nesse momento Jack e Kate foram acordados de sua “sessão terapia” pó uma Rose que havia sentado ao lado de Kate, e não parecia muito feliz. Na verdade, resmungava coisas incompreensíveis.


            _ Hunf! Dah! “Minha garota”! Minha garota no seu...


            _ Rose, o que houve? – perguntou Kate com um pequeno sorriso sem entender.


            _ Ele... – foi a única coisa que Rose pôde dizer.


            _ Ele? Rose você está bem? – perguntou Kate rindo da Expressão de Rose.


            _ O John, Kate! Ele! – Rose gritou, para logo depois resmungar de novo.


            _ Ah! – exclamou Kate, ainda rindo.


            Exatamente nessa hora, John chega mancando e senta-se muito cuidadosamente ao lado de Jack.


            Kate o acompanhou com o olhar, quanto ele se sentou ao lado de Jack ela virou-se para Rose e disse risonha:


            _ Poxa! O cara chega mancando e você ainda reclama? Acho que fez o melhor que pôde!


            Rose olhou-a com uma sobrancelha levantada.


            _ Por favor, Katherine, dirija os seus duplos sentidos ao Chris, ele com certeza irá apreciá-los mais do que eu! Ah, é! A loira já tomou o seu lugar! Então o que você continua fazendo aqui me irritando? – perguntou Rose, com raiva e malcriada.   


            Kate arregalou os olhos.


            _ Ta bom! Eu não brinco mais!


            _ Rose revirou os olhos.


            _ Desculpa, Kate! É que... ele me tirou do sério!


            _ Tudo bem... mas por que ele te tirou do sério? – perguntou Kate, a curiosidade transbordando em sua voz.


            Rose suspirou.


            _ Bem... – Rose começou a contar toda história.


            Bem ao lado das duas, estavam Jack e John, muito entretidos na sua própria conversa para prestar atenção em algo mais.


            _ Cara... – Jack comentou, rindo. A conversa com Kate realmente havia ajudado.


            John fez uma pequena careta de dor e perguntou:


            _ O quê?


            _ Eu sabia que essa ruiva era quente, mas... nem você conseguiu dar conta do recado? E ainda voltou mancando! – Jack ria no meio das frases.


Ao contrário de Rose, John sorriu divertido.


            _ Pelo menos eu peguei... – próprio enfatizou, para logo depois acrescentar maldosamente num jeito sonserino. – Mas parece que o Diggory foi melhor com a Granger do que eu com a esquentadinha! Há quanto tempo eles saíram?


            Jack fechou a cara.


            _ Touché. – comentou sem emoção.


            _ Cara, não fica assim. Até a garota veneno já arranjou alguma diversão! – disse John, dando tapinhas nas costas de Jack e apontando para Isa, que ainda conversava animadamente com Chris.


            _ Você tem sérios problemas em dizer os nomes reais das pessoas, né? – perguntou Jack, balançando a cabeça.


            John riu, relembrando-se de certa esquentadinha.


            Chris e Isa gargalhavam de uma piada, que Chris havia contado.


            _ Ah, ta. Não foi tão engraçado assim! – disse Chris.


            _ Eu sei... eu só estava tentando seduzir você. – disse Isa normalmente.


            Chris pareceu ficar congelado na cadeira.


            _ O quê? – ele perguntou surpreso.


            _ E então, você vai me beijar ou não? – perguntou Isa, sorrindo.


            A cara de Chris era pura excitação, ele rapidamente inclinou-se para beijá-la, quando sentiu alguém segurando o seu braço.


            _ Chris! – ele ouviu a voz de Kate gritar. – Desculpe interromper! – ela dirigiu-se a Isa. – Vem comigo! – terminou puxando Chris.


            _ O quê? Não! – exclamou Chris, tarde demais, ele já estava sendo levado para o outro lado da mesa.


            Isa levantou uma das sobrancelhas e cruzou os braços.


            _ Ah! Eu te ligo! – exclamou Chris, enquanto era puxado por Kate.


            _ O quê? – perguntou Kate confusa.


            _ Ah, estou passando tempo demais com a Mi! – exclamou Chris. – Eu te um recado por uma coruja! – gritou para Isa, que já havia virado o rosto em outra direção.


            Logo que chegaram ao lado de Rose, Chris se soltou.


            _ É bom que seja importante. – disse Chris de cara amarrada.


            _ E é! Conta para ele, Rose! – disse Kate elétrica.


            ●●●


            Moon e Rudy haviam terminado mais um de seus beijos melosos que os isolava de seus outros amigos, quando Moon exclamou:


            _ Cedric!


            _ Ok... Não era isso que eu esperava ouvir! – disse Rudy, encarando Moon.


            _ Não! – protestou Moon – Não seja ridículo!


            _ De novo: não era isso que eu esperava ouvir! – respondeu Rudy.


            _ Desculpe... – disse Moon, retirando o cabelo de Rudy de seus olhos. – É que... uma coisa acabe de me ocorrer.


            _ O quê? – perguntou Rudy – Deixe-me adivinhar, envolve o Ced!


            _ E a Mi. – completou Moon. – Você não acha que eles já saíram a um bom tempo?


            _ Oh! – exclamou Rudy – Ele não perde tempo!


            _ Rudy! – repreendeu Moon, com um tapa em seu braço.


            _ Ai! – protestou Rudy. – O que aconteceu com “violência não resolve nada”?


            _ Eu não estava prestes a quebrar seu nariz! – respondeu Moon.


            _ Ninguém quebrou o nariz de ninguém... – contrapôs Rudy.


            _ Que seja Rudy! – disse Moon, parecendo chateada.


            Rudy olhou-a arregalando os olhos.


            _ Com licença? – interrompeu Lívien, a garçonete.


            Moon e Rudy voltaram sua atenção para ela.


            _ Sabem aquela menina que estava com vocês? – perguntou – Vestido bege, olhos castanhos...


             Rudy olhou para Moon.


            _ Eu não digo nada! – ele avisou – Meu braço já está bem por hoje...


            _ Muito engraçado! – exclamou Moon. – Ela... saiu. – agora Moon dirigia-se a Lívien.


            _ Sim... – disse Lívien, sem entender nada – Vocês podem entregar isso para ela, por favor?


            _ Claro... – respondeu Rudy.


            _ Você quer saber por que eu estou preocupada? – Moon disse, de repente. – Porque você nem me perguntou!


            Rudy e Lívien a encararam com os olhos arregalados.


            _ Querida... – comentou Lívien – Você está bem? – perguntou, olhando para os outros copos de cerveja amanteigada que não pertenciam a Moon, mas que estavam à sua frente.


            Rudy começou a gargalhar.


            _ Não são meus! – apressou-se Moon a dizer.


            _ Claro... – respondeu Lívien, corando e saindo.


            _ Pare de rir! – Moon disse para Rudy     que ainda gargalhava descontroladamente.


            _ Moon, o que foi? – perguntou Rudy, parando de rir aos poucos. – Já estão pensando que você está bêbada!


            _ Eu... – começou Moon – Sabe, eles estão lá fora há um bom tempo...


            _ O que você está PENSANDO?! – perguntou Rudy histérico. – Os duplos sentidos eram de brincadeira! Você não acha que...


            _ Rudy! Rudy! – interrompeu Moon – Eu não acho nada, calma! O que eu quis dizer, é que eles não têm nada acertado... Bom, o Cedric para dizer a verdade.


            _ O que você quer dizer? – perguntou Rudy, mais calmo.


            _ Ele ainda tem algo com a Chang, certo? E ainda tem o Torneio, algo que será perigoso e estressante. – explicou Moon. – Eu só espero que a Mi não saia machucada nisso tudo... Ela é uma garota boa.


            _ Sim. – concordou Rudy – Mas você tem que admitir, seria uma reviravolta.


            _ Reviravolta? – perguntou Moon.


            _ Cedric é aquele garoto de outro, que provavelmente terá uma carreira no ministério, namoraria alguém como a Cho e... Pronto! É isso, seria feliz. – começou Rudy – E a Mi é aquela menina modelo com espírito heróico, que provavelmente acabaria como auror e mãe de família. O “mercado” de namorados se abriu bem amplo para ela, vamos admitir... mas graças a um jogo de quadribol tudo muda.


            _ Esse encontro muda tudo o que estava previsto para eles! – completou Moon, entendendo.


            _ Foi uma coisa muito rápida, eu nunca vi Cedric com esse brilho no olhar. E só levou alguns dias...


            _ Do que eu ouvi e observei da Mi nesses anos que somos da mesma casa... Eu nunca a vi fazer certas coisas sem pensar, como fez esse ano. – comentou Moon.


            _ Muitas mudanças ocorreram esse ano. – disse Rudy, dando um sorriso.


            _ Reviravolta... – concluiu Moon.


            Os dois ficaram pensativos.


            _ Sabe, as ações deles... – disse Rudy. – mexeram com a vida de todo mundo!


            _ É... – disse Moon – Nós... e todos! Deve ser algo do destino.


            _ Um quebra-cabeça a ser montado... – concordou Rudy – Falando em quebra-cabeça... Mistério! – disse Rudy, olhando para o papel em suas mãos. – O que estará nesse papel?


            _ Não, Rudy! – protestou Moon. – Isso não é para você!


            _ Ah, Moon! – reclamou Rudy, impedindo as tentativas de Moon de retirar o papel das mãos dele.


            _ Rudy, isso não é legal! – insistiu Moon.


            _ Ah! O que você diz não conta! Você já tomou todas! – contrapôs Rudy, rindo.


            _ Mas eu não... Rudy Steiner! – repreendeu Moon.


            _ Moon, você não pode ignorar as evidências... – disse Rudy, apontando para os copos vazios.


            _ Quais? Você sendo curioso ao extremo de ler o que não é seu? – debochou Moon.


            _ Minha Lua, você já está alucinando... – Rudy gargalhava, agora.


            _ Tem razão, Rudy. – desistiu Moon. – Eu estou alucinando, vai abre o bilhete!


            _ Sério? – perguntou Rudy, incrédulo.


            _ Você quer me fazer pensar de novo? – perguntou Moon, debochadamente.


            Rudy não precisou de nem mais um segundo para abrir o pequeno pedaço de pergaminho.


            “Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás dizer, fazer ou sentir... Mas ao primeiro nascer do Sol, após horas de fantasias, tudo será um passado inexistente.


            _ O quê?! – perguntou Rudy, sem entender nada.


            _ Não faço idéia... – admitiu Moon – Hey! Já devíamos ter voltado...


            _ Hã? – voltou sua atenção para Moon.


            Ela apontou para o relógio acima de Rudy, pendurado na parede, que marcava 02h30min da manhã.


            _ Ah... – Rudy entendeu.


            _ Gente! – Moon chamou.


            Kate gesticulava para Chris, enquanto Rose bufava em seu lugar. Jack e John pareciam achar a atitude da ruiva muito engraçada, principalmente quando ela percebeu os olhares risonhos dos dois e mostrou-lhes a língua. Isa estava com Kate, Chris e Rose, mas agora parecia mais interessada em saber a história do que em obter diversão.


            _ Hey! – chamou Moon mais uma vez, agora todos prestavam atenção. – Está na hora, vamos levantando...


            Todos se levantaram preguiçosamente, e encaminharam-se para a porta. Os meninos ficaram para trás, para pagar a conta. Cada um colocou a sua parte, então outro bolo de notas foi jogado na mesa.


            _ O que você está fazendo? – perguntou John, confuso.


            _ Estou pagando minha parte... – respondeu Rose, casualmente.


            _ Por quê...? – quis saber John.


            _ Para não passar a noite lavando pratos? – sugeriu Rose – Geralmente temos que pagar a conta, sabe.


            Rudy, Chris e até Jack abafaram um riso.


            _ Sim, nós garotos - contrapôs John – Você não precisa pagar...


            _ Isso parece meio injusto com vocês, não? – apontou Rose.


            _ Mas... É questão de educação e... – tentou John.


            _ É uma questão de educação minha também! – interrompeu Rose – Eu também bebi e comi o que vocês estão pagando.


            John olhou para Rose como se tivesse visto algo MUITO engraçado. Na mesma hora que Rose viu seu sorriso ela se lembrou de quando aquele mesmo se formou sobre seus lábios, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e logo depois ficou com raiva.


            Rose lembrou-se que queria matar John, e se repreendeu por estar falando com ele tão “civilizadamente”.


            _ Quer saber?! Se você quer pagar, ótimo! – disse Rose, estressada com John, e seu desrespeito, além de com ela mesma e sua burrice. – Finja ser um “cavalheiro”, todos sabem que você é retardado mesmo!


            Rose foi para junto de Moon e Kate, agora, Jack, Chris e Rudy riam abertamente. John também sorriu, levemente.


            _ Posso saber como é que eu virei um retardado por tentar ser educado? – perguntou John.


            Os meninos deram de ombros, esse tipo de coisa sem noção parecia fazer com que eles esquecessem suas diferenças. Uma vez que elas foram lembradas, os meninos se dividiram nos grupos: Rudy e Chris; Jack e John.


            ●●●


            Dentro da carruagem Cedric e Hermione conversavam. Entrelaçados em um abraço. Eles simplesmente falavam... curiosidades sobre cada um, coisas sem importância, que eles não tiveram tempo para descobrir, com a rapidez com a qual tudo aconteceu.


            _ Então você descobriu hoje?  - perguntou Hermione – Só hoje? Sortudo! Nem teve que se atormentar um pouquinho!


            _ Ah, eu fui atormentado! – respondeu Cedric com sua voz de veludo. – Porque meu coração sempre soube, mas eu não via, isso não quer dizer que ele não sofreu do mesmo jeito.


            Um sorriso involuntário cresceu no rosto dos dois, e eles entrelaçaram suas mãos. Só faltava escorrer mel das palavras de cada um, era muito bobo, eles estavam agindo bobamente ou, pode-se dizer, apaixonadamente.


            _ Minha vez! – anunciou Cedric. – Quais são... suas flores preferidas?


            _ Por que você quer saber disso? – perguntou Hermione. – É inútil...


            _ Ai que você se engana! – contrapôs Cedric – Essas são informações preciosas para uma futura reconciliação.


            _ Você já está considerando que vamos brigar? – perguntou Hermione, chocada.


            _ E você não estava pensando nisso? – argumentou Cedric – Com nossos gênios...


            Hermione estava considerando isso, mas ainda assim era assustador. Como ele sabia? Ele sentia o mesmo? Ou simplesmente adivinhou? Era tão estranho pensar junto com alguém... compartilhar involuntariamente seus medos, incertezas e alegrias...


            _ Certo. – Hermione desistiu de sua batalha mental – É difícil de explicar...


            _ Até com flores? – perguntou Cedric, incrédulo. – Tem algo em você que seja fácil de explicar?


            Hermione riu e Cedric também, ao ouvi-la rir.


            _ Gosto de rosas. – disse Hermione.


            _ Convencional... – apontou Cedric. – Mas, não acabou ainda, certo?


            _ Rosas azuis... – completou Hermione, Cedric olhou-a de cenho franzido.


            _ Azuis? – questionou.


            _ Disse que não era normal... – respondeu Hermione.


            _ Não, é que eu sempre gostei da cor azul. – disse Cedric surpreso.


            _ Claro! Você é menino! – contrapôs Hermione.


            _ Preconceituosa... – Cedric fingia reprimi-la.


            Hermione riu mais uma vez.


            _ Ria Srta Granger! – disse Cedric, fazendo-a rir ainda mais. – Analise as rosas: vermelhas – paixão, algo passageiro; e sangue, freqüentemente sinônimo de coisas ruins.


            Brancas – São tão serenas, celestes... irritam por seu jeito calmo de ser.


            Amarelas – Claras, cor-do-sol. Temos, porém, dias chuvosos.


            Hermione levantou dos braços de Cedric, para olhá-lo nos olhos. O que ele disse era, quase palavra por palavra, o que ela pensara quando Jack lhe ofereceu rosas vermelhas.


            _ Não! E aquelas que são de um rosa claro, acho que salmão.... – continuava Cedric. – Vermelho e braço; intensa paixão e cor serena! O que estavam pensando?


            Hermione puxou-o para pressionar seus lábios contra os dele. Cedric se assustou, mas nem cogitava em protestar, quando a própria Hermione os separou.


            _ Impulso. – se desculpou – Próxima pergunta?


            _ Vamos pular as perguntas... – disse Cedric, chegando para frente, voluntariamente, agora.


            _ Por quê? – começou a perguntar Hermione, mas parou no meio da pergunta.


            _ Bem, eu estava pensando em te beijar de novo. – respondeu Cedric, sem saber que não era essa a pergunta de Hermione.


            _ Não! – tentou explicar Hermione.


            _ Ok... você que começou. – defendeu-se Cedric.


            _ Não foi o que eu quis perguntar. – especificou Hermione.


            _ Qual é sua pergunta? – Cedric desistiu, perguntando gentilmente.


            _ Por que... – começou Hermione – Por que você acha que me ama?


            _ O quê? – Cedric estava confuso. – Eu não acho, Hermione, eu sei!


            _ Sabe? – Hermione perguntou hesitante. – Por que você achar que sabe?


            _ Aonde você quer chegar? – questionou Cedric.


            _ Eu não sei... – respondeu Hermione – Talvez saber o porque me faça acreditar.


            _ Você não acredita quando digo que te amo? – perguntou Cedric, ele parecia magoado.


            Hermione abaixou os olhos, porque não conseguia encarar os dele, não depois de tê-los magoado. Nada de bom pode durar?


            _ Não mesmo! – respondeu Cedric.


            Hermione se assustou, era como se ele tivesse lido seus pensamentos. Bem, eles pensavam de maneira parecida, e totalmente distinta! Eles eram muito parecidos e totalmente diferentes.


            _ Você quer que eu especifique? – perguntou Cedric – Não há problema para mim em dizer...


            Aí está uma diferença, era muito mais difícil para Hermione verbalizar as coisas que sentia do que percebê-las. Já Cedric, mesmo não percebendo logo de cara, ao fazê-lo não tinha medo de gritar aos quatro ventos.


            _ Hermione Granger, - Cedric começou, e Hermione ouvia, esperando ser convencida. – eu amo o jeito com o qual você sorri, como se tivesse cinco anos de idade, como você fala as coisas sem penar quando está nervosa, como você precisa estar sempre certa, quando você está feliz e seus olhos adquirem um brilho hipnotizante, gosto das nossas brigas, nossas conversas... Eu amo todos os seus defeitos tanto quando suas inúmeras qualidades.


            Ao fim do discurso de Cedric, Hermione tinha lágrimas nos olhos, ela o abraçou fortemente e chegou a ficar sem ar.


            _ Calma, calma... – pedia Cedric, impressionado com o afeito de suas palavras.


            _ Eu te amo. – Hermione sussurrou uma vez que conseguiu respirar normalmente.


            _ Eu sei! – ele respondeu sorrindo.


            _ Quer saber por que? – Hermione perguntou retoricamente, afastando-se de Cedric para olhá-lo nos olhos.


            Cedric hesitou por um instante. Ele não tinha certeza se queria saber. E se ela listasse as coisas que todos diziam ser perfeitas nele? Mas aí uma nova curiosidade o invadiu, dando a ele o motivo para ouvir. O que ela diria?


            _ Hum? – foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar.


            _ Há tantas... – começou Hermione – Na verdade, eu odiava isso tudo antes, sabe?


            _ Odiava? – questionou Cedric.


            _ Sim, - respondeu Hermione. – por que eu amava tudo aquilo, portanto, odiava.


            _ Estou confuso. – admitiu Cedric.


            _ Sabe quando você sorri ao ver outra pessoa fazê-lo? – começou Hermione – Adoro isso! E quando você se atrapalha nas palavras, quando perde a calma. Isso é hilário! Seu jeito, protetor me irrita, mas é adorável... Ah! Às vezes você fala sem pensar também, mas eu geralmente fico com vergonha quando algo escapa de meus pensamentos, mas você não.


            Tudo que ela dizia eram “elogios” antes nunca ouvidos por Cedric, e mesmo os que havia ouvido, eram apresentados a ele de uma forma totalmente diferente. Hermione falava com uma facilidade antes nunca tida por ela, não havia medo naquela noite.


            _ E como você consegue ser educado quando está brigando? – continuava Hermione – Acho que você só foi grosso quando era muito sério e depois sempre tinha um “perdão” e um tipo de repreenda interna...  Mas você também é muito chato!


            Cedric teve que rir dessa última.


            _ Sério! – disse Hermione – “Blá, blá, blá, a Cho é legal!”, “Ui, ui, ui, o Torneio é uma honra!”, “Dawson é um assassino sanguinário, se abaixa!” – completou Hermione, fingindo desviar de um feitiço.


            _ Eu nunca disse isso! – protestou Cedric rindo. Ele segurou as mãos de Hermione.


            _ É preciso resumir... – defendeu-se Hermione – Senhor “Não vou soltar sua mão”.


            _ Ah... me desculpe por isso! – disse Cedric referindo-se a seu ataque na vinda, dentro da carruagem.


            _ Você queria me fazer ter um ataque, né? – acusou Hermione.


            _ Eu queria impedir que o Dawson te atacasse. – retorquiu Cedric.


            _ Pelo motivo bobo que fosse! – disse Hermione – Eu não queria... não quero soltar.


            Os dois ficaram olhando as mãos entrelaçadas abobalhados, quando foram interrompidos pela porta sendo escancarada. Rudy apareceu do lado de fora.


            _ Estão descentes! Podem entrar! – ele gritou para os outros.


            Cedric olhou feio para o amigo, mas Rudy abriu um enorme sorriso, a razão de sua felicidade estava nas mãos de Cedric, literalmente.


            Todos entraram na carruagem e o clima se dividia entre felicidade e tensão. Jack em particular estava com uma cara... Apesar de ele ter ouvido o que Kate dissera, ele estava transpirando raiva, por Cedric, é claro.


            A carruagem estava se preparando para partir, quando se ouviu batidas leves, mas sonoras na janela. Era estranho, aquelas batidas eram quase boas de se escutar, por isso ninguém respondeu.


            _ Vamos! – disse John – Deve ser o vento...


            _ Ah, é! – debochou Rose – O vento agora tem mãos e sai batendo em janelas!


            _ Só me espera criar um campo de força antes de me bater de novo! – retorquiu John.


            _ Não conte com isso! – ameaçou Rose.


            As batidas continuaram insistentes.


            _ Alguém abre essa porcaria de porta! – ordenou Jack, desejando estar longe dali.


            John, que estava ao lado da janela, abriu a porta. Atrás dela estava uma figura feminina deslumbrante de cabelos negros como seus olhos, que apesar de sua cor, ardiam em fogo. Todos os meninos endireitaram-se involuntariamente nos bancos quando a menina sorriu maliciosamente e disse, com sua voz doce e sombria:


            _ Jack, querido, já de mal humor?


            _ Juliet... – saudou Jack.


            _ Será que há lugar para mais um? – perguntou a menina que se intitulava Juliet.


            _ Claro! – todos os meninos pareciam responder ao mesmo tempo.


            Ela sorriu mais uma vez, ser sorriso arrepiava a todos, de um jeito bom e ruim.  Ela era deslumbrantemente sensual, o cheiro de seu perfume quando ela entrou parecia deliciosamente intoxicante. Sua beleza era diferente, por exemplo, da de Isa, mesmo esta sendo belíssima e sedutora, a beleza de Juliet era algo diferente, chegava a ser algo assustador, tinha algo nela que era sombrio, mesmo sua doce voz e lindo sorriso tinham um toque de escuridão. Ela era uma versão 10 vezes mais avançada de Jack.


            _ John, querido, como você está? – perguntou Juliet cordialmente.


            _ Juliet Von Danger! Por onde você andou? – perguntou John, ele parecia surpreso em vê-la.


            _ John... Eu estou sempre indo e vindo – respondeu Juliet – Mas já soube que terá um Torneio este ano!


            _ Sim... – concordou John.


            A carruagem já havia começado sua viagem e a mente de Hermione estava onde a de todos também estava: a recém-chegada que se intitulava Juliet. Hermione não sabia porque, mas sentiu algo estranho que assim que viu o rosto de Juliet, como se já a conhecesse de algum modo. Mas nunca a tinha visto em Hogwarts, provavelmente pelo fato dela estar sempre “indo e vindo” e, pelo jeito dela... por ter cumprimentado logo Jack e John...  


               _ Isabella! Mais bela seria impossível! – Juliet cumprimentou a loira.


            _ Sua chegada é sempre um presente para meu ego! – agradeceu Isa – Como vai?


            _ Bem... – respondeu Juliet.


            E por agora ter cumprimentado Isa, Juliet devia ser sonserina.


            _ Humpf! – resmungou Juliet – Mas soube que nossa casa não foi a escolhida. – ela olhou para Cedric.


            Hermione apertou a mão de Cedric que ela segurava, instintivamente. Ele sorriu. 


            _ Não só minha casa... Juliet certo? – disse Cedric, colocando o braço livre em torno da cintura de Hermione.


            Juliet confirmou balançando a cabeça.


            _ Eu sou Cedric Diggory e esta é Hermione Granger, o melhor amigo dela também ganhou.


            _ Dois campeões, sim eu soube... – disse Juliet. – Então, ele é seu “amigo”? – perguntou de um jeito malicioso.


            _ Sim. – respondeu Hermione. – Desde os 11 anos.


            _ Que bonitinho... – comentou Juliet, sempre um pouco sombria – Mas você não acha perigoso?


            _ Quase um suicídio. – respondeu Hermione, olhando rapidamente para Cedric, este murmurou quase que inaudivelmente algo como “Que indireta, hein?”


            _  Porém dois de seus amigos são escolhidos para o torneio... – comentou Juliet sorrindo de lado – Como a vida é engraçada, não é?


            _ Se você tiver uma queda para humor negro... – respondeu Hermione.


            Juliet riu.


            _ Certamente. – respondeu.


            A carruagem parou.


            _ Chegamos... – anunciou Jack.


            John abriu a porta.


            _ Jack, querido! – disse Juliet, olhando para o sonserino. – Senti falta da sua voz! Por que tão calado?


            Jack não respondeu.


            _ Hum... – Juliet ficou pensativa – Você vai me contar quando chegarmos à nossa casa. – Não era uma pergunta.


            _ Claro, claro... – concordou Jack.


            Satisfeita Juliet se levantou para sair, ao fazê-lo deixou a mostra lado direto da sua cintura. Somente Hermione viu, ou talvez somente ela tenha prestado atenção, uma meio-lua, deitada como um sorriso, marcada na pele de Juliet. Diferentemente de Isa, não era uma tatuagem e sim uma... cicatriz.


            Hermione se sentiu atraída por aquela imagem, mas não sabia por que. Quem se machucaria assim? Mas o que chamava a atenção de Hermione não como aquilo foi gravado, e sim o que foi gravado. Era uma sensação estranha.


            _ Amor... – uma voz de veludo veio despertá-la. Ela e Cedric já estavam sozinhos agora, em frente ao quadro da mulher-gorda.


            _ Onde estão os outros? Como chegamos aqui? – perguntou Hermione confusa.


            _ Os outros se despediram e foram para suas respectivas casa. – explicou Cedric – Moon já entrou... – ele apontou para a passagem do quadro ainda aberta – Você parecia meio aérea.


            _ Eu... nem percebi que o tempo passou. – respondeu Hermione chocada.


            _ Sim... – Cedric esperava que lhe dissesse no que estava pensando, mas como isso não aconteceu, ele ignorou relutantemente. – Você deveria ir dormir.


            _ Certo, deve ser sono. – concordou Hermione.


            _ Não queria que essa noite acabasse. – comentou Cedric.


            _ Eu sim. – discordou Hermione.


            Cedric olhou-a confuso.


            _ Quero acordar amanhã e comprovar que não foi tudo um sonho...


            _ Não importa quanto tempo isso dure você será sempre meu sonho... – disse Cedric, puxando Hermione para um beijo de despedida.


            Hermione prendeu a respiração e arregalou os olhos, mas depois não pensou duas vezes antes de se entregar ao beijo. Ambos se inundaram nos perfumes de cada um, seus sabores. Continuando as carícias Cedric mordiscou-lhe os lábios, e Hermione pressionou seu corpo contra o dele. Cedric soltou uma exclamação.


            Hermione viu que nenhum dos dois possuía autocontrole naquela hora, então se afastou relutantemente.


            _ Eu preciso ir embora... – era quase uma desculpa.


            _ Certo. – disse Cedric afastando-se.


            _ Boa noite! – disse Hermione antes de entrar em sua casa. 


            _ Boa noite... – Cedric respondeu enquanto o retrato se fechava. – Meu amor... – completou.


            Hermione se derreteu do outro lado do retrato. Moon estava esperando por Hermione do outro lado do retrato com uma cara sorridente.


            _ Oi! – Hermione exclamou, quando viu que Moon ainda estava esperando-a. – Você ainda está aí...


            _ Eu não vi nem ouvi nada! – assegurou Moon – Mas olha que eu nunca te imaginei... Muito bom trabalho! – concluiu.


            Hermione sentiu um calor subir para suas bochechas, ela sorriu de leve, envergonhada.


            _ Não fique assim... – confortou-a Moon – Daquilo você não pode ter vergonha!


            _ Moon... – Hermione parecia pedir que ela parasse.


            _ Ok, ok! – concordou Moon – Eu te esperei porque tinha que te entregar isso. – ela estendeu um pedaço de pergaminho – Rudy teria te entregado, mas você estava meio... aérea.


            _ Ah... obrigada. – disse Hermione pegando o pergaminho. – O que é?


            _ Sabe aquela moça que atendeu a gente? – perguntou Moon.


            Hermione balançou a cabeça afirmativamente.


            _ Então, ela pediu que entregássemos a você... – explicou Moon – Mas eu não entendi nada...


            _ Você leu? – acusou Hermione.


            _ Quê?! – Moon percebeu o que havia deixado escapar. – Eu... eu não! Foi o Rudy!


            Hermione riu.


            _ Não tem problema Moon... – acalmou-a Hermione.


            _ Você não vai ler? – perguntou Moon.


            _ Amanhã eu vejo, afinal, não deve ser nada de importante... – respondeu Hermione.


            _ Não sei o que era, mas não entendi uma palavra! – comentou Moon, enquanto as duas dirigiam-se aos respectivos dormitórios.


            _ Agora eu estou muito cansada para enigmas. – respondeu Hermione – Amanhã eu dou uma olhada no “mistério da garçonete”.


            Moon riu.


            _ Boa noite, Mi! – disse Moon, quando chegaram ao dormitório de Hermione.


            _ Boa noite. – respondeu Hermione, ela necessitava de uma boa noite de sono.


            Moon se foi. Hermione adentrou o dormitório tentando não fazer nenhum barulho, não podia haver testemunhas sobre o que ocorreu naquela noite, a não ser os que estavam envolvidos. Hermione viu seu uniforme em cima de uma cadeira ao lado da cama e resolveu colocar o bilhete no bolso da capa, assim mesmo que se esquecesse dele o encontraria de novo alguma hora do dia e o leria. Após fazê-lo caiu na cama feito uma pedra, em menos de 5 segundos, dormia profundamente.


●●●


            Cedric vagava pelos jardins de Hogwarts, ainda escurecidos, nas primeiras horas da manhã. Ele não conseguira ir para seu dormitório, por que não cogitava a possibilidade de dormir, não poderia. Ele se deitou em um dos bancos e ficou observando a Lua, enquanto várias coisas passavam por sua cabeça... sorrisos, olhares, toques... Não, não teria como dormir aquela noite.       Quem ama não dorme. Cedric sentiu que em suas veias corria sangue ardente, que seu coração estava em fogo: era febre do amor. Febre que tirava seu sono, mas não o deixava cansado ou abatido. Era como se nada mais ele pudesse fazer sem tê-la ao seu lado. Dormir, comer, nem pensar direito ele conseguia! Essa era, contudo, uma situação frustrantemente agradável. Então, por ali ele ficou... observando a Lua e lembrando-se do brilho de certos olhos.


            NA MANHÃ SEGUINTE.


            Cedric adentrou o dormitório masculino correndo, não vira o tempo passar enquanto encarava a Lua, e os primeiros vestígios do Sol. Portanto, precisava correr se quisesse ficar apresentável, afinal, passara a noite em claro e sua aparência não devia ser das melhores (isso é possível?). Apesar da noite em claro, Cedric não se sentia cansado, nem um pouco, ele sentia-se elétrico e ansioso para o que esse dia tinha a oferecer.


            _ Ced! – exclamou Rudy – Cara, onde você esteve?


            _ Não dormi essa noite. – explicou Cedric, entrando no banheiro para tomar banho.


            _ Isso eu já sei, já que você não estava aqui! – respondeu Rudy, do lado de fora do banheiro – A questão é com quem você ficou acordado?


            _ Rudy! – repreendeu-o Cedric – O que você está pensando de Hermione?


            _ Eu? O quê? Quem falou em Hermione? – perguntou Rudy, confuso.  


            _ Com quem mais? Você estava pensando em quem? – questionou Cedric.


            _ Bem... – Rudy franziu o cenho – Mas ela não estava nervosa com você? Por causa da Isa...


            _ Sim, mas depois da música... – Cedric disse sorrindo – Tudo... ficou muito melhor.


            _ Cara, você está bem? – perguntou Rudy.


            _ Certo, Rudy! – debochou Cedric – Como se eu não tivesse visto a sua cara quando você nos viu na carruagem!


            _  Ok... É melhor você ficar um tempo sozinho! – sugeriu Rudy, quando Chris adentrou o dormitório.


            _ O que foi? – perguntou Chris aos sussurros.


            _ O Cedric pirou. – respondeu Rudy, igualmente baixo.


            Chris riu e saiu aos cochichos com Rudy. Cedric não se importava, só pensava em vê-la de novo. A garota que o fez sonhar acordado para assim não precisar dormir. Ele transpirava excitação, o segundo encontro depois da grande noite... Ele necessitava ver aquele sorriso mais uma vez, tê-la em seus braços mais uma vez.


            ●●●


            As escadas caracóis que levavam a saída da casa Lufa-lufa pareciam não ter fim, porque cada segundo equivalia a uma hora e cada batimento cardíaco equivalia a mil. Quando finalmente alcançou o Grande Salão os olhos de Cedric não paravam quietos, igualmente ao seu coração, assim que avistou cachos soltos ao longe a situação mudou. Seu coração parou e seus olhos se congelaram em uma única imagem, ela estava sozinha... Ótimo!


            _ Olá! – saudou Cedric sorrindo abertamente para Hermione.


            Ele não pôde abraçá-la, beijá-la, não pôde fazer nada do que almejava fazer. Então, simplesmente sorriu, talvez fosse um sorriso exagerado, mas sua alegria era exagerada.


            _ Oi... – respondeu Hermione estranhando aquela alegria toda. – Por que tão feliz?


            _ Por que você não me diz? – perguntou Cedric igualmente sarcástico.


            _ Eu não poderia... – disse Hermione.


            _ Ontem foi a noite mais feliz da minha vida... – disse Cedric – Posso dizer que esse é o dia mais feliz.


            _ Do que você... – começou Hermione, mas logo sua expressão confusa mudou para nervosa. – Ah! Foi tão bom com a Isabella que vocês remarcaram, é?


            _ Não estou falando da Isa, e você sabe.  – disse Cedric, cansado de Hermione fingir amnésia.


            _ Ah... Sei? – Hermione não entendia nada – Do que você está falando, então?


            _ Hermione! – Cedric já estava impaciente, essa embolação toda não era necessária – Estou falando de depois que você saiu da mesa para o bar...


            Hermione corou.


            _ Agora você lembra! – disse Cedric ao ver que ela havia ficado envergonhada.


            _ Ao contrário... – respondeu Hermione, encarando o chão.


            _ Ao contrário? – Cedric estava começando a se preocupar.


            _ Eu não me lembro de muita coisa depois que eu saí da mesa... – disse Hermione, ficando roxa – Na verdade, eu não me lembro de nada! Eu tento, ou melhor, tentei a manhã toda, mas não consigo! É vergonhoso, mas... Talvez haja a possibilidade de que eu tenha bebido um pouco demais... Eu...


            _ Você o quê?! – Cedric interrompeu-a sem acreditar no que ela dizia.


            _ Eu sei, eu sei. – disse Hermione – Não é nada parecido comigo, eu nem sei o que pensar...


            _ Você não se lembra... – disse Cedric de uma forma por demais dolorida que assustou Hermione.


            _ Cedric? – ela chamou assustada.


            Cedric, porém, não ouvia. Não! Não! Ela estava completamente bem! Como... como ela podia simplesmente esquecer? Não! Foi no meio de todas essas perguntas sem respostas que Cedric se lembrou de Rudy e de como ele parecia não saber o que tinha acontecido, depois Chris... Isso era uma piada? Teria sido um sonho? O maior medo de Cedric estava ali, diante de seus olhos. Teria nada daquilo acontecido?


            De fato, sim, tudo aconteceu. Todos os beijos, todas as juras de amor. Mas não sei se vocês se lembram de certa fruta oferecida à Hermione como elemento decorativo nessa história, ela foi oferecida como elemento crucial. Pois a partir de seu poder essa história tem uma continuação. Essa fruta há algum tempo foi banida do comércio bruxo. Porém, ainda há quem a distribua: ciganos. Eles vagavam pelo mundo como um povo nômade, vendendo suas especiarias, a fruta é uma delas, mas não pode ser vendida. A fruta deve ser dada a quem o cigano que a possui considere necessitado, essa pessoa poderá fazer o que sempre quis, mas por medo nunca se atreveu.


            Há, porém, um preço a ser pago... Quem comer da fruta terá coragem para fazer tudo o que quiser, dizer o que for.


             “Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás fazer, dizer ou sentir...”.


            Contudo, o preço a se pagar por essa “experiência” é que você poderá vivê-la, mas não poderá lembrá-la. Assim que você dorme, tudo o que você viveu, todas as coisas relacionadas às atitudes que você tomou por efeito da fruta serão esquecidas por você e por todos envolvidos.


            ”Mas ao primeiro nascer no Sol, após horas de fantasias, tudo será um passado inexistente.”


            É isso que dá a você a coragem de dizer ou fazer tudo o que você quer ou quis. A certeza, mesmo que inconscientemente, de que nada terá sido real. Tudo teria dado certo, tudo seguiria seu curso... Se Cedric não tivesse passado a noite apaixonadamente acordado.


            _ Cedric? – Hermione o chamava pela milésima vez.


            Nada, absolutamente nada fazia sentido para Cedric naquela hora. A única coisa de que tinha certeza era da dor que sentia cortar-lhe o ser, arrancar-lhe todas as esperanças. E de repente, sentiu raiva, muita raiva. Sentiu raiva por Hermione não lembrar, sentiu raiva por não ter esquecido também, sentiu raiva por sentir.


            _ Cedric o que eu fiz? – perguntou Hermione preocupada. – Eu estou ficando preocupada! O que eu fiz?


            _ NADA! Nada Hermione! – gritou Cedric, assustando-a – Você foi a mesma garota perfeitinha de sempre, dizendo um monte de besteiras porque estava bêbada!


            Os olhos de Hermione se encheram de água. Cedric se sentiu mal no mesmo instante, queria pedir desculpas e confortá-la, mas temia que ela também não se lembrasse de tal conforto. Simplesmente olhou-a com culpa e ressentimento, e não pôde mais olhar. Então, se foi.


            Hermione observou-o ir e sentiu seu rosto molhado. Limpou as lágrimas inutilmente, pois elas sempre voltavam a molhar-lhe o rosto. Ela não entendia o que havia feito para receber aquelas palavras e sentia-se horrível....


            Hermione colocou as mãos nos bolsos e sentiu algo dentro de um deles, era um pedaço de pergaminho.


            ”Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás fazer, dizer ou sentir... Mas ao primeiro nascer do Sol, após horas de fantasia, tudo será um passado inexistente”


            _ Que droga é essa?! – Hermione amassou o papel e jogou no chão.


            Quem aquele garoto pensa que é? Por que ele fez isso? Será que não se pode passar um dia sem machucar a Hermione?


            _ Alguém quer me destruir um pouco mais? Eu ainda não estou soluçando nem nada! – Hermione gritou de raiva e rancor.


            _ O que aconteceu? – uma voz preocupada.


            Hermione sabia de quem era a voz, a reconhecia sempre que ela aparecia ocultando seu dono.


            _ Ah, Jack! – Hermione lamentou, abraçando-o.


            _ Calma, calma! – Pediu Jack, abraçando-a de volta.


            Magicamente, Hermione realmente se acalmou e podendo respirar de novo ela se afastou para dar espaço a Jack.


            _ Desculpe... – ela murmurou.


            _ Não se desculpe! – repreendeu-a Jack – Diga-me o que aconteceu.


            _ Sabe... Nem eu entendi. – admitiu Hermione.


            _ Ainda assim está chorando... – apontou Jack – Por favor, me diga o que houve.


            _ Por que você quer tanto saber? – perguntou Hermione, por conta da súbita bondade de Jack.


            _ Você... – começou Jack – Seu bem estar é importante para mim.


            O coração de Hermione parecia ter ficado três vezes maior, ela sentia uma imensa gratidão. Contou a história para Jack, que também disse que não se lembrava dela ter feito algo.


            _ Você não fez nada ontem... – disse Jack, depois de ouvir a história, só a parte que Hermione se lembrava.


            _ Eu não sei... – respondeu Hermione – Como há coisas de que eu não me lembro, então? São como borrões, e eu sei que algo está faltando.


            _ Tenho que admitir que comigo aconteceu o mesmo. – concordou Jack.


            _ Sério? – Hermione parecia surpresa.


            _ Mas aconteceram muitas coisas ontem, não somos capazes de lembrar cada detalhe. – argumentou Jack – É normal alguns borrões na memória, porque às vezes nem percebemos o que aconteceu para nos lembrarmos...


            _ Mas é diferente.... – insistiu Hermione. – Essas memórias... Eu sinto que as tenho, mas não posso vê-las.


            _ Não esquenta com isso, Mi! – disse Jack – Se você não lembra provavelmente não era importante. E quanto ao Diggory... – ele pronunciou o nome com nojo. – Ele é um idiota por te fazer derramar somente uma dessas lágrimas! Eu vou dar a ele um motivo para que chore!


            Jack começou a se afastar decididamente.


            _ Jack! – Hermione o impediu de continuar – Não, não vale à pena.


                        _ Não? – Jack debochou.


            _ Eu não tenho como te agradecer... Eu não sei como você me agüenta! – Hermione disse sorrindo – Mas não faça nada a ele...


            _ Você realmente gosta dele, certo? – Jack perguntou já sabendo a resposta.


            _ O quê? Eu... – Hermione se espantou.


            _ Deixa pra lá, Mi! – interveio Jack – Que desperdício... Que burrice! – ele parecia com raiva.


            _ Jack não interfira. – disse Hermione ao ver o olhar raivoso de Jack – Só por ficar comigo, só por estar aqui por perto... Isso já te faz o melhor amigo!
            Jack sorriu amargamente.


            _ Você não precisa pedir... – disse Jack com um olhar triste que ele tentava esconder – Eu vou sempre estar ao seu lado, sou obrigado, eu acho...


            _ Desculpe... – Hermione disse, sentindo-se culpada.


            _ Não se desculpe por me ter por perto! – Jack repreendeu-a – Você nem imagina o auto-sacrifício em que você acabou de se meter!


            Hermione sabia que essa última frase deveria ter sido dita ao contrário, sabia que ela deveria tê-la dito a Jack, e se desculpou por não poder se sentir da mesma forma.


            _ Com fome? – Hermione perguntou.


            _ Você? – Jack perguntou de volta.


            _ Na verdade, não. – respondeu Hermione – Mas você vai me obrigar a comer do mesmo jeito...


            _ Certo. – concordou Jack.


            _ Me acompanha até minha mesa? – perguntou Hermione.


            _ Acompanho-te aonde você quiser! – respondeu o velho Jack divertido.


            ●●●


Já é hora de dormir e eu não posso mais ficar
O sol já vai raiar outra vez
Mas antes de ir embora eis o fim da história
Foi tudo uma grande encenação
Ninguém ama ninguém
O amor é só uma história que eu conto para você dormir.
O amor é só uma história que eu já cansei de ouvir.


            Cedric se encontrava outra vez no mesmo banco, mirando o mesmo lugar da noite passada. Seus olhos ardiam por causa do Sol, mas ele não se importava. Ardia muito mais a dor em seu coração. Era uma dor que subia para sua garganta, queimando-a. Cedric não se importava se ninguém mais se lembrasse do que havia acontecido, até agora ele mesmo queria esquecer, mas o fato de Hermione não se lembrar o estava matando. Era exatamente por isso que Cedric não queria se apaixonar novamente. Para ele o amor significava dor. Na única vez em que ele amara alguém, jurou por nunca mais fazê-lo de novo. Quem era essa menina para em tão pouco tempo fazê-lo tão perdido e dolorosamente apaixonado?


            _ Cedric! – ele ouviu chamarem.


            _ Sim... – suspirou levantando-se do banco.


            _ Eu te procurei por toda parte! Por que está aqui sozinho? – perguntou Cho Chang.


            _ Bom... nada. Só estava pensando em... – começou Cedric.


            _ Você já ouviu do Baile de Inverno? – interrompeu-o Cho, animadamente.


            _ É... não. Que baile? – perguntou Cedric.


            _ Ah, Cedric! Parece até que você está em outro planeta! – respondeu Cho – De qualquer maneira, haverá um baile após a primeira tarefa...


            _ A primeira tarefa... – Cedric repetiu a frase. Ele havia se esquecido completamente.


            _ Sim! – disse-lhe Cho sorrindo. – Então... eu só queria que você soubesse... já que os campeões terão que dançar com o seus pares na frente de todos...


            Cedric sorriu de volta. Como era lindo aquele sorriso...


            _ Está com fome? – ele perguntou.


            _ Morrendo. – respondeu uma radiante Cho.


            ●●●


            No Grande Salão, Hermione se despedia de Jack.


            _ Muito obrigada por tudo, Jack. Você nem sabe como eu estava me sentindo. – disse Hermione, sorrindo, levemente.


            Jack queria dizer que sim, que sabia exatamente o que ela estava sentindo. Mas não o fez. Pela primeira vez em sua vida Jack não queria tirar proveito e algo, não poderia, ele estava realmente gostando de Hermione.


            _ É... – foi o que ele disse – Bom... Tchau... – deu um beijo na testa de Hermione e se foi.


            Enquanto vai Jack se afastar, Hermione avistou Cedric adentrando o salão... com Chang. A facada do ciúme atingiu-a mais uma vez, mas ela respirou fundo e sentou-se ao lado de Harry.


            _ Oi, Harry... – Hermione cumprimentou-o sem emoção.


            _ Oi... – Harry respondeu.


            _ Tudo certo com o plano para que todos fiquem fora do salão comunal enquanto você conversa com Sirius? – foi a única coisa que Hermione conseguiu lembrar para falar com Harry. Ambos haviam feito planos para obrigar os retardatários a saírem do salão na hora da aparição que Sirius faria a Harry.


            Harry contara a Hermione que Sirius havia achado mais seguro que eles conversassem “cara a cara”. Se o plano não desse certo eles soltariam algumas bombas de bosta, mas esperavam não ter que recorrer a isso.


            _ Está tudo certo. – respondeu-lhe Harry, tomando seu último copo de suco de abóbora. – Você não vai comer? – perguntou, desconfiado para Hermione.


            _ Não... eu já comi. – mentiu Hermione. Nem a saliva lhe passava direito pela garganta.


            _ Bom, vamos indo para aula então? – Harry perguntou. Era estranho, como se ele quisesse sair de lá o mais rápido possível.


            _ O.k... – disse Hermione, estranhando o comportamento de Harry.


            Enquanto estavam saindo, Hermione notou que Malfoy e seu grupinho estavam olhando para direção dela e de Harry, rindo descontroladamente. Ela parou para encarar Malfoy com as mãos na cintura, este lhe deu um sorriso malicioso, pegou algo e começou a lê-lo. Estavam a centímetros da mesa da Lufa-lufa.


            _ “Harry finalmente encontrou carinho em Hogwarts.” – ele começou. Hermione reconheceu o que ele segurava, era o Profeta Diário, estivera tão cheia de coisas na cabeça essa semana que nem havia pegado e um jornal. – “Seu amigo íntimo, Colin Creevey, diz que o garoto raramente é visto sem a companhia de Hermione Granger, um alinda menina nascida trouxa que, como Harry, é uma das primeiras alunas da escola.”


            Hermione estava parada, atônita. Quando aquele artigo havia saído? O que as pessoas estavam pensando? O quê?


            _ Eu não disse nada. – Harry defendeu-se.


 Do momento em que o artigo apareceu, Harry teve que aturar colegas – principalmente – que o citavam, caçoando, quando ele passava.


            Hermione também ganhara sua cota de aborrecimentos, mas ainda não começara a berrar com as pessoas. Ainda...


            _ Não liga... – dizia Hermione com dignidade, erguendo a cabeça no ar.


            _ Linda? Ela? - gritou Pansy Parkinson com a voz esganiçada, logo na primeira vez que encontrou Hermione, depois do artigo de Rita Skeeter ter sido publicado. – Qual foi o padrão de beleza? Um esquilo?


            Hermione fechou suas mãos em punhos, respirou fundo e virou em direção a Pansy.


            _ Eu vou responder a sua pergunta com muito prazer, Pansy. Mas antes, você responderia a minha? – perguntou Hermione, calmamente.


            _ O quê? – perguntou Pansy, ainda rindo, com um ar de nojo.


            _ O sêmen de qual trasgo a sua mãe usou para te ter? Porque uma cara assim não pode ter sido acidente! – disse Hermione, rindo maliciosamente entre risos das mesas da Lufa-lufa e Grifinória, já que estas eram as únicas perto o bastante para ouvir – Vamos, Harry.


            Harry gargalhava ao seu lado. Antes de sair, Hermione, pôde ouvir Jack perguntar, sério:


            _ Como você pôde fazer isso, Hermione?


            Hermione se virou se entender, olhando-o confusa.


            _ Os tragos não fizeram nada para você! Pela menos não ainda! – disse Jack, rindo.


            Hermione deu um sorriso iluminado e, logo depois, murmurou, entre risos histéricos: obrigada! E saiu com Harry.


            ●●●


            Cedric não ouvia metade das coisas que Cho dizia, mas tê-la ao seu lado o confortava. Ele ainda gostava de Cho e carinho conforta a ardência do amor.


            Cho se sentou à mesa da Lufa-lufa com Cedric.


            _ Finalmente você foi acorrentado! – Chris ria, falando com Rudy.


            _ Espera! – Cedric se sentou – Vocês se lembram do Rudy e da Moon?


            _ Claro! – exclamou Kate – Como esquecer?


            _ É... Como? – repetiu Cedric.


            _ O.k... – disse Kate sem entender.


            _ Eu não fui acorrentado! – protestou Rudy – Ela foi... – disse, rindo abobadamente.


            _ Isso é verdade! – concordou Kate – Só assim para aturar o Rudy de namorado! Caso contrário, ela teria que estar chapada 24 horas por dia e... vamos admitir, a Moon normal já meio maluca, imagina chapada!


            Todos riram menos Rudy, já que Kate estava fazendo piada às suas custas, Rose, que encarava o grupo da Sonserina com um olhar fuzilante e Cedric que tentava entender tudo o que aconteceu.


            Então, Hermione passou com Harry pela sua mesa e Cedric não pôde deixar de seguir-lhe com os olhos. Malfoy começou a rir com seus amigos de algo. Do que o retardado estaria rindo? Foi então que o retardado começou a ler um artigo. O animal dentro de Cedric se pronunciou. Ele queria se levantar e bater em Malfoy, Jack, Harry... Potter... Todos os medos ridículos sobre Hermione e Harry voltaram para mente de Cedric. Ele nem prestou atenção aos fatos que se seguiram, sua mente parou quando Hermione sorriu um sorriso lindo, hipnotizante. Mas o sorriso não era para Cedric, era para Jack. Cedric manteve suas mãos longe de qualquer coisa quebrável, pois sabia que partiria em pedaços o que estivesse em suas mãos. Hermione saiu da sala... com Harry. Cedric não agüentava mais, tinha que sair.


            _ Vamos logo? – perguntou, rudemente, ao grupo.


            Todos que estavam rindo pararam e fizeram que sim com a cabeça.


            _ Cara... o que...? – começou a perguntar Rudy.


            _ Não, Rudy. – foi a única coisa que Cedric disse.


            ●●●


            Enquanto caminhavam para aula de História da Magia, Harry e Hermione conversavam.


            Hermione estava furiosa com Harry e Rony, ia de um a outro, tentando forçá-los a se falarem, mas eles permaneciam inflexíveis, um só voltaria a falar com o outro se este lhe pedisse desculpas.


            _ Não fui eu que comecei Hermione. – disse Harry – O problema é dele!


            _ Não, você sente a falta dele! – tornou a dizer Hermione, impaciente – E eu sei que ele sente falta de você...


            _ Sinto falta dele? Eu não sinto falta dele! - Harry protestou.


            Era mentira, e Hermione sabia, por isso, revirou os olhos em desaprovação.


            _ De qualquer jeito... – disse Harry – Eu tenho algo muito mais importante para te contar!


            Nesse momento um garoto e uma garota da Corvinal passaram com distintivos “Apóie Cedric Diggory. O verdadeiro campeão de Hogwarts!”, que logo depois passaram a mostrar a frase “Potter fede!”. Hermione havia achado aqueles troços ridículos. Ficou com raiva por Cedric não ter feito nada a respeito. Mas o que ele faria? Colocaria todos sobre a maldição Imperius e mandaria que todos amassem Harry?   


            _ Ignore. – disse Hermione ao amigo.


            _ É o que eu tenho feito. – respondeu Harry.


            _ Bom... mas o que você estava prestes a me dizer? – perguntou Hermione, interessada.


            _ Ah! – exclamou Harry – Tudo começou na noite passada, quando Hagrid disse que queria me ver...


            Harry contou a Hermione tudo o que lhe acontecera em sua pequena viagem com Hagrid. Contou que Hagrid a ele e a Madame Máxime ao lugar onde guardavam o grande segredo que seria a primeira tarefa.


            _ Dragões?! – exclamou Hermione.


            _ Shhhhh! Apreciaria se você não gritasse isso aos sete ventos! – repreendeu-a Harry.


            _ Desculpe... – disse Hermione, estava pasma e com medo – Mas... então todos já sabem?


            _ Sim... Bom, não. Cedric não sabe. – respondeu Harry.


            _ COMO?! – gritou Hermione, aterrorizada.


            _ Shhhhh! Dá para se acalmar? – pediu Harry – Eu vou falar com ele!


            _ Vai agora! – Hermione estava perdendo o controle.


            _ Calma! – Harry já estava quase rindo da histeria da amiga, mas isso seria muita maldade.


            _ Agora! – Hermione empurrou-o para direção de onde seria a próxima aula de Cedric.


            ●●●


            Cedric estava indo, calado, com o grupo de amigos da Lufa-lufa em direção à sala de feitiços. Hermione o observava de longe.


            _ Vai! – ela disse para Harry.


            _ Mas, como é que eu vou falar com ele? – perguntou Harry, sem saber como contar a Cedric.


            _ Sei lá! Pergunta se ele gosta de queijo! – disse Hermione, empurrando-o.


            Harry deu uma risadinha. Isso seria engraçado.


            POSSÍVEL CONVERSA ENTRE HARRY E CEDRIC.


            _ Olá, Cedric!


            _ Potter...


            _ Então, você gosta de queijo?


            _ O quê?


            _ Sabe, queijo... Ele te dá proteínas, você vai precisar já que a primeira tarefa será enfrentar Dragões...


            _ O QUÊ?!


            _ Vai comer um queijinho, vai!


            FIM DA CENA IMPOSSÍVEL QUE NUNCA ACONTECERIA.


            _ Diffindo! - murmurou Harry.


            A mochila de Cedric rompeu. Pergaminhos, penas e livros se espalharam pelo chão. Vários tinteiros se quebraram.


            _ Não se preocupem. – disse Cedric em tom irritado, guando os amigos se abaixara para ajudá-lo – Digam a Flitwick estou chegando, vão indo...


            Harry virou para trás e viu Hermione bater na testa, depois ela fez sinal para ele ir em frente.


            _ Oi. – disse Cedric, tentando não ser rude – Minha mochila simplesmente se rompeu... nova em folha. – ele falava sozinho.  


            _ Cedric, - Harry começou – A primeira tarefa vai ser dragões.


            _ O quê? – exclamou Cedric, erguendo a cabeça.


            _ Dragões. – repetiu Harry – São quatro, um para cada um de nós, e vamos ter que passar por eles.


            Cedric arregalou os olhos. Um pouco de pânico nos olhos de Cedric foi percebido por Hermione, que estava observando a cena escondida atrás de uma pilastra.


            _ Tem certeza? – perguntou Cedric em uma voz abafada.


            _ Absoluta. Eu vi. – respondeu Harry.


            _ Mas... por que está me dizendo isso? – Cedric perguntou outra vez.


            _ Os outros já sabem, achei que seria justo. – Harry respondeu, pacientemente.


            Cedric queria estar odiando Potter, mas esse foi um gesto de grande generosidade. Contudo, poderia ser um truque. Quando ele estava prestes a perguntar se Harry estava mentindo, Moody apareceu atrás do garoto. 


            _ Venha comigo, Potter. – rosnou o professor – Diggory pode ir andando  Hermione assistiu Cedric entrar nem sua sala e Harry ser levado pelo professor. Ela mesma seguiu para sua aula depois disso. Caminhava aflita e assustada com o que poderia acontecer.


            ●●●


            Quando se encontrou novamente com Harry, Hermione ficou praticando com ele o Feitiço Convocatório, porque Harry planejava usá-lo para chamar sua vassoura até a Arena onde estaria o Dragão e usá-la para atravessá-lo. Porém, ele não estava fazendo muito sucesso, até queria pular aula de Adivinhação para continuar treinando, mas Hermione se recusou categoricamente a perder a aula de Runas Antigas. 


            ●●●


            Enquanto Hermione andava pelos corredores, sentiu uma grande energia elétrica passar pelo seu corpo. Era como se ela estivesse prestes a fazer algo importante, algo que deveria deixar-lhe nervosa. Mas era somente uma aula de Runas Antigas, como todas as outras que teve.


            Não! Não era uma aula de Runas Antigas como todas as outras que teve! Não era! Não poderia ser! E não seria... Lá estava, sentado em uma carteira, mexendo as mãos e as pernas como se estivesse tão nervoso quanto Hermione.


            _ Srta. Granger... – a professora chamou às costas de Hermione, isso a sobressaltou.


            _ Professora!


            _ Acalme-se... – pediu a professora Véctor.. – Venha comigo...


            Hermione a acompanhou até a metade da sala e parou ao lado... dele. Ela não conseguia pensar no nome.


            _ Soube que você está ajudando o Sr. Diggory – começou a professora – Muito gentil da sua parte... É sempre ótimo receber novos alunos!


            Claro! O fato de Cedric ter sido escolhido cursar essa aula no ano em que foi campão de Hogwarts não tinha nada a ver com a excitação da professora...


            _ Podem sentar juntos de agora em diante. – disse a professora simpaticamente. Simpaticamente demais.


            Hermione estreitou os olhos. Ele precisa fazer todas as pessoas agirem como idiotas perto dele? Agora eles teriam aula juntos, na mesma mesa...


            _ Espere! Por quê? – Hermione soltou sem querer – Quer dizer... – Hermione ouviu um riso abafado, olhou feio para Cedric.


            _ Faremos tudo que pudermos para que o novo aluno possa acompanhar nosso ritmo rapidamente. – explicou a professora.


            _ É muita consideração sua, obrigado. – disse Cedric pela primeira vez, ouvir a voz dele era um efeito ainda maior que vê-lo.


            _ Claro, claro! – a professora parecia muito satisfeita consigo mesma. Ela havia corado?! – Vamos, vamos! Hora da aula.


            Hermione sentou-se violentamente.


            _ Não quer dar um pedestal para ele também?! – reclamou ela para si mesma.


            _ Ele estaria feliz com uma troca de parceira. – respondeu Cedric rudemente.


            _ Então troque! – retorquiu Hermione – Ninguém nunca te nega nada, certo?


            _ Já delirando? – provocou Cedric.


            _ Sr Perfeito, vai me dizer que seu reino encantado não se adéqua a sua vontade? – debochou Hermione.


            _ Claro que não! – respondeu Cedric – Me puseram com a bruxa, não com a princesa! – ele não falou bruxa em um bom sentido... não mesmo.


            _ Estou a um insulto de te transformar em sapo! – advertiu Hermione.


            _ Ah, é? – Cedric estava rindo incrédulo.


            _ Eu sei como fazê-lo. – afirmou Hermione seriamente.


            Cedric se endireitou em seu lugar. Hermione riu, e ele sorriu de volta, pois apesar de estarem furiosos um com o outro havia uma coisa a qual os dois sempre teriam que corresponder... Os seus sorrisos.


            A aula se seguiu com ambos calados, tensos e inquietos. Nenhum ousava se olhar nos olhos, porque sabiam que cairiam na tentação de se desculpar, e ambos eram orgulhosos demais para tal feito. Hermione se ocupava em fazer anotações e Cedric em não fazer nada. Hermione estava começando a se irritar.


            _ Você poderia fingir que está fazendo alguma coisa? – perguntou Hermione.


            _ Não. – Cedric respondeu secamente.


            _ Imprestável... – sussurrou Hermione, ofendida com a frieza de Cedric.


            _ Delicadeza transborda de seus lábios. – debochou Cedric.


            Hermione virou encarando-o, ela encarava seus olhos e Cedric nunca desejou tanto não ter se lembrado da palavra lábios. Ele ficou mais uma vez hipnotizado, em uma questão de segundos estava se inclinando para frente, involuntariamente.


            _ O que... o que você está fazendo? – Hermione perguntou, fracamente, porque Cedric diminuiu muito a distância entre eles e chegaria a um ponto em que Hermione não poderia mais recuar.


            Cedric viu o que estava fazendo e virou o rosto para o caderno de Hermione.


            _ Tem muito para copiar? – ele fingiu olhar as anotações.


            _ Ah... é... – Hermione começou.


            _ O que é isso? – Cedric parecia espantado. – Não tem como ela ter falado ou escrito tudo isso!


            _ Bom... – Hermione começou outra vez.


            _ Você está fazendo os deveres de uma parte mais avançada da matéria! – acusou Cedric, depois começou a rir.


            _ Não há nada de engraçado! – exclamou Hermione – Não tem...


            Hermione desistiu de reclamar, ao invés disso beliscou braço de Cedric, fortemente.


            _ Ai!!!


            _ Sr. Diggory, algum problema? – perguntou a professora Véctor.


            Cedric balançou a cabeça negativamente com cara de dor. Hermione olhava para seu caderno, prendendo o riso.


            _ Certo... – a professora parecia um pouco desconfiada, mas ignorou – Isso é tudo por hoje, podem se retirar.


            Um arrastar de cadeiras começou e Hermione enfiou o material na mochila o mais rápido que pôde, queria sair dali. Quando tentou se levantar, sentiu algo apertar seu braço e puxá-la para baixo.


            _ Ai! – reclamou Hermione.


            _ Não reclame! Isso não é nem metade do que você me fez. – disse Cedric, ainda segurando o braço de Hermione, certo de ela estava exagerando.


            _ Sério, está doendo! – disse Hermione, tentando se soltar.


            Quase no mesmo instante Cedric soltou o braço de Hermione, que se assustou com a tamanha rapidez com a qual ele o fez. Não se passou nem um minuto e ele já tinha examinado o braço e se certificado de que não havia marcas nem nenhum tipo de machucado.


            _ Eu disse que estava machucando, não que você tinha arrancado meu braço... – disse Hermione ao ver o quase desespero no rosto de Cedric.


            _ Seja mais específica da próxima vez! – disse Cedric, rispidamente.


            _ O.k... – Hermione respirou, profundamente – Você está agindo como um idiota! Eu não sei o que eu fiz para merecer que você me trate desse modo estúpido e você não quer me dizer. Então, o que eu posso fazer?


            Cedric somente a encarava sem dizer nada.


            _ Eu sugiro que você ao menos finja educação para comigo, porque nós ainda vamos nos encontrar muito! Seja bonzinho para que nossa convivência seja, no mínimo, suportável, O.k? – concluiu Hermione.


            _ Você vai continuar me dando aulas? – Cedric parecia não entender.     


_ Por mais que, depois de hoje, eu não queira olhar para sua cara, eu assumi um compromisso, e vou cumpri-lo. – afirmou Hermione.


            _ Ah... – foi a única coisa que Cedric conseguiu pronunciar depois dessa resposta. 


            _ O que você queria me dizer? – perguntou Hermione meio hesitante.


            _ Eu... nada. – mentiu Cedric.


            _ Então não precisava ter me machucado. – disse-lhe Hermione, virando de costas para ele.


            _ Eu não machuquei. – Cedric não queria que ela fosse, pelo menos não ainda.


            _ Você não deixou marcas - corrigiu-o Hermione, voltando-se para ele. Ela também não queria ir embora.


            _ Então não a machuquei de verdade. – ele insistiu.


            _ Cedric...  você pode, por favor, me dizer logo o que você quer? – perguntou Hermione, cansada desse joguinho.


            Cedric não poderia falar que o que ele queria era Hermione. Não poderia dizer que tudo o que ele queria, era estar com ela, que essa manhã nunca tivesse acontecido. Então, simplesmente disse:


            _ Parabéns por... Bom, você e o Potter. Parabéns – Cedric disse sem nenhum animo, quem visse sua expressão poderia dizer que ele falava sobre muito desinteressante como... Cho Chang.


            _ Era isso? – perguntou Hermione incrédula. Logo depois começou a rir descontroladamente.


            Cedric não entendeu nada, mas seu subconsciente lhe dizia para deixar agora aquela sala, pois ela estava fazendo ele de idiota. Só que, como já foi dito antes, há somente uma coisa a qual eles sempre terão que corresponder com um sorriso, o mesmo dado pelo outro. Cedric sorriu abertamente do jeito que Hermione ria. Não era nada delicado, ou discreto, ela simplesmente ria descontroladamente colocando seu corpo para frente e para trás. Mas era assim que, para ele, o sorriso perfeito deveria ser.


            _ Do que você está rindo? – perguntou Hermione, parando um pouco com o ser ataque.


            _ De você. – respondeu Cedric com um sorriso maroto. Hermione ficou parada. Como é que se respira mesmo?


            _ Então... é... Então... isso... – ela não conseguiria terminar aquela frase, o que somente fez Cedric sorrir mais abertamente. – Você é um idiota! – ela disse do nada.


            _ O quê? – Cedric havia parado de rir e olhava-a totalmente confuso, franzindo as sobrancelhas.  


            _ Ah, nada. Bom, você é idiota. Mas eu disse isso para você parar de rir. – explicou-lhe Hermione.


            _ Você é doida, acredite! Doida. – disse Cedric balançando a cabeça e sorrindo.


            _ E você é realmente um idiota por achar que eu sairia com o Harry. Que nojo, Cedric! Ele é o meu melhor amigo, o meu irmão. – comentou Hermione fazendo uma careta.


            Uma luz iluminou-se dentro de Cedric.


            _ Mas a matéria do jornal... – disse ele mais por dizer, acreditava no Hermione havia dito, ou queria muito acreditar.


            _ Foi escrita por Rita Skeeter. – completou Hermione. – Você realmente acha que ela escreve algo que é por completo verdadeiro?


            _ Eu não sei, você realmente gosta dos campeões, veja Krum, por exemplo. – Cedric disse sem pensar, e antes não tivesse dito.


            _ O quê?! – perguntou Hermione – Você está me chamando de fácil?


            _ O quê?! Não! – Cedric apressou-se a explicar. Ele achava que Hermione tinha gosto por campeões, mas nunca a chamaria disso.


            _ Não, você tem razão! – interrompeu-o Hermione, nervosa. – Eu não sou fácil, tenho uma “queda” por campeões, certo? É o único que importa para mim em uma relação. O status do cara em questão!


            _ Eu não quis dizer isso! – Cedric tentou responder.


            _ Quis sim! – Hermione o interrompeu de novo.


            _ Não foi! Você já demonstrou algum interesse por mim por acaso? – Cedric ignorou a noite passada em seu argumento.


            _ Ah, eu sou muito seletiva! – disse Hermione, acidamente. – Só saio com os campeões que valham à pena!


             Um segundo vendo a expressão no rosto de Cedric e Hermione estava extremamente arrependida do que havia dito. Cedric olhou para o lado, desviou o olhar, estreitou os olhos e se levantou para sair. Antes de sair, porém, ele parou à porta.


            _ Isso, seja lá o que for entre nós. – ele começou – Não dá para concertar, certo?


            _ Não. – respondeu Hermione, dolorosamente.


            Ele acenou com a cabeça e se foi. Hermione esperou por um pouco antes de sair para não encontrá-lo e depois seguiu para sua aula.


            ●●●


            Hermione pela primeira vez não prestava a mínima atenção na aula de feitiços.A única coisa que conseguia pensar era na expressão torturada no rosto de Cedric antes que saísse da sala. Não agüentando o peso dessa memória, apoiou a cabeça nas mãos, olhando diretamente para o seu pergaminho em branco.


            De repente, letras começaram a se formar no pergaminho. Hermione espantou-se, e esfregou os olhos com as mãos não acreditando que aquilo estaria acontecendo. De novo.


Feitiço para congelar o tempo


            Hermione não tinha certeza se continuava a ler aquilo, ou se finalmente esquecia toda essa história maluca de feitiço. Mas ele precisava de algo para distrair-se.  Você pode imaginar o que aconteceu depois.


Acredite, você precisa. Mas não desafie.


Porque esse feitiço só pode ser usado em extrema necessidade.


O primeiro passo a se tomar é a meditação. Todos os dias


Pegue uma parte do seu tempo e medite. Repita as palavras em sua mente.


Repita. Repita. Repita.


            Surpreendentemente havia somente três palavras que repetiam-se continuamente na cabeça de Hermione “Tempus Paratus est”.


Repita.


            Indo e voltando, imagens turbulentas e divergentes. ”Tempus paratus est”


Repita. Repita. Repita. Repita. Repita.


            _ MUITO BEM!


            Hermione levou um tremendo susto e olhou para cima com os olhos arregalados.


            _ Isso é tudo por hoje, podem ir. – o professor de feitiços dispensou a classe.


            Hermione olhou de volta para o pergaminho, mas já não havia nada mais escrito lá. Ficou encarando o pergaminho, pensativa, enquanto esperava que aquelas palavras surgissem outra vez. Inutilmente.


            _ Mi, a aula terminou... Mi? – Rony chamava, mas Hermione parecia não ouvir.


            _ O papel não vai começar a falar. – disse Harry, chegando por trás de Hermione.


            Rony fez menção de rir, mas ainda estava muito magoado com Harry, então simplesmente saiu da sala.


            _ Ah, oi Harry... – disse Hermione distraída, depois viu Rony sair da sala e bufou, nervosa – Isso é tão ridículo!


            _ Eu sei que ele é ridículo. – Harry respondeu sem entusiasmo.


            _ Não, Harry! Isso é ridículo! – especificou Hermione – Você e Rony, precisam se falar e resolver as coisas...


            _ Eu não vou falar com ele! – Harry protestou.


            _ Não seja criança, Harry! Você sente falta dele, eu sei que andar comigo pela biblioteca não deve ser tão prazeroso quanto ouvir uma piada, sem graça, daquele ruivo! – disse Hermione com um leve sorriso ao se lembrar dos dois amigos juntos.


            _ Eu gosto de estar com você! – protestou Harry mais uma vez.


            _ Harry, é óbvio que você gosta muito de mim, sou sua amiga, mas admita... Por favor, você sente falta dele, e eu sei que ele sente sua falta também. – argumentou Hermione.


            _ Eu não sinto falta dele! – insistiu Harry – Não vamos mais falar disso, Ok? Ele não acreditou em mim... Depois de todos esses anos. Por que eu deveria me importar?


            _ Você já está se importando... – Hermione parou no meio da frase, sabia que não adiantaria dizer nada – Vamos? Está ficando tarde.


            Harry fez que sim com a cabeça, estendeu a mão para Hermione e os dois saíram da sala, mas algo estava faltando. Hermione sentiu falta das piadas sem graça do ruivo enquanto eles andavam. Harry também, mas eles, tanto Harry quanto Rony, eram por demais orgulhosos para admitir.


            ●●●


            A aula de transfiguração estava bem monótona. Os alunos da Lufa-lufa e Sonserina respondiam seus questionários que depois usariam para realizar os feitiços manualmente. Nossos personagens estavam divididos em duplas, estas eram: Cedric e Rudy, Kate e Rose, Chris e Isa, Jack e John.


            _ Cara, se você pensar bem, ela tem razão de estar zangada... – Rudy atormentava Cedric.


            _ Rudy, não vamos falar disso... – pediu Cedric.


            _ Depois de você mencionar a Chang ontem... – continuou Rudy, ignorando o pedido de Cedric – Ainda surta de manhã? O que você quer da vida? Mas aí também tem ela falando com Dawson, feliz e atiradinha.


            _ Atiradinha? – Cedric não sabia por que Rudy não parava de falar. Comentando como alguém que vê esta história de fora eu posso dizer: Sério, Cedric? Após todos esses anos sendo amigo de Rudy você ainda não sabe?  


            _ É, quando ela ficou: “Obrigada, Jack!” Sorrisinhos, sorrisinhos... – respondeu Rudy, imitando a voz de Hermione, debochadamente. – Só faltava... Sei lá! Você ainda ficou sentado lá, vendo o cara ganhar crédito com ela..


            Cedric lançou um feitiço silenciador em Rudy, vendo essa como a única chance para fazê-lo parar de falar. Mas Rudy começou a gesticular, furiosamente. Já que Cedric fingia não ver, Rudy escreveu em uma folha: ISSO NÃO FOI LEGAL!


            Cedric suspirou e retirou o feitiço do amigo.


            _ Eu só não quero falar disso. – Cedric parecia mais estar suplicando do que dando uma explicação.


            _ Nem que você quisesse! Não vou mais falar com você! – resmungou Rudy,


            Cedric sabia que ele não estava realmente chateado e que logo estaria falando outra vez. Não que ele tivesse uma opção, Rudy simplesmente não conseguia parar de falar.


            _ Mas sabe... – Rudy recomeçou.


            Cedric não pôde deixar de rir com a pouca força de vontade de Rudy.


            _ Não é nada sobre você! – ele avisou – Você viu a Moon no café?


            Cedric não prestara muita atenção nas coisas que se sucederam aquela manhã, mas o que ele podia dizer era que não vira Moon em lugar algum.


            _ Não... – respondeu Cedric. – Por quê?


            _ Não a vejo desde ontem à noite. Eu não sei onde ela está. – disse Rudy, parecendo realmente preocupado.


            _ Calma, cara. Que foi? Está inseguro assim no primeiro dia de namoro? – perguntou Cedric, rindo discretamente pela primeira vez naquele dia.


            _ Se você está namorando a Moon... sim. – disse Rudy chateado.


            _ Por Merlin, Rudy! Ela aceitou namorar você! Pára de besteira! – Cedric começou a escrever qualquer coisa no caderno, a única coisa a qual ele não queria discutir era problemas amorosos.


            _ Hunf... – resmungou Rudy.


            Do outro lado da sala, duas garotas não paravam de falar. Rose e Kate, como legítimas amigas numa sala de aula, não paravam de passar cochichos sobre os acontecimentos recentes entre uma fala e outra da professora.


            _ Ele estava realmente muito estranho hoje de manhã. – comentava Rose. Sim, falavam de Cedric.


            _ Mas sinceramente, nada explica o que ele fez com a Mi... – respondeu Kate.


            _ Eu conheço Cedric, ele nunca faria isso sem um motivo... – disse Rose balançando a cabeça, levemente.


            _ Mas ele fez.... – Kate disse, cuidadosamente, para não estressar Rose.


            _ Sim. Isso é o que eu não entendo. Tem algo mais por trás disso tudo. – Rose, não conseguia acreditar que Cedric seria tão estúpido por nada.


            _ Ouço sussurros... – alertou professora Mcgonagall, olhando furtivamente para as duas meninas.


            Rose e Kate não pararam de falar, óbvio, simplesmente abaixaram a cabeça e tentaram falar o mais baixo possível.


            _ Sei lá, às vezes Cedric só estava de TPM. – sugeriu Kate.


            Rose deu um pequeno sorriso.


            _ Eu acho que seja o que for, é sério. – continuou Rose.


            _ Senhoritas, podem ficar quietas? – Mcgonagall olhava diretamente para as meninas agora.


            Elas simplesmente fizeram que sim com a cabeça. Logo depois, abaixaram-se o quanto podiam, e continuaram a conversar.


            _ Já vi que você não vai aceitar que ele simplesmente foi um idiota... – começou Kate.


            _ Não. – interrompeu Rose, risonha.


            _ Ok, então. – concordou Kate, como se balançasse uma bandeira branca. – Agora, você viu como o Rudy está obcecado pela Moon?


            _ Sim! Ele perguntou por ela o dia inteiro! – comentou Rose balançando a cabeça.


            Kate balançou a cabeça afirmativamente e começou a falar.


            _ O que é inútil porque ela está somente...       


            _ Srta Hanford e Srta Bellamont! Vocês estão impossíveis! – a professora se estressou.


            _ Desculpe-me profe... – tentou Rose.


            _ Por favor, Srta Bellamont troque de par com o Sr Dawson. – interrompeu-a a professora, com um olhar marcante.


            Ao ver a cara da professora, Kate não cogitou um segundo ao pegar as suas coisas e sentar-se ao lado de Jack. Já Rose...


            _ Mas... – tentou Rose inutilmente.


            _ Nada de mas. – cortou a professora.


            _ Professora, ela é meu par! Como a senhora sugere que eu acabe o trabalho se...


John havia contornado a carteira e se sentado ao lado de Rose, esta parou de falar imediatamente olhou-o como se ele fosse algo repugnante.


            _ Que isso? Sai daqui! – foi a única coisa que disse a John.


            Ele deu um sorriso sarcástico.


            _ Tudo bem... PROFE... – começou John.


            Rose colocou a mão na boca dele.


            _ Você está maluco?! – reclamou olhando para ele incrédula.


            Nesse momento, Rose sentiu um sorriso crescer junto a sua mão. Lembrando-se nesse mesmo instante quando o mesmo se formou em cima de seus lábios. Rose rapidamente tirou a mão da boca de John.


            _ Você está bem? – perguntou John, confuso.


            _ Não. – respondeu Rose, fria. Tão fria quanto John.


            John estranhou a falta de calor emanando de Rose.


            _ Do que você se lembrou? – ele perguntou.


            Rose sentiu seus cabelos arrepiarem.


            _ Nada. – respondeu um pouco trêmula.


            John não entendia a atitude de Rose, até se lembrar da noite passada. Um sorriso malicioso cresceu em seu rosto.


            _ Ah, sim! Noite passada... – comentou risonho. – Você não consegue parar de pensar no beijo que eu...


            Algumas pessoas espicharam os ouvidos para tentar ouvir.


            _ Shhhhh! – Rose o repreendeu


            John riu.


            _ Em primeiro lugar, - Rose começou o mais baixo que podia – não fique comentando essa atrocidade aos quatro ventos, em segundo lugar você não fez nada, simplesmente agiu como o animal que é e sobre “não parar de pensar”, por favor! Eu me torturo tentado esquecer!


            Isso podia ter doido lá no fundo do orgulho de John, mas este tinha bastante orgulho para que fosse ferido, portanto, não se deu por vencido.


            _ Então, tentar esquecer tortura você? – provocou.


            Rose olhou-o furiosa.


            _ Eu não te suporto! – ela exclamou.


            _ Você me odeia. – corrigiu-a John.


            _ Não. – Rose respondeu, prontamente.


            _ Vai dizer que não me odeia? – perguntou John, incrédulo.


            _ Não te odeio, Ericson. – afirmou Rose – Até odiar é um sentimento apaixonado.


            _ Exatamente, minha garota. – concordou John, sorrindo maliciosamente.


            Rose abaixou os olhos por um minuto, mas não daria a John o gostinho da vitória.


            _ O que te faz pensar que sou sua? – ela o desafiou – Você tem que começar a ver o real significado dos pronomes...


            _ Este pronome possessivo foi usado com todo o cuidado do mundo, pode ter certeza. – respondeu John.


            _A única certeza que tenho é que você tem problemas, os quais você deveria cuidar o mais rápido possível! – contrapôs Rose, sarcasticamente.


            _ Já eu não possuo certeza alguma, veja como é pior! – fingiu reclamar, John. – Estar ao seu lado é como estar em um campo minado.


            _ Engraçado... – comentou Rose – Muitas vezes eu tenho vontade de te explodir.


            _ Há, há! – debochou John.


            _ Não há graça alguma... – Rose cortou-o balançando a cabeça com indiferença.


            John encarou-a sem saber o que responder, Rose riu com sua vitória.


            _ Nós realmente deveríamos responder a este questionário. – Rose sugeriu.


            John olhou ao seu redor.


            _ Responder o quê? – perguntou confuso.


            _ Ao questionário. – Rose repetiu, sabendo que ele estava se fazendo de desentendido, pois não tinha o que falar.


            _ O que é isso? – John parecia estar realmente confuso.


            _ Você não sabe? – Rose estava impressionada com a tamanha falta de atenção que ele tinha pela aula. 


            _ O quê? – John estava muito confuso.


            _ O que é!


            _ O que é?


            _ Não!


            _ Não?


            _ Sim!


            _ Você me deixa confuso! – reclamou John.


            _ EU te deixo confuso? – debochou Rose – Você nem faz idéia do que está fazendo aqui e ainda reclama que EU te deixo confuso.


            _ Sei que estou te deixando nervosa. – disse John, sorrindo – Isso já me deixa feliz.


            _ Então, esse se tornou seu passatempo preferido? – questionou Rose - Me irritar?


            _ Por enquanto... – confirmou John.


            _ Ótimo! – respondeu Rose – O meu será vê-lo se cansar, assim como você se cansa de todas suas outras diversões. Quando isso acontecer, a parte boa será: eu nunca, realmente, me importei.


            Nenhuma palavra mais foi dita, e Rose voltou sua atenção ao questionário que respondia. John estava calado e pensativo, muito pensativo.


            Na carteira à frente deles Kate tentava puxar assunto com Jack, pois, como já havia sido dito antes, ela odeia silêncios constrangedores. O problema era que como ela não se lembrava de ter falado com Jack sobre Hermione e o que aconteceu na noite anterior, ela também não se lembrava da grande simpatia de Jack.


            _ Aqueles dois não vão agüentar nem cinco minutos sem se atacar! – comentou Kate.


            Jack suspirou, mas nada disse. Manteve seus olhos fixos no questionário.


            _ É... – Kate ainda não havia desistido – B? Tem certeza? Eu estava entre essa e a C. – disse, apontando para o questionário que Jack respondia.


            Jack não proclamou uma palavra, apenas circulou a letra B com mais força.


            _ Ok... Acho que você tem certeza. – rendeu-se Kate.


            _ Obviamente... – comentou Jack quase de maneira inaudível... Quase


            _ Uau! Você está falando! Oh meu Deus! Deixa eu te elogiar mais um pouquinho! – disse Kate debochadamente.


            _ Por favor... simplesmente não fale. – suplicou Jack. Sim, era uma súplica.


            _ Você é muito chato, sabia disso? – perguntou Kate virando-se para encarar Jack.


            _ Sabia. – respondeu Jack sem nem olhar para cima.


            _ E ainda responde? – perguntou Kate indignada.


            _ E você ainda está falando? – retrucou Jack, um pequeno sorriso cresceu em seus lábios.


            Kate deu a língua para ele e se voltou para o seu exercício. Jack sorriu abertamente.


            Um pouco atrás dessa carteira estava outra dupla, dessa vez não falando nada no duplo sentido.


            _ O que você está olhando? – perguntou Isa, seguindo o olhar fixo de Chris.


            Chris não respondeu, parecia prestar muita atenção em algo. Ou melhor, em Kate.


            _ Tem algum problema com Bellamont? – perguntou Isa, um tanto ofendida pelo desinteresse de seu parceiro.


            _ Hã? – Chris pareceu acordar de um devaneio.


            Isa olhou-o significativamente.


            _ Nada... é... O seu amigo está falando com a Kate. – respondeu Chris, franzindo as sobrancelhas.


            _ Calma, o Jack não é esse monstro como você acha. – respondeu Isa, rindo.


            _ Eu não tenho tanta certeza disso. – apontou Chris, inseguro.


            Isa ficou um pouco chateada por ele estar prestando atenção em outra garota que não fosse ela.


            _ Você por acaso está com ciúmes? – perguntou Isa, tentando o máximo possível ser indiferente. E conseguiu.


            _ Hã? O quê? Não. – disse Chris, sinceramente.


            _ Não entendo. – respondeu Isa mexendo nos cabelos.


            Chris sorriu abertamente para ela.


            _ Não é isso. É só que Kate é minha melhor amiga, e Jack, bom, desculpe dizer, é um canalha. Entende o meu lado? – Chris tentou explicar, enquanto Isa o seduzia outra vez.


            _ Claro. – Isa sorriu radiante – É tão bonitinho você se preocupar desse jeito.


            Chris sorriu novamente e voltamos às palavras escondidas em duplos sentidos. Mas podíamos ver Chris espiando de rabo de olho, uma semi-conversa.


_ Muito bem, parece que o nosso tempo acabou. Recolham o seu material e se preparem para a próxima aula, treinaremos o feitiço manualmente, portanto estudem seus relatórios. Podem se retirar. – anunciou a professora Mcgonagall.


Logo depois o som de várias carteiras sendo arrastadas tomou conta da sala. Kate arrumava seu material, feliz de poder sair dali e encontrar alguém que realmente falasse.


_ Tchau, Jack. – despediu-se antes de sair.


Jack não disse nada. Kate parou esperando uma resposta, que não veio. Então, ela virou-se para Jack novamente.


            _ Tchau, Jack. – repetiu Kate, pausadamente.


            Jack simplesmente olhou um segundo para cima, e voltou a sua atenção para o seu material.


            _ Você não vai me responder?! Seu mal-educado! – reclamou Kate, indignada. – Olha, há várias maneiras de ser educado... Dá um “tchauzinho”, um “até logo”, um sorriso falso... Você pode até dizer “tchau” e sair correndo!


            _ Sair correndo é uma ótima opção! Você não vai calar a boca? – perguntou Jack, impressionado com o “jeito” de Kate.


            _ Use sua educação! Você não precisa ser sempre tão chato com as pessoas! É só um “tchau”, você não vai morrer... – Kate, realmente, nunca calava a boca.


            Jack revirou os olhos, mas um mínimo, pequeno e imperceptível sorriso se formou no canto de sua boca.


            _ Vamos lá, junto comigo! T-c-h-a-u K-a-t-e. – Kate pronunciou em câmera lenta.


            _ Adeus, Kate. – Jack se despediu indiferente, mas ressaltando o “adeus”.


            _ Uau! A gente ainda vai se ver muito! Não precisa ser adeus! – comentou Kate, sorrindo com o “progresso”.


            _ Eu prefiro que seja adeus, muito obrigado. – cortou-a Jack.


            _ Nossa! Viu? Ser simpático é legal às vezes, não? – debochou Kate.


            _ Sarcasmo... Ótimo! – Jack revirou os olhos, pegou sua mochila e foi embora. Não sem antes ouvir Kate rindo de sua reação.


            _ Você não viu que a Moon está sumida?! – Rudy apareceu, gritando, com o dedo na cara de Kate.


            Cedric estava ao seu lado com uma expressão mórbida e cansada.


            _ É... Não! Rudy ela não está sumida ela está... – começou Kate.


            _ Ah! Pois ela disse a você! Você e não a mim? No que ela estava pensando? – Rudy delirava.


            _ Talvez que ela tivesse um namorado normal... – disse Kate chateada.


            _ Katherine Bellamont! – exclamou Rudy, mas Kate já estava fora do campo de visão dos dois meninos. – Você viu isso? – Rudy perguntou ao amigo.


            _ Sim, eu vi, Rudy. – disse Cedric, puxando o amigo para fora da sala.


            Do outro lado, havia uma ruiva e um moreno. Do outro lado havia o fogo e o gelo. Rose arrumava seu material o mais rápido que podia, ela precisava sair dali.


            _ Com pressa? – John perguntou, cinicamente.


            _ Observador, você! – debochou Rose.


            _ Eu me impressiono com minha inteligência! – devolveu John.


            _ Olha, você não sabe o quanto eu adoraria ficar aqui discutindo o quanto inteligente você é... – começou Rose.


            _ Discutir é sempre um prazer para você, certo? – interrompeu-a John.


            _ Eu realmente preciso ir. – ignorou-o Rose – Não só pelo óbvio motivo de você estar aqui, mas porque tenho coisas mais importantes a fazer.


            _ Autch! Essa machucou! Quer dizer que você não gosta de estar no mesmo ambiente que eu? – John fingiu estar indignado.


            _ Eu sufoco com tanto veneno! – respondeu Rose.


            _ E eu com tanta delicadeza! – contrapôs John.


            _ Morra! – disse Rose antes de se virar para ir embora.


            _ Também te amo! – disse John alto o suficiente para que ela ouvisse.


            John ainda ficou rindo sozinho em seu lugar por alguns segundos, mas logo depois também saiu, afinal, também tinha algo importante a fazer.


            ●●●


            Os alunos caminhavam pelos corredores de Hogwarts, perdidos em seus próprios pensamentos, suas próprias tarefas. Foi quando em um fim de tarde silencioso e calmo... BUM! Houve uma grande explosão. A escola treme e os alunos começam a olhar para os lados ansiosos e murmúrios começam a se espalhar.               


MINUTOS ANTES DA EXPLOSÃO.


            Rose caminhava ansiosamente até a porta do Grande Salão, lá ela executaria seu plano. Hoje era um dia muito bom para se desperdiçar inteiramente com aulas, portanto, seria bom aproveitar um pouco dele. Tudo que ela necessitava era uma pequena bomba, algo que causasse um pequeno alvoroço, e as aulas finais estariam suspendidas por hoje! Todo seu corpo transpirava adrenalina, enquanto esperava a hora certa atrás de uma pilastra ao lado da porta, Rose sentia que o menor movimento poderia alterá-la.


            _ O QUE A SENHORITA PENSA QUE ESTÁ FAZENDO AQUI?!


            _ AAAAAAAAAAH! – gritou Rose, assustada.


            John Ericson estava em pé na frente dela e ria da reação que teve a ruiva.


            _ Seu estúpido, cretino, suicida! – Rose o xingava em meio a tapas.


            _ Calma! Ai! Foi só uma brincadeirinha! Você devia estar fazendo algo de errado! – debochou John, enquanto se protegia dos golpes de Rose.


            _ Você é louco? – continuou Rose, agora já não batia em John – Não se pode assustar as pessoas assim!


            _ Por quê? – quis saber John. – Por que dessa “regra”?


            _ E se eu estivesse de varinha na mão? – desafiou Rose.


            _ Você me atacaria? – John não fizera uma afirmação, acabara de desafiar Rose de volta.


            _ Não tenha dúvidas que sim. – respondeu Rose com um ar risonho e perigoso.


            _ Isso seria divertido... – disse John, levantando uma sobrancelha, “sonserinamente”.


            _ Acho que não há uma coisa que você tenha mencionado que não seja “divertida”... – comentou Rose – Tudo é divertido para você?


            _ Somente as coisas relacionadas a você. – respondeu John.


            _ Que lindo! Eu sou uma diversão! – apontou Rose, frisando a palavra diversão.


            _ Pode-se dizer que sim. – disse John, nada ele negou, pois assim ele pensava ser – Aliás, se me lembro bem, você que descreveu nossa relação dessa maneira.


            _ Não há uma relação entre nós para ser descrita. – corrigiu-o Rose – E não me culpe pelo fato de você enfrentar as coisas na sua vida como diversão, isso é algo com o qual você sempre viveu, eu simplesmente mostrei a você.


            _ Sim, você me mostrou. – John sabia, ou achava que sabia o que era, mas Rose o mostrava isso. Não tinha medo de mostrar-lhe a verdade. Bem, a versão dela do que seria a verdade.


            Rose observou John ficar calado, mas depois de um tempo começou a se preocupar.


            _ Hey! Você está nessa dimensão? – perguntou, enquanto estalava os dedos na frente dele.


            _ Sim. – respondeu John, pegando a mão que ela estava usando para estalar os dedos, gentilmente.


            _ Mas, pelo visto, perdeu a noção! – disse Rose, retirando sua mão da de John. – Você podia ir embora, não? Tenho coisas a fazer.


            _ Hum... Me intriga o que de tão importante você fará. – começou John – Portanto, aqui ficarei importunando-a até que eu veja ou que me conte.


            Rose observou a fala de John, até seu jeito de ficar parado. Tudo tão... Aristocrático.


            _ Quer saber? – perguntou risonha – Coloquei uma pequena bomba no Salão para cortar as aulas finais. – Rose sabia que, mesmo que dissesse a verdade, John não acreditaria nela.


            _ Há, há, há, há, há! – John começou a gargalhar – Sério?


            Rose confirmou com a cabeça. John parou de rir.


            _ Eu também!


            _ Você também o quê? – perguntou Rose confusa.


            _ Droga!


            _ Que foi?


            Acabou-se o tempo de espera.


            _ ABAIXA! – gritou John.


            John empurrou Rose para o mais longe da explosão possível, debruço-se sobre ela, tentando fazer com que ela não se ferisse. A explosão foi tão alta que ambos ficaram com um zumbido em seus ouvidos, mesmo depois que havia acabado nenhum deles se moveu, não podiam. Pouco a pouco, com esforço John se levantou para ver se Rose estava bem. Ela tinha alguns ferimentos leves, mas nada demais, já John tinha um corte profundo em seu braço direito, além de alguns hematomas.


            _ Você está bem? – John perguntou a Rose.


            _ Sim. – ela ainda estava um pouco tonta com a rapidez com que tudo aconteceu. – Você?


            _ Acho que estar ao seu lado significa alguns hematomas e talvez uns cortes... – respondeu John.


            Rose riu, sem nenhum indício de sarcasmo, pela primeira vez em uma conversa com John. Ele observou seu leve sorriso, finalmente arrancado, saindo tímido, algo nada convencional para uma pessoa como ela. Nada, porém, era convencional em Rosalie Hanford.


            _ Vale a pena... – John disse bem baixo, só para ele ouvir.


            _ O quê? – perguntou Rose.


            _Sei que você gosta de estar em cima de mim, mas eu acho que preciso ir à enfermaria. – disse John, rindo.


            Quando John se levantou, puxou Rose consigo, fazendo-a ficar não totalmente em cima dele, mas ainda assim um pouco inclinada o que o impedia de levantar.


            _ Cala a boca! – Rosalie bateu no braço machucado de John e levantou-se, de modo nada gentil.


            John gemia de dor no chão, quando uma voz conhecida veio ao longe.


            _ John? John!


            _ Juliet? – John tentava ignorar a dor que sentia.


            _ Oh, Merlin! O que aconteceu? Está tudo destruído! Que explosão foi essa? – Juliet havia perdido muito.


            _ Calma, calma! – pediu John, levantando-se com muita dificuldade – Você é quem devia estar falando. Onde esteve durante as aulas?


            _ Você é quem está sangrando! – apontou Juliet – É prioridade você me dizer o que houve primeiro.


            Pode parecer impossível, mas até Rose se sentia um pouco intimidada pela presença de Juliet. Era algo sempre meio macabro e frio, mas também perigosamente irresistível.


            _ Algum engraçadinho, resolveu soltar uma bomba para acabar com as últimas aulas. – disse John – Mas deve ter sido um débil mental, - ele olhou para Rose, depois riu – que não soube medir a quantidade.


            Rose revirou os olhos.


            _ Ah, e você? – Juliet se dirigia a Rose – Está muito machucada?


            Juliet não ligava a mínima para Rose estar machucada, mas era parte dela, de seus ensinamentos. Delicada e educada ela podia esconder o pior dos segredos, maior ambição, mas sempre mantinha a classe, o ar superior, a frieza no olhar.


            _ Não. – foi a única coisa que Rose disse.


            _ Apresente-se, por favor. – Juliet teria que ditar essas regras as quais Rose nunca se familiarizara.


 


            _ Ah, sim! Rosalie Von Hanford. – disse Rose.


            _ Ericson! – John acrescentou para ela.


            Juliet arregalou os olhos.


            _ Vocês... – ela começou.


            _ Nos casamos. – completou John.


            _ O quê?! – Rose indagou.


            _ Foi um coisa muito intima, as pessoas quase não sabem. – John continuou.


            _ Cala essa boca! Ele não sabe do que está falando! – assegurou Rose.


            _ Querida, não vamos discutir na frente de minha amiga. – repreendeu-a John.


            _ Você tem problemas! – exclamou Rose.


            _ Você também, mas acima deles nos amamos, temos que nos lembrar disso! – John divertia-se como nunca em sua “brincadeira”.


            _ Seu...


            _ Tudo bem! – Juliet os interrompeu – Eu sei o quanto John gosta de fantasiar... Vamos ignorar a cena acima. Vocês precisam ir à enfermaria, eu ficarei aqui para saber o que será feito de tudo isso.


            _ Eu não tenho certeza de que quero ir. – disse John olhando para Rose.            _ Não vou te machucar! – ela garantiu.


            _ E qual será a graça nisso? – quis saber John.


            _ Será hilário! Hilário! – disse Rose, indo em direção à enfermaria. – Simplesmente fique aqui até morrer de tanto sangrar!


            John riu e começou a acompanhá-la, mesmo que com dificuldade. Juliet ficou, ela precisava saber de tudo que, no colégio, acontecia.


●●●


            Todos os alunos estavam reunidos do lado de fora do castelo, enquanto Mcgonagall fazia um discurso indignado a eles.


            _ Isso é inadmissível! – ela proclamava, energicamente – Não só os professores terão que trabalhar o máximo para restaurar o Salão até a hora do jantar, como nunca algo assim ocorrera dentro dessa instituição!


            Harry e Hermione estavam andando confusos, procurando por respostas. Encontraram a Rudy, já era um bom começo. Cedric também estava lá, era um desafio.


            _ Rudy! O que aconteceu? – perguntou Hermione.


            _ Moon sumiu! – exclamou Rudy. – Você viu a Moon?!


            _ Ah... não. – respondeu Hermione. – Rudy, eu não vi a Moon! Eu estou perguntando sobre a explosão!


            _ E eu vi a explosão! Mas não vi a Moon! Mona! MONALISA! – Rudy estava surtando, mais uma vez. Não que isso fosse algo raro, ele simplesmente nunca teve uma namorada. Não uma que gostasse tanto.


            _ GENTE! – ouviu-se do meio da platéia uma voz conhecida, gritando espalhafatosa.


            Todos olharam para a direção da voz. Era Moon. Ao se lado, estava Kate, que parecia querer enfiar a sua cara na terra e nunca mais retirá-la de lá.


            _ VAMOS LÁ! QUEM FEZ DIZ LOGO, PARA TODO MUNDO PODER IR PARA AS CASAS! – gritou Moon, tentando subir em cima dos ombros de Kate para aparecer mais, só que esta não deixou.


            _ Ah... Obrigada, Srta Stewart... – disse Mcgonagall para Moon, meio assustada. – Mas eu posso resolver isso sozinha, agora.


            _ SÓ AJUDANDO PROFESSORA! – gritou Moon de volta, Mcgonagall deu um pulo de susto.


            _ Certo...  – disse Mcgonagall antes de recomeçar seu discurso.


            _ Mona... – Rudy balançou a cabeça, e então foi ao encontro de Moon.


            _ Mona? – perguntou Hermione confusa.


            _ Ele a chama assim às vezes... – disse Cedric pela primeira vez.


            Ouvir o som da voz dele, foi mais difícil do que Hermione pensava, simplesmente não soube o que dizer, o que responder.


            _ Ah... é. – foi a única coisa que conseguiu pronunciar.


            Harry estava rindo ao lado de Hermione, e ela nunca desejou tanto bater nele como agora. Hermione desviou o olhar para o lado e pôde ver que Kate vinha com Rudy e Moon um pouco atrás. Ela estava esfregando a mão em sua cabeça, como se estivesse querendo diminuir a dor. Bom, vamos ser sinceros, primeiro Jack, depois Rudy maluco, Moon indignada por Rudy estar maluco, e  agora os dois Indignada e Maluco. Era muito para qualquer mente, até a compreensiva de Kate.


            _ Você não é meu dono! Eu não te devo satisfação do que eu faço a cada minuto, segundo ou milésimo da minha vida! – Moon reclamava para Rudy, que ainda a olhava com raiva e desconfiança.


            _ Eu não preciso que você me dê satisfação de nenhum desses momentos, somente o que a senhorita fez o dia inteiro. – disse Rudy, encarando Moon, parando abruptamente.


            _ Você não confia em mim, Rudy? – perguntou Moon, parando também.


            _ Claro que confio! Por isso não entendo o fato de você não confiar em mim. – disse Rudy, meio abatido. – Entenda, eu nunca tive uma namorada antes, eu não sou garoto disso! Eu não sei como agir!


            _ Aja como você mesmo, o garoto por quem eu tão rapidamente me apaixonei. Não esse idiota! – disse Moon, sorrindo.


            _ Espera! Deixe-me entender, você quer dizer que o Rudy não age como idiota a maior parte do tempo? – perguntou Kate, levantando a sobrancelha.


            _ Você tinha estragar, não é? Não podia deixar o momento fluir? – perguntou Rudy, mais calmo.


            _ Steiner, você está a isso aqui de virar um sapo... – disse Kate, mostrando com os dedos indicador e o polegar o quão pouco faltava para que isso acontecesse.


            Cedric começou a rir.


            _ Pergunte a Hermione, ela com certeza sabe como fazê-lo. – comentou, ainda rindo.


            Hermione sentiu a raiva crescer dentro dela.


            _ Ou pergunte ao Cedric, ele já está acostumado a ser um! – rebateu Hermione.


            _ Nossa! Estou sentindo a hostilidade no ar! – disse Rudy, olhando de Hermione para Cedric.


            _ Sim, sim, muita hostilidade. Agora, Rudy. – começou Moon.


            Rudy olhou para ela com certo receio.


            _ Eu não digo que seja algo tão horrível que eu não vá te contar, é só que agora não é o momento. – Moon explicou.


            Hermione percebeu que no olhar de Rudy ainda havia certa desconfiança, que ficaria ali até o dia em que Moon lhe contasse a verdade, mas por enquanto, ela parecia determinada a não fazê-lo.


            Rudy somente balançou a cabeça, em afirmação.


            _ Bom, ainda temos que saber o que houve aqui. – Harry finalmente apontou algo importante.


            _ Sim! É verdade! – comentou Hermione.


A tensão entre ela e Cedric era evidente. Quase era possível sentir-la.


            _ O que houve é bem óbvio, não? – disse Cedric, ele queria provocar Hermione, estava convicto disso. – Uma explosão...


            _ O que a causou, gênio! – respondeu Hermione com raiva crescente.


            _ O que a causou foi uma bomba! – disse Cedric, como se isso foi ainda mais óbvio do que ter havido uma explosão.


            _ Quem a causou, Cedric! E o porquê de tê-lo feito... – respondeu Hermione quase que imediatamente.


            Os dois tinham repostas instantâneas que se formavam em suas cabeças como se já tivessem sido preparadas a tempos.


            _ Você precisa começar a ser mais especifica... – disse Cedric.


            _ E você menos burro!


            Todos riram, Cedric estava preste a responder, mas ele foi... Interrompido. _ Hermy-on? – Victor Krum acabara de chegar. Kate parecia estar tendo um colapso.


             _ Victor? – Hermione chegou a dar um pulo, fora tirada de sua discussão, bruscamente.


            _ Olá! – ele saudou-a – O que... aconteceu? Vo... você sabe? – mesmo que demorasse um pouco o inglês de Krum estava realmente melhor, o nome de Hermione era outro caso, ele parecia ter um problema em acertá-lo.


            _ Não, ninguém sabe... – respondeu Hermione – Nossa! Seu inglês melhorou muito!


            Krum pareceu sorrir, timidamente. Kate não conseguia lembrar-se de como se respirava.


            _ Você vai aparecer na... biblioteca de novo? Podemos nos encontrar lá. – disse Krum, lembrando-se do amor de Hermione pela biblioteca.


            _ Você se lembra? UAU! – Hermione se impressionou.


            _ Lembra? Lembra do que? – Cedric interrompeu.


            _ Você não precisa se meter... – respondeu Hermione, maldosamente.


            _ Você irá? – perguntou Krum, ignorando a Cedric, ou qualquer interrupção.


            _ Não. – Cedric respondeu, friamente – Nós temos aula, juntos.


            Krum estreitou os olhos para Cedric, este não se abalou.


            _ Por que você está respondendo por mim? – perguntou Hermione, indignada.


            _ Falei alguma mentira? – perguntou Cedric.


            _ Mas eu devia responder, não você. – insistiu Hermione.


            _ Certo, não respondo mais! – concordou Cedric, estressado – Mas ela não vai com você. – acrescentou para Krum.    


            _ Cedric! – repreende-o Hermione.


            _ Hermione! – rebateu Cedric.


            _ Ugh! – Hermione gemeu de raiva – Victor... Eu sinto muito mas não vou poder estar lá.


            Cedric tinha um sorriso escondido.


            _ Mas qualquer outra hora que você quiser... – continuou Hermione.


            O sorriso desapareceu por completo.


            _ É... eu tinha... tenho que ir de qualquer forma. – disse Krum, satisfeito – Potter, o Sr Crounch te procura. – ele se dirigia a Harry, agora.


            _ Você quer dizer que ele está me procurando. – Harry o corrigiu, rindo.


            _ Harry! – Hermione o repreendeu.


            _ Você gosta de falar o nome das pessoas! – debochou Cedric.


            _ Preciso mesmo ir. – Krum disse, antes que Hermione respondesse.


            _ Ah, sim! Adeus. – despediu-se Hermione.


            Krum se virou para o resto, curvou-se brevemente e se foi. Harry o acompanhou. Kate teve seu ataque final.


            _ Ahhhh... – pronunciou antes de cair.


            _ Kate!


            Chris que estava chegando naquele momento impediu que Kate caísse. Segurou-a em seus braços e olhou-a preocupado.


            _ O que aconteceu? – perguntou.


            _ Victor Kate Tem Uma Queda Por Krum. – esclareceu Moon.


            _ Kate! – protestou Chris, colocando-a de pé – Esse cara é feio e antipático!


            Kate olhou chocada.


            _ Retire o que disse, retire o que disse! – aconselhou Rudy.


            _ Por favor, esse cara não vale estresse de ninguém. – continuou Chris – Além de feio e antipático perdeu o último jogo...


            _ VOCÊ NÃO PODE FALAR DELE ASSIM! – protestou Kate.


            _ Eu avisei! Por que ninguém me ouve? – reclamou Rudy.


            _Ok, Ok... Kate, não vamos discutir. – disse Chris.


            _ Não... Você tem que nos dizer onde você estava! – disse Rudy, maliciosamente – Com a loira?


            Chris balançou a cabeça afirmativamente.


            _ UHUL! Te vejo depois, amor! – disse Rudy a Moon, puxando Cedric e Chris com ele.


            _ Hey! – Hermione segurou o outro braço de Cedric, impedindo-os de ir – O senhor não vai! Temos aula!


            _ Por favor, Mi! – implorou Rudy.


            Cedric sorriu.


            _ Não tem problema Rudy, você me conta depois. – assegurou.


            _ Mas não será a mesma coisa! – insistiu Rudy. – Não saio daqui sem o Ced!


_ Rudy Steiner, eu estou te deixando sair daqui para falar de outra mulher! Você realmente quer testar minha paciência? – desafiou Moon.


            _ Tchau, Ced! – Rudy não pensou duas vezes.


            _ Mas... Hey! – Kate estava com uma cara confusa – Por que estão todos saindo no meio do discurso de Mcgonagall?


            Cedric, Moon e Hermione olharam para a professora que ainda falava, sem ser ouvida talvez por todos os alunos. Felizmente, ela estava terminando. Foi quando um dos professores sussurrou algo em seu ouvido, ela imediatamente começou a procurar por alguém na platéia.


            _ Juliet Danger? – ela chamou.


            Uma mão levantada se destacou no meio da multidão.


            _ Pode vir comigo um segundo? – pediu Mcgonagall – Os outros podem voltar aos seus respectivos afazeres, as últimas aulas já foram suspensas e esperamos que o salão esteja pronto até o jantar.


            Todos começaram a sair pouco a pouco. Hermione mantinha o olhar fixo na figura de Juliet, havia sempre algo estranho que a prendia, algo que ela não sabia o que era, mas daria tudo para descobrir.


            ●●●


            Na sala de Mcgonagall, Juliet chegava a se sentir entediada, pois já sabia que Minerva a acusaria da explosão, e esses professores simplesmente a cansavam.


            _ Senhorita Danger... Fui lembrada de que a senhorita não compareceu a nenhuma das aulas. – a professora começou seu discurso.


            _ Sim, isso é certo. – Juliet a cortou.


            Minerva a encarou por um pequeno espaço de tempo.


            _ Eu poderia saber onde a senhorita estava? – perguntou a professora, por fim.


            _ Tinha permissão para sair do colégio. – Juliet respondeu.


            _ E por que a senhorita teve essa necessidade de sair? – Mcgonagall estava certa de que Juliet tinha algo a ver com isso, até os professores sentiam algo em sua áurea.


            _ Eu já esclareci isso ao meu diretor, não entendo o porquê de a senhora estar me interrogando. – Juliet mantinha sua voz controlada, fria e, como sempre, suave.


            _ Somente quero saber quais foram seus motivos. – explicou Mcgonagall, um pouco cansada da atitude de Juliet.


            _ Pessoais. – respondeu Juliet.


            _ E quais são? – insistiu Mcgonagall.


            _ Se são pessoais, não creio que correspondam à senhora. – disse Juliet, demonstrando que não se importava com quem Mcgonagall era, ainda assim não deixando de lado sua educação, chamando-a professora de senhora.


            Mesmo com a “educação” Mcgonagall olhou Juliet chocada.


            _ Senhorita...


            _ Professora. – uma voz arrastada interrompeu-a – Não creio que foi informada, mas a Srta Danger teve minha permissão para sair.


            Severo Snape adentrara a sala.


            _ Sim, professor, mas... – começou Mcgonagall.


            _ Então, não entendo por que a senhora continua mantendo a aluna aqui. – interrompeu Snape.


            _ Eu... – Mcgonagall sabia que nada conseguiria enquanto Snape estivesse ali.


            _ Posso sair, agora? – Juliet não estava realmente pedindo, estava mostrando que ganhara.


            _ Sim. – disse Mcgonagall.


            Juliet saiu da sala vitoriosa e com um sorriso deslumbrante.


●●●


Hermione se encontrava na biblioteca com milhões de livros ao seu redor, ela ficara todo esse tempo pesquisando sobre história, magias excêntricas, seres mágicos, qualquer coisa que pudesse ser ligada àquela Lua deitada... Aquela imagem. Ao longo de sua pesquisa ela havia achado falhas durante as histórias, buracos em meio às coisas que aconteceram, e sentia que essas falhas eram por demais essências.


            _ Você vai continuar sem fazer nada? – Cedric interrompeu-a.


            _ O quê? – Hermione acordou de suas teorias – Você por acaso já terminou?


            _ Eu só estou lendo, enquanto você fica aí pesquisando algo... – respondeu Cedric, malcriadamente – E, sinceramente, ler eu podia fazer sozinho.


            _ Como você se atreve? – perguntou Hermione indignada – Eu estou te fazendo um favor!


            _ Perdão pelo meu comportamento imperdoável! – debochou Cedric – Da próxima vez que não estivermos fazendo nada produtivo eu nada falarei e continuaremos assim.


            _ Eu não agüento isso! – reclamou Hermione.


            _ Não precisará mais agüentar! – tranqüilizou-a Cedric.


            _ Como assim? – Hermione estava confusa.


            _ Hermione, essa é nossa última aula... – explicou Cedric – Amanhã começa o torneio e eu serei retirado de qualquer coisa extracurricular. Talvez pare até com as aulas de Runas Antigas com a professora, já que para mim é optativo...


            Hermione parecia ter sido atingida por um soco. Não só não teria mais aulas com ele, nem daria aulas a ele, como amanhã era a primeira tarefa... O medo que a assombrava voltou de repente, e toda a hostilidade e raiva que eles compartilhavam até agora foi esquecida por ela.


            _Odin distribuiu as vinte e quatro Runas entre três Deuses: Hagal, Freya e Tyr. – Hermione começou a explicar.


            Cedric olhava Hermione como se ela fosse louca.


            _ O quê? – ele perguntou confuso.


            _ Se não reconhece o nome de Odin não prestou nenhuma atenção a nossa última aula! – disse Hermione, com um leve sorriso – Essa é nossa última aula... – ela explicou – Vamos fazer valer à pena.


            Cedric também sorriu, mas seu sorriso era mais aberto e visível.


            _ Sou todo ouvidos! – ele disse.


            Hermione sorriu e então continuou.


            _ Esses Deuses deram às Runas suas energias. Freya, a energia de mãe, de esposa, de amante e de irmã.


            _ Uma mulher com todas as qualidades possíveis! – comentou Cedric.


            _ Pode-se dizer que sim... – concordou Hermione, rindo mais uma vez.


Era ótimo estar conversando assim de novo, sem nenhum sarcasmo, sem competição, eram somente eles mesmos por uma última vez.


            _ Hagal, representava o conselheiro sábio, correto e energético! – continuou Hermione - Tyr, o jovem guerreiro, corajoso e lutador. A vigésima quinta Runa, que é branca, representa Odin...


            ●●●


            O tempo voou, nem Cedric nem Hermione perceberam ele passar. Quando o relógio começou a marcar 07h30min, eles sabiam que precisavam ir, mas nenhum dos dois queria. Arrumaram o material o mais lento que puderam e caminharam até a porta se rastejando. Quando já estavam do lado de fora chegou a pior parte, parte que eles sabiam que chegaria, mas que queriam adiar, o que, agora, era impossível.


            _ Esse é o fim, certo? – perguntou Hermione.


            _ Bem... Sempre que eu precisar de aulas recorrerei a você! – Cedric tentava, inutilmente, animar a Hermione e a ele mesmo.


            Hermione tentou sorrir, mas fracassou terrivelmente. Cedric fez menção de chegar para frente, como em um impulso. O pior foi quando Hermione percebeu que o quer que fosse que ele iria fazer, ela deixaria que ele fizesse. Ele, porém, hesitou. Depois voltou a tomar atitude, mas simplesmente abraçou-a, fortemente. Os dois ficaram, o que para eles pareceram insignificantes minutos, presos naquele abraço, no abraço de adeus. Separam-se, por fim.


            _ Bem, acho que adeus. – disse Hermione.


            _ Adeus... – disse Cedric.


            Os dois viraram-se no mesmo momento, não podiam continuar ali, não podiam ver a tristeza que emanava do olhar de cada um. Ao mesmo tempo, viraram-se e seguiram seus caminhos. Enquanto caminhavam, porém, descobriram que aquilo não fora um adeus, fora simplesmente um novo começo.


            ●●●


            No seu caminho para o Salão Principal Hermione viu ao longe, cabelos loiros. Algo lhe ocorreu, uma idéia.


            _ Olá! – Hermione saudou Isabella.


            Isa simplesmente olhou-a e voltou sua atenção ao caderno no qual fazia anotações.


            _ Fazendo anotações? – perguntou Hermione.


            Isa suspirou, mas nada respondeu.


            _ Hum... – Hermione estava sem o que dizer para Isa, já que sempre que tentava dizer algo era completamente ignorada – Será... será que você podia me responder umas coisas?


            _ Isso vai fazer você ir embora? – perguntou Isa.


            _ Sim! Prometo! – respondeu Hermione.


            _ Rápido. – disse Isa.


            _ Ah... Ok! Ah... – Hermione se atrapalhou um pouco.


            _ Isso é tudo? Ou você pretende dizer algo que faça senso? – Isa já estava ficando sem paciência.


            _ Não! – protestou Hermione, ela quis dizer que Isa esperasse um momento.


            _ Não? Então, por que você continua falando e gastando meu tempo? – perguntou Isa.


            _ Me deixa perguntar! – Hermione se estressou. Isa olhou-a com descrença de que ela realmente havia gritado – Desculpe, desculpe! – Hermione sabia que precisava amaciar o ego de Isa ao estremo para conseguir respostas.


            Isa simplesmente a olhava.


            _ Sabe sua amiga Juliet? – perguntou Hermione.


            Isa hesitou por um momento, depois disse:


            _ Se ela é minha amiga, acho que sei quem ela é...


            _ Certo... – Hermione percebera o quão idiota tinha sido sua pergunta, pelo menos perto de Isa – Por que ela está sempre ausente?


            _ Ela tem sempre problemas pessoais para tratar. – respondeu Isa – Assim, ela fica muito tempo fora da escola. Eu não sei quais são e claro que se soubesse não diria a você.


            _ Sei que não me contaria... – disse Hermione – Ela tem uma cicatriz... Algum motivo em especial?


            _ Não que eu saiba... – respondeu Isa – Isso é uma coisa nossa, marcar na pele o que é importante, eu posso entender.


            _ É... Bonita cobra! – Hermione disse meio sem jeito, lembrando-se da tatuagem que havia visto em Isa.


            _ Jack também achou... – comentou Isa, rindo – Mas ele perdeu...


            _ Jack? – Hermione estava confusa.


            _ Ele não te contou? – Isa fingia surpresa – Bem, ele deve achar que você não gostaria de saber...


            _ Saber o que? – perguntou Hermione curiosa.


            _ Três anos atrás eu, Jack e John resolvemos fazer algo que simbolizasse quem nós éramos, nossa casa, nossa amizade... Enfim! Você pode ver que a conclusão que chegamos foi uma... – explicou Isa.


            _ Tatuagem? – Hermione não podia afirmar.


            _ Certo! – concordou Isa – John escolheu uma aranha que tatuou em seu peito, mas eu e Jack estávamos brigando pela cobra, no final tiramos na sorte e eu ganhei! Jack teve que se contentar com um escorpião em seu braço.


            Hermione não podia acreditar! Não se importava pela tatuagem, embora não a aprovasse. Não entendia Jack ter escondido isso dela.


            _ Isaaaaaaaaa! – Jack apareceu por trás de Isa e abraçou-a.
            _ Oi, Jack! – Isa saudou-o, sorrindo.


            Logo a atenção de Jack foi para Hermione, como de costume.


            _ Mi! O que você está fazendo aqui? – perguntou Jack.


            _ Por mais que eu não queira acreditar, ela está falando! – respondeu Isa.


            Jack olhou para as duas, confuso.


            _ Somente estava fazendo umas perguntas a Isabella. – disse Hermione.


            _ Queria o histórico de vida de Juliet, você quer dizer. – interrompeu-a Isa.


            _ Não! – Hermione protestou – Eu só estava curiosa...


            _ Hum... – foi a única coisa que Jack disse. Hermione percebeu que era hora de ir.


            _ Eu já vou indo, então... – disse Hermione.


            _ Eu te acompanho! – ofereceu Jack.


            _ Claro que acompanha... – Isa disse para si mesma.


            _ Te vejo depois Isa! – despediu-se Jack.


            _ Adeus Isa... Bella! Isabella! – Hermione atrapalhara-se outra vez.


            Isa riu, maldosamente. Ela, na verdade, não teria nada contra Hermione se não fosse pelos fatos.


            ●●●


            Durante o caminho nem Hermione nem Jack disseram nada. Ambos estavam um pouco chateados com o outro. Jack por Hermione ter perguntado o que fosse à Isa e não a ele e Hermione por Jack nunca ter falado de sua tatuagem. Agora pensando bem, ele sempre estava de manga comprida perto dela, não era simplesmente algo que ele não mencionara, ele estava escondendo. Quando os dois já estavam na metade do Salão Principal, em frente à mesa de Hermione, esta se pronunciou.


            _ Jack, está claro que há algo nos incomodando. Por que nós não dizemos logo e acabamos com nossa tortura?


            _ Certo... – concordou Jack – Você primeiro.


            Hermione pensou no que iria dizer.


            _ Eu... Eu sei da sua tatuagem, Isa me contou.


            Os olhos de Jack se arregalaram.


            _ Hermione, eu posso explicar! – Jack tentou começar.


            _ Jack! Não precisa me explicar nada! – Hermione interrompeu-o – Eu só não entendo... Por que você não me contou?


            _ Não entende? – perguntou Jack, incrédulo – Bom, antes você já não me via com os melhores olhos... Uma tatuagem de escorpião não melhoraria as coisas...


            _ Jack... Uma tatuagem não me faria te julgar... – Jack olhou-a com descrença – Talvez um pouco! Se fosse a primeira vez que eu tivesse visto você... Mas posso dizer que pelo o que vi até agora, você é uma ótima pessoa.


            Jack sorriu.


            _ Você não sabe o quanto isso significa para mim! – ele disse – Nem quero pensar se você tivesse me visto antes que eu te conhecesse...


            _ O importante é que esse já não é você. – disse Hermione.


            _ Certo... – Jack tinha quase certeza de que Hermione estava errada, mas não ia estragar a imagem que ela tinha dele agora. – Eu tenho que ir...


            _ Jantar na sua mesa! Vai logo! – disse Hermione, rindo.


            Jack beijou-lhe a testa e se foi.


            _ Comovente!


            Hermione olhou para trás, seguindo a voz.


            _ Olá! – disse Juliet, sorrido.


            Hermione sentiu um calafrio.


            _ Soube que você anda perguntando de mim por aí... – Juliet continuou em uma voz suave, quase angelical que ao mesmo tempo assustava – Eu apreciaria se parasse.


            _ Por quê? – foi a única coisa que Hermione pôde dizer.


            _ Porque não gosto que fiquem investigando sobre minha vida. – respondeu Juliet – Agora, se me dá licença.


            _ Não! – Hermione quase gritou.


            Juliet parou e virou-se para ela.


            _ É assim tão secreto o que seja que você não quer que eu saiba? – Hermione desafiou.


            _ Não seja tola... – disse Juliet como se Hermione estivesse delirando – Não há nada escondido!


            _ É tão ruim, Juliet? – Hermione ignorou-a – Você não consegue dizer? Não é capaz?


            </i>Capaz</i>... Juliet olhou para Hermione, ela acabara de ser desafiada e não gostava que dissessem que ela era incapaz. Ela conseguia tudo! E também, seria divertido assustar a pobre grifinória.


            _ Muito bem, Granger. – ela disse seriamente – Você quer saber minha história?


            Hermione Hesitou por um instante.


            _ Sim.


●●●


            Sentada na cama da enfermaria Rose ouvia a todos os elogios que Madame Pomfrey fazia a John..


            _ Nossa! Mas que garoto corajoso, não é? Arriscar-se para salvar alguém que nem ao menos conhecia direito! – Madame Pomfrey não conseguia parar.


            _ Sim, muito corajoso. Se você preferir músculos a um cérebro. – Rose utilizou-se da mesma característica que John atribuiu à Grifinória (o maior rival da Sonserina), para descrevê-lo. E logo depois sorriu.


            John também sorriu, um sorriso torto sonserino. Rose teve de desviar o olhar. Madame Pomfrey não prestou atenção no que Rose havia dito, estava muito ocupada cuidando do musculoso braço de John.


            _ Na verdade eu já a conhecia. – John dirigiu-se a Madame Pomfrey, com um sorriso malicioso no rosto. – Ela é a  minha garota.


            Por dentro Rose, ela não sabia por que, sorria abertamente, mas por fora colocou sua máscara de raiva e contrapôs o que John havia dito.


            _ Eu não sousua garota. – ela disse com fingida raiva.


            John deu um grande sorriso e olhou-a nos olhos.


            _ Agora você só precisará ficar aqui por algum tempo, e depois poderá ir para o seu dormitório. – Madame Pomfrey resolveu deixar os dois a sós.


            Rose rapidamente desviou os olhos daquele olhar, para ficar contemplando os sapatos.


            Madame Pomfrey deixou o aposento.


            _ E então, minha garota, acho que você está me devendo dizer certa palavra mágica... – disse John, sorrindo pelo jeito tímido inesperado de Rose.


            _ Abracadabra? – perguntou Rose, debochadamente.


            _ É, não foi o que eu esperava. – disse John balançando a cabeça.


            _ Não posso fazer nada quanto a isso. – respondeu-lhe Rose, nenhum vestígio de timidez em sua voz.


            _ Nossa! Como você agüenta viver assim? Com toda essa hostilidade? Eu te salvei de um grande acidente com aquela explosão! – John estava impressionado com Rose.


            _ E do mesmo jeito, você foi o culpado, então não lhe devo nada. – retrucou Rose, com um sorriso de triunfo no rosto.


            _ Wou! Há, há, há...! – John deu uma gargalhada.


            _ Do que você está rindo? – perguntou Rose, totalmente confusa.


            _ De você. – disse John, ainda rindo.


            _ Ah, ok. – Rose virou para o outro lado.


            _ Isso não te incomoda? – perguntou John, parando de rir.


            _ Você estava falando comigo? Não. Então, eu estava feliz. – Rose explicou, curta e... Bem, Rose.  


            John franziu as sobrancelhas e cruzou os braços como uma criança de 5 anos.


            _ Você está parecendo uma criança de 5 anos. – disse Rose, rindo da reação de John.


            _ Pensei que não queria falar comigo. – disse John, ainda de bico.


            _ E não quero. – afirmou Rose, decidida.


            John continuou de bico.


            _ Ah! Pára com isso! Está ridículo! – insistiu Rose, ao ver que ele não tirava a cara de malcriado.


            John sorriu.


            _ E de que está sorrindo agora? – perguntou Rose, não com muita certeza de que queria ouvir.


            _ Você diz que acha melhor quando eu estou calado, mas não agüenta quando isso acontece. – respondeu John, ainda rindo.


            _ Isso não é verdade. – disse Rose, indignada.


            _ É sim. – John, ainda sorria. – Você não quer admitir, mas está caidinha por mim.


            Rose começou a rir debochadamente.


            _ Você é um completo idiota! – ela gritou.


            _ Ah, me desculpe Rose! – disse Cedric, que chegava logo atrás dela. – Eu perdi a hora de te encontrar aqui, perdão.


            _ Não! – Rose, estava meio confusa. – Eu não estava te chamando de idiota, era o Ericson.


            _ Nossa! Ericson- John ainda ria.


            Cedric olhou de Rose para John, com um olhar confuso.


            _ Simplesmente ignore-o. – Rose respondeu à pergunta, não dita, de Cedric.


            _ Bom, então vamos jantar? – perguntou Cedric.


            _ Vai indo que eu te alcanço. – disse Rose.


            Cedric fez que sim com a cabeça e começou a andar pela porta. Rose virou-se para John.


            _ Você queria um momento a sós comigo? – perguntou John, sim, ainda sorrindo.


            Rose pegou o braço recém curado de John e o apertou. John soltou uma exclamação de dor.


            _ Nunca, está me ouvindo? Nunca mais se refira aos meus sentimentos como algo sem importância, como uma brincadeira. – Rose falava sério, havia um vestígio de rancor em seus olhos.


            _ Não era essa a minha intenção... – John tentou, mas Rose já estava fechando a porta em sua cara, antes mesmo dele poder completar esta frase.


            ●●●


            Juliet olhou para o rosto decidido de Hermione, e achou extremamente agradável a contradição que o olhar da garota fazia ao seu rosto. Contido no olhar de Hermione estava o medo. Sentimento que Juliet jamais sentira em toda a sua vida, mas vira muitas vezes em outros olhos. Então, Juliet começou sua história.


 “Há muitos séculos atrás, assim que tudo foi criado, percebeu-se que nada existia sem seu oposto. Ying e Yang, certo e errado, bem e o mal... Mas não havia com o que se preocupar, pois esses apostos já existiam, havia, porém uma preocupação como último par citado nos exemplos que dei. O bem e o mal... Se qualquer um deles se extinguisse seria o caos, nada resistiria e não haveria vida, não haveria mundo, porque nada existe seu oposto e eles são como os “pais” de tudo: o bem e o mal.


Os seres precisavam de uma garantia, algo que acabasse com seus medos tolos, mas ainda assim existentes. Eles separariam duas espécies, escolhidas por seus poderes, influências e caráter, e escolheriam cinco de cada para representar o bem e mal. Seriam cinco mulheres de cada, cinco lindas e angelicais mulheres. Ao final das escolhas sobraram os humanos e os bruxos, mas como decidir qual representaria o bem e qual representaria o mal?


            Não seria fácil, os humanos e os bruxos são por demais parecidos, não havia como decidir. Portanto, foi decidido que escolheriam pelo caráter das perfeitas mulheres ali presentes que representavam suas espécies. As bruxas ficaram como o aparente mal. Sua espécie foi determinada como Luna Tanatus, “Luna” do latim Lua e “Tanatus” do grego significando “da morte”. Elas receberam poderes e características especiais. Eram tão deslumbrantes, e usavam sua beleza única para conseguir o que queriam, tinham sede por poder, era o que as mantinham vivas. A busca pelo poder. A marca delas é correspondente a uma Lua deitada.”


            Hermione arregalou os olhos, Juliet sorriu e prosseguiu.


            “As cinco humanas foram denominadas Aglaia Solarius, “Aglaia” da mitologia grega “claridade” e “Solarius” do latim “do Sol”. A elas foi dado poder como de todos os bruxos, foi a partir daí que surgiram os sangues-ruins.”


            A palavra ofendia Hermione extremamente, mas Juliet pouco se importava.


            “Isso, porém, vem depois nessa história. Essas mulheres também possuíam características especiais e dizem que também possuem uma marca, esta só aparece uma vez que elas descobrem seus poderes e quando os usam, diferentemente das Luna Tanatus. Dizem que um Sol é marcado na pele delas por uma luz... Algo realmente impressionante.


            O problema começou quando uma começou a entrar no caminho da outra, no caminho de seus objetivos. As Aglaia Solarius respeitando as regras nunca fizeram nada contra as Luna Tanatus, estas por outro lado, não sabiam o eram regras e nunca as respeitariam. Elas eliminaram quatro das cinco Aglaia Solarius. Afinal, o mal não existe sem o bem. Elas ameaçaram a última da espécie Aglaia Solarius, ameaçaram a única coisa que realmente lhe trazia medo perder: as pessoas que ela amava. Ela ainda lutou, corajosamente, mas apesar de todos seus esforços acabou por vencida pelas Luna Tanatus.”


            Era quase possível ver um sorriso se formar na boca de Juliet quando ela disse essas últimas palavras.


            “Ela perdeu a luta.”


            Não era preciso Juliet dizer a Hermione que a mulher havia morrido, estava subentendido.


            “Dizem que ela estendeu sua linhagem de poder, teve filhos e daí em diante começaram a existir sangues-ruins.”


            Hermione olhava Juliet branca de tão aterrorizada, a missão de Juliet fora cumprida. Ela sorriu.


            _ Acalme-se, querida! – disse Juliet ao ver a cara desesperada de Hermione, seu tom ainda era macabro – É uma herança de família, não se pode escolher, mas não quer dizer que eu seja praticante...


            Ela assim se foi, sem dizer mais nada, apenas deixando para trás uma Hermione por demais assustada e confusa.


*INFORMAÇÃO ADICIONAL AO LEITOR*


As Luna Tanatus não têm sua marca de Lua por hereditariedade, como as Aglaia Solarius. Elas precisam merecer suas marcas...  


            No final, não interessa como começou: A escolha foi feita, a história está sendo escrita. As peças do quebra-cabeças estão espalhadas pelos acontecimentos, cabe a cada um tentar montá-las. O jogo começa...


Agora.

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