A flor é bela.
Victor Krum, Cedric Diggory e Fleur Delacour estavam reunidos em torno da lareira. Pareciam estranhamente imponentes, recortados contra as chamas. Krum, curvado e pensativo, apoiando-se no console da lareira, ligeiramente afastado dos outros. Cedric estava parado com os braços cruzados na frente do corpo, contemplando o fogo. Fleur estava perfeitamente sentada em uma das poltronas como uma pintura a óleo. Ela virou-se quando Harry entrou na sala, jogando seus cabelos longos e prateados para trás.
_ Que foi? – perguntou ela. – Querrem que a jante volte ao salon?
Obviamente todos pensavam que ele viera para dar um recado. Harry não sabia como explicar o que acabara de acontecer. Ficou ali parado, olhando para os três campeões. Percebeu de repente como eram altos.
Houve um ruído de passos apressados atrás de Harry, e Ludo Bagman entrou na sala. Segurou Harry pelo braço e levou-o até os outros.
_ Extraordinário! – murmurou, apertando o braço de Harry. – Absolutamente extraordinário! Senhores... senhora – acrescentou, aproximando-se da lareira e falando aos outros três. – Gostaria de lhes apresentar, por mais incrível que possa parecer, o quarto campeão do Torneio Tribruxo.
Victor Krum se empertigou. Seu rosto carrancudo nublou-se ao examinar Harry. Cedric fez cara de estupefação. Olhou de Bagman para Harry e de volta como se tivesse certeza de que ouvira mal o que o bruxo acabara de dizer.
Como assim Potter era um campeão? Um quarto campeão? Mas... ele não era menor de idade? Será que Harry Potter seria uma exceção às regras? O menino-que-sobreviveu seria um título que lhe dava poder sobre o que era resignado aos demais alunos?
Fleur Delacour, porém, sacudiu os cabelos, sorriu e disse:
_ Que grrande piada, Senhorr Bagman.
_ Piada? – repetiu Bagman, confuso. – Não, não é não! O nome de Harry acaba de sair do Cálice de Fogo!
As grossas sobrancelhas de Krum se contraíram ligeiramente, mas Cedric continuou a parecer educadamente surpreso.
Fleur franziu a testa.
_ Mas evidantemante houve um engano – disse ela a Bagman com desdém – Ele non pode competirr. É jóvam demais.
_ Bom... é surpreendente – concordou Bagman, esfregando o queixo liso e sorrindo para Harry – Mas, como sabem o limite de idade só foi imposto esse ano como medida suplementar de precaução...
Cedric lembrou de Hermione e por um segundo sua mente viajou até onde ela estaria, como ela estaria, ele sentiu uma necessidade de ficar com ela, de amparar a tristeza que por alguma razão ele sabia que ela estava sentindo. Era como se ele... ele não sabia como era, não sabia nem o que era!
_ Não podemos fugir da responsabilidade... – continuava Bagman, mas Cedric só ouvia partes aleatórias de seu discurso.
Por que, nessa hora tão importante da sua vida, ele estava pensando nessa menina que ele havia acabado de conhecer? Por que o que ela estava sentindo era tão importante para ele? E por que tudo o que ele fazia parecia girar em torno dela nesses últimos dias?
Um zumbido de centenas de estudantes explodiu do outro lado da parede, quando entraram: o professor Dumbledore, seguido por Sr Crouch, o Professor Karkaroff, Madame Maxime, Professora McGonagall e Professor Snape. Apesar do barulho ter tomado a atenção de todos, Cedric continuava em seus desvaneios. O que se passava com ele? Não estava ouvindo ao momento mais glorificante da sua vida!
Karkaroff e Madame Maxime começaram a fazer exigências a Dumbledore, reclamar sobre a escolha de Harry, chegaram até a acusar Dumbledore.
_ Não é culpa de ninguém, exeto de Potter, Karkaroff – falou Snape suavemente. Seus olhos negros brilharam de malícia – Não saia culpando Dumbledore pela determinação de Potter em desobedecer às regras. Ele não tem feito nada exeto transgredir os limites desde que chegou aqui...
Pelo visto, Snape era simpático com todos os alunos...
Cedric riu ao ver como o professor tratava a todos. Será que ele também tratava Hermione assim? Merlin! O que estava acontecendo com esse garoto? Ele decidiu não pensar na grifinória, o que era difícil, uma vez que tudo lhe lembrava a aquela grifinória teimosa.
Dumbledore agradeceu a defesa de Snape e logo depois encarou Harry.
_ Você depositou seu nome no Cálice de Fogo, Harry? – perguntou Dumbledore calmamente, por trás de seus oclinhos de meia-lua.
_ Não. – respondeu Harry.
Mesmo que Potter parecesse honesto, Cedric não pode evitar uma olhada descrente em direção ao menino. Igualmente a todos presentes.
_ Pediu que outro aluno mais velho o fizesse? – tornou a perguntar o diretor.
Harry olhou para Cedric sem motivo real, somente queria ver o que os outros presentes na sala estariam pensando dele. Cedric franziu o cenho, se Potter pensasse em mencionar seu nome, estaria ferrado!
_ Não – disse Harry com veemência.
Cedric respirou com alivio.
_ Mas é óbvio que está mantindo! – pronunciou-se Madame Maxime.
_ Ele não pode ter atravessado a faixa etária! – disse professora McGonagall defendendo Harry.
_ Dumbly-dorr deve terr se enganado ao traçarr a linha. – concluiu Maxime.
_ É claro que isto é possível. – respondeu Dumbledore polidamente.
Dumbledore era incrível. Não haveria outro diretor, condecorado como ele é, que aceitaria o fato de que ele estivesse errado. Principalmente se vindo de uma diretora desesperada para desclassificar uma ameaça. Sim, era isso que Potter representava, agora, uma ameaça. E Cedric não podia sentir mais orgulho pelo diretor que tinham... Somente Dumbledore enfrentaria aquilo daquela maneira.
●●●
Hermione continuava sentada no banco, mas agora não chorava. Olhava para o nada e era como se os murmúrios e protestos ao seu redor não existissem. Ela pensava em Harry. Ah Merlin, Harry! Ela só tinha 14 anos! Como poderia sobreviver a isso? Como o nome de Harry havia parado naquela porcaria de Cálice? Por quê? Sua cabeça girava muito e mudava de alvo a cada minuto. Por um momento ela desviou seus pensamentos para uns olhos-cor-mel que estava tentando afastar da sua cabeça esse tempo todo. A angústia em seu peito ficou muito maior. Era como se mesmo Harry sendo mais jovem Hermione soubesse do que ele era capaz, ele era um grande bruxo, e já havia sobrevivido a coisas piores, além de que ela estaria lá para o que ele precisasse. Mas Cedric... ele não sabia no que estava se metendo! Ele nunca havia estado num caso de vida ou morte. Nunca. Hermione colocou as mãos no seu rosto. Sua cabeça estava quente em suas mãos, enquanto seu coração batia violentamente cada vez que ela pensava no que poderia acontecer com os dois.
De repente Hermione teve um estalo. Sua cabeça voltada somente para Cedric. Seu coração bateu fortemente no seu peito. Ela por um momento, esquecendo de tudo, pensou em tudo o que havia vivido com o garoto até agora. Pensou na primeira vez em que se viram, em como ficara obcecada por aquele garoto metido. Pensou no quão nervosa havia ficado por dormir com ele na mesma cama. Pensou em como ficou nervosa quando por um deslize caiu em cima dele no vagão do trem e em como coisas absurdas passaram por sua cabeça. Pensou em como seu cheiro a deixava maluca, como no vôo de vassoura em que ele colocou seu rosto no ombro da menina. Pensou na noite em que eles se sentaram na beira do lago. Como ela havia sentido uma necessidade enorme de estar junto com ele, nos braços dele. Hermione tira as mãos do rosto com os olhos arregalados.
_ Não... – ela murmurou para si mesma. – Por favor não... não agora... – ela suplicava.
De repente tudo estava perfeitamente encaixado na sua mente. E em meio a um buraco que crescia no seu coração a nova descoberta a fez ficar com raiva. Ela não podia acreditar que isso realmente havia acontecido. Ela não queria acreditar, queria nunca ter descoberto. Ela não sabia o que faria e a raiva crescia dentro dela. Logo agora isso vinha à tona. Logo agora que ele estava em um perigo crescente, que ela havia brigado com ele. Logo agora... que ela não precisava.
_ Por que Cedric Diggory? Por que eu tinha que me apaixonar por você? – sussurrou Hermione mais uma vez antes de fechar os olhos novamente.
●●●
_ Harry, Cedric, sugiro que vão se deitar – disse Dumbledore, sorrindo para os dois. – Tenho certeza de que Grifinória e Lufa-lufa estão aguardando vocês para comemorar e seria uma pena privar seus colegas desta excelente desculpa para fazerem muito barulho e confusão.
Cedric olhou para Harry, que concordou com a cabeça, e os dois saíram juntos da sala.
O salão Principal agora estava deserto; velas já estavam pequenas, dando aos sorrisos serrilhados das abóboras um ar misterioso e bruxuleante.
_ Então – disse Cedric com um sorrisinho. – Vamos jogar um contra o outro novamente!
_ Acho que sim – respondeu Harry. Na realidade ele não conseguiu pensar no que dizer. Dentro de sua cabeça parecia haver uma desordem total, como se o seu cérebro tivesse sido saqueado.
_ Então... me conta... – disse Cedric, quando chegaram ao saguão de entrada, que estava agora iluminado por archotes, na ausência do Cálice de Fogo. – No duro, como foi que você conseguiu inscrever o seu nome?
_ Não inscrevi. – disse Harry erguendo os olhos para o colega. – Não pus o meu nome lá. Falei a verdade.
_ Ah... tá. – respondeu Cedric não acreditando nem um pouco. – Bom... a gente se vê, então!
Cedric rumou para a porta à direita. Enquanto andava em direção à festa na casa da Lufa-lufa Cedric observou que os corredores desertos não estavam tão desertos assim. Numa certa distância estavam andando juntos Jack Dawson e Hermione Granger. Eles pareciam conversar sobre alguma coisa séria que estava incomodando Hermione. Mas Cedric queria que ele estivesse lá consolando-a, não Dawson! O que ele estava fazendo lá?
Cedric, um minuto depois desse pensamento, sentiu-se um egoísta psicótico. Até que Hermione e Jack pararam de andar. Pareciam estar se despedindo. Dawson abraçou Hermione isso já foi o bastante para fazer o estômago de Cedric revirar. Então, Dawson inclinou a sua cabeça para o pescoço de Hermione e apertou seus lábios contra ele, sentindo seu cheiro. Hermione pareceu ficar assustada e se afastou um pouco de Jack. Ele sorriu e se despediu com um beijo nas costas da mão da garota.
Hermione ainda ficou parada atônita ainda sem entender o que tinha acontecido, sua cara um pouco frustrada. Depois disso ela balançou a cabeça e se foi.
A última coisa que Cedric viu foi sua mão segurando sua varinha, apontando energicamente para um ponto onde não havia mais ninguém. Consciente, agora, do que estava fazendo ele abaixou a sua mão e respirou fundo, mas ela ainda tremia segurando sua varinha freneticamente. Algum sentimento estranho se apoderou do corpo de Cedric. Ele se lembrava de todas as vezes que havia se sentido assim, inconsciente. Todas às vezes foram com ela. E só ela parecia provocar esse tipo de sentimento e pensamentos nele. As coisas começavam a clarear na sua mente, e Cedric se esforçava o máximo para escurecê-las outra vez. Ele sabia que nunca se sentiria assim denovo. Ele não sabia se queria se sentir assim denovo. Confuso e com uma pontada de raiva, Cedric seguiu para sua festa na Lufa-lufa, ele queria esquecer de tudo que havia acontecido e tudo o que ele descobrira.
●●●
Hermione andava sozinha pelos corredores de Hogwarts, perdida em seus pensamentos. Perdida em seus recém descobertos sentimentos.
_ Hey, linda! – Jack pegou Hermione por trás.
_ Ah, oi Jack... – ela respondeu sem se dar o trabalho de fingir o sorriso.
_ O que você tem? – perguntou Jack franzindo o cenho.
_ Nada. – mentiu Hermione.
_ Ah, sim! – disse Jack sarcástico. – E amanhã eu marquei de pular corda com o Diggory...
Hermione riu levemente com a cena formando-se em sua cabeça. Jack, Cedric, e uma corda. Não poderia dar certo.
_ É esse negócio todo de Torneio... – Hermione contava parte da verdade. – Está me deixando maluca!
Jack riu.
_ Acho que você não se importaria se no Torneio não estivessem Potter e Diggory. – comentou Jack casualmente. – Aliás... como eles são idiotas! Quem arriscaria a vida por essa bobagem?
_ Acha isso mesmo? – perguntou Hermione encarando-o surpresa.
_ Claro... – disse Jack se fazendo de desentendido.
_ Você não colocou o seu nome no Cálice? – perguntou Hermione incrédula.
_ Não. – diz ele franzindo o cenho numa cara inocente.
Jack Dawson era um jogador muito apto. Ele via a careta que Hermione fazia toda vez que mencionava o Torneio ou quem se inscrevia. Ele a viu olhando tensa para a mesa da Lufa-lufa hoje de manhã. Ligar esses fatos não era nada difícil para uma mente como a de Jack.
_ Eu não faria isso. – disse Jack olhando Hermione com “zelo”. Muito diferente do zelo de Cedric. – Me conte o que está te perturbando, Mi. – completou Jack suavemente.
O rosto de Hermione se iluminou e Jack sorriu. Ele sabia que havia conseguido.
_ Bom... é uma longa história. – começou Hermione.
_ Eu tenho tempo. – afirmou Jack com um sorriso galante.
Eles andaram um bom tempo pelos corredores desertos do colégio, enquanto Hermione relatava quase tudo que a estava incomodando. Ela obviamente não comentou sua última descoberta, mas contou sua frustração por seu amigo Harry e por “seu” Lufa-lufa teimoso terem se metido nesse Torneio.
_ Eu entendo o porque está preocupada. Mas agora realmente não tem nada o que você possa fazer. Você precisa é de uma boa noite de sono... por as idéias no lugar. – disse Jack compreensivo.
_ É muito legal falar com você assim Jack... – comentou Hermione sorrindo. Ela recuperava sua confiança nele aos poucos.
_ É muito legal falar com você linda. – Jack disse rindo. – O fato de você estar falando comigo já é o suficiente para mim.
Hermione riu. Jack olhou o relógio.
_ Você já devia estar na sua casa, né? – perguntou Hermione adivinhando.
_ Sim... – disse Jack dando um meio sorriso derrotado. – Você não?
_ Tenho detenção a cumprir... – respondeu Hermione em desagrado.
_ Hermione + detenção? Dá uma incógnita! – disse Jack brincando.
_ Hermione Granger + Cedric Diggory dá em... – Hermione riu com a frase. – detenção. – completou ela, embora várias outras opções passassem pela sua cabeça.
_ E depois dizem que sonserinos são a má influencia! – disse Jack balançando a cabeça. – Bom, te vejo por aí, Mi!
Hermione estava esperando os velhos dois beijinhos de despedida, mas Jack puxou-a para um abraço, um abraço reconfortante. Ela agradeceu. Por um milésimo de segundo! De repente ela sentiu os lábios de Jack no seu pescoço. Isso a deixou assustada e com um pouco de raiva. Ela rapidamente se afastou.
_ Perdão, linda! É muito mais forte do que eu. – disse Jack beijando as mãos de Hermione e desaparecendo nas sobras.
Por um momento Hermione pensou em várias coisas malucas. Merlin! É como se eu tivesse traído ele! Pensou em uns olhos cor-de-mel num marrom escuro. E logo depois balançou a cabeça rindo de si mesma. Eles mal eram amigos. Ela estava enlouquecendo.
Depois de seu surto, ela rumou para sua detenção, que seria longa.
●●●
Na Lufa-lufa festa chegou aos seus extremos. Música alta e muitos alunos pulando sem parar. Música alta e muitas bocas desconhecidas se encontrando. Música alta e muita bebida contrabandeada. Música alta e várias regras da escola sendo quebradas. Música alta e Cedric Diggory, monitor da Lufa-lufa, pulando entre os amigos, desgovernado com o décimo segundo copo de Whiskey de fogo na mão.
Ciente de que a sanidade mental do amigo não era a mesma, Rudy o puxou para um canto longe da multidão que estava tão enlouquecida quanto Cedric, talvez até mais.
_ Cara! O que tá acontecendo? Você já não é muito normal sem estar desse jeito! – exclamou Rudy segurando todo o peso de Cedric.
_ Eu não estou normal! – disse Cedric com a voz alterada e pastosa. – Esse ano ninguém tá! Ninguém fica normal perto dela! – ele estava delirando.
Rudy olha para ele com uma cara de medo e começa a rir.
_ É... ninguém consegue... – comenta Rudy ainda rindo.
_ Sabe o que eu acho...? – perguntou Cedric caindo pro lado.
_ Não... o que Ced? O quê? – perguntou Rudy sentando o amigo na poltrona.
_ Nada faz sentido! – começou Cedric se jogando na poltrona. – Nada é real! Tudo é um obscuro vazio e sem nada!
_ Eu concordo com isso. – comentou Rudy rindo. – Mas acho que já tá bom de Whiskey para você hoje. – completou Rudy pegando o copo da mão de Cedric e acabando de bebê-lo ele mesmo.
_ Rudy... – Cedric chamou.
_ Fala. – disse Rudy rindo da expressão do amigo.
_ Eu te amo, cara! – disse Cedric abraçando Rudy.
_ Ah, cara... esse é meu primeiro copo de Whiskey, então eu só te acho legal. – disse Rudy abraçando Cedric de volta.
Cedric se jogou na poltrona e começou a observar o chão como se tivesse algo muito interessante para se ver.
_ Nossa, cara... que tipo de efeito a Hermione tem sobre você? Eu não te vejo assim há muito tempo. Na verdade, eu acho que nunca te vi assim. – comentou Rudy ao lado do amigo.
_ Hermione... Hermione tão bonitaaa! – Cedric falava aleatoriamente.
_ É... sim. – Rudy disse dando tapinhas em Cedric.
Eles ficaram alguns minutos calados, e então Cedric teve um estalo, levantando-se rapidamente cambaleando.
_ Cedric! Aonde você vai? – perguntou Rudy tentando se levantar.
_ Detenção! Eu tenho detenção! – disse Cedric completamente bêbado.
Rudy tentou ir atrás dele, mas um grupo de garotas, literalmente bloqueou a sua passagem...
●●●
Hermione estava arrumando os livros da biblioteca há duas horas e não estava nem perto de terminar. Ela subiu na escada para recolocar um livro no topo da estante. Hermione ouviu um risinho atrás de si. Olhou para os lados confusa. Não viu ninguém. De repente sentiu alguém puxando-a para baixo e fechou os olhos preparando-se para cair no chão. Mas quanto os abriu denovo ele percebeu que não havia caído, mas estava sendo segurada pelas pernas de frente para um não muito normal Cedric Diggory. Ele estava segurando-a como se fosse criança, então, ela ficava mais alta que ele, ele olhava para cima com um sorriso abobado.
_ O que você está fazendo aqui? – perguntou Hermione dando tapinhas nas mãos dele.
_ Eu... – começou Cedric, mas nem termina a frase.
_ Ah Merlin! Não chega perto das velas se não você explode a biblioteca! – disse Hermione abanando o cheiro forte de álcool que veio na sua cara. – Me solta! Você está bêbado!
Cedric riu de leve e soltou Hermione, tamanha foi a velocidade, que ela pensou que cairia mais uma vez, mas ele a segurou denovo, agora cara a cara com ele. Hermione abaixou a saia que havia levantado com o movimento rapidamente. Cedric sorriu. Os olhos dele pareciam duas chamas, tão quente que estavam. Hermione pôde sentir seu coração bater violentamente contra o peito do menino. Ele sentiu isso também.
Cedric se inclinou lentamente para Hermione, que estava com a respiração ofegante. Ele passou suas mãos delicadamente pelo cabelo em coque rebelde da menina, soltando-o, deslizando as mãos pelos seus cachos soltos até chegar em seu rosto. Hermione sentiu sua pele se arrepiar e fechou os olhos involuntariamente. Aquela sensação era boa demais, absurda demais para ser parada. Cedric inclinou-se perigosamente para o pescoço de Hermione e pousou seus lábios quentes sobre ele, demoradamente. Hermione se sentiu estremecer, e sentiu um sorriso se formar nos lábios que ainda se pressionavam contra o seu pescoço. Hermione coloca suas mãos sobre o peito de Cedric e sente o coração absurdamente acelerado do garoto. Sente o sorriso crescer no seu pescoço. E com toda a força do mundo, ela sabia que aquele não era ele naquela hora.
O que Hermione encontrou ao se afastar foi uma cara confusa e depois de alguns segundos um pouco raivosa.
_ Com o Dawson não tem problema, não é? – perguntou Cedric.
_ Com o Dawson não chega nem na metade do que eu senti, Cedric. – respondeu Hermione suspirando, com certeza de que ele não se lembraria disso amanhã. Ele não se lembrava nem de quem era agora!
_ Eu não entendo! – disse Cedric batendo na estante como se fosse um bebê.
Hermione agradecia por Srta Prince estar dormindo profundamente.
_ Eu que não te entendo! Você não gosta da Cho? Então por que está aqui? – perguntou Hermione extravasando a sua frustração.
_ Isso não é verdade! – disse Cedric deixando-se cair no chão, sentado com perna de índio. Hermione se sentou ao lado dele.
Cedric apoiou sua cabeça no ombro de Hermione com um biquinho de criança.
_ A Cho é legal, mas eu não gosto dela tanto assim... – dizia Cedric com a mesma voz pastosa.
_ Não? – perguntou Hermione incrédula.
_ Nãããão! Uuuuuh... – Cedric levantou a cabeça para olhar para Hermione. – Hey Mi, posso te contar um segredo. He he he he... – Cedric puxou Hermione para perto.
Merlin, ele estava muito fora de si!
_ Ah... eu acho que pode. – disse Hermione não muito confiante.
_ Eu não gosto tanto dela. Eu não estou apaixonado por ela. – ele dizia ainda rindo. – Eu estou apaixonado...
_ Você está apaixonado...? – perguntou Hermione a excitação evidente em sua voz.
_ Eu estou... – mas Cedric não teve a chance de terminar a frase, desmaiou no colo de Hermione.
Hermione revirou os olhos.
_ Era bom demais para ser verdade... – reclamou Hermione.
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NA MANHÃ SEGUINTE...
Cedric recusava-se a acordar, mesmo que o pequeno barulho de batidas no criado-mudo do lado de sua cama fosse irritante. Sua cabeça parecia que iria explodir, e ele tinha a ligeira impressão de que não queria encarar a realidade.
As batidas ao lado da cama de tornaram mais fortes, mais fortes, mais fortes, mais fortes... até que se transformaram em pancadas ensurdecedoras. Cedric abriu os olhos e se arrependeu de tê-lo feito tão rápido. A luz fez sua cabeça doer ainda mais.
_ Ah! Eu te acordei, Ced? Desculpa! – disse Rudy cínico.
Cedric percebeu estar em sua cama, no seu dormitório, mas não se lembrava de como havia chegado lá.
_ O que aconteceu? – perguntou Cedric colocando a mão na cabeça.
_ Ah! Eu esperava que você pudesse me dizer isso Cedric! – exclamou Rudy visivelmente irritado.
_ Eu fiz muita besteira? – perguntou Cedric com as mãos amparando a cabeça que latejava.
_ Besteira? – perguntou Rudy indignado – Essa palavra não descreve nem metade do que você fez!
_ Sério? – perguntou Cedric um pouco preocupado com sua conduta na noite anterior.
_ Na verdade, eu não sei dizer. – admitiu Rudy – Eu só peguei metade do estrago e a Mi não quis me contar o resto...
_ Espera! O quê? – perguntou Cedric confuso – O que a Hermione tem a ver com isso?
_ Você não se lembra de nada mesmo? – perguntou Rudy um pouco desapontado, ele esperava que Cedric esclarecesse a parte da história que ele não sabia.
_ Alguns flashes... – disse Cedric com a cabeça ainda latejando – Mas talvez você possa refrescar minha memória. – completou Cedric apreensivo.
_ Primeiramente, você é um idiota! – verbalizou Rudy.
_ Começou bem! – disse Cedric acidamente – O que mais?
_ Além óbvio que eu já disse... – falou Rudy ignorando a careta do amigo – Você ficou um pouco... fora do normal. Começou a falar da Mi para mim...
_ Eu falei da Hermione? – perguntou Cedric com um nó em sua garganta.
_ Sim, mais do que você já fala devo acrescentar. – disse Rudy rindo do amigo. – Começou a dizer como ela é linda blá, blá, blá...
Rudy gargalhou da cara que Cedric fez.
_ Você não consegue nunca ser solidário? – perguntou Cedric sem creer na reação do amigo.
_ Olha aqui bebum! Eu nem devia estar rindo! Você quer saber o que aconteceu ou não? - perguntou Rudy parando de rir.
Cedric balançou a cabeça em afirmação.
_ Bom... depois de você ter saído bêbado falando que tinha detenção e um grupo de meninas malucas me atacarem não me deixando ir atrás de você... – começou Rudy. – deve ter acontecido alguma coisa para você ter encontrado Hermione, provavelmente você a procurou do jeito que estava gamado nela ontem! Só sei que você desmaiou e a pobre Mi saiu em cada canto do colégio procurando um Lufa-lufa, e quando encontrou, fingiu estar passando muito mal e pediu que eles chamassem a mim. Quando eu cheguei, você estava no chão, um bagaço humano! Nós não podíamos deixar que ninguém te visse, então eu e ela levamos você escondido para o quarto. Não foi muito difícil, a festa continuava animada.
Cedric prestava toda a atenção.
_ As conclusões dessa noite são, - começou a ditar Rudy – Um: Você ficou bêbado e saiu pelo colégio desse jeito, sendo sujeito à suspensão, estou falando do Torneio! Parabéns Cedric! Dois: Você disse Merlin sabe o que para Mi, e agora não se lembra. Parabéns Cedric!, três: Agora Hermione sabe a entrada da Lufa-lufa. Parabéns Cedric! E por último o melhor! Você agora está com dor de cabeça e vai ter que arrumar o que dizer para Mi, BEM FEITO Cedric!
_ Muito reconfortantes suas palavras... – disse Cedric tentando lembrar-se o máximo da noite passada. Seria verdade que ele fez Hermione passar por isso tudo? E ela o ajudou...
_ Você nem imagina o que pode ter acontecido? – o lado curioso de Rudy falava.
_ Bem... – começou Cedric – Ai! – ele exclamou de dor.
_ Tá doendo tanto assim? – perguntou Rudy com um sorriso de leve.
_ Não... – Cedric franziu um cenho. – Eu tive um pequeno flash da noite passada.
_ E isso doeu? – comentou Rudy rindo. – Sua cabeça dói para pensar e eu sou o retardado!
_ Você quer ouviu ou não? – perguntou Cedric.
Rudy ficou em silêncio.
_ Eu me lembro... estávamos na biblioteca – começou Cedric com os olhos entreabertos – e me lembro de estar segurando-a... e me lembro de tê-la beijado...
_ O QUÊ?! – exclamou Rudy aterrorizado.
_ Calma! Não é como se eu tivesse beijado ela na boca. – Cedric disse balançando as mãos.
Rudy se sentou mais calmo.
_ Acho que foi o pescoço... – continuou Cedric.
Rudy levanta histérico.
_ O que você estava pensando?! – perguntou Rudy escandaloso com as mãos na cabeça.
_ Calma! Era... eu não me lembro... era... o beijo e depois... – Cedric estremeceu lembrando de seus lábios na pele de Hermione. – E... alguma coisa sobre nem metade e... Dawson.
_ DAWSON?! – exclamou Rudy. – Como você não se lembra do essencial seu imprestável?! – perguntou Rudy batendo na cabeça de Cedric.
_ Ai! – reclamou Cedric. Mas Rudy continuou a reclamar.
Tentando ignorar os gritos de Rudy, Cedric se concentrava naquela cena. A única que ele se lembrava e a única que valia a pena tentar lembrar mais. Ele se lembrava do que ele sentiu, ele se lembrava do cheiro dela, se lembrava dela ter estremecido e dele sorrir para isso. Não por ego, e sim porque seu coração batia na mesma velocidade extrema que o dela. Ele não queria admitir e fechava os olhos para isso. Talvez a bebida tivesse exposto algo que Cedric lutava para esconder em sua mente. Ele sempre soubera disso mas nunca ouvira, ele recusava-se a ouvir.
_ Eu sou um covarde... – Cedric pronunciou ainda confuso, mas suas palavras foram abafadas pelos gritos de Rudy.
A parte que Cedric não queria ouvir falou por ele, isso o fez sentir-se bem. Um êxtase apoderou-se de seu ser por um segundo e, logo depois, esvaiu-se. Afinal, não adiantava Cedric dizer algo e sentir-se eufórico se não acreditava no que havia dito.
Como já foi comprovado cientificamente, garotos são mais tapados que as garotas. No caso de Cedric isso é levado ao extremo! Enquanto Hermione vira e aceitara, de mal grado devo admitir, o que descobriu, Cedric viu e não aceita, não escuta...
Não julgaremos o medo, afinal, ele é o único sentimento real. O medo em Cedric é evidente, portanto, também não julgaremos a ele. Afinal, ser evidente, essa é a característica do medo. Como é o ser humano! Deixe-me ser mais clara.
O ódio, não existe. Pode-se não gostar ou sentir raiva de alguém, mas o ódio é algo raro que criamos para descrever um ou o conjunto de todos os sentimentos de repulsa. Ainda assim, podemos dizer que é um sentimento apaixonado. Vêem a ironia?
Então temos a alegria, um minuto ela está ali e no outro já se foi, a ponto de às vezes não conseguirmos diferenciar quando ela está e quando não. Quando ela não está dá lugar a uma melancólica tristeza. Apesar de não gostar de mencioná-la, sinto que devo, porque ela é o resultado de um supostamente real ódio ou da ausência de uma inconstante alegria. Negra e amarga, simples de descrever, difícil de sentir.
Paz de espírito... instável. O som de um prato ao se quebrar pode tirá-la de você.
Amor... Esse precisa de um parágrafo só dele. Já li que o amor às vezes coincide com paixão, às vezes não. Às vezes coincide com desejo, às vezes não. Agora o pior, amor às vezes coincide com amor, às vezes não. Como pode o amor não coincidir com ele mesmo? Fato. O amor é confuso e indescritível, é algo diferente para todos. Por isso ele é poético, não está no dicionário, pelo menos não de um jeito que satisfaça a todos.
Finalmente, chegamos ao medo. Após parágrafos e parágrafos podemos falar dele, já deve ter ficado cansativo esperar. Medo, real. Por que? Ele está ali e você sabe, ele está sempre com você, sendo ele um medo bom ou ruim. Ele não é poético, ele existe, ele não é instável, ele está sempre lá. É real.
Nós somos meras rosas azuis, clichê e ao mesmo tempo incomuns. Cada uma vive no meio de lágrimas, presentes em cada um dos sentimentos acima. Rosas azuis e lágrimas? Apenas reflexões de uma autora boba e frustrada.
●●●
Hermione brincava com a torrada em seu prato, sem a mínima intenção de comê-la. A noite anterior era, obviamente, a razão para sua falta de apetite. As cenas eram revividas nitidamente em sua memória.
Seu melhor amigo foi metido em um desafio de vida ou morte, assim como Cedric, a diferença é que, nesse caso, Cedric se meteu no desafio. Para Hermione o “coitado” da história era bem visível, e, como se estar no Torneio não fosse suficiente, Rony não estava falando com Harry. Era um inferno! Rony não acreditava em Harry e sentia-se traído, Harry por sua vez, estava magoado por Rony não creditar nele e sentia-se traído. Hermione tinha que ficar correndo de um lado para outro, tentando fazer com que os dois se falassem.
Ela não sabia quanto tempo isso iria durar, era só o primeiro dia de briga. E ainda havia sua detenção, Cedric chegando bêbado! Isso não parecia em nada com ele! Isso era ao mesmo tempo reconfortante e frustrante.
Vejamos por esse lado, não ser ele era bom, afinal, queria dizer que ele não saia se embebedando por aí. Ainda seria o príncipe metido. Parte ruim, ele não estar lá, ele não ter querido dizer ou fazer nada daquilo.
Não amar a Chang, soava como um alívio... O beijo, soava como um arrepio. Se um toque, um sorriso fazia o coração de Hermione disparar, aquele beijo a fez entrar em órbita. Era ridículo, infantil e apaixonado... Ugh! Essa palavra soava tão estranha, Hermione não sabia se poderia dizer em voz alta: “Eu te amo”. Era tão estranho... Mas em sua mente era claro.
Foi quando Hermione lembrou-se de como ela não o impediu, como ficou sem ação. Tão diferente de Jack... Lembrou-se do sorriso se formando nas curvas do seu pescoço e mais uma vez se arrepiou.
_ Mi, você está bem? – perguntou Harry.
_ Hã? – Hermione foi retirada da batalha mental que estava travando – Estou...
_ Sei... – disse Harry incrédulo – O que foi?
Harry não largava mais de Hermione desde que Rony parou de falar com ele. Ela não queria falar de certos assuntos, então, pensou na única coisa que podia falar.
_ É essa briga entre você e o Rony! – exclamou Hermione de modo crível
_ Mi, não comece... – pediu Harry.
_ Harry é tão infantil! Vocês são amigos... – começou Hermione ignorando o pedido de Harry.
_ Se ele fosse meu amigo, acreditaria em mim. – disse Harry acidamente, olhando Rony do outro lado da mesa.
_ Ele não é o único que não acredita... – apontou Hermione.
_ O resto não é... era meu melhor amigo, Hermione! – exclamou Harry.
_ Harry, tente entender. Você sempre fio mais rico que Rony, mais famoso que Rony... – continuou Hermione tentando agir como pacificadora.
_ E o que isso tem a ver? – perguntou Harry irritado.
_ Nada, nada até agora. – disse Hermione apesar da interrupção de Harry – Antes ele sabia o que você era, o que você queria, e não se importava em ser ignorado, toda vez quando alguém chegava dizendo: “Merlin! É Harry Potter!” Mas quando você foi escolhido pelo Cálice ele se sentiu ignorado por você, afinal, por que você guardaria o segredo de como por o nome só para você?
_ Mas eu... – tentou protestar Harry.
_ Sei que você não pôs Harry! – disse Hermione cortando-o – Mas isso que fez Rony explodir de raiva, cogitar a idéia de você ter querido ser o centro das atenções...
Harry ficou pensativo por um momento e Hermione sustentou o olhar.
_ Eu não ignorei ninguém, Mi... Nem menti... – disse Harry teimoso levantando-se triste – Te vejo na aula...
_ Hermione observou o amigo ir, incrédula. Por que esses meninos eram tão difíceis?
_ É um idiota mesmo! – exclamou Hermione frustrada, já de pé.
_ Eu sei... – disse uma voz aveludada atrás dela.
Hermione sentiu mais uma vez um arrepio percorrer sua pele e virou-se involuntariamente para encontrar os olhos cor-de-mel um tanto quanto embaçados.
_ Só não grite, por favor... – ele quase implorava, sempre de modo educado – As coisas ainda giram um pouco.
_ Pobrezinho... – disse Hermione colocando a mão em seus cabelos. Os olhos de Cedric se arregalaram. Hermione sorriu e deu um tapa bem forte onde sua mão antes acariciava
_ Ai! – reclamou Cedric dando um passo para trás com as mãos na cabeça.
_ Que pena que eu tenho de você! – debochou Hermione saindo do salão.
_ Eu fiz algo tão horrível assim? – perguntou Cedric seguindo-a. Ele agradecia por agora estarem em um espaço deserto.
_ Bem, você acha que sair correndo por aí de roupas íntimas, gritando o que você gosta de fazer quando está sozinho, é algo ruim? – perguntou Hermione sarcasticamente.
_ Quando eu estou sozinho? Ler? Ajudar os pobres? – perguntou Cedric divertido.
Hermione não riu, apenas virou para encará-lo.
_ Não acredito em você. – completou Cedric ao encontrar o olhar de Hermione.
_ Não acredite, você não pode saber mesmo! – repreendeu-o Hermione, sua voz tremia para não se alterar.
_ Isso não é verdade... – disse Cedric baixando os olhos. – De certo modo.
_ Você se lembra? – perguntou Hermione sentindo seu estômago dar um salto até sua garganta.
_ Sim Hermione, me lembro do beijo. – disse Cedric como se tivesse lido os pensamentos de Hermione – Não tanto quanto eu queria mas... o essencial. Como onde... – ele parecia se lembrar agora e deu uma olhada furtiva para o pescoço de Hermione.
Ela ficou sem fala, imóvel, não esperava que ele fosse ser tão direto.
_ Me perdoe... – pediu Cedric ao ver a expressão no rosto de Hermione.
_ Não ouse se desculpar! – exclamou Hermione, então verbalizou algo que deveria ter sido pensado – Faz parecer como se fosse algo errado.
_ O.k, eu... – Cedric parou confuso – Não foi errado?
_ É... – Hermione repreendia-se fervorosamente – Claro! Claro que é, foi! – concluiu nervosamente – Ugh! – gemeu para enfatizar.
_ Foi tão ruim assim? – perguntou Cedric, ou devo dizer o ego de Cedric.
_ Ruim não tem como ser! – escapuliu mais uma vez da boca de Hermione – Que droga!
Cedric rui do desespero de Hermione.
_ Como você é adorável quando fica nervosa! – ele comentou rindo.
_ Qual é o seu problema? – perguntou Hermione frustrada.
Cedric teve um ataque de risos.
_ Não ria! – protestou Hermione. Ela não podia com o sorriso de Cedric. – Você é tão... Ugh! Não entendo você!
_ Também não me entendo... – disse Cedric tentando ser solidário, mas ainda sorria.
_ Eu sei... e não me importo! – disse Hermione um pouco histérica e muito desconfortável pelo sorriso. Era como se agora que ela sabia o que sentia, não soubesse como agir. Como se antes soubesse! ¬¬
_ Se importa, sim! – disse Cedric divertindo-se como nunca – Não estaria assim se não se importasse!
Hermione sustentou o olhar divertido dele, sem resposta, por alguns segundos, e logo depois se virou para ir embora, fugir.
_ Você não vai conseguir fugir! – Cedric parecia ter respondido ao pensamento de Hermione – Vou esperar por minhas aulas extras de Runas Antigas!
Hermione virou-se para o olhar risonho do menino.
_ Prepare-se para seu inferno! – ela ameaçou.
_ Acho que vai ser divertido.... – contrapôs Cedric.
_ Não conte com isso! – disse Hermione antes de ir embora de vez.
Como Hermione foi embora não pode ver a novo sorriso crescente no rosto de Cedric. Era um desafio e, sem perceber quando, ele decidiu aceitá-lo.
●●●
Uma aula de Herbologia com a Lufa-lufa foi o bastante para demonstrar quanto os alunos da casa estavam frios com os grifinórios. Eles provavelmente achavam que Harry roubara a glória do seu campeão.
Rony e Harry ainda não se falavam. Hermione se sentou entre os dois, procurando a custo manter uma conversa, e embora os dois lhe respondessem normalmente, evitavam se olhar. Até a professora Sprout parecia distante com Harry, afinal, ela era diretora da casa.
Uma hora ou outra Malfoy teria que provocar Harry, isso aconteceu e Harry ignorou para o alívio de Hermione. Ele e seus amigos ficavam empurrando distintivos como: Apóie CEDRIC DIGGORY o VERDADEIRO campeão de Hogwarts, logo depois isso se transformava em POTTER FEDE.
Os alunos da sonserina rolaram de rir com a brincadeira de Draco, principalmente Pansy Parkinson e sua turma de amigas.
_ Ah, que piada! – disse Hermione com sarcasmo a Pansy – Só devia lembrar de usar uma coisa chamada... Como é? Graça!
Rony estava encostado à parede com Dino e Simas. Ele não estava rindo, mas tampouco defendia Harry. Pansy olhou Hermione embasbacada.
_ Quer um, Granger? – perguntou Malfoy, oferecendo um distintivo a Hermione. – Tenho um monte. Mas não toque na minha mão agora, acabei de lavá-la, sabe, e não quero que uma sangue-ruim a suje.
Uma coisa leva a outra, Harry e Malfoy se estressaram e gritaram.
_ Furnunculus! – berrou Harry.
_ Densaugeo! – berrou Malfoy.
Malfoy atingiu Hermione e Harry a Goyle. Rony foi acudir Hermione. Snape chegou e deu razão a Malfoy, Harry e Rony ficaram em detenção. Hermione saiu correndo pelo corredor afora depois que o professor friamente disse que não havia diferença entre os dentes que “ganhara” com o feitiço de Malfoy, estes lhe passavam do decote, e os seus verdadeiros.
Colin Creevey interrompeu a aula de Snape, Harry teria que tirar fotos e dar entrevistas como era um dos campeões. Isso só fez o humor de Snape piorar.
●●●
Hermione enxugava seus olhos vermelhos de tanto chorar pelas palavras maldosas do professor. Como Snape era cruel! Injusto... Devia ter algo no passado dele, era impossível alguém ser daquele jeito somente por ser...
Hermione já estava na porta da enfermaria agora. Bateu na porta.
_ Entre... – Madame Pomfrey disse do outro lado da porta.
Hermione entrou em silêncio, já que ela não conseguia falar. Madame Pomfrey estava concentrada em algumas folhas.
_ O que foi... Ah! – exclamou Pomfrey se assustando ao olhar Hermione. – O que aconteceu?
Hermione balançava os ombros. Como se ela conseguisse falar!
_ Você quer dar um jeito nisso? – perguntava Madame Pomfrey debilmente.
Não vim aqui tomar sorvete! Exclamava Hermione em pensamento.
_ Sente-se, sente-se! – disse Madame Pomfrey pegando uma lixa um tanto maior que o comum – Me diga quando estiver bom, O.k?
Hermione teve um pequeno estalo, há anos tentava convencer seus pais a lixar os dentes em um tamanho normal em Hogwarts, mas como bons dentistas eles nunca davam o braço a torcer. Essa idéia deixou o espírito de Hermione bem melhor, e ela planejava fazer uma queixa formal a algum professor, mesmo que não fosse Dumbledore.
●●●
A sala onde os campeões estavam reunidos era relativamente pequena; a maior parte das carteiras fora afastada para o fundo do aposento, deixando um amplo espaço no meio; três delas, no entanto, foram enfileiradas lado a lado, diante do quadro-negro e cobertas com uma toalha de veludo. Cinco cadeiras tinham sido arrumadas atrás das mesas cobertas de veludo e Ludo Bagman estava em uma delas conversando com uma bruxa que usava vestes de Carmim.
Victor Krum estava de pé, pensativo, a um canto, como de costume sem falar com ninguém. Cedric e Fleur estavam entretidos conversando, a garota parecia muito mais feliz do que Harry a vira até então; não parava de jogar a cabeça para trás de modo que os cabelos longos e prateados refletiam na luz.
_ Ah, aqui está ele. O campeão número quatro! Entre Harry, entre... – começou Ludo Bagman ao ver Harry – não tem com o que se preocupar, é apenas a cerimônia de pesagem de varinhas, os outros juízes estão chegando...
_ Pesagem de varinhas? – repetiu Harry nervoso.
●●●
Hermione andava pelos corredores de dentes novos, melhores, e mais decidida do que nunca. Fazer uma queixa a alguém não era algo que deixaria para depois. Mas ela andava e andava pelo castelo e parecia não haver uma alma viva presente. Todos estavam em aula.
_ Droga... – murmurava para si mesma.
Até que Hermione ouviu uma certa agitação vinda de uma sala pequena, uma corrente de adrenalina tomou conta do seu ser mais uma vez. Snape não sairia dessa tão facilmente.
●●●
_ Muito obrigado a todos – dizia Dumbledore, levantando-se da mesa dos juízes – Vocês podem descer para suas aulas agora, ou talvez possam faltar essa última, afinal falta pouco tempo para ela terminar...
Finalmente havia acabado, Cedric via que seu relógio marcava 5:30 em ponto e não queria se atrasar para sua aula... Um sorriso pequeno cresceu em seu rosto. Fleur Delacour sorriu de volta e Cedric teve de fingir um adeus educado. Além do que ela era extremamente bonita, quem não veria seus encantos?
_ Fotos Dumbledore, fotos! – exclamou Bagman. Cedric não acreditava – Todos os juízes e os campeões. O que você acha Rita?
_ Hum... certo, vamos fazer essas fotos, primeiro. – respondeu Rita Skeeter olhando para Harry.
A porta de abriu de supetão.
_ Mas será que nenhuma maçaneta nessa escola funciona?! – reclamou Hermione.
Todos olharam para ela com os olhos arregalados, ela ficou com a cara no chão.
_ Eu... é... – Hermione estava começando a ficar roxa, realmente não sabia o que dizer. Ela nunca imaginou que a sala estivesse sendo usada para algum tipo de cerimônia. Agora pares de olhos surpresos a observavam a procura de uma resposta. Sua garganta estava seca e ela sabia que não conseguiria falar. Estava ferrada!
_ Sim? – perguntou Rita Skeeter observando Hermione curiosamente, sua pena de repetição rápida estava preparada.
_ Eu... – foi a única coisa que Hermione conseguiu dizer, ainda assim muito fracamente.
_ Eu a chamei aqui! – exclamou Harry em seu intuito de herói, agora estava salvando Hermione.
Todas as cabeças se viraram para Harry.
_ Nós íamos nos encontrar depois da cerimônia... – continuou Harry olhando significativamente para Hermione, para que ela tirasse a expressão confusa do rosto e agisse com naturalidade.
_ É... – concordou Hermione se recompondo – Eu... estou adiantada, acho.
_ Não tem problema, Mi! – disse Harry aliviado. – Já vamos acabar, pode esperar lá fora?
_ Não vejo porque ela não pode ficar! – protestou Rita em sua voz esganiçada – Talvez possamos conversar depois... – acrescentou sorrindo maliciosamente.
_ Pode ficar Srta Granger – concedeu Dumbledore – mas não vejo por que de entrevistas... – agora ele se dirigia a Rita.
_ Há muitas razões... – comentou Rita em voz baixa, de modo que ninguém ouvisse. – Fotos! – exclamou, agora, para que todos ouvissem.
Os diretores e campeões posicionavam-se para fotos e Hermione observava num canto.
O coração de Hermione ainda estava acelerado, por conta do conflito provocado por sua abrupta entrada. Graças a Harry ela se livros de uma boa bronca, talvez por reclamações fora de hora... Seria engraçado, mas poderia acontecer. Hermione permitiu-se sorrir.
_ Por favor, professora Sprout, acho que precisaremos trocá-la de lugar outra vez. – dizia o fotógrafo trocando a professora de lugar pela enésima vez. Em todo lugar que ela era colocada, fazia sombra aos demais.
Hermione riu mais uma vez, foi quando congelou ao encontrar outro sorriso, olhos cor-de-mel que brilhavam e só faziam a figura a sua frente tornar-se mais perfeita. Hermione chegava a ouvir seu coração, esperava ser a única.
Pelo menos ele foi colocado ao lado de Fleur Delacour tornando o contraste dele com os demais menor. Hermione começou a prestar mais atenção nela, seus traços perfeitos e cabelos longos prateados, perfeitos. Ficar na mesma sala que ela chegava a constranger. Hermione observou seu reflexo no vidro de um armário... Ela tinha os cabelos soltos e seus cachos rebeldes, como sempre. Nunca usava maquiagem e não se considerava cuidadosa consigo mesmo, só fazia o essencial.
Sim, observar Fleur a fazia querer tomar vergonha na cara! Hermione franziu o cenho, mas não pelos pensamentos supérfluos acima. Fleur estava sorrindo radiante, suas mãos não se aquietavam... Esse era o problema, Fleur passava as mãos em Cedric de foto em foto. Era evidente que ela estava se aproveitando.
Tem que ficar encostando nele a cada foto?! Perguntava Hermione, mentalmente. O ciúme estava tomando conta dela, e não era como havia lido, ou visto, sentir era muito pior e muito mais forte.
_ Agora vamos para as fotos individuais! – anunciou o fotógrafo.
Fleur foi a primeira, o fotógrafo parecia ter um interesse particular nela. Harry veio ao encontro de Hermione. Cedric planejava fazer o mesmo, desistiu, ficando encostado na parede esperando sua vez.
_ Mi, você está vermelha! – comentou Harry – Ainda sobre sua “entrada divina”?
_ Foi engraçado para você – disse Hermione quando Harry começou a rir. – mas eu quase morri!
_ O que você veio fazer, afinal? – perguntou Harry interessado, reprimindo o riso.
_ Uma queixa formal! – exclamou Hermione determinada mais um vez.
_ O quê? – Harry perguntou confuso, voltando a rir pela reação de Hermione.
_ Contra Snape! É, ele vai ter o que merece! – Hermione produziu uma risada maléfica.
_ Ai, Mi... – disse Harry rindo – obrigado!
_ Pelo o que? – perguntou Hermione sem entender, saindo de seu momento “Hermione do mal”
_ Só você para me fazer rir, nesses dias... – acrescentou Harry um pouco triste.
_ Rony costumava nos fazer rir... – comentou Hermione.
_ Ele que começou, é problema dele! – teimou Harry.
_ Você sente falta dele! – apontou Hermione – Eu sei que ele sente falta de você!
_ Eu não sinto falta dele! – Harry continuava teimoso.
_ Hermione olhou-o incrédula, com os braços cruzados.
_ Não esquenta com isso, Mi! – disse Harry puxando-a para um abraço que ambos necessitavam – Todos já temos coisas demais na cabeça...
Hermione via a solidão em Harry, e ele via a frustração em Hermione. Ambos aceitaram o abraço, aproveitaram-no. Era um abraço conhecido e acolhedor, nele não haviam arrepios ou incertezas. Eram dois irmãos e um abraço.
No outro canto da sala Cedric observava a cena com o cenho franzido e os braços cruzados, ainda encostado na parede. Sua respiração havia ficado pesada e ele analisava suas reações até ali.
Primeiro estava ansioso, depois feliz. O motivo foi a entrada atrapalhada de Hermione. Na hora das fotos ele ainda a observava, discretamente. Quando ela sorriu, ele também sorriu, talvez tenha sentido seus olhos cintilarem com deslumbramento. Como ela destoava do resto da sala. Seu sorriso iluminava o cômodo e seus cabelos soltos e imperfeitos eram sua personalidade, ela em si era fascinante. Precisava ser tão linda?
Quando as fotos acabaram ele foi ao encontro dela, mas parou no meio do caminho. Hermione e Potter pareciam conversar sobre algo privado e ele não podia se meter. De longe os viu rir e viu Harry abraçar Hermione, o abraço durou, durou muito! Enquanto Harry e Hermione não se afastavam, Cedric sentiu sua expressão facial se tornar zangada.
Mas por que ele estava zangado? Ela não tinha o direito de estar zangado! Ele não tinha por que. Ainda assim sentia seus braços se apertarem contra seu perito e seu estômago revirar. Ele queria gritar algo como “Solta ela!”, mas não poderia.
O que estava acontecendo? Ele não queria que Hermione e Harry saíssem juntos depois das fotos, queria interromper a conversa, queria não estar... com ciúmes, ciúmes de amigo, obviamente.(?)
_ Sr Diggory, sua vez. – o fotógrafo avisou interrompendo seus pensamentos, agora, ele e Harry eram os únicos sem fotos.
_ Harry foi chamado para mais perto do fotógrafo, para assim estar pronto quando fosse sua vez. Hermione o acompanhou.
_ Isso é estranho... – comentou Harry observando Cedric com Hermione. – O que eu vou fazer?
_ Harry Potter não sabendo com lidar com afama? – perguntou Hermione em tom de deboche – Irônico, não?
_ Nunca soube... – respondeu Harry sinceramente. – O Cedric parece ter mais porte para essas coisas do que eu. – comentou Harry em meio de comentário como “A câmera te ama!” vindos do fotógrafo.
_ Não sei... ele podia tentar sorrir. – disse Hermione sentindo falta do sorriso de Cedric.
_É, ele parece estar com raiva. – admitiu Harry – Imagem intimidadora? – tentou.
_ Seja lá o que for... – disse Hermione balançando a cabeça.
_ Não há nada que nós possamos fazer. – disse Harry – A não ser que você queira gritar...
_ Hey! Diggory! – gritou Hermione.
Harry arregalou os olhos e Cedric desviou seu olhar para Hermione.
_ O que você está fazendo? – sussurrou Harry, sem acreditar que Hermione tinha gritado.
_ Tão sério? – perguntou Hermione a Cedric com as mãos na cintura em falsa repreenda. – Dá um sorrisinho, vai? A câmera te ama! – acrescentou rindo.
Cedric riu divertido, o fotógrafo acenou positivamente para Hermione, como que em agradecimento.
_ Terminamos aqui! – anunciou satisfeito.
Harry foi tirar suas fotos, não sem antes sussurrar no ouvido de Hermione.
_ Quem te viu, quem te vê Srta Granger!
Hermione sorriu com o comentário, ela realmente se sentia um pouco diferente esse ano.
_ Muitos segredos, hein? – Cedric estava ao seu lado agora, e tentava soar casual.
_ Como? – perguntou Hermione sem entender.
_ Você e Potter, muitos segredos... – explicou Cedric, seu maxilar estava contraído.
_ Não há segredos entre mim e Harry... – respondeu Hermione.
_ Ah, isso é ótimo! – Cedric exclamou exageradamente. – Esse tipo de amizade é bem bonito! É amizade, não é?
_ Claro... – disse Hermione ainda confusa. – Eu amo Harry.
Cedric pendeu um pouco para o lado, desequilibrando-se um pouco.
_ Você está bem? – perguntou Hermione segurando-o, mesmo que não precisasse.
_ Nada... só a sinceridade das suas palavras. – disse Cedric se endireitando rapidamente.
_ Ah... – disse Hermione sem entender, para logo depois franzir o cenho.
Cedric suplicava a Merlin que ela não percebesse que ele estava com um ciúme doentio.
_ Falando em amizades... – começou hermione. – Você parece ter feito muitas...
_ Hã? – foi a vez de Cedric não entender o que ela estava falando.
_ Você e a Delacour... estão bem amigos. – Hermione sentia um monstro no seu estômago gritando “Delacour o caralh...”
_ Ah... – disse Cedric se lembrando das poucas vezes em que havia falado com Fleur. – Sim, sim... ela é uma menina bem simpática.
_ E muito bonita... – comentou Hermione entredentes.
_ É, muito bonita. – disse Cedric indiferente.
_ Então você concorda? – perguntou Hermione com a voz um pouco alterada.
_ Não era para concordar? – perguntou Cedric sem entender.
_ Claro! – disse Hermione numa voz esganiçada – Ela é!
Cedric começou a rir.
_ Que foi? – perguntou Hermione.
_ Sua voz deve ter aumentado uns quatro decibéis. – comentou Cedric ainda rindo.
Hermione corou, a mentira fora tão evidente que sua voz saíra extremamente esganiçada, fina. Cedric continuava a rir.
_ Já acabei, Mi, vamos? – interrompeu Harry. Cedric fechou a cara.
_ Vamos! – exclamou Hermione feliz em desviar o olhar.
_ Temos aula! – lembrou-lhe Cedric se colocando entre ela e Harry.
_ Eu te alcanço lá! – respondeu Hermione contornando-o para chegar a Harry. – Biblioteca, às seis horas, certo? – perguntou olhando-o por cima dos ombros enquanto saía.
_ É... – concordou Cedric sério.
_ Te vejo lá! – despediu-se Hermione, batendo a porta atrás de si.
Cedric continuou olhando para a porta por alguns segundos.
_ Cedrric? – Fleur o chamou com seu sotaque carregado.
_ Sim? – perguntou Cedric sorrindo educadamente. – Em que posso ajudar?
_ Ah, semprre tan galante! – exclamou Fleur com um sorriso perfeito e cativante. – Você poderria me mostrrar a colégio? Ogwarts ser tan grrande...
_ Não te mostraram as dependências escolares ainda? – perguntou Cedric surpreso.
_ Bem, o maior parrte, mas há lugarres que me perrco... – Fleur disse fazendo um ligeiro biquinho.
_ Bem, - Cedric observou seu relógio, os ponteiros marcavam 5:45, isso lhe dava quinze minutos de descanso – Tenho aula extra...
Fleur pareceu ficar desapontada.
_ Mas acho que posso te mostrar algumas coisas! – acrescentou Cedric – Ainda tenho um tempo antes da aula.
Fleur Delacour sorri radiante.
●●●
Harry e Hermione encontravam-se na sala comunal da grifinória. Hermione separava as coisas que precisaria para aula.
_ Por que Cedric quis entrar em Runas Antigas? – perguntava Harry ainda incrédulo.
_ Vai saber! – exclamou Hermione, rindo por dentro – Menino estranho...
_ Com o qual você tem passado um bom tempo ultimamente. – comentou Harry malicioso.
_ Estou ignorando o duplo sentido nessa frase. – avisou Hermione, colocando o material separado em sua mochila.
_ Mas ele é evidente. – contrapôs Harry – Cedric não te largou esses dias... Mi, sejamos sinceros. – pediu Harry.
_ Harry, sabe a Cho Chang? – perguntou Hermione, vendo o amigo enrijecer. – Evidente que sim... Bem, ela e Cedric têm alguma coisa, ou pretendem ter, o que anula seu julgamento.
_ Não acho que... – começou Harry desconfortável com a idéia Cho e Cedric. – Você não vê? No trem, na cerimônia... foi estranho. – insistiu.
_ Quer a verdade Harry? – perguntou Hermione, suspirando – Eu acho melhor que nós dois nos finjamos de cegos, para não vermos o que não existe.
_ Ou o que existe, mas não queremos ver! – insistiu Harry.
_ Como a amizade de três anos que você e Rony estão fingindo que não existe? – perguntou Hermione jogando a mochila nos ombros.
_ Mas você não esquece esse assunto! – reclamou Harry.
_ Nem você! – contrapôs Hermione – Eu sei que... – ela observou a expressão de Harry e desistiu. – Deixa para lá! Tenho que ir e não quero sair com você chateado.
_ Ah, sim! – Harry exclamou rindo de algo interno – Boa aula!
_ Tchau... – despediu-se Hermione confusa com um beijo em sua bochecha.
Já nos corredores Hermione pensava no que disse a Harry. Fingir-se de cega... ela não conseguiria, e não falar mais com Cedric era uma missão condenada ao fracasso. Decidiu, por fim, continuar seu ano letivo da melhor maneira possível, ela sabia que cairia na tentação de falar com ele, brigar com ele, e que não conseguiria ignorá-lo por completo. Simplesmente aceitava, entendia que estava devendo dinheiro a Merlin e que sua vida seria um inferno desde então.
Hermione para em frente à porta da biblioteca e suspira.
_ E que o inferno comece! – murmurou antes de abrir a porta.
Cedric estava sentado em uma mesa, mais ou menos no meio da biblioteca, tinha seus pés em cima dela. Hermione adentrou a sala e srta Prince foi imediatamente ao seu encontro.
_ Estarão livres para ficar até 7:30, voltarei para fechar a biblioteca nessa hora. – avisou srta Prince passando pela porta, sem olhar para trás, entediada.
Hermione foi até a mesa e colocou a mochila nela. Cedric estava sentado desleixado, as pernas ainda sobre a mesa, e as mãos entrelaçadas na frente do seu corpo. Ele se limitou a observar Hermione retirar o material da mochila.
_ Você está atrasada. – disse Cedric por fim.
_ Foram vinte minutos não uma vida, não dramatize. – disse Hermione encarando-o – E tira essa cara! Do que eu preciso? Uma câmera? – perguntou Hermione, rindo.
_ Há! – Cedric debochou sem nenhum humor – Onde você estava?
_ Com Harry... – respondeu Hermione prontamente.
_ Potter? – Cedric a interrompeu.
_ Tem outro? – perguntou Hermione sarcasticamente, de repente ela torceu o nariz.
_ Fazendo o que? – continuou Cedric sentando-se apropriadamente.
_ Adivinhe, Cedric! Deixa sua mente fluir! – exclamou Hermione. O que ela estaria fazendo com Harry de tão especial?
_ Não me peça para imaginar... – disse Cedric se inclinando para frente da mesa, Hermione estava sentada sobre ela ao lado dele, revisando algumas anotações enquanto falava.
_ Não me venha com duplos sentidos sem fundamento, não sou eu que estou cheirando a perfume francês! – Hermione pegou Cedric de surpresa.
_ Que? Eu? Hã? – Cedric levou as vestes ao nariz. Hermione riu.
_ Foi divertido? – perguntou Hermione com uma cara cínica.
_ Eu estava mostrando a escola... – defendeu-se Cedric.
_ Para Fleur Delacour? Que sorte! – mencionou Hermione cruzando as pernas e os braços. – E depois ela teve que agradecer com um grande abraço, certo?
_ Não falaremos da simpatia de Fleur, eu tenho uma aula, não? – disse Cedric pendendo a cabeça para direita fitando Hermione de cima a baixo. – Mas se a minha professora continuar a se sentar à mesa assim tão... Sexy! – ele sorriu – Vou ter que fazer uma queixa formal de porque não presto atenção nas aulas...
Hermione sentiu um forte calor lhe subir as bochechas e pulou de cima da mesa, encabulada. Cedric ria de sua reação.
_ Pode parar com as piadas, Cedric. – advertiu-o Hermione.
_ Quem disse que era piada? – perguntou Cedric ainda divertido.
_ Pena e pergaminho na mão, por favor. – disse Hermione ignorando-o. – Tente acompanhar.
Cedric mal teve tempo de pegar sua pena.
_ A escrita rúnica é uma das mais antigas conhecidas; tem mais de doze mil anos. – começou Hermione completamente compenetrada no que dizia. - A sabedoria das runas foi deixada aos Vikings pelo deus nórdico Odin, para que os homens a ela recorressem, para se divinizar e para obter um sábio aconselhamento quando necessário. Odin se submeteu a um supremo ato de auto-sacrifício para obter o conhecimento secreto das runas. Permaneceu suspenso, por nove dias e nove noites, pendurado pela lança, de cabeça para baixo no Yggdrasil, a "árvore do mundo", até se dar conta das pedras rúnicas no chão.
Cedric a observava, boquiaberto, ele sabia que Hermione era inteligente, mas ouvi-la ao vivo, transbordando conhecimento, falando sobre aquela matéria como se fosse algo fascinante... Ia além de qualquer expectativa.
_ Esticando-se com dificuldade conseguiu apanhá-las, sendo então libertado pela magia destas pedras e, por iluminação, aprendeu os conhecimentos e poderes mágicos das runas. Odin transmitiu à humanidade esse conhecimento obtido sobre as palavras mágicas e também de como registrar essas palavras através do alfabeto rúnico. – Hermione parou abruptamente, olhando para o pergaminho em branco à frente de Cedric – Você não está anotando nada?
_ Você... você nem me deu tempo para anotar! – exclamou Cedric ainda confuso.
_ Ugh! – gemeu Hermione em desaprovação – Vamos começar com frases pequenas, O.k?
Cedric pegou a pena e molhou na tinta, agora preparado. Ele estava um pouco chocado, mas Hermione era muito engraçada dando aula.
_ Você ri de tudo, né? – perguntou Hermione ao ver a sorriso no rosto de Cedric.
_ Não tenho sorrido assim há muito tempo... – comentou Cedric. – É uma sensação um tanto quanto boa.
Hermione sentiu um BAQUE em seu peito. Lembrou-se da história de Rudy, de como ele disse que Cedric não sorria mais até alguns anos atrás. Será que fazê-lo sorrir mais do que de costume era ruim? Hermione sentiu uma ponta de culpa por mandá-lo parar de sorrir, mas sabia que não seria a ultima vez.
Cedric pigarreou para chamar a atenção de Hermione para fora de seus desvaneios.
_ Ah, sim! – Hermione voltou ao mundo real sacudindo a cabeça – Tente “A flor é bela” .
_ Que flor? – perguntou Cedric confuso.
_ A frase, para você escrever. Você não está prestando atenção? – perguntou Hermione cruzando os braços ao lado de Cedric, ainda de pé.
_ Já te expliquei essa parte... – comentou Cedric, olhando Hermione de canto de olho.
Hermione deu um tapa em sua nuca.
_ Ai! Violência, agora? – reclamou Cedric.
_ “A flor é bela”! – repetiu Hermione.
_ E quase tão doce quanto minha professora! – completou Cedric rindo.
_ Guarde seus elogios para você mesmo, – respondeu Hermione – agora, comece a trabalhar.
_ Mas eu nem comecei! – protestou Cedric – Ainda tem um monte, olha...
_ Não quero ouvir, escreva! – disse Hermione cansada do deboche dele.
O diálogo que se segue foi tão rápido, que as reações não são possíveis de escrever. O importante é saber que começa por Hermione e depois continua se alternando.
_ Pára!
_ Com o que?
_ Você sabe com o que!
_ Só quero te fazer elogios!
_ Só quer se fazer de engraçadinho!
_ Me acha engraçadinho?
_ Ugh!
_ Bom argumento!
_ Quer outro? Comece a escrever se não quer repetir em Runas Antigas! – finalizou Hermione.
Cedric reprimiu o riso e baixou seus olhos para o pergaminho. Hermione suspirou, e voltou a sentar em cima da mesa, pegou um livro e começou a analisá-lo. Ela espiava o “progresso” nulo de Cedric de vez em quando.
Cedric tentava ao máximo se concentrar, mas quanto mais tentava, mais a frase parecia não ter sentido. Hermione estar sentada em cima da mesa ao seu lado, não ajudava em nada. Ele sentiu sua garganta ficar seca, e sua respiração ofegante, suas pernas tremiam como quando ele ficava nervoso. Cedric tentava ao máximo não olhar para o lado, pois não sabia o que seria capaz de fazer, também não sabia o que estava acontecendo com ele.
_ Você está bem? – perguntou Hermione mais uma vez.
_ Uhum... – murmurou Cedric.
_ Acabou? Posso ver? – perguntou Hermione pegando o pergaminho.
_ Não, espere... – tentou protestar Cedric.
_ “A flor da capela”? – perguntou Hermione franzindo o cenho. – Meia hora e você me escreve “A flor da capela”?
_ Pelo menos rima... – disse Cedric encolhendo os ombros.
_ O.k... – Hermione suspirou e desceu da mesa, colocou o pergaminho na frente de Cedric e perguntou inclinada atrás dele com o rosto perto de seu pescoço, mas estava olhando para frente. – No que você tem dificuldade, exatamente?
Hermione sentiu Cedric enrijecer na cadeira.
_ Calma, Runas Antigas não é assim tão fácil... – Hermione tentou consolá-lo.
Ele se permitiu sorrir, ela realmente achava que suas reações tinham a ver com a matéria? Hermione parecia cega às vezes...
_ É um pouco de dificuldade na hora de traduzir, há muitas palavras com múltiplos significados... – Cedric falou finalmente.
_ Isso se elimina com a prática... – explicou Hermione.
_ Que perfume é esse? – interrompeu-a Cedric, virando seu rosto para sentir o cheiro no pescoço de Hermione.
_ Você tem que fazer isso?! – perguntou Hermione frustrada, afastando-se rapidamente.
_ O quê? – perguntou Cedric ainda embriagado pelo cheiro do perfume.
_ Só termine a frase! – exclamou Hermione – Eu vou procurar um livro e voltarei daqui a dez minutos, para não te “atrapalhar”.
_ Mas vai ser o final da aula... – comentou Cedric franzindo o cenho.
_ Eu sei ver as horas! – respondeu Hermione malcriadamente antes de ir.
Cedric riu audivelmente, depois ouviu Hermione berrar.
_ Pára de rir!
●●●
Quando Hermione retornou, Cedric estava terminando de escrever com uma cara satisfeita.
_ Terminei! – anunciou ele animadamente.
_ É legal saber das coisas não? – perguntou Hermione debochadamente.
_ Você é muito má às vezes... – comentou Cedric, mas não estava sério.
_ Pode deixar aí e ir jantar! – respondeu Hermione.
_ Eu posso ficar... – sugeriu Cedric.
_ Não é necessário, pode ir. – insistiu Hermione.
_ E se eu quiser ficar? – desafiou Cedric.
_ Não queira... – advertiu Hermione.
_ Eu deveria ter medo? – perguntou Cedric cético.
_ Provavelmente. – respondeu Hermione - Ou você já se esqueceu do soco que me viu dar em Malfoy, quando invadiu minha mente?
_ Invadiu? Assim eu pareço um vilão! – reclamou Cedric – E eu estou ciente do seu futuro como boxeadora. – completou.
_ Você é o vilão! – respondeu Hermione – E é bom que esteja ciente! – completou.
_ Má! – relembrou-lhe Cedric.
_ Chato! – rebateu Hermione.
_ Garota irritante! – respondeu Cedric.
_ Garoto que lê minha mente, traindo minha confiança e que depois age como se nada tivesse acontecido! – contrapôs Hermione.
_ Sempre tão gentil... – ironizou Cedric.
_ Não me importa o que você pensa! – exclamou Hermione.
_ “Não me importa o que você pensa!” – Cedric imitou-a debochadamente.
_ Você me imitou? – perguntou Hermione ficando cara a cara com ele – Ah, você não fez isso! Não pode ter sido tão ridículo! Saí daqui!
_ E se eu não quiser? – desafiou Cedric.
_ Saia. – advertiu Hermione encarando-o.
_ Você também é bem hostil, devo acrescentar. – comentou Cedric – Hey! – protestou.
Hermione o estava empurrando porta afora.
_ Quem ama judia da pessoa que quer! – exclamou Cedric rindo já do lado de fora.
_ E quem quer tirar um ser indesejável do seu campo de visão, bate a porta na cara dele! – respondeu Hermione.
_ Eu adoro quando você admite seu amor desse jeito! – gritou Cedric antes que Hermione batesse a porta na sua cara.
Do lado de fora da biblioteca Cedric ainda ria.
_ Ah, sr Diggory! – exclamou a srta Prince ao encontrá-lo – Já posso fechar a biblioteca, presumo.
_ Não, Hermione ainda está lá. – avisou Cedric.
_ Ah, sim. – disse srta Prince colocando a mão na maçaneta.
_ Boa noite, senhorita! – despediu-se Cedric educado como sempre, mas parecia mais feliz.
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Hermione poderia jurar ter ouvido um suspiro atrás da porta, logo depois srta Prince adentrou a biblioteca.
_ Hora de fechar, senhorita! – anunciou srta Prince um tanto quanto aérea.
_ Claro. – disse Hermione pegando suas coisas.
Ao passar pela bibliotecária Hermione não pôde deixar de notar sua expressão abobada. O que teria acontecido?
Já no corredor, Hermione pegou o pergaminho de Cedric para corrigi-lo, enquanto andava. Ao olhar o que estava escrito, parou abruptamente. Não era o que ela havia pedido, mas estava ali, escrito em uma caligrafia perfeita.
“Espero que você não se importe, espero que não se incomode, que eu me expresse em palavras: Como a vida é maravilhosa, agora que você está no mundo.”
Hermione sentiu sua garganta seca, e mal conseguia respirar. Ele deve ter se matado para escrever aquela frase, uma das coisas mais lindas que ela já lera na vida. Seu coração palpitava e uma felicidade transbordava em seu ser, aquela frase a fez sorrir. No canto, rabiscada, havia outra frase escrita, Hermione voltou sua atenção para ela.
“A flor é bela.”
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