Boneca de Porcelana.



Photobucket

Vozes. Chuva. Sussurros. Sozinha na floresta escura e molhada, não conseguia ouvir seus pensamentos, porque todos estavam em sua cabeça. Nada tinha cor, nada tinha calor, o frio era real e doloroso de agüentar.


_ Você quis saber a verdade... O que acha de tudo agora? – Juliet apareceu com seu sorriso negro.


            Nada de ajuda, ela desaparecera tão rápido quanto esteve ali.


            A chuva bate em seu rosto, fortemente. Queria que tudo desaparecesse... A chuva, as vozes, a dor. Uma meia-lua deitada para baixo brilha no meio do dia nublado, logo desaparece.


            _ Eu tentei te avisar... Há um preço a ser pago. – A voz sinistramente doce continuou.


            Escuro... Imagens confusas. Escuro.


            _ Eu precisava de você, onde você estava? – era a voz de Cedric.


            _ Onde você está? – suplicava por resposta.


            Não veio resposta, o frio era quase insuportável, sentia seu corpo afundar. Alguém estava chorando. Uma menina, tremendo de frio, sua expressão era de medo, horror.


_ O que está acontecendo?


            A menina apontou para um cadáver, deitado no chão molhado de chuva. Um lindo rosto, agora pairava sobre uma mórbida e solene beleza. Um grito de horror.


            _ Ele não vai voltar...


            Abre os olhos, assustada. Hermione acordara do pior pesadelo de sua vida. Olhou para fora, estava nublado, sentiu um arrepio. Nada daquilo era bom, já estava por demais preocupada, depois de sua “conversa” com Juliet... Foi o pior! O pior! Repetia para si mesma com a cabeça entre as pernas. Tentava respirar, mas parecia a coisa mais difícil de se fazer.


            _ Acalme-se Hermione! – ela ordenou a si mesma - Foi só um sonho...


            Hermione olha o dia nublado por trás da janela mais uma vez.


            _ Um sonho...


●●●


            A atmosfera da escola era de grande tensão e excitação. As aulas iam ser interrompidas no meio do dia, dando a todos os estudantes tempo para descer até o cercado dos dragões – embora, é claro, eles ainda não soubessem o que encontrariam lá.


            Enquanto andava com Harry para dar-lhe apoio, Hermione via que ele se sentia isolado de todos à sua volta, tanto dos que lhe desejavam boa sorte quanto dos que o vaiavam. A tensão estava tão clara no rosto de Hermione quanto seu medo, sua preocupação fazia com que o tempo transcorresse em lapsos, de forma que em um momento ela estava com Harry assistindo à primeira aula, História da Magia, e, no momento seguinte, saindo para almoçar.


            Aonde fora a manhã? As últimas horas antes de Hermione ter que assistir as duas das pessoas mais importantes de sua vida arriscarem-se, sem real motivo, sem real razão. A professora Minerva corria para Harry pelo Salão. Todos olhavam.


            _ Potter, os campeões têm que descer para os jardins agora... você tem que se preparar para a primeira tarefa.


            _ O.k... – disse Harry, se levantando e deixando cair o garfo no prato, com um estrondo.


            _ Boa sorte! – sussurrou Hermione – Você vai se sair bem!


            _ Ah, vou! – Harry dissera isso com ar debochado antes de sair com a professora.


            Hermione tentou mais uma vez respirar fundo, mas algo parecia bloquear sua passagem de ar. Ela estava tão angustiada, principalmente após essa manhã. E nem havia falado com Cedric... Embora soubesse e estivesse lá na hora do adeus, ela desejava vê-lo, nem que fosse de longe, mesmo que não trocassem uma palavra, queria tanto olhar em seus olhos... Tanto...


            ●●●


            Fleur Delacour estava sentada a um canto, em um banquinho baixo de madeira. Não parecia nem de longe a garota habitualmente composta, parecia um tanto pálida e suada. Victor Krum parecia ainda mais carrancudo que de costume, o que podemos supor como a maneira dele de demonstrar nervosismo. Cedric andava de um lado para outro sem parar, tanto passava por sua cabeça que esta começava a doer. Ele não vira Hermione esta manhã, e sabia que precisava dela mais do que nunca.


            Quando Harry entrou, sentiu o olhar de Cedric sobre sua nuca, este fez força para dar um sorriso, como se não soubesse mais sorrir. Harry somente acenou com a cabeça.


            _ Harry! Que bom! – exclamou Bagman, alegremente, virando-se para olhá-lo. – Entre, entre, fique à vontade!


            Para Cedric, Bagman, por alguma razão, parecia um personagem de quadrinhos grande demais, parado ali entre os campeões pálidos, Trajava as antigas vestes Wasp.


            ●●●


            Hermione estava caminhando para se encontrar com Rudy, Rose, Chris, Kate e Rony, que estavam na arquibancada. Por um momento, porém, não intencionalmente, ela olha para a barraca onde se encontravam os campeões. Uma onda de grande nervosismo percorreu seu corpo. Talvez essa fosse a última chance que tinha de ver os dois... Talvez... Talvez pudesse.


            Sem realmente pensar no que estava fazendo, Hermione correu para onde estava a barraca, colocou o ouvido perto dela e sussurrou para qualquer pessoa que a ouvisse.


            _ Psiu! – ela chamou.


            _ Oi? – a voz de Harry chamou do outro lado, dentro da barraca.


            _ Harry? É você? – perguntou Hermione, aliviada por ser um dos dois que a havia ouvido.


            _ Hermione? – Harry chamou, estranhando ouvi-la.


            _ Como você está se sentindo? Está tudo bem? – Hermione perguntou com o pouco de voz que tinha.


            Harry realmente não conseguiu responder a essa pergunta. Ele estava prestes a encarar um desafio que poderia ser de vida ou morte. Obviamente não estava tudo bem.


            _ A chave é se concentrar. – continuou Hermione se recusando a sair dali. – Depois você somente tem que...


            _ Derrotar um dragão. – Harry completou a frase para Hermione.


            Quando Harry pronunciou essas palavras, tudo pareceu <i>realmente</i> ser real para Hermione. Era como se, até aquele momento, algo em sua mente tivesse bloqueado o fato de isso tudo não ser simplesmente um pesadelo. Ela não agüentou mais, e por um impulso, entrou na barraca, abruptamente, e abraçou Harry com todas as forças.


            De repente, Hermione percebe um tipo de flash de luz, e ao se virar para a entrada da barraca, encontrou Rita Skeeter.


            _ O amor juvenil! – ela disse com fingida surpresa, com um ar jornalístico, ela adentrara a barraca, sabendo que conseguiria uma matéria de primeira página.


Suspirando de emoção, Rita anda em direção a Harry e Hermione.<i>Todos</i> na barraca perceberam que aquilo não daria certo.


            _ Que coisa mais... – Rita parou um segundo para pensar no adjetivo correto. – Emocionante. – completou para a sua caneta repetitiva, que estava ao seu lado anotando cada detalhe da cena.


            Harry olhava de Rita para Hermione, confuso, e logo depois coçou a cabeça, entendendo o entusiasmo de Rita com aquele abraço.


            Fleur não se importava com ninguém mais além de si mesma, e como a atenção não era para ela, simplesmente tentava repassar os seus treinamentos mentalmente.


            Cedric estava olhando diretamente para Hermione. Um olhar cheio de ciúme e raiva. Não estava nem um pouco preocupado em disfarçar o que ele sentia. Hermione ficou meio assustada ao olhar nos olhos de Cedric, estavam tão cheios de decepção e raiva que ela mal conseguia sustentar o olhar.


            O engraçado é que Cedric não foi aquele quem se pronunciou, e sim alguém que, até àquela hora, não parecia tão afetado com o acontecido.


            _ Sua entrada... não é permitida aqui. Só pod... podem... entrar os campeões e .... amigos. – Hermione conhecia bem aquele jeito pausado de falar. Krum olhava para Rita com um pouco de raiva pela atitude dela, mas não era o mesmo que Cedric, era diferente.


            _ Hum... tudo bem. Eu já consegui o que eu queria. – Rita se dirigiu a Krum. Fez um sinal para que o seu fotógrafo tirasse uma foto dele.


            _ Bom dia, campeões. – Dumbledore diz, enquanto entra na barraca dos campeões.


Rita Skeeter anda um pouco para o canto da barraca, para assim não ser vista.


            _ Formem um círculo, por favor. – pediu Dumbledore. Todos os campeões obedeceram, inclusive a intrusa, Hermione. – Agora, vocês esperaram, vocês se perguntaram, e finalmente, o momento chegou. – Dumbledore narrava com entusiasmo os sentimentos dos competidores. – O momento em que vocês quatro irão... – Dumbledore parou confuso e olhou para Hermione. – O que você está fazendo aqui Srta Granger?


            _ Ah... é... – Hermione se perdeu nas palavras, não havia realmente um motivo para ela estar ali. – Eu... ah... estou... Eu já vou. – e dizendo isso, disparou para fora da barraca, encabulada.


            Harry deu um sorrisinho pequenino com a atitude da amiga, o que não foi despercebido por Cedric, que estava morrendo, sendo absorvido pelo ciúme.


            _ Bom, agora que estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações mais detalhadas! – disse Bagman animado.  – Quando os espectadores acabarem de chegar, vou oferecer a cada um de vocês este saco – ele mostrou um saquinho de seda púrpura e o sacudiu diante dos garotos. - , do qual vocês irão tirar uma miniatura da coisa que terão de enfrentar! São diferentes... hum... as variedades, entendem. E preciso dizer mais uma coisa... ah, sim... sua tarefa será <i>apanhar o ovo de ouro</i>!


            Cedric simplesmente balançou a cabeça para indicar que compreendera as palavras de Bagman, e então recomeçara a andar pela barraca. Ele tinha muita coisa em sua cabeça, e sabia que assim não teria nenhuma chance contra o dragão que tiraria para enfrentar. Tinha que esclarecer suas idéias, tinha que tirar uma das preocupações de sua cabeça. Ou era Hermione, ou o torneio. Era óbvia a escolha, mas parecia impossível não se concentrar em Hermione. Portanto, enquanto ficava nessa briga interior consigo mesmo, começou a andar pela barraca considerando se transformava Harry e Krum em poeira ou esperava que o dragão o fizesse. Era uma coisa horrível para se pensar, porém, ele estava consumido pela raiva no momento.


            ●●●


            Hermione caminhava confusa até a parte da arquibancada em que todos estavam, inclusive Rony, que se juntou, meio deslocado, ao grupo de amigos.


            _ Onde você estava, Mi? – perguntou Rony, claramente sem ninguém para conversar.


            _ Ah, lugar nenhum. – Hermione forçou um sorriso falso.


            _ A gente guardou um lugar para você! – disse Rudy, sorrindo ao lado de Moon. Talvez toda a desconfiança de antes tivesse sido esquecida. Ou somente posta de lado.


            Hermione forçou mais um sorriso falso. Era difícil, era como se não soubesse mais como sorrir enquanto isso tudo não terminasse. Esse torneio suicida e estúpido, esse sentimento tão avassalador e doloroso, as dúvidas... tudo.


            _ Chris?


            Hermione sai de seus devaneios para olhar na direção onde a voz ecoou em sua mente. Avistou Chris chegando, sorrindo abertamente, e a sua frente estava Kate encarando-o. Depois Hermione reconheceu que a voz havia vindo dela.


            _ Achei que você nem nos conhecia mais, agora que só fica por aí com a Isabella. – disse Kate.


            _ Está com ciúmes, Kate? – perguntou Chris ainda rindo, abraçando Kate por trás, quando esta virou as costas para ele, o ignorando.


            _ Ah, vai sonhando Nortawn! – disse Kate revirando os olhos.


            Hermione deu o que parecia ser o início de um sorriso. As palavras de Kate pareciam verdadeiras.


            _ Então porque está toda nervosinha por eu ter saído com a Isa? – perguntou Chris ainda abraçando-a.


            Kate saiu do abraço de Chris, e virou-se para ele.


            _ Você nem fala mais com a gente! Aquela Medusa enfeitiçou você!  - respondeu Kate – E a Moon, o Rudy e a Rose concordam comigo! Não é?


            _ Não me mete nessa história! Eu não disse nada! – disse Rudy levantando as mãos em defesa.


            _ É verdade eu disse isso. – disse Moon, sem se preocupar.


            _ Eu só disse que ela era a Medusa...  – disse Rose.


            _ Viu? – perguntou Kate para Chris.


            _ O Rudy não disse nada... – disse Chris.


            _ Porque ele é homem. – ironizou Kate.


            _ Eu não reclamo quando você fica idolatrando o antipático carrancudo... – apontou Chris.


            _ Krum. – disse Kate séria. – O nome dele é Krum. – um segundo depois ela olha para Hermione com uma expressão ciumenta. – Ou <i>Victor</i>, para outros...


            Hermione deu um tapa na própria testa. Ela nunca pedira para Victor entrar na vida dela, aliás, não pediu para <i>nenhum</i> desses garotos entrarem em sua vida! Eles só traziam problemas!


            _ Que seja! Eu só estou saindo com a Isa, e você não pode falar nada, porque não parece ter muito preconceito contra os sonserinos ultimamente. – argumentou Chris, olhando Kate de canto de olho. – Eu já sei do seu novo... <i>alvo</i>.


            _ Alvo? – perguntou Kate, confusa.


            _ Jack... – esclareceu Chris.


            _ Dawson? – perguntou Kate ainda confusa.


            Chris fez que sim com a cabeça.


            _ Ah! Adeeeeeus! – disse Kate, se lembrando dos seus momentos com Jack, acenando de um jeito retardado para Chris.


            Todas olharam-na como se ela tivesse problemas, não que isso fosse inteiramente mentira.


            _ Piada nossa. – explicou Kate, rindo.


            Chris levantou uma sobrancelha.


            _ Piada nossa? – perguntou Chris, olhando para Kate de cima a baixo.


            _ É... vamos deixar essa assunto para lá. – disse Rudy, tentando acabar com o assunto.


            _ Não! Agora que está começando a ficar bom! – exclamou Moon, entretida com a conversa.


            Rudy olhou feio para Moon.


            Hermione conseguiu dar outro pequenino sorriso. Foi tão estranho! Nesse exato momento, Moon e Rudy haviam invertido os papéis. A frase de Rudy parecia muito mais certa quando falada por Moon, e a fala de Moon... Nunca teria sido dita por alguém que não fosse Rudy. Os dois sempre tiveram essa certa disparidade. Não que não fossem um casal perfeito! Era só que eles eram um casal... Inusitado. Hermione se lembrava de quando Rudy, acidentalmente, pegou o buquê que Jack havia dado a ela, aquele que ela ATIROU aos quatro ventos. Aquilo realmente pareceu um gesto comum as solteironas que estão desesperadas para casar, conseqüentemente, Rudy atirou o buquê ao chão como se fosse a coisa mais desprezível do mundo. Rudy não era um homem de compromissos. Já Moon, havia ficado desesperada para que Hermione a apresentasse a Rudy, ela sim estava pronta para um compromisso. Acreditava no amor eterno, mesmo que este durasse somente cinco minutos. Sim, inusitado, mas olhando-os agora, parecia que um estava se conectando ao outro.


            _ Então você pode ficar se jogando em Jack, mas eu não posso sair com a Isa? – perguntou Chris, mais justificando seu desaparecimento, do que se preocupando com Kate “se jogando” para cima de alguém.


            _ Eu... me jogando?! – perguntou Kate, indignada. – Christopher Nortawn! Quem você pensa que eu sou?


            _ Katherine Bellamont. É essa que eu penso que você é. Você não acha que está exagerando um pouco? – perguntou Chris, cruzando os braços em um meio sorriso.


            Kate fez bico, e naquela hora, tanto Moon quanto Hermione sabiam, ela não falaria mais com Chris, pelo menos, até ele se sentir muito culpado pelo o que dissera. Chris por sua vez, não deu muita atenção para a birra de Kate, pelo menos não agora.


            Hermione olhou ao seu redor, e se sentiu extremamente culpada pelo o que havia pensado, sobre os garotos que entraram em sua vida só lhe trazerem problemas. Afinal, foi por causa desses “garotos” que ela conheceu cada uma dessas pessoas que estavam a sua volta, e agora sabia que não poderia viver sem elas ao seu lado.


            ●●●


            _ Primeiro as damas... – disse Bagman, abrindo a boca do saquinho púrpura, oferecendo-o a Fleur Delacour.


            Ela enfiou a mão trêmula no saquinho e retirou uma minúscula e perfeita figurinha de dragão. Um Verde-Galês.  Tinha o número “dois” pendurado ao pescoço. E Cedric percebeu, pelo fato de Fleur não ter demonstrado o menor sinal de surpresa, que Harry concluíra certo: Madame Maxime contara à garota o que a aguardava.


            O mesmo se aplicava a Krum. Ele tirou o Meteoro-Chinês vermelho. Tinha o número “três” pendurado no pescoço. Ele sequer piscou, apenas olhou para o chão. Cedric o mirou com um olhar mortificante. Por que ele havia ficado afetado pelo fato de Potter poder estar tendo um caso com... O resto da frase era simplesmente bloqueada da mente de Cedric. Ah! Como isso era estressante. Ele não deveria estar com raiva de Harry, e sim agradecido. Mas, naquele momento, agradecimento era a única coisa que Cedric não sentia.


            Sua vez havia chegado, Cedric enfiou a mão no saquinho e retirou o Focinho-Curto sueco cinza-azulado, o número “um” pendurado ao pescoço. Cedric sentiu uma pequena irritação no estômago. Ele seria o primeiro a enfrentar o dragão... Teria várias frases em que ser o primeiro significaria a glória para Cedric, mas esta, exatamente esta, não significava nada disto.


            Harry também tirou o seu dragão, já sabendo o que lhe restara, Rabo-Córneo húngaro.  No pescoço da miniatura do que havia por vir, estava pendurado o número “quatro”.


            _ Bom, então está decido! – disse Bagman. – Cada um de vocês sorteou o dragão que irá enfrentar e a ordem em que cada um fará isso, entendem? Agora, vou precisar deixá-los por um momento, porque vou fazer a irradiação. Sr Diggory, o senhor é o primeiro, só o que tem a fazer é entrar no cercado quando ouvir o apito do canhão, certo?


            _ Sim, senhor. – respondeu Cedric pronta e educadamente.


            Porém, antes que ele terminasse sua frase Filch acionou o canhão. Todos se assustaram com o barulho, mas, sem perceber, segundos depois, Cedric estava adentrando o cercado. A realidade não era nada de como ele havia pensado em sua cabeça, não chegava nem perto. De repente, estava cara a cara com o modelo vivo do que era seu pequeno dragãozinho....


            ●●●


            Quando o canhão soou avisando que o torneio começara, toda a platéia pareceu segurar a respiração, o silêncio tomou conta da grande Arena. O ar era muito apreensivo, se não fosse por:


            _ Apostas finais, façam suas apostas! – gritara Fred.


            _ O tempo está para terminar, apressem-se! – completou Jorge.


            _ Eu não posso acreditar que eles estejam realmente brincando com a vida dos competidores! – resmungou Hermione de seu lugar, suficientemente preocupada para ainda ter que se estressar com as “idéias” de Fred e Jorge.


            _ Os competidores entraram no torneio por que quiseram, eles somente estão tirando o próprio proveito disso. – discordou Rony.


            _ Harry nunca pediu nada disso... –contrapôs Hermione.


            _ Você realmente acredita nisso? – debochou Rony.


            _ Claro que acredito. – disse Hermione, seriamente, mas ainda de um jeito triste, portanto, sua frase saiu mais como um lamento que como uma afirmação.


            O silêncio momentâneo que havia se apoderado não existia mais assim que somente um pedaço do corpo de Cedric fora iluminado pelo Sol de modo que pudesse ser visto pela platéia, agora, aos pulos e gritos de incentivo.


            _ Merlin, me segura que eu vou ter um treco! – exclamou Hermione quando tudo começou.


            Rudy começou a rir.


            _ Rudy! – protestou Hermione.


            _ Foi engraçado! Nenhum de vocês pode negar! Não fui só eu que ri! – disse Rudy, olhando para os demais amigos.


            Nenhum estava rindo, não naquela hora. Pobre Rudy, sempre levando a culpa por fazer o que todos pensam, mas não tem coragem de admitir...


            _ Shhhh! – brigou Rose – Fiquem quietos! Ele vai... Não! Seu maluco!


            Cedric acabara de quase ser pego pelo dragão ao tentar se apoderar de uma... pedra.


            _ Não fale assim do Ced! – começou Rudy – Ele com certeza está tentando fazer o seu melhor e... O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO?!


            Cedric mergulhara mais uma vez ao encontro da pedra.


            _ VOCÊ QUER MORRER?! ESTÁ COM PROBLEMAS DE CABEÇA?! – Rudy estava sem controle algum.


            _ Rudy... – tentou acalmá-lo Moon.


            _ MAS, MAS. VOCÊ VIU? O QUE ELE FEZ? ISSO, ISSO... – Rudy continuava histérico.


            _ Não vai adiantar você ficar tão estressado assim... – continuou Moon.


            _ NÃO VAI ADIANTAR É ELE CONTINUAR COM ESSA PALHAÇADA! Eu... Eu... Preciso sentar! – completou sentando-se na arquibancada. – Nem vou mais olhar! Não adianta...


            _ Nossa! – exclamou Kate.


            _ O quê? – perguntou Rudy, voltando a olhar para o campo sem nenhuma força de vontade.


            Cedric havia transformado a pedra em um cão Labrador, assim, desviando a atenção do dragão para que ele pudesse pegar o ovo de ouro.


            _ Eu sabia que ele tinha um plano! – disse Rudy, orgulhoso.


            Todos simplesmente reviraram os olhos, todos menos Hermione, ela estava imóvel, simplesmente observando cada movimento de Cedric e do Dragão, e temendo, em silêncio, cada um desses movimentos.


            Em uma jogada rápida, Cedric havia pegado o Ovo de Ouro, e a platéia foi a loucura. Mas, antes que o alívio realmente se estabelecesse dentro de cada uma das pessoas, antes que ele ao menos chegasse aos corações aflitos de quem estava assistindo àquela primeira tarefa, o Dragão perdeu interesse pelo cão Labrador, voltando a sua atenção para Cedric. Cedric, com seus definitivamente incríveis reflexos, virou-se na direção do dragão exatamente na hora em que este despejou uma rajada de fogo sobre ele. Com a mesma rapidez ele desviou da rajada de fogo, mas não rápido o suficiente para escapar dela totalmente, fazendo com que seu braço direto fosse queimado. Ele só teve tempo de entregar o ovo, e sair rapidamente da arena. Direto para a enfermaria.


            _ Ai Merlin! – pronunciou Hermione antes de cair sentada na arquibancada.


            _ Isso foi MUITO legal! – exclamou Rose, com os olhos ainda fixados na Arena.


            _ Rose! – repreendeu Kate.


            _ É! Rose! – repetiu Chris, tentando ganhar de novo a afeição da amiga.


            _ Boa tentativa, campeão. – respondeu Kate, com um meio sorriso.


            _ Ah, agora eu sou um campeão? – perguntou Chris, sorrindo abertamente.


            _ Não. – disse Kate, desprezando Chris. – Vai Krum! Meu campeão! – continuou Kate. Infelizmente quem acabara de entrar na Arena era Fleur Delacour.


            _ Cara, não sabia que o Krum era loiro! – disse Rudy, apontando para a platéia. – Que GAAAAY! – gritou logo em seguida.


            Moon, que estava rindo muito.


            _ Rudy! Há, há, há, há, há, há, há. Não, Rudy! Há, há, há, há, há, há, há... Mas você... Há, há, há, há, há. – Moon não conseguia se decidir se ria, ou repreendia Rudy.


            _ Mas você não deveria brincar com algo que pode levar a morte... Não é, querido? – completou a voz sinistramente doce, que assombrara Hermione esta manhã. Ela pensou que fosse outro pesadelo, quisera que fosse.


            _ Querido de quem?! – perguntou Moon, olhando feio para Juliet.


            _ Ah, querida, é só uma maneira de falar. – respondeu Juliet, com seu sorriso lindamente sombrio.


            Realmente, Juliet falava as coisas impecavelmente, e mesmo se quisesse ser rude com alguém, faria com a maior educação da nobreza bruxa.


        _ Bem, parece que não perdi todo o espetáculo! - continuou Juliet, seus olhos agora pregados à Arena.


        _ Não perdeu? Você nem estava aqui para assistir ao... - começou Moon.


        _ Início. - completou Juliet - O que não foi muita perda...


        _ Ced já enfrentou o dragão... - comentou Rudy


        _ Ah, que pena! – disse Juliet sem demonstrar real interesse. – Bem, vamos ver como a loirinha se saí.


        Ela estava tão calma... Não um calmo de tranqüila, mas um calmo de... Não se importar realmente com nenhum dos competidores.


        Hermione não sabia se qualquer um dos outros que estavam ao seu lado podiam sentir... mas estava ali, a tensão entre Juliet e ela. Por mais que o rosto de Juliet estivesse sereno, era como se alguma coisa nela fizesse Hermione ficar arrepiada. Tinha algo em Juliet que emanava sede por poder, e Hermione não sabia o quão forte este tipo de sede estaria agindo sobre ela.


        O tempo voou não houve nem tempo para piscar, pelo menos, não para Hermione que ainda esperava que tudo tivesse sido um pesadelo dos piores e que nada tivesse acontecido... Nem fosse acontecer.Quando Harry entrou a multidão começou a fazer um barulho infernal, não se podia ouvir nada! Nem era possível distinguir se os gritos eram de simpatia ou de ódio.


        Harry parecia estar meio desorientado por conta de tanto barulho, na verdade, parecia o que realmente era para os olhos de muitos ou talvez todos que tiveram acesso a sua entrada neste torneio... Apenas um menino de quatorze anos que fora jogado em um duelo de três tarefas contra a morte. O que nenhuma dessas pessoas sabia, porém, era que Harry vivera sua vida toda desafiando a morte, ele nasceu desafiando-a... Esta não seria a primeira vez, porque, mesmo que um novo ano comece, ele sempre terá o fardo de carregar o destino consigo, afinal, Harry parece estar sempre sendo preparado para algo maior...  Uma responsabilidade ainda não descoberta.


          _ Harry! Sua varinha! Usa a VARINHA! – Hermione gritou para Harry, que nada fizera desde sua entrada se não fugir do dragão, mas não poderia fugir para sempre.


        Harry pareceu sair de um transe qualquer que estivesse.


        _Accio Firebolt! – ele gritou.


        Depois continuou fugindo do dragão, e quando parecia que ia ser pego, quando a pedra na qual estava se escondendo já não servia. Harry avistou algo no ar. Pulou. A platéia prendeu a respiração. Harry estava voando para longe em sua Firebolt.


        _ Nossa, como ele sabe voar! – berrou Bagman, enquanto a multidão gritava e exclamava – O senhor esta assistindo a isso, Sr. Krum?


        A multidão riu, menos Hermione, como em toda aquela tarefa... Harry começou a se afastar demais, ate que perderam ele de vista e a Arena ficou vazia por um bom tempo.


_ Nossa! – comentou Rudy – Essa foi a disputa mais emocionante de todas!


        Olhares feios para Rudy.


        _Que? Serio... – Rudy se fez de desentendido.


        Antes que qualquer um falasse algo para dar uma “lição” em Rudy, outra coisa chamou a atenção de todos. Harry voltava em direção a Arena. Parecia estar cambaleando um pouco da vassoura, provavelmente se machucara, mas ali estava ele, de volta a Arena, vivo e... Um segundo!


        Harry apanha o Ovo de Ouro. Com o Ovo em baixo de seus braços.  


            ●●●


        Cedric foi encaminhado diretamente para a enfermaria. Enquanto esperava pela madame Pomfrey, sentado em uma das camas da enfermaria, havia somente uma coisa na qual ele conseguia pensar. E isso começou a ser tão óbvio que acho que todos já sabem em que ele pensava.


        _ Hermione... – ele sussurrou para si mesmo.


        Quando estava lutando contra o dragão, por uma fração de segundos, Cedric pôde ver o rosto de Hermione. Estava assustada, não despregou os olhos dele em nenhum momento desse um segundo em que ele a viu. E nessa hora, era como se ele não pudesse ir... De alguma forma sabia que sobreviveria a qualquer coisa naquele segundo. Por ela... por aqueles olhos castanhos amedrontados. Porque o tempo em que estiveram juntos não fora o suficiente. Porque ele simplesmente não conseguiria deixá-la agora, não agora, ainda era cedo, ainda havia muito para se dizer.


        Cedric foi desviado de seus devaneios pelo barulho da porta se abrindo. Madame Pomfrey chegara com uma solução pastosa e alaranjada para aplicar-lhe no braço. Digamos que não foi das melhores sensações.


        Quando já estava curado, e somente esperava meio pensativo em sua cama, Cedric ouviu alguém entrar na barraca. Era Harry... Sim, Potter.


        Cedric observou Harry entrar, não parecia machucado. Tirando um corte em seu braço, parecia estar bem. Por mais que Cedric não quisesse admitir, ele estava mais tranqüilo. Cedric não era uma má pessoa, e por mais que entre momentos de ciúme tenha querido a morte de Potter, ele o ajudara sem pedir nada em troca.


         _ Como é que você está se sentindo agora, Diggory? – perguntou madame Pomfrey indo até aonde cama de Cedric estava.


        Nem um segundo após essa cena, Cedric ouve uma entrada abrupta na barraca, e rapidamente, olha para os lados.  Era Hermione... e aquele amigo ruivo dela... Qual era o nome mesmo? Ah, sim! Ruivo! Weasley, óbvio.


        _ Harry, você foi genial! – exclamou Hermione em voz alta e fina. Tinha marcas de unha no rosto, que ela andara apertando de medo. – Você foi fantástico, realmente foi!


        Cedric fechou as mãos em punhos. O ciúme era uma coisa irritante, chata e pretensiosa. Era tão frustrante sentir aquilo, não ser capaz de controlar seus sentimentos, e acabar fazendo muito ou nada por causa disso. Nosso amigo, no entanto, ficou tentando se lembrar de que Harry parecia uma boa pessoa, que ele, afinal, o ajudara. Mas isso não estava funcionando muito bem.


        A atenção de Cedric voltara para o ruivo, que começara a falar. Não que Cedric fosse um fofoqueiro de plantão, mas qualquer coisa que o distraísse, era bom.


        _ Harry... – disse o ruivo muito sério – quem quer que tenha posto o seu nome naquele cálice, eu... eu reconheço que estava tentando acabar com você.


        Como assim? Potter realmente não havia colocado o nome dentro do cálice? Cedric não compreendia. Quem poderia ter posto? Por que colocariam? E se Potter não queria entrar nessa disputa, tê-lo colocado nela, sem nenhum treinamento, ou idéia do que está por vir é completamente maluco. Por um momento, Cedric sentiu pena de Harry.


        _ Entendeu, foi? – disse Harry com frieza. – Demorou.


        Cedric olhou pela primeira vez para Hermione. Ela estava parada e nervosa entre os dois, olhando de um para o outro. O ruivo, quer dizer, Weasley, abriu a boca, inseguro.


        _ Ok. – disse Harry antes que o ruivo pudesse falar alguma coisa. – Esquece.


        _ Não – disse o ruivo – eu não devia ter...


        _ Esquece...


        O ruivo... Ronald! Esse era seu nome! Cedric se permitiu dar um pequeno sorriso ao se lembrar disso. E então, levantou sua cabeça para o alto, onde viu Hermione olhando para ele. Olhando era pouco, parecia mais estar examinando-o por completo. Ela rapidamente virou a cabeça envergonhada. Cedric se permitiu outro sorriso, este mais aberto. Ela realmente estava se preocupando com ele?


        Do nada, Hermione caiu no choro. Assim, por nada. Um segundo ela virou para o lado, no outro ela começou a chorar descontroladamente. Uma cena até um tanto engraçada, se a pessoa que tivesse visto primeiro, não estivesse apaixonada por ela.


        _ Não tem motivo para chorar – disse Harry, parecia espantando.


        _ Vocês dois são tão burros!- exclamou ela, batendo o pé no chão, as lágrimas caindo nas vestes. Então, antes que qualquer dos três pudesse impedi-la, a garota abraçou Harry e Rony e saiu correndo, agora decididamente aos berros.


        _ Maluca... – concluiu Rony, balançando a cabeça. – Harry, anda eles vão anunciar as suas notas...


        Cedric rapidamente se levantou, não por causa das notas, mas por algo muito mais valioso.


        _ Você foi bem, cara. – disse Cedric, que havia assistido aos outros competidores em frente à barraca.


        _ Ah... er... obrigado. – respondeu Harry.


        Assim, Cedric saiu correndo da barraca. Talvez todo o ressentimento tivesse sido esquecido, ou deixado de lado. Afinal, Harry o ajudara, e Hermione... bem... ela se importava, e isso curava qualquer ferida.


        Não muito longe da barraca, já que Hermione não tinha exatamente o que chamamos de genes para exercícios físicos, ele avistou muitos cachos esvoaçando pelo vento, e uma menina... berrando que nem uma maluca, atraindo olhares de todos.


        Cedric permitiu-se rir da cena, agora que via que não era nada realmente grave.


        _ Hermione! – ele a chamou, e nem sabia por que. Eles mesmos concordaram que a distância era o melhor. Parece que razão realmente não entende nada do coração.


        A garota parou de andar, mas continuava de costas. Quando Cedric se aproximou, a única coisa que pôde dizer foi...


        _ Está chorando...? – uma pergunta idiota, eu sei, mas vamos dar uma folga, não é fácil para ninguém falar com quem se está apaixonado.


        _ Não... caiu neve no meu olho! – reclamou, Hermione limpando o resto de suas lágrimas.


        _ Ah... que bom. – respondeu-lhe Cedric – Pensei que fosse algo mais grave.


        _ Como se você se importasse. – Hermione ainda estava afetada, e não virava de frente para Cedric.


        _ Eu me importo... e muito. – respondeu Cedric chegando mais perto de Hermione, sua voz arrastada.


        Hermione respirou fundo e virou-se para o encontro com aqueles olhos... Uma cor de mel fogo, queimando. Ele estava tão lindo... todo sujo, suado e havia vestígio de algo pastoso em seu braço, mas para Hermione, ele estava perfeito, do jeito dele.


        _ Não deveria. – respondeu ela fria. E isso talvez tenha doído mais nela, do que em Cedric.


        _ Mas eu vou. Sempre. Não entende? Não importa se eu em alguma parte da minha vida quiser a sua morte, eu ainda farei de tudo para que nada de mal te aconteça. – disse Cedric, seus olhos queimando como se pudessem falar muito mais do que mostravam.


        _ Eu sei... você simplesmente não consegue parar de bancar o herói. – respondeu Hermione, franzindo as sobrancelhas.


        _ É, Hermione, é exatamente por isso que eu estou aqui! – disse Cedric quase elevando sua voz, tamanha era a sua irritação.


        _ Então, ótimo. Porque eu não preciso de você. – disse Hermione decidida, ela não se iludiria com ele outra vez. E assim, começou a caminhar para longe, mas não tão rápido para que pudesse ter deixado de ouvir as últimas palavras de Cedric antes de sua partida.


        _ Mas isso não quer dizer que eu não estarei lá para te salvar.


        Hermione precisou se segurar para não cair, pois somente por isso, seu coração parecia que iria sair pela boca. E o pior era que ela sabia, ele sempre estaria lá.


        ●●●


        Hermione chegou ao cercado, e não encontrou nenhum de seus amigos. Nem Harry ou Rony, ou Rudy, Moon, Kate, Chris, ou Rosalie. Estes últimos provavelmente estariam com Cedric agora.


        Cedric estava quase chegando, avistou um vulto, que de alguma forma distinguiu como o nosso querido Rudy. O resto vinha logo atrás.


        _ Segundo lugar cara! Você está em segundo! – Rudy dava pequeno socos em Cedric.


        _ Parabéns, campeão. – cumprimentou Rose.


        _ Quando você ganhar aquele prêmio... – disse Chris referindo-se aos galeões que Cedric ganharia se vencesse o torneio. – Quem paga a conta é você. – completou lembrando-se do dia em que Rudy lhe chamara de rico.


        _ Você estava fogo naquela arena, Ced. – disse Kate sorrindo


        Rudy olhou para ela com uma cara entediada de total desaprovação. “¬¬”


        _ Kate, Kate... nem eu tive coragem de fazer esse trocadilho, Kate! Agora me diz, por que?!


        Todos riram, até mesmo Kate, havia absolutamente outra vibração após o término da primeira tarefa.


        _ Onde está a Moon? – perguntou Cedric, estranhando o espaço vazio ao lado de Rudy.


        _ Eu não sei... Ela disse que tinha que ver umas coisas. – disse Rudy, nenhum vestígio do olhar brincalhão dessa vez, mas pelo menos, ele não parecia irritado.


        Cedric preferiu não perguntar mais nada. Pelo menos não por hoje. Estavam todos muito felizes para isso. Não necessariamente Cedric, mas aqueles ao seu redor.


        _ Cedric... – Moon chegara atrás dele. – Dumbledore disse que Bagman queria dar uma palavrinha com os campeões.


        _ Ah, sim. – disse Cedric olhando para Rudy, que tinha um olhar instigante, mas não disse nada. – Encontro vocês depois.


        E assim, Cedric seguiu para a barraca.


      ●●●  


        _ Muito bons todos vocês! – disse Ludo Bagman, entrando lépido na barraca e parecendo satisfeito com se ele próprio tivesse iludido a guarda de um dragão. – Agora, só umas palavrinhas. Vocês têm um bom intervalo até a segunda tarefa, que terá início às nove e meia da manhã de 24 de Fevereiro, mas vamos lhes dar alguma coisa em que pensar durante esse tempo! Se examinarem os ovos de ouro que estão segurando, verão que eles se abrem... estão vendo as dobradiças? Vocês precisam decifrar a pista que está dentro do ovo, porque ela dirá qual vai ser a segunda tarefa e permitirá que se preparem! Ficou claro? Têm certeza? Podem ir então!


        Enquanto saía da barraca, Cedric estava muito pensativo. Dentro do ovo... não seria tão fácil assim. Haveria algo mais a se pensar. E isso pelo menos, manteria sua mente ocupada.


        _ E aí, o que ele queria? – perguntou Rudy, que agora não estava com nenhum dos outros amigos.


        _ Ah... A resposta para a Segunda Tarefa está dentro do ovo. – respondeu-lhe Cedric.


        Rudy o olhou com uma sobrancelha levantada.


        _ Não se fazem mais ovos como antigamente... – concluiu ele por fim.


        Cedric deu uma boa gargalhada, até um pouco exagerada, enquanto o amigo o acompanhava até o castelo, meio assustado com a reação de Cedric devo dizer.


        ●●●


      Hermione caminhava pelo castelo até o salão comunal, onde estariam todos os seus amigos. Muitas vezes era muito chato ser um adolescente... Diga-me, por que ela tinha que sair histericamente gritando daquela barraca, por quê?! Por que ela tinha respondido a Cedric daquele jeito? Ah! Garoto idiota! Não, eu sou idiota. Mas ele também é... Argh.


        BUM!


        Hermione colide com alguém e conseqüentemente, a pessoa fica intacta, e ela cai no chão.


        _ Ai! Desculpe-me. Eu simplesmente não tenho neurônios suficientes para poder controlar meus movimentos! – disse Hermione à pessoa sem nem mesmo ver quem era.


        Ao ouvir uma risada carrancuda, ela imediatamente olhou para cima. E o que encontramos? Victor Krum, em um sorriso, que ao que parecia, era amigável. Ou mais do que isso.


        _ Hermy-on. – disse, ainda sorrindo.


        _ Victor! – disse Hermione, surpresa. – Quanto tempo...


        Não era verdade, afinal, não havia passado nem uma semana que eles se falaram.


        _ Eu... que... querer falar com... você. – respondeu Krum com dificuldade. – Biblioteca? – perguntou, galante.


        Hermione não achou isso uma má idéia, Victor sempre foi muito bom com ela. Então, aceitou.


        Enquanto caminhavam para biblioteca, Victor dava um sorriso vitorioso. Quem poderia saber o que ele queria falar com Hermione? Ou por quê...?


        ●●●


        Kate perambulava pelos corredores da escola com Moon, como hoje as aulas haviam sido suspensas por causa da primeira tarefa.


        _ Pelo Menos uma coisa foi boa nisso tudo. Não temos aula! – disse Kate, sorridente.


        _ É... – respondeu Moon, pensativa.


        _ Moon, dá para você parar com isso? – perguntou Kate, parando em frente à amiga.


        _ Desculpe... – disse Moon, sinceramente. – Simplesmente me mata ter que mentir pro Rudy...


        _ E você acha que ele não mentiu pra você? – perguntou Kate, ficando visivelmente mais vermelha. – Homem é tudo igual! Tudo um bando de mentirosos, traidores, idiotas! Que não sabem apreciar a rústica beleza das pessoas!


        Moon olhava para a amiga, literalmente, de boca aberta. E logo depois começou a cair na gargalhada.


        _ Quê? O que foi? – perguntava Kate sem entender.


        _ Você realmente tem que resolver os seus problemas com Chris. – respondeu Moon, ainda rindo.


        _ Que Chris? Não conheço nenhum! – disse Kate, rancorosa.


        Moon rolou os olhos.


        _ Vocês parecem duas crianças! – disse, balançando a cabeça. – O que você espera? Que ele venha e te peça desculpas, vocês se dêem as mãos e depois vão brincar de casinha?


        _ Não... – respondeu Kate. – Eu não queria que nós déssemos as mãos.


        Moon riu mais uma vez.


            _ Moon... – Kate chamou a amiga um pouco mais séria. – Não importa o que aconteça você sabe que ele vai compreender. Eu compreendi, e a Rose também.


            _ A Rose não teve escolha, ela previu. – corrigiu Moon.


            _ Que seja! Ela poderia ter feito um escândalo, mas não fez. E sabe por que? – perguntou Kate.


            _ Não... – admitiu Moon.


            _ Porque nenhuma de nós precisa de previsões para saber que você é capaz. – terminou Kate em: A psicóloga 2.


            _ Poxa Kate... eu nem sei o qu... – começou Moon.


            _ Ah! MERLIN! – gritou Kate.


            Moon se assustou.


            _ Ta maluca? – perguntou espantada.


            _ ALI! – gritou Kate, e começou a puxar Moon pelo braço até a porta da biblioteca.


            Quando Moon pôs os olhos lá dentro ela percebeu de que Kate estava falando.


            _ Você quer dizer a Mi e o Kr... – tentou Moon outra vez.


            _ Shhh! Não dá pra escutar nada daqui! – falou Kate com o dedo em cima dos lábios, pedindo silêncio.


            _ Ah, Kate, por favor. – disse Moon sem paciência. – Vamos ir lá? – seu olhar mudou para malicioso.


            _ Quê? Tá doida? Claro que não! – disse Kate já esquizofrênica pela menção de ir até ele. – O que eu diria para ele? “Oi Krumzinho, eu sou sua maior fã, assina na minha cara?”


            _ Seria um bom começo... – respondeu Moon, rindo.


            Kate rolou os olhos.


            _ Olha, - Moon falou mais séria, tentando não rir da amiga escondida, espionando. – Não precisa ser nada demais, a gente fica lá uns dois minutos. Eu falo “oi” pra Mi e depois ela nos apresenta para o krum e você diz “Bem vindo a Hogwarts.” Pronto, terminou.


            _ Eu não sei... – disse Kate com o coração a mil.


            _ Pô Kate, como você vai saber se realmente gosta dele, ou se tem chance se você nunca fala com ele? – perguntou Moon.


            Kate ficou olhando pensativa para o lugar aonde Krum e Hermione conversavam.


            Enquanto isso em uma mesa um tanto distante de Moon e Kate...


            _ Por isso que Bombarda causa um “prejuízo” muito menor do que Bombarda Maxima. É tudo uma questão de uso das palavras e... – Hermione tagarelava, e Krum nem prestava mais atenção no que ela dizia. – Eu estou sendo chata, não é?


            _ Não! Eu gosto de te ouv... ouvir falar. – respondeu Krum, sorrindo.


            _ Ah, claro! – disse Hermione, balançando a cabeça e rindo.


            _ Mas eu te chamei aqui porque queria te perguntar uma coisa... – disse Krum, um sorriso malicioso em seu rosto.


            _ Pode perguntar. – disse Hermione, sorrindo, inocentemente.


            _ Bem... você queria vá... não, ir ao baile comigo? – perguntou Krum, confiante. Nem um pouco intimidado.
            Hermione parou estática por um momento. A pergunta a pegou de surpresa. Não, ela não poderia. Kate gostava de Krum, e por mais que Hermione achasse que era mais uma queda de fã do que amor verdadeiro, ela não poderia fazer isso com a amiga. Ok, talvez ela sentisse como se estivesse traindo um pouquinho Cedric. Idiotice, burrice, uma completa estupidez... Por que eles não estavam juntos. Mas era assim que ela se sentia. Afinal, ele sempre estaria lá para ela.


            _ Ah... – Hermione pensava nas palavras certas pra dizer.


            _ Eu sei que... nos conhecemos a pou... pouco tempo, mas acho que... não sei, queria conhecer você. – disse ele, ainda sorrindo. – Você parece ser uma menina boa.
            Hermione ficou de queixo caído. Tá, que ótimo! Como ela diria não agora?


            _ Eu vou ter que pensar. – respondeu Hermione por fim.


            _ Eu espero. – respondeu Krum com um novo sorriso. Talvez, friamente escolhido para aquela ocasião.


            Krum parecia ser um sujeito tímido, mas não, ele somente não sabia muito a língua. Era carrancudo e não era tão bonito como o resto dos garotos, mas tinha um charme e uma certeza enorme de que, no final, toda garota acaba cedendo a ele. E era o que acontecia, ou pela fama ou pelo charme. Um dos dois atuava por ele. Além de, é claro, Krum atuar direitinho o jeito perfeito do cara que a garota com que ele queria estar precisa... No momento.


            De repente, enquanto Hermione desviava do olhar de Krum, ela viu Moon e Kate se dirigindo a ela. Parecia mais que Moon arrastava Kate, mas tudo bem.


            Quando elas chegaram à mesa...


            _ Oi Mi. – disse Moon, sorridente. Kate olhava para Krum sem nem desviar os olhos, apertando suas mãos.


            _ Oi Moon... – cumprimentou Hermione, sorrindo. – Oi Kate... – disse, olhando para a amiga com um sorriso maior.


            Moon olhou significativamente para Hermione.


            _Ah, Krum, essas são Moon e Kate. – apresentou apontando as amigas.


            _ Oi, praz... – tentou começar Moon.


            _ BEM VINDO A HOGWARTS! – gritou Kate, interrompendo Moon, parecendo muito nervosa.


            Todos olharam para ela com os olhos arregalados.


            _ Ah... Muito obrigado. – agradeceu Krum meio confuso.


            Kate deu um sorriso retardado quando ele dirigiu a palavra a ela.


            _ Ah... Eu sou Moon, prazer em conhecê-lo. – respondeu Moon, apertando a mão de Krum que foi rapidamente estendida para ela.


            _ Prazer. – ele disse, simpaticamente.


            _ Bom, só passamos para dizer “oi” mesmo.  – disse Moon, rindo. – Vamos?


            _ Prazer em te conhe...cer também, Kate. – disse Krum, educadamente, pegando a mão de Kate e depositando um beijo suave sobre ela.


            Kate não sabia o que dizer, estava completamente petrificada.


            _ Bom... – disse Moon, tentando acordar Kate de seus devaneios.


            _ BEM VIND... – Kate começou a gritar outra vez, mas agora Moon colocara a mão sobre sua boca antes que ela completasse a fala.


            _ Estamos indo... – disse Moon, arrastando Kate.


            _ Engraçada a sua amiga. – disse Krum, rindo de Kate.


            _ É... Ela é meio maluquinha às vezes. – respondeu Hermione, rindo por dentro.


            Krum deu uma olhada no relógio da biblioteca.


            _ Eu tenho que ir... mas, promete que vai pensar? – perguntou, levantando-se da mesa.


            _ Claro. – respondeu Hermione com um sorriso falso.


            Krum sorriu e deixou a biblioteca um pouco apressado.


            Hermione ficou olhando para o nada por um tempo. Não tinha muito que fazer agora, e nem queria encontrar com ninguém.  Então, sem motivo real, ela colocou a mão dentro de seu bolso. Havia algo dentro dele, um papel.


            Quando Hermione o abriu percebeu o que era. Aquele “feitiço para congelar o tempo”. Era ridículo continuar com aquele treinamento para usá-lo. O feitiço poderia até mesmo nem ser verdadeiro. Mas, quando estamos com o coração partido em duas metades, qualquer coisa é melhor do que pensar no quão longe elas estão uma da outra. Então Hermione pôs-se a meditar.


            ●●●


          Rudy havia deixado Cedric andar pelo jardim de Hogwarts sozinho, depois da vigésima piada não correspondida. Mas provavelmente, ele queria ver Moon. Não gostava de ficar longe dela, aliás, não gostava de ter que agüentar um segredo entre eles.


            Enquanto Cedric caminhava pelo jardim, pensando no ovo (que não são mais feitos como antigamente), ele ouve alguém o chamar.


            _ Filho. – ouve uma voz brusca.


            Cedric olha para trás e se depara com o professor Alastor Moody.


            _ Professor? – perguntou Cedric confuso. Não era como se o professor sempre falasse com ele.


            _ Venha aqui. – disse-lhe Moody, fazendo gestos para Cedric vir até ele.


            Como um bom aluno que é, Cedric acompanhou o professor. Meio receoso, mas acompanhou.


            _ O que houve? – perguntou Cedric quando haviam chegado a uma parte do jardim que estava deserta.


            _ Eu normalmente não faço isso por todos, você deve saber disso. – começou o professor sério. – Mas depois da sua atuação da arena hoje, eu acho que você merece saber.


            Cedric não era bobo, sabia exatamente do que o professor estava falando, e escutava atentamente.


            _ Sabe o seu... “prêmio”? – perguntou Moody.


            Cedric acenou a cabeça em afirmação.


            _ Tente ouvi-lo debaixo d’água. E ver se ele soa... mais agradável, sim? – disse o professor piscando o um olho que ainda funcionava enquanto o outro rodava para todos os lados. Uma coisa meio bizarra.


            _ Hum... Ok. – respondeu Cedric meio confuso.


            Quando estava virando-se para partir, Moody o segura pelo braço, Cedric instintivamente puxa o braço de volta e saca a varinha.


            _ Uow! – disse Moody com as mãos levantadas em defesa. – Vai me atacar, filho? Acha mesmo que é prudente atacar um professor de defesa contra as artes das trevas?


            Cedric voltou ao seu normal e abaixou a varinha.


            _ Desculpe-me professor, foi um... Ah... Reflexo. – desculpou-se Cedric.


            _ Eu creio que você irá fazer a coisa certa se descobrir o que esse ovo canta, certo? – perguntou o professor indo direto ao assunto.


            _ Ah... claro. – respondeu Cedric, levantando uma sobrancelha.


            _ Porque se fosse eu... – dizia o professor enquanto se afastava. – Informaria a alguém que merecesse.


            E assim desapareceu, sem mesmo deixar que Cedric pudesse perguntar todas as dúvidas que estavam em sua cabeça. Esse velho estava doido? Ou melhor, era doido? Cedric não sabia, mas não perderia nenhuma chance de ganhar esse torneio.


            ●●●


          Hermione decidiu sair da biblioteca, já não podia mais se concentrar. Enquanto andava pelos corredores do colégio somente duas coisas estavam em sua cabeça: Cedric e o pedido de Krum. Se não fosse por Kate, Hermione achava que teria aceitado o convite... Por que não aceitaria? Ela era solteira! Mas aí vinha a segunda parte dos pensamentos de Hermione que eram... Digamos mais fortes do que o primeiro mencionado. Cedric. Se eles não estavam juntos e quase não se falavam, por que ela se importava tanto com a opinião dele? Tá, é meio óbvio a resposta, ela o ama. Mas até aí já sabíamos há muito tempo. Havia algo mais, alguma coisa que ela sentia bem fundo em seu peito. Talvez fosse algo a ver com o que Cedric disse a ela quando a própria saíra chorando da barraca. Por alguma razão, toda a dor que ela havia sofrido pelas palavras sem sentido de Cedric naquela manhã após a “escapada” deles do colégio não houvesse existido. Não havia mais rancor. Mas uma coisa ainda existia, a desconfiança.


            _ Mi...


            Hermione levantou a cabeça, até agora estava olhando para os próprios pés enquanto andava.


            _ Você está bem? – perguntou Jack parecendo preocupado.


            _ Jack! Como vai? – disse Hermione mais feliz. Com Jack ela nunca precisava fingir não estar sentindo o que ela sentia.


            _ Bem. Já você... Não sei. – respondeu Jack ainda esperando por uma resposta.  


            _ Não é nada Jack! Besteira minha! Coisas do estilo TPM, nada demais. – respondeu Hermione aliviada por ter topado com ele.


            _ Hum... Entendo. – disse Jack não convencido, mas ignorando as perguntas em sua cabeça.


            _ O que anda fazendo? – perguntou Hermione decidida a puxar uma conversa.


            _ Bom... Estava vendo a primeira tarefa, sabe... Como todo mundo. – respondeu Jack, falando algo que era óbvio.


            _ Ah, claro. – disse Hermione agora rindo de si mesma. Rindo não, gargalhando. Mas não tinha sido engraçado.


            Jack olhou para ela meio assustado, mas depois começou a rir também, é algo que não se pode evitar, ver alguém rindo sem razão te faz rir também.


            Nessa hora Cedric estava passando pelo mesmo corredor em que estavam Hermione e Jack, rindo um para o outro que nem dois idiotas. Já ouviram que apaixonados agem como idiotas? Bom... é. Era uma cena assim para Cedric. Ele simplesmente parou de andar e ficou olhando para aquilo.


            _ Oi Ced. – diz Cho Chang, chegando ao lado do garoto.


            _ Oi... – respondeu Cedric meio distante. Depois de ele ter se humilhado para ela hoje de manhã, ela ainda ficava por aí dando em cima de... Jack?


            _ Senhor Diggory. – chamou uma voz.


            _ Eu já disse “Oi”, Cho. – disse Cedric sem desviar o olhar.


            _ Xô? Não vou a lugar nenhum, senhor! Como se atreve a falar assim com uma professora? – perguntou, indignada a professora Minerva.


            _ Hã? – perguntou Cedric virando-se rapidamente para uma zangada professora Minerva.


            _ Estou esperando... – disse esta olhando-o com um sobrancelha levantada.


            _ Ah! Eu... Eu não sabia que era a senhora, professora. – disse Cedric um pouco envergonhado.


            _ Muito bem. – disse a professora ainda um pouco severa. – Eu vim lhe avisar que, no baile de inverno, os campeões terão que dançar com o seu par, abrir o Baile de Inverno.


            Cedric olhou Minerva meio confuso, meio frustrado, meio ansioso, meio decepcionado. Não que ele não soubesse dançar, ele o sabia muito bem, era só com quem ele queria dançar. Por outro lado, se podia sentir a excitação de Cho pelo anúncio da professora mesmo se ela estivesse do outro lado do corredor.


            _ Claro... E desculpe outra vez. – desculpou-se Cedric.


            _ Vamos deixar isso como está, sim? – disse a professora, Cedric balançou a cabeça em afirmação. Logo depois Minerva foi embora.


            _ Loucura isso do baile, não é Ced? – perguntou Cho colocando as mãos, envolvendo-as nas costas de Cedric, enquanto se colocava ao lado dele.


            Cedric olhou para Cho. Depois para Hermione que ainda conversava com Jack. Sorriu para Cho.


            _ É mesmo. – disse galante. – Uma coisa passou pela minha cabeça...


            _ O quê? – perguntou Cho com um sorriso enorme e esbanjando charme     _ Eu, como um campeão, preciso de um par para o baile... E não consigo pensar em ninguém melhor para me acompanhar do que você. – respondeu Cedric, em um sorriso meio torto estonteante.


            Os olhos de Cho chegaram a brilhar com a pergunta.


            _ O que me diz? – perguntou Cedric ainda sorrindo.


            _ Sim! – disse ela em um gritinho, se jogando para cima dele em um abraço...  “Apertado”.


            Nesse instante Hermione havia virado para olhar que tanto barulho de gritinhos irritantes era aquele, e acabou vendo a cena. Cedric quase se agarrando com Cho. Sim, parece novela mexicana das 7h00min, mas foi isso que aconteceu.  Hermione sentiu uma facada no peito outra vez, esse ciúme que sempre aparecia. Era como se ela fosse uma boneca de porcelana, e cada vez Cedric quebrava alguma parte frágil do seu ser. Tentou correr para longe, mas Jack a parou.


            _ O que foi? – perguntou preocupado. Então, olhou para a direção onde o rosto machucado de Hermione olhava. – Ah, sim. – disse Jack abraçando Hermione, enquanto esta se segurava para não chorar.


            A expressão de Jack não era de raiva, era de ódio. E em um segundo resolveu o que faria. Foi tudo muito rápido, em um minuto abraçava Hermione, em outro estava andando decidido na direção de Cedric.


            Cedric largou do abraço de Cho, meio atordoado pela menina ter simplesmente se JOGADO em cima dele. Mas não que ele fosse o pobre coitado da história, ele era muito mais forte que Cho, se realmente não quisesse o abraço, teria simplesmente desviado dela.


            _ Hey Diggory! – disse Jack gritando, andando de um jeito marginal na direção de Cedric.


            Cedric simplesmente virou de frente para Jack e o encarou com a cara mais aterrorizante que Hermione já o vira fazer. Os dois começaram a ir na mesma direção. Hermione imediatamente começou a correr (não que ela corresse muito rápido) para impedi-los de fazer algo estúpido.


            No momento em que ficaram em uma distância razoável, Jack não esperou para fazer um ataque, mesmo que sutil. Empurrou Cedric cinco passos para trás. Cedric, furioso fez o mesmo, mas com o dobro de força.


            _ O que você está pensando? – perguntou Cedric com a raiva crescendo ainda mais.


            _ O que você que está pensado? – perguntou Jack chegando mais perto de Cedric.


            Uma pequena multidão começava a se formar, e entre essa multidão encontravam-se Moon, Kate, Rudy, Chris, Isa, Rose e John. Na verdade, parecia que praticamente toda a escola tinha alguma antena para confusão, pois todos estavam lá. Mas esses são os mais importantes. As caras era as seguintes: Moon e Kate ansiosas, Rudy e Chris trocando apostas, Isa olhando como que desaprovando, Rose rindo e John rindo para Rose.


            _ Pára de rir! – disse Rose olhando para John.


            _ Não. – respondeu John ainda sorrindo, mas voltou sua atenção para luta.


            Rose fez menção de responder, mas preferiu ver que fim iria dar aquela ”briga”, que agora ganhava outro participante.


            _ O que vocês estão fazendo?! – perguntou Hermione quando chegou a eles, com o rosto vermelho.


            _ Não se mete nisso. – disse Cedric afastando Hermione.


            Hermione o olhou indignada.


            _ Hey, é muito fácil ser machão com garotinhas 3 anos mais novas que você, o seu assunto é comigo. – disse Jack desafiando Cedric.


            _ Garotinha? - perguntou Hermione quase rindo do quão machista os dois poderiam ser.


            _ Vai querer levar outra surra por <i>ela</i>, Dawson? – Cedric disse “ela” como se fosse a coisa mais ofensiva do mundo, o que não foi desapercebido por Hermione.


            _ <i>Ela</i> tem voz e está parada bem aqui no meio dos dois, então parem de ser ridículos e agirem como se eu não existisse! – repreendeu Hermione, sem nenhuma vez olhar para Cedric. – Jack, - disse Hermione olhando em seus olhos. – Eu sei porque você está fazendo isso, e sinceramente, não vale a pena.


            Jack olhou para Hermione por alguns segundos.


            _ Para <i>mim</i> valeria muito a pena... Mas o caso aqui não sou eu, né. – disse dando um pequeno sorriso, retribuído por Hermione.


            Essa cena deixou Cedric irado.


            _ Sempre se escondendo atrás de garotas. – Cedric provocou. Foi ridículo, ele nunca teria dito isso, se não estivesse morto de ciúmes, e se a pessoa para quem ele estivesse se dirigindo não fosse Jack Dawson.


            _ Pára com isso Cedric! – gritou Hermione encarando-o. Cedric mais uma vez odiou não poder decifrar os olhos de Hermione. – Você está sendo ridículo e infantil! Está parecendo um menininho!


            Sim, Hermione foi meio dura com Cedric, mas ela estava com o coração partido. Claro que ele também estava, mas sua raiva estava sendo descontada em Jack, Hermione não tinha ninguém para desabafar tudo o que estava sentindo.


            _ Por favor... Você não é... assim. – pediu Hermione em um tom mais suave, recusando-se a jogar toda a culpa em Cedric, mesmo que a causa de sua raiva e sofrimento fosse o próprio.


            Olhos mel e castanhos se encontraram por um segundo, somente um segundo. Um segundo que pareceu toda uma vida. Era como se naquele pequeno espaço de tempo, os dois tivessem visto que estavam sentindo o mesmo. Fosse ciúme, raiva, tristeza ou... ou... Amor. Mas, geralmente, nesses momentos nós nunca achamos que aquilo que nós vemos é a verdade. Porque realmente nem sempre é verdade. Porque não queremos ver. Porque não acreditamos. Porque não estamos preparados. Muitos... muitos motivos. Mas no final de cada noite sempre nos pegamos pensando naquele olhar.


            Cedric se afastou.


            _ Você está bem? – perguntou Hermione a Jack.


            _ Você está bem? – perguntou Jack a Hermione.


            Esta deu um sorriso falso, mas para quem não conhecia seu sorriso não foi algo perceptível.


            _ Ah, parece que Granger não gosta somente de campeões... – disse uma voz irritantemente aguda. Hermione reconhecera imediatamente, era Cho. – Quem vai ser o próximo? Aliás, sempre me perguntei como tirava notas tão boas... – ela deu um sorriso malicioso. – Acho que agora tenho uma idéia.


            O caso era: o resto INTEIRO da escola podia ser burro o suficiente (todos menos Rudy que já sabia há um tempão) para não ver que havia algo entre Cedric e Hermione, mas Cho captou rapidinho alguma coisa diferente. Cedric muito estressado com Jack. Que era quem estava com Hermione. Sim, é só juntar as peças do quebra-cabeça.


            _ E o Ced não é tão ridículo como você acha. Ele teve senso suficiente para me escolher como acompanhante no baile. – disse Cho sabendo que desse jeito atingiria Hermione sentimentalmente.


            Hermione estava com um olhar ameaçador, sua raiva subindo cada vez mais em cada palavra dita por Cho. Olha que legal, Hermione achou alguém para jogar sua raiva em cima. Alguém que ela depois não se arrependeria de ter feito o que estava prestes a fazer.


            _ Não se intrometa, Chang. – disse Hermione trincando os dentes.


            _ E o que você vai fazer? Jogar um livro em mim? – perguntou Cho debochando.


            A briga estava armada. Mas como toda a boa briga de mulher...


            _ E então o que vai fazer? – perguntou Cho, rindo.


            Hermione andou para perto dela, mas Cho não estava com medo, Hermione era certinha demais para comprar uma briga. Então, Hermione falou em uma voz extremamente calma.


            _ Eu vou arrancar cada fio desse seu cabelo escorrido.


            Cho parou de rir imediatamente e ficou olhando para Hermione, que agora ria, atônita.


            _ E o que você vai fazer? – perguntou no mesmo tom, ainda sorrindo.


            Cho só podia olhar para Hermione meio assustada, mas ninguém acreditava que Hermione faria algo realmente. Até...        


            Hermione pula em cima de Cho, que primeiramente não reage, mas ao sentir o primeiro puxão nos seus cabelos perfeitamente alisados... Só faltava a música de rock ao fundo da cena.


            _ Garotas, parem! – gritou Kate surpresa.


            _ QUEREMOS SANGUE! QUEREMOS SANGUE! – Rudy começou a puxar corinho.


            _ Rudy! – reclamou Kate.


            _ O quê? – perguntou ele inocente. – Eu aposto na Mi! Vinte galeões, quem topa? – perguntou feliz da vida.


            Disfarçadamente Moon passou vinte galeões para Rudy, apostando em Hermione.


            _ Finalmente alguma coisa boa aqui! – disse John entretido com a briga.


            _ Você é nojento. – disse Rose balançando a cabeça, mas adorando Hermione finalmente estar comprando uma briga.


            _ Apreciar uma briga entre garotas é nojento? – perguntou John.


            _ Tudo o que vem de você é nojento. – disse Rose como se não estivesse o insultando.


            _ Não foi o que pareceu quando eu te beijei. – respondeu John presunçoso.


            _ Isso realmente mexeu com você, não é? – perguntou Rose sorrindo.


            _ O quê? Não... Eu... – começou John.


            _ Poupe-se. – respondeu Rose vitoriosa, saindo do lado dele.


            _ O Jack está doido e finalmente passou a loucura para Granger? – perguntou Isa, não preocupada, mas rindo.  


            _ Parece que elas estão brigando feio mesmo. – disse Chris.


            _ Não... Deixa! – disse Isa divertindo-se.


            Todas essas conversas aconteceram em menos de cinco minutos, pois foram todas juntas, mas era melhor mostrar o que cada um pensava, pois cada coisa revela uma característica.


            _ Use seu cabelo como esfregão que é bem mais útil que isso! – dizia Cho enquanto as duas de atracavam no chão, Hermione por cima de Cho puxando os cabelos da menina com força, enquanto Cho dava tapinhas em Hermione.


            _ Qualquer coisa é mais útil do que ficar fazendo qualquer coisa em que você esteja incluída! Mas já que você insiste em ser babaca...! – dizendo isso Hermione também começou a dar tapas em Cho.


            Onde estava Cedric e Jack em tudo isso? Olhando. Abobados. Embasbacados. Até que decidiram fazer alguma coisa. Cedric segurou Hermione, enquanto Jack afastava Cho, a menina que estava sendo espancada.


            _ O que está havendo aqui?! – perguntou professor Flitwick, espantado com o estado descabelado das meninas, além de alguns visíveis arranhões.


            _ É... professor... – tentava explicar Cedric enquanto Hermione tentava se soltar dele para continuar a bater em Cho. – Fica quieta! – disse Cedric que segurava Hermione pelas costas.


            _ Senhorita Chang, pode me explicar o que está acontecendo? – perguntou Flitwick passando sua atenção para Cho.


            _ Me solta! – disse Hermione para Cedric, virando-se de frente para ele.


            Cedric estava segurando os braços de Hermione nas costas dela, e no momento em que ela virou de frente para ele, os dois ficaram a centímetros um do outro. Uma sensação se apoderou dos dois, algo que ambos controlavam, mas sentiam.


            _ Hermione...? – perguntou Cedric, mesmo isso não sendo realmente uma pergunta.


            _ Cedric. – disse Hermione olhando-o nos olhos.


            _ Senhorita Granger! – gritou Flitwick, fazendo os dois se separarem imediatamente. – Como pôde agredir a aluna Chang?


            Cho estava com um sorriso malicioso atrás do professor. Com certeza ela havia contado tudo, do jeito dela...


            _ Não! Professor eu... Ela começou a me xingar e... – começou Hermione.


            _ Venha até a minha sala Senhorita Granger. – pediu Flitwick surpreendido pela atitude de Hermione.


            Hermione acompanhou o “anão” até a sua sala. Cedric ainda estava parado no mesmo lugar. Tanto pela reação de Hermione a provocação de Cho tanto pelo momento que acabaram de ter.


            _ Nossa, essa tal de Granger é mesmo estressadinha, não é? – perguntou uma voz sinistramente doce.


            _ O quê? – perguntou Cedric virando-se para pessoa, sem entender.


            Era Juliet. Havia aparecido do nada. Como sempre.


            _Juliet... Onde você estava? – perguntou Jack afastando-a de Cedric com um olhar de raiva.


            _ Eu estive aqui o tempo todo, bobinho. – respondeu Juliet rindo.


            _ Eu não te... – começou Jack.


            _ Eu não cheguei tão rápido, então fiquei atrás de algumas pessoas que chegaram antes para ver essa briga épica. – respondeu Juliet, interrompendo-o.


            _ Ah, claro. – respondeu Jack confuso. Juliet era macabramente amigável. Ninguém realmente entendia esse paradoxo.


            _ Bom, mas se você me permite, agora eu tenho que fazer umas coisas. Mande beijos para Isa e John. – disse Juliet em seu sorriso perfeito.


            _ Claro. – foi a única coisa que Jack pôde dizer enquanto via Juliet andando para longe.


            Do outro lado, uma menina também saía para fazer umas coisas.


            _ Rudy, eu tenho... Uns deveres para fazer, eu preciso ir. – disse Moon a Rudy.


            _ Vamos à biblioteca, eu te ajudo. – disse Rudy.


            _ Não! Eu... tenho que fazer no salão comunal, é uma coisa chata, preciso pesquisar muito, não dá para me concentrar com você. – disse Moon sorrindo, dando um rápido selinho nele antes de desaparecer no meio da multidão que se dispersava.


            Rudy fez uma careta desanimada e se voltou para Chris.


            _ O que você acha de um jogo, cara? – perguntou Rudy tentando forçar entusiasmo.


            _ Vai indo para o campo, eu estou atrás de você. – disse Chris olhando Kate sair andando.


            _ Eu posso ir também? – perguntou Isa sedutora.


            Chris abriu um sorriso enorme.


            _ Sempre.


            Isa sorriu e acompanhou Rudy ao campo de Quadribol.


            Chris saiu correndo na direção de Kate.         


            _ Kate! Kate! – ele chamou.


            Esta olhou para trás sorrindo, mas ao ver quem era voltou a olhar para frente e recomeçou a andar.


            _ Espera! – disse Chris.


            Kate suspirou fundo e esperou.


            _ Oi. – foi a única coisa que Chris conseguiu falar quando chegou perto de Kate.


            _ Oi? Sério? Você me fez parar para me dizer “oi”? – perguntou Kate revirando os olhos.


            _ Ah! Eu não sei muito que dizer! – respondeu Chris ansioso.


            _ Desculpe-me? Eu não quis dizer aquilo? Eu sou um completo idiota que nem sabe pedir desculpas para a melhor amiga? – perguntou Kate franzindo a testa.


            Chris riu.


            _ É isso. – disse ele.


            _ Quê?! – perguntou Kate sem entender.


            _ Isso. – respondeu Chris. – Mesmo quando está brava você arranja alguma coisa para rir. Você é a única que pode me fazer rir quando eu estou assim. Você é minha melhor amiga, Kate. Nós somos ótimos juntos, nós sempre fomos ótimos juntos. – completou com um sorriso enorme.


            Kate olhou para Chris, meio desnorteada com as palavras do amigo.


            _ Bom... isso é melhor que “oi”. – disse tonta com as palavras.


            _ Sim, é mesmo. – disse Chris ainda rindo. – Estamos de bem?


            _ Estamos em teste. Se você me disser alguma coisa como aquela ou se ficar toda hora babando por aquela medusa... – começou Kate.


            _ Opa! Então você também não pode ficar idolatrando Krum. – disse Chris com fingida cara séria.


            Kate franzia a testa.


            _ Ok. Você não precisa parar de falar com ela. Mas não a torne sua vida! – disse com “ciuminho de amigo”.


            _ Minha vida são os meus amigos. – disse Chris, sorrindo.


            Kate sorriu de volta.


            _ Agora vem jogar quadribol. – disse ele contente.


            Kate revirou os olhos e o acompanhou até o campo.


            _ Rose! – John chamou enquanto esta também estava indo para o campo com Cedric, que estava viajando mais que nunca.


            _ O que é? – perguntou Rose divertida. Havia ganhado a última batalha.


            _ Você tem razão. – disse ele, com um sorriso sarcástico.


            _ Sobre o que? – perguntou Rose espantada.


            _ Aquilo realmente mexeu comigo. – disse John.


            Rose o olhou, estupefata.


            _ Você está bem? – perguntou ela confusa.


            _ Melhor do que nunca! – disse ele rindo. – Você viu a cara que você fez pela menção de eu sentir algo por você?


            Rose fechou a cara. Um segundo depois mete um tapa no braço dele e sai andando puxando Cedric.


            _ Minha garota, você um dia ainda me machuca de verdade! – gritou ele, enquanto Rose ia embora. Não sem antes mandar um sinal não muito bonito para John.


            Ele riu.


            ●●●


            Hermione saía da sala do professor Flitwick de cabeça baixa, mas muito puta da vida. Sim, para essa situação teremos que usar esse tipo de linguajar. A pessoa que você acha uma das mais nojentas que você já conheceu estava se gabando por estar indo ao baile com o cara que VOCÊ ama, além de te xingar até não poder mais. E quando você vai tirar satisfação o que acontece? Você acaba ficando em detenção, tendo que limpar alguma sujeira do chão de um corredor enorme! Sujeira cuja você não foi a culpada por estar naquele chão e não sabe nem o que é! O que você diria se você se encontrasse em uma situação como essa? “Hum! Poxa vida, que traquinas!” É, eu acho que não.


            Ao chegar a tal corredor, Hermione olhou para aquela substância gosmenta e verde. A primeira coisa que lembrou ao olhar para ela era vômito. E já que não poderia usar magia para cumprir essa tarefa, Hermione respirou fundo e começou a esfregar.


            _ Hermy-on... – chamaram por trás da menina.


            _ Krum! – Hermione cumprimentou-o sorrindo.


            _ Oi... – disse ele sorrindo um também. Parecia um pouco nervoso. – Olha, eu vou... É... Como se diz? Direto ao ponto! Eu não quero te apressar, mas o baile já está chegando, e como um dos campeões eu terei que abrir a dança, então eu vim saber se você já decidiu se... Bom... Quer ir ao baile... Comigo.


            _ Ah! – exclamou Hermione surpresa.


            Ela não sabia o que dizer. Entre bater em Cho e limpar chão gosmento não havia realmente achado tempo para mais nada. A primeira coisa que ela pensou em dizer foi um decisivo, mas delicado, não.


            _ Bom, Krum... Você é um cara muito legal e eu gosto muito de você... – começou Hermione.


            _ Deixe-me adivinhar... Depois de “você” virá um “mas”? – perguntou ele um pouco decepcionado.


            Hermione olhou para aquele garoto, que não havia sido nada mais do que super gentil com ela. E nesse exato segundo as palavras de Cho ecoaram em sua cabeça... “E o Ced não é tão ridículo como você acha. Ele teve senso suficiente para me escolher como acompanhante no baile”            


            Hermione sentiu um fogo subir pelo seu rosto, uma raiva incontrolável.


            _ Sim. – respondeu ela de repente.


            _ O quê? – perguntou Krum confuso.


            _ Sim, eu aceito ir ao baile com você Krum. – disse Hermione sorrindo.


            _Ah! – disse Krum, agora sorrindo abertamente. – Que... Que bom Hermy-on!Eu... Bom, acho que nos vemos amanhã, agora já é tarde e... – Krum não conseguiu completar a frase, ao invés disso deu um sorriso e apertou seus lábios na costa da mão direita de Hermione para se despedir.


            Hermione ficou olhando enquanto Krum desaparecia. O que ela tinha feito?! Como pôde pensar somente em si mesma? E Kate? Kate idolatrava Krum! Claro que ele iria com qualquer outra se não fosse com ela, mas... Era ela. Que tipo de amiga ela estava querendo ser? Coisas como essas era o que Hermione podia pensar enquanto terminava a sua detenção.


            Quando o chão finalmente estava limpo, Hermione levantou-se exaurida. Tanto física como emocionalmente. Olhou para os utensílios que havia usado para limpar o chão. Virou a cabeça de um lado para outro, verificando se não tinha ninguém por perto. Devagar pegou sua varinha e murmurou um feitiço, fazendo com que os objetos saíssem flutuando para o lugar de onde saíram. Suspirou. Era muita coisa para guardar dentro de uma pessoa só. Olhou para o seu relógio. Marcava exatamente 23h: 59min. Decidiu ir logo para a sua casa, já que se fosse pega fazendo nada depois da hora, não teria nem direito de alegar que estava em detenção. Pelo menos não para Filch.


            Mas quando nossa querida bruxa estava prestes a ir, ela ouve um barulho de passos, que ecoavam sem medo no corredor deserto onde Hermione se encontrava. Pensando ser Filch ela se escondeu atrás da estátua de uma Bruxa Corcunda. A pessoa começou a chegar cada vez mais perto dela, até que Hermione pode sentir o ritmo de sua respiração, estava calma. Essa pessoa não poderia ser Filch. Hermione cedeu a sua curiosidade e espiou a pessoa por um pequeno espaço entre a estátua.


            Era Juliet. Hermione instantaneamente sentiu seu sangue esfriar, um calafrio subir pela sua espinha. Hermione não pode ver o que ela estava vestindo porque usava uma capa preta e longa. Seu rosto por outro lado estava totalmente descoberto, o capuz de sua capa não estava sendo usado, seu rosto era a única coisa que podíamos ver com certeza. Sua beleza macabra em uma expressão calma e suave, contanto seus olhos estavam completamente diferentes. Um leve brilho mostrava-se naqueles olhos. Um brilho muito diferente, um brilho que a dava poder, ela parecia algum ser onipotente.


            Quando Hermione finalmente saiu de seus devaneios, Juliet estava praticamente desaparecendo do corredor. Hermione tinha duas opções. Deixar isso para lá e ir para sua casa, onde ficaria segura, ou seguir Juliet e finalmente descobrir porque havia alguma coisa nela que a incomodava tanto. Muito difícil descobrir que opção Hermione seguiu?


            ●●●


           Cedric não se animara para o jogo de Quadribol. Todas as jogadas eram simplesmente despercebidas por ele. E agora, em sua cama, ainda não podia pensar em mais nada que não fosse Hermione. Quando a seguiu de manhã, o momento em que seus olhos se encontraram... Todas às vezes em pode ver aquele olhar. Havia algo ali, sofrimento, tristeza... Amor. Seria? Isso realmente poderia ter acontecido? Os sentimentos expressados por ambos na noite em que escaparam de Hogwarts não foram simplesmente um sonho? Estava imaginando coisas? Por mais que não quisesse admitir (e nunca queremos) ele por dentro tinha certeza do que aqueles olhares significavam, mas a razão nunca o deixaria ver isso agora.


            Cansado e frustrado, Cedric levantou de sua cama e caminhou até a janela. Ficou olhando para a floresta proibida, enquanto o vento frio de inferno queimava seu rosto. Em meio aos seus devaneios, Cedric repara um relâmpago vermelho saindo do meio da floresta.


            _ Será possível? – perguntou Cedric a si mesmo. Estava de calça de moletom e blusa com mangas curtas, e saiu assim mesmo do quarto. Destino? É óbvio, Floresta proibida.


            ●●●


            Hermione tentava sempre manter uma distância razoável de Juliet. Não tinha medo do lugar onde estava, sua vida inteira no colégio foi preenchida com entradas furtivas a Floresta Proibida. O que talvez a assustasse era o que ela descobriria. Mesmo assim ela continuava a seguir Juliet. É muito mais fácil lidar com algo que você sabe o que é do que com o desconhecido.


            Juliet parou um segundo, mas não olhou para trás. O coração de Hermione foi até a sua boca. Era agora, ela havia sido descoberta. Varinha preparada para o combate. Porém, Juliet simplesmente continuou andando. Hermione não entendera a reação de garota, mas não questionou, só continuou a segui-la.


            Juliet mudava de direção constantemente, Hermione já começava a pensar que estava tentando fazer com que ela se perdesse. Parou bruscamente quando essa idéia veio a sua cabeça. Estava sozinha, como voltaria para a escola? Hermione ouviu um barulho atrás dela, e rapidamente olhou para trás. A sua frente não estava nada do que Hermione poderia imaginar encontrar na Floresta Proibida. Era um lobo, sua pelagem impecavelmente branca. Ele não parecia ameaçador, mas seus olhos não se desviavam de Hermione.


            _ Juliet! – Hermione sussurrou.


            Quando virou para onde Juliet estava, porém, ela já não se encontrava lá. Ouve-se um rosnado, e a atenção de Hermione é rapidamente transferida para o lobo. Seu olhar inocente havia mudado drasticamente, agora estava furioso. Sua boca levantando-se levemente para mostrar os caninos. Hermione sentiu seu coração começar a bater muito aceleradamente. Calma, Hermione, você já lutou contra um cão de três cabeças, pode com certeza lidar com isso. Mas era diferente, Hermione não conseguia pegar sua varinha. Por cinco minutos o lobo e Hermione ficaram encarando-se, mas estava muito escuro para poder distinguir muito das feições daquele lobo. Em um segundo de coragem, Hermione levou sua mão ao bolso de sua capa, onde se encontrava sua varinha. Imediatamente o lobo começou a correr incrivelmente rápido na direção de Hermione. A menina não pensou duas vezes quando o lobo pulou para gritar:


            _ Estupefaça! – gritou Hermione mirando exatamente no peito do lobo.


            Um raio de luz vermelho materializou-se e naquela pequena luz de um segundo, Hermione pode ver os olhos do lobo, antes que ele caísse no chão. Nunca havia visto um lobo daquele jeito, seus olhos eram de um tom rosa, e nesse segundo Hermione teve a impressão de que ele não iria atacá-la.


            Hermione olha para o lobo deitado inconsciente a sua frente. De repente, tudo fazia sentido em sua cabeça.


            _ Ah, Merlin! O que foi que eu fiz? – perguntou a si mesma.


            Quando Hermione abaixou-se para olhar melhor o animal que havia ferido, ouviu um pequeno rosnado atrás de si. Levantou-se lentamente, enquanto colocava-se diante do lobo inconsciente. A melodia de sua respiração e o pequeno rosnado foram trocados por um grunhido ensurdecedor. Hermione não se virou, mas ao olhar para o chão pode ver gotas de sangue pingando das vestimentas de tal criatura. Suas pernas continham feridas expostas. Hermione sacou sua varinha e virou rapidamente para enfrentar o que quer que aquilo fosse. Ali estava a boneca de porcelana, juntando cada resto de seus pedaços e se recusando a ceder. Esta era Hermione, a boneca de porcelana, frágil e ao mesmo tempo, indestrutível.


            O monstro, com um golpe, acertou o rosto de Hermione. Ela caiu no chão um pouco tonta. Logo depois ouviu algo. Mas não conseguia prestar muito atenção no que acontecia. As únicas coisas que conseguiu distinguir foram: a criatura em seu grito assustador, uma voz e o cheiro. Sim, Hermione podia sentir perfeitamente. O cheiro de sangue.       

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.