Jogo de crianças



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O sorriso se abriu em uma gargalhada debochada. A sombra se aproximava da luz e agora era possível reconhecê-la.


            _ Fã de passeios noturnos, Diggory?


            _ Acho que eu tenho permissão para estar aqui, não posso dizer o mesmo de você. – respondeu Cedric calmamente.


            _ Há, há... – gargalhou Draco Malfoy em desafio, retirando seus cabelos extremamente loiros dos olhos. – O que você vai fazer, Diggory? Me mandar uma detenção? – perguntou com descrença.


            _ Eu não vou perder meu tempo com isso... – disse Cedric andando em direção ao seu dormitório.


            _Ah! Só um minutinho, eu tenho só mais uma perguntinha... – insistiu Malfoy ainda em deboche atrás de Cedric – O que o monitor da lufa-lufa fazia fora de sua casa a essa hora? Ou melhor, eu sei que você é autorizado a ficar fora mas, até agora? Mesmo?


            Cedric não olhou para trás, simplesmente seguiu seu caminho, afinal, ele não se importava com o que um pirralho sonserino pensava.


            _ Não leve para o lado pessoal, Ced! – gritou Malfoy rindo do seu jeito irônico e arrogante – O meu problema não é com você...


            E assim o sonserino seguiu para sua casa. Em seu rosto o sorriso, agora, era de uma esperada e doce vingança.


NO DIA SEGUINTE...


            Hogwarts era pura excitação, os murmúrios pareciam nunca querer cessar. A especulação sobre quais seriam os campeões das escolas parecia o único assunto que se valia à pena comentar.


            _ Por Merlin, troquem o disco! – exclamou Hermione para Harry, Rony e Gina na mesa do café da manhã, ela não agüentava mais o “assunto do momento”.


            _ Vai me dizer que você não está nem um pouquinho curiosa para saber quem vai ser escolhido? – perguntou Harry sem entender o mau humor da amiga.


            _ Não. – respondeu Hermione curta e sincera – Só espero que não seja ninguém que eu conheça... – a angústia era evidente na voz de Hermione.


            _ Se fosse alguém que eu conhecesse, - disse Rony depois de engolir um pedaço inteiro de salsicha – seria bem legal! Estar lá torcendo e dizendo: “Sabe esse ai? É meu amigo!


            _ Não seja estúpido Ronald! – exclamou Hermione – O seu “amigo” estaria em perigo mortal! Isso não é algo para se celebrar! Mas que droga! Por que todo mundo fica agindo com se isso não fosse nada?! – finalizou Hermione vermelha.


            _ Qual é o proble...? – começou Rony mas Gina o cortou.


            _ Não Rony, não! – interveio Gina.


            Hermione suspirou, todos ficaram de olhos arregalados esperando por sua próxima reação, era óbvio que Hermione não estava em seus melhores dias.


            _ Acho que vou passar na biblioteca antes das aulas... – disse Hermione antes de se levantar e seguir para seu amado refúgio.


            Talvez fosse isso que ela precisasse: um tempo sozinha na biblioteca, sem preocupações ou problemas atormentando sua cabeça. Somente ela e os livros...


            ●●●


            Na mesa da Lufa-lufa...


            _ E então... põe o amendoim no buraco do amendoim! – Rudy terminou sua “brilhante” piada. Todos riram.


            _ E então... – começou Chris. – Hoje vai ter jantar lá fora para comemorar a escolha do nosso amigo Ced?


            _ Eu ainda não fui escolhido. – respondeu Cedric com um sorriso.


            _ Mas vai! – disse Chris animadamente.


            _ Eu sei de uma pessoa que não vai gostar disso. – comentou Rudy apontando a cabeça para uma cara estressada saindo pela porta do salão principal.


            Cedric olhou para Hermione e abaixou a cabeça.


            _ Já conversamos sobre isso. Ela não pode decidir o que eu faço ou deixo de fazer. – disse Cedric para Rudy. Não muito certo de que Hermione não poderia controlá-lo.


            Rudy fez uma careta.


            _ Se você diz... – comentou Rudy logo desviando a atenção de Cedric.


            Cedric ficou olhando para o seu mingau intocado. Hermione era sua amiga, mas ele não deixaria ninguém entrar no seu caminho.


            ●●●


            Hermione estava feliz em retornar para sua amada biblioteca. Com tanta coisa acontecendo de novo, ela não havia tido tempo de sentar e realmente ler um bom livro. E era exatamente disso que ela precisava.  Se distrair de sentimentos confusos, Torneios idiotas e medos. Iria mergulhar em algum outro tipo de história, a história de outra pessoa, ou outra coisa, como sempre fazia para se livrar dos seus problemas. Iria ler algum tipo de conto e deixaria os estudos para depois.


            Hermione andava por entre as prateleiras passando os dedos pelos títulos, vendo algum que lhe agradasse.


            _ “Os Torneios”, “O medo de amar”, “Orgulho”... – Hermione fez uma careta enquanto falava. – Por Merlin! Será que não tem alguma coisa que não seja diretamente relacionada a minha vida?! – exclamou batendo contra a prateleira. Um livro caiu.


            Hermione rapidamente se agachou para pegá-lo, se repreendendo por ter feito esse barulho todo numa biblioteca. Ao lado de Hermione aparece uma mão carrancuda e pega o livro, colocando-o denovo na prateleira.


            _ Hermy-on? – perguntou Krum parado em frente a Hermione com algo no rosto que parecia ser um sorriso.


            _ É... – Hermione parecia bem confusa para responder.


            _ Eu me chamar Victor. – completou Krum estendendo a mão para Hermione.


            Ela meio atordoada pegou a sua mão.


            _ Hermione Granger. – apresentou-se ela sem necessidade, já que ele já sabia o seu nome.


            _ Você não achar um livro bem, bom? – perguntou Krum com dificuldade em seu inglês.


            Hermione ficou parada, estática. Ela estava em choque, porque Victor Krum estaria se esforçando para falar com ela?


            _ Você querer ficar sozinha? – perguntou Krum recuando pela falta de resposta de Hermione.


            _ Não! – respondeu Hermione acordando do seu “momento Rudy”.


            _ Ah... – respondeu Krum rindo – Você querer ajuda, Hermy-on?


            _ Ajuda? – perguntou Hermione ainda meio atordoada.


            _ É, para os livros altos, que estar no alto... – disse Krum apontando para os livros na parte mais alta da prateleira aos quais Hermione não tinha acesso por conta de sua altura mediana. Ela não era baixa, mas Krum era gigante.


            _ Ah... seria ótimo! Muito gentil da sua parte. – disse Hermione esboçando um grande sorriso, pela segunda vez ela viu um pequeno sorriso se abrir na carranca de Krum.


            Os dois passaram um bom tempo em silêncio, escolhendo os livros e depois Hermione sentou-se com ele para lê-los, ele só a observava.


            _ Então... – começou Hermione tentando iniciar uma conversa – Gostando de Hogwarts?


            _ Hogwarts ter bons e maus... – disse Krum olhando-a distraidamente.


            _ Tudo tem um lado bom e ruim, certo? – continuou Hermione, um pouco desconfortável com o olhar fixo de Krum.


            _ É verdade, o clima ser melhor e as pessoas, – ele riu maliciosamente para Hermione – parecer simpáticas.


            _ Que bom que você acha isso! – disse Hermione um pouco corada – Torna sua estada aqui agradável...


            _ Mas Hogwarts ser muito diferente de Durmstrang. – disse Krum franzindo a sobrancelha – Algumas coisas ser estranhas para mim.


            _ Suponho que sejam... – disse Hermione sem tirar os olhos do seu livro, mas não estava conseguindo lê-lo.


            O assuntou morreu ai, mas o olhar fixo de Krum persistiu até que o “incômodo” de Hermione se tornou forte demais para ela continuar calada.


            _ Krum, não quero ser incomoda... – começou Hermione. Ela estava sendo incomoda? – Mas, você está com um olhar fixo... – disse tentando envergonhá-lo para que ele parasse de olhar.


            Krum simplesmente riu, sem demonstrar nenhum traço de vergonha.


            _ Eu saber! – disse ele ainda rindo colocando sua mão carrancuda sobre a de Hermione.


            Hermione olhou incrédula para o gesto, era tudo muito surreal.


            _ NAS COSTAS DO MEU MELHOR AMIGO?! – gritou Rudy nervosamente ao lado dos dois, isso acordou a srta Prince que repreendeu Rudy pelo grito, ou por tê-la acordado... Não era fácil dizer quando ela grunhia as coisas invés de falar.


            Hermione começou a rir involuntariamente e Krum olhou para Rudy como se ele tivesse grandes problemas.


            _ Acho melhor vir embora. – disse Krum para Hermione gentilmente, levantando-se para ir embora. Rudy riu do erro de Krum.


            _ É, acho melhor mesmo! – disse Rudy quando Krum passou por ele.


            _ Rudy, o que foi isso? – perguntou Hermione uma vez que Krum foi embora.


            Rudy continuou olhando para ela com os olhos estreitados, não de um jeito sério, e sim hilário.


            _ Então... – disse Hermione induzindo-o a falar.


            _ Minerva quer falar com você... – disse Rudy por fim.


            _ Professora Mcgonagall, você quer dizer, não é? – corrigiu-o Hermione, vendo que Rudy não achava que respeitar um professor era não chamá-lo pelo primeiro nome.


            _ Tanto faz... – disse Rudy indiferente – Ela disse que queria falar com você.


            _ Mas eu tenho aula agora... – disse Hermione olhando seu relógio e constatando que estava atrasada, na verdade.


            _ Isso já não é comigo,  - respondeu Rudy – mas não acho que seu professor vai se importar, afinal, ela é a diretora da sua casa...


            _ Ah... está bem! Te vejo por ai Rudy! – disse Hermione se despedindo do amigo.


            _ É, eu estar te vendo, Hermy-on! – repreendeu-a Rudy imitando Krum.


            Hermione deixou Rudy para trás rindo da atitude louca do amigo, e agradecida por ele tê-la salvado do Krum “sedutor”. Mas uma pergunta surgiu em sua cabeça apagando toda a cena um pouco constrangedora acima. Por que Mcgonagall queria vê-la?


            ●●●


            Sentado na sua sala de aula de poções Cedric esperava por Rudy que parecia ter se perdido depois que disse que iria ao banheiro mas já o alcançaria.


            _ Sr Diggory, o sr° poderia me informar onde está o sr° Steiner, que não é na minha aula? – perguntou Snape friamente.


            _ Não. – respondeu Cedric prontamente.


            _ O quê? – perguntou Snape confuso a rapidez que Cedric dera sua curta resposta.


            _ O senhor me perguntou se eu sabia onde o Rudy estava, lembra? – perguntou Cedric sarcasticamente – E eu disse N-Ã-O. – ele se demorou um pouco mais no “não”.


            Alguns alunos riram baixo para que o professor não os identificasse.


            _ Sua conduta debochada não será aceita nessa aula, sr Diggory! – disse Snape severamente.


            _ Está bem. – respondeu Cedric calmamente.


             A veia pulsante na testa de Snape estava preste a explodir. Essas situações de tensão eram comuns entre Cedric e Snape, pois, apesar de Cedric respeitar o professor e achar que ele realmente sabia tudo que ensinava, ele não via Snape como a pessoa mais simpática do mundo, como todos os outros professores eram para ele, então não faria nenhum esforço para retribuir a gentileza que não lhe era dada. Saia do escuro o lado popularzinho de Cedric.


            _ O senhor está ciente de que suas notas são a única coisa que te salvam de um castigo mais severo por seus deboches, não é? – perguntou Snape vermelho de raiva, mas ainda controlado e em seu jeito indiferente.


            _ Uhum... – murmurou Cedric como se estivesse entediado.


            _ Se o senhor está tão entediado... – começou Snape com a menção de expulsar Cedric da sala.  


            Rudy entre afobado na sala.


            _ Sr Steiner, resolveu dar o ar da sua graça? – perguntou Snape encarando Rudy.


            Rudy olhou para trás, procurando quem o professor estaria encarando, depois voltou sua atenção para ele denovo.


            _ Sério, professor? “O ar da minha graça”? Isso é bem legal! – disse Rudy sorrindo, junto a vários outros alunos.


            Snape revirou os olhos.


            _ O senhor está atrasado! E ganhará uma detenção, na verdade os dois, você também Sr Diggory! – disse Snape cansado dos desaforos.


            _ Não, espere, professor! – disse Rudy balançando a cabeça e agitando as mãos na direção de Snape. – Eu me atrasei porque estava fazendo um favor a Miner... Professora Mcgonagall. – disse Rudy apressadamente.


            _ Mas... – Snape começou contrariado – Ela não podia ter tirado um aluno da minha aula...


            _ Aí não é comigo... – disse Rudy levantando as mãos em defesa. Snape olhou feio para ele – Senhor. – ele completou.


            _ Bom, acho que não posso culpá-lo, mas o senhor - ele olhou para Cedric satisfatoriamente – ficará em detenção.


            Cedric não fez nenhuma objeção, Rudy sentou ao seu lado e a aula continuou naturalmente.


            _ O que você fez? – perguntou Rudy ao amigo em sussurros.


            _ Só estava me divertindo um pouquinho... – sussurrou Cedric sorrindo.


            ●●●


            Hermione estava chegando no fim corredor, onde teria que virar para direita e encarar a professora Mcgonagall. Mas o que ela havia feito? Não, não! Com certeza ela a havia chamado para lhe dar os parabéns por algum trabalho... Só poderia ser isso.


            Hermione virou a direita no fim do corredor decidida. E o que encontrou não era alguém que ela julgaria estar passando por perto da sala. Uma figura alta e forte com os cabelos loiros caindo em seus olhos, apoiado na parede ao lado da porta, com os braços cruzados. Draco Malfoy. Hermione ficou olhando para ele sem entender.


            _ O que você está fazendo aqui? – perguntou Hermione cheia de repugnância.


            Draco simplesmente abriu seus lábios num sorriso perfeito, mas sarcástico. Olhou para Hermione e levantou as sobrancelhas em desafio.


            _ Eu disse que você me pagaria por aquele soco, Granger. Só que eu resolvo os meus problemas com mais classe que uma sangue-ruim como você. – disse Draco sorrindo ainda mais ao falar “sangue-ruim”.


            Hermione estava se preparando para falar, mas Draco já havia desaparecido na escuridão.


            Ela fitou a porta pensando nas palavras de Malfoy. Merlin. O que será que ele fez dessa vez? E assim, Hermione bateu na porta ainda meio receosa.


            _ Entre, Srta Granger. – pronunciou a voz indiferente da professora Mcgonagall.


            Hermione suspirou profundamente e entrou.


            _ A senhora queria falar comigo? – Hermione perguntou o óbvio.


            _ Sim, Srta Granger. – respondeu Mcgonagall no mesmo tom indiferente. – Sente-se.


            Hermione sentou-se na cadeira indicada pela professora sem dizer uma palavra.


            _ A senhorita pode me dizer como foi a sua noite? – perguntou Mcgonagall olhando significativamente para Hermione.


            Hermione congelou na cadeira. Ela sabia exatamente sobre o que a professora estava falando, isso não era como nos filmes que o protagonista só percebe que a diretora descobriu o que ele fez quando ela diz.


            _ Professora... tem uma explicação para isso. – começou Hermione num sussurro.


            _ Eu espero que tenha... senhorita. – disse Mcgonagall séria.


            _ É... bem... – tentou Hermione meio confusa com o que dizer. – Eu estava com o Diggory, o monitor da Lufa-lufa. – Hermione achou mais seguro afirmar que ele era monitor.


            _ Sim, eu sei disso. – disse Mcgonagall pacientemente com a demora de Hermione.


            _ Então... eu estava fazendo um... favor para ele. – mentiu Hermione. Mas, Cedric já tinha mentido isso para a mulher gorda mesmo! – Daí eu acabei chegando tarde.


            _ Com o que exatamente você o estava ajudando? – perguntou Mcgonagall com suspeita.


            _ É... – Hermione começou a virar os olhos pela sala.


            Se fosse qualquer outro aluno, Hermione falaria que estaria ajudando em qualquer uma das matérias. Mas o “idiota” do Cedric era bom aluno em todas as matérias que estudava.


            De repente Hermione passou os olhos por cima de algumas folhas que a professora estava revisando. Runas antigas.


            _ Runas Antigas! – Hermione quase gritou. A professora deu um salto na cadeira. – Eu o estava ajudando com Runas Antigas...


            _ Ah, sim... – disse a professora meio confusa. – Mas o Sr Diggory nunca colocou o nome na aula de Runas Antigas...


            _ É! Ele quis tentar esse ano. E como estava meio atrasado pediu a minha ajuda! – Hermione se enrolava nas mentiras que falava.


            _ Entendo... – disse a professora pensativa. – Mas isso não é desculpa para que você chegue naquela hora, mostre a entrada da grifinória e fale a senha da sua casa para um aluno de outra casa!


            _ Eu sei... – disse Hermione derrotada. – É que... estava tarde e... ele não quis que eu andasse sozinha no colégio.


            _ Eu sei que o Sr Diggory é um cavalheiro. – disse Minerva, Hermione revirou os olhos. – Mas não há desculpa, vou ter que te dar uma detenção Srta Granger.


            Hermione baixou os olhos. Eu não acredito que por conta daquele Lufa-lufa mesquinho eu vou ganhar uma detenção!


            _ Tudo bem professora... eu entendo. – Hermione baixou a cabeça.


            _ Mas como você é uma das melhores alunas da escola não será nada grande, fique tranqüila. Você terá somente que arrumar os livros da biblioteca. – disse a professora, já mais tranqüila.


            Hermione olhou-a com uma cara incrédula. Era tão fácil assim?


            _ Sem magia! É claro! – acrescentou a professora dando um leve sorriso. – Agora pode se retirar para a sua aula. – E eu declaro que, agora essa “hora de estudos” será as 6:00h depois das aulas, no tempo livre. Para não haver mais imprevistos.


            _ Obrigada, professora. – disse Hermione saindo da sala rapidamente.


            ●●●


            A aula de poções terminou e todos os alunos foram dispensados. Menos um.


            _ Muito bem Sr Diggory... – começou Snape com um sorrisinho falso. – Creio que não poderei ter dar o castigo que eu queria, o colégio não permite.


            _ Sim. – disse Cedric indiferente.


            _ Você terá que arrumar os livros da biblioteca, sem magia. – acrescentou rapidamente Snape.


            Cedric olhou-o incrédulo.


            _ Sem magia? Mas... Vai durar séculos! – exclamou o menino.


            _ É com isso que estou contando. – disse Snape friamente com um tom de vitória em sua voz. – Agora pode se retirar.


            Cedric olhou o professor com raiva e saiu da sala batendo a porta atrás de si.


            _ Cara... o que houve? – perguntou Rudy que esteve esperando na porta.


            _ Vou ter que arrumar os livros da biblioteca, sem magia. – disse Cedric possesso.


            _ Uh! Essa doeu até em mim. – disse Rudy com uma careta.


            BUM!


            _ Ai! – exclamou Hermione caída no chão com vinte livros em cima dela.


            Cedric com aqueles músculos perfeitos não havia sentido nada e estava em pé encarando Hermione com uma cara preocupada, mas um sorriso crescendo no canto da sua boca.


            _ Você está bem? – perguntou ele se abaixando para olhar se ela havia se machucado.


            _ Estou! Na verdade, eu adoro ficar batendo nas pessoas para depois cair no chão, é uma sensação tão eletrizante! – disse Hermione sarcástica levantando.


            Cedric sorriu.


            _ Você é sempre assim tão hostil? – perguntou ele.


            _ Oi Mi! – disse Rudy cumprimentando Hermione com dois beijinhos.


            _ Oi Rudy. – cumprimentou Hermione.  – E não... só estou meio hostil porque ganhei detenção, por sua culpa! – exclamou Hermione olhando feio para Cedric.


            _ Minha culpa? – perguntou Cedric levantando uma sobrancelha.


            _ É! Por ter falado a minha senha na sua frente! Sua culpa!  - acusou Hermione.


            Cedric bateu com uma mão na cabeça ainda rindo.


            _ Você contou a sua senha para ele? – perguntou Rudy incrédulo.


            _ Não foi culpa minha! – continuou Cedric ignorando Rudy, que fez uma careta para os dois.


            _ Claro que foi! Por sua culpa que eu não cheguei na hora e por sua culpa que eu falei a minha senha perto de você! – continuou Hermione cruzando os braços.


            _ E porque seria minha culpa você ter falado a sua senha perto de mim? – perguntou Cedric balançando a cabeça.


            Rudy começou a andar um pouco mais para frente e ficou encostado numa parede esperando que eles acabassem com a briguinha, enquanto várias garotas passavam suspirando por Rudy. Ele sorriu e desviou sua atenção para o grupo.


            _ Você que ficou todo... “Ah eu tapo minha orelha com a sua mão” e depois fica com aquele sorriso perfeito e... – Hermione parou na hora ao ver a cara de Cedric.


            Ele estava sorrindo com os braços cruzados sobre o peito.


            _ E isso fez tanto efeito em você? – ele perguntou presunçoso.


            Hermione deixou suas mãos caírem da cintura e corou levemente.


            _ Ah, isso não tem importância. – começou desviando os olhos dos cor-de-mel intensos de Cedric. – Mas... agora você vai ter que estudar Runas Antigas. – completou Hermione sabendo que isso iria tirar a atenção de Cedric do que ela havia falado antes.


            _ O quê? – perguntou Cedric confuso balançando cabeça.


            _ Eu tive que dizer que você queria a minha ajuda com Runas Antigas... Eu não podia simplesmente falar que você e seus amigos me convidaram para um jantar clandestino fora do colégio! – disse Hermione aliviada com a troca de assunto.


            _ Mas... Runas Antigas? – repetiu Cedric com uma careta. – Você não podia ter falado nenhuma outra matéria?!


            _ Mas... você não precisa de ajuda em nenhuma outra matéria... – disse Hermione como se fosse óbvio.


            _ Eu... – Cedric parou e suspirou profundamente. – Nos vemos depois.


            E saiu rapidamente antes de começar uma briga Hermione.


            Passou por Rudy que viu por pouco a cara estressada do amigo em meio a montes de garotas, ele despediu-se de todas com um sorriso galante e foi para o lado do amigo.


            _ Uou! Onde é que você vai? – perguntou Rudy confuso.


            _ Colocar meu nome na aula de Runas Antigas. – disse Cedric sério.


            _ Runas Antigas? – perguntou Rudy incrédulo. – Isso vai ser engraçado de se ver!


            ●●●


            Hermione ainda estava parada no corredor com cara de retardada, e seus livros ainda no chão.


            _ Oi! – disse uma menina de cabelos curtos, pretos com as pontas pintadas de rosa, seus olhos eram de um castanho bem escuro, pela normalmente branca, e uma altura mediana. Era bem bonita. – Acho que esses livros são seus... – disse a garota entregando a Hermione seus livros que estavam no chão.


            _ Ah... – disse Hermione acordando de seus desvaneios e pegando seus livros de volta – Obrigada!


            _ De nada! – disse a garota sorrindo simpaticamente – Olha, sem querer incomodar mas... – começou ela animadamente – Você está lendo “Liberdade”? – perguntou apontando para um dos livros de Hermione com uma águia na capa.


            _ Ah, na verdade ainda não comecei a ler... – disse Hermione encarando o livro que havia pegado. Ela nem tinha visto sobre o que o livro falava, o fato do título não lhe provocar náuseas e esse não ser um livro escolar foram suficientes para que ela o encolhesse.


            _ Você vai adorar! – disse a garota gesticulando ainda animada – Quer dizer, eu gostei muito. Fala sobre a capacidade do ser humano de raciocinar e de valorizar de forma inteligente o mundo que o rodeia, é o que confere ao homem o sentido da liberdade entendida como plena expressão da vontade humana...


            Hermione estava um pouco tonta com tanta informação, mas a menina parecia ser muito simpática e alegre para que ela a interrompesse. Ainda assim Hermione transmitia um pouco de confusão em seu olhar.


            _ E... ah! Eu estou te assustando não é? – perguntou a menina com um sorrisinho.


            _ Não... é que eu estava prestando muita atenção, só isso! – respondeu Hermione tentando não mostrar o quanto confusa realmente estava. 


            _ Desculpe! – disse a menina não acreditando na mentira educada de Hermione – É que quando eu começo a falar, ninguém me pára!


            _ Eu sou assim também! – disse Hermione rindo sinceramente.    


            _ Não tanto quanto eu... nem me apresentei e já começo a tagarelar! – disse a menina estendendo a mão para Hermione – Eu sou Monalisa Stewart, sexto ano!


            _ Hermione Granger, quarto. - disse Hermione pegando a mão de Monalisa – Que legal seu nome! Igual ao do quadro!


            _ Que quadro? – perguntou Monalisa confusa. Ela obviamente não estava ciente dos grandes feitos trouxas.


            _ Nada, nada não... – disse Hermione rindo internamente.


            _ O.k... mas pode me chamar de Moon, é como todos me chamam! Monalisa não é algo muito fácil de se lembrar... ou de ouvir! – disse Moon sorrindo.


            _ Está bem, Moon! Pode me chamar de Mi, ou Mione se você quiser! – disse Hermione se lembrando de Chris.


            _ Olha só! Nós somos M&M! – disse Moon sorrindo.


            _ Há, há, há! – Hermione começou a rir – Igual ao chocolate!


            _ Que chocolate? – perguntou Moon confusa.


            _ Nada, deixa pra lá! – disse Hermione desistindo dos seus trocadilhos trouxas.


            _ Eu adoraria conversar mais com você sobre o livro! – exclamou Moon fazendo uma carinha triste – Mas eu tenho aula agora...


            _ Ai Merlin! Eu também! – disse Hermione olhando no relógio.


            _ Calma, menina! – disse Moon rindo da reação de Hermione – Já vi que é verdade o que dizem, você é ligadona nos estudos...                     


            _ Dizem isso por ai? – perguntou Hermione preocupada que a imagem de toda a escola sobre ela fosse de uma CDF que só estudava e não tinha vida.


            _ Sim, isso e seus “feitos” nesses três anos! – corrigiu-se Moon rapidamente quando viu a expressão de Hermione.


            _ Ahh... – Hermione respirou aliviada.


            _ Mas onde nós podemos nos encontrar? Sabe, para conversar mais... – perguntou Moon com pressa.


            _ Ah, na hora do almoço pode ser? – perguntou Hermione – Eu vou estar rodeada por um grupo da grifinória, na parte sul da mesa provavelmente...


            _ O.k, nos vemos lá! – disse Moon acenando e seguindo para sua próxima aula.


            Hermione sorriu para a nova amiga maluquinha que havia conseguido e também seguiu para sua próxima aula, Feitiços.


            ●●●


            _ Rudy, seja mais solidário, por favor! – exclamou Cedric em meio das gargalhadas do amigo.


            _ Foi mal, cara, mas... – tentou começar Rudy mas o ataque de risos recomeçou.


            _ Você tá realmente achando isso engraçado?! – perguntou Cedric se pondo na frente de Rudy de cara feia, agitando um cartão que informava o horário de Runas Antigas avançado.


            _ É! – exclamou Rudy se acalmando o suficiente para falar – Você nem pra tentar o iniciante! – disse ele olhando a folha na mão de Cedric.


            _ Isso tem explicação... – comentou Cedric sorrindo.


            _ Por favor, me conte! – disse Rudy levando as mãos em curiosidade.


            _ Hermione me meteu nessa, certo? – perguntou Cedric. Rudy acompanhava seu raciocínio – Agora ela vai ter que me aturar!


            _ Sua cabeça anda muito na Hermione ultimamente... – comentou Rudy ainda sorrindo.


            _ O que eu posso fazer se ela não me deixa em paz? – perguntou Cedric balançando a cabeça.


            _ É... O que? – perguntou Rudy em mais uma de suas piadas internas.


            Cedric fez uma careta.


            ●●●


            Na aula de feitiços o professor Flitwick iria ensinar um “novo” feitiço, que Hermione já sabia fazer perfeitamente bem.


            _ Muito bem, alunos! Hoje estudaremos um feitiço chamado Carpe Retractum. Alguém pode dizer para que esse feitiço serve? – perguntou o professor seus olhos instintivamente pousando sobre Hermione.


            As mãos da menina já estavam no ar antes mesmo que o professor pudesse olhá-la.


            _ Senhorita Granger, me faça feliz. – exclamou o professor.


            Hermione deu um sorrisinho de leve.


            _ Carpe Retractum é um feitiço utilizado para “puxar” coisas... uma porta por exemplo. – disse Hermione com pose de intelectual.


            _ Exato! Exato! Dez pontos para grifinória. – exclamou o professor animado, logo depois começando a explicar como executar o feitiço.


            Depois de 15 minutos de uma perfeita execução do feitiço Hermione ficou entediada. O professor a colocou como monitora, aqueles que tivessem dúvidas poderiam perguntar a ela quando ele estivesse ensinando para outro aluno.


            Hermione sentou-se na sua mesa e pegou o Livro padrão de feitiços 7ª série. Ela já havia lido todo o livro padrão de feitiços do quarto ano. Havia pegado esse livro hoje, embora tivesse prometido não pegar nenhum livro relacionado a alguma matéria, estava compenetrada em aprender feitiços mais avançados.


            Seus olhos passaram rapidamente por vários feitiços, ignorando alguns chatos, que ela nunca usaria e... Alguns até que ela já sabia fazer.


            Até que algo chamou sua atenção:


Feitiço para Congelar o Tempo


            Estava escrito no canto de uma página não com as letras do livro, mas com as de outra pessoa. As letras estavam separadas, então isso queria dizer que quem havia escrito, não queria que soubesse quem ele (a) era.. Hermione encarou o título por um segundo... Ela nunca havia lido sobre um feitiço para congelar o tempo. Congelar chamas talvez... mas o tempo? Ela por um momento cogitou em passar direto pelo feitiço, o que quer que fosse aquilo, não era algo normal e confiável. Mas sua curiosidade foi maior que seu senso do perigo e Hermione se pegou lendo a anotação da tal pessoa.


            “O tempo é algo precioso, que muitas vezes é desperdiçado com coisas banais. Algo que aprendi é que parar o tempo pode ser algo altamente perigoso. Ou até mesmo... divertido. Se você estiver lendo provavelmente quer dizer que você de algum modo precisará, de alguma maneira tem o poder para conjurar o feitiço. Tolice achar que eu seria o único. Será uma tolice? Mesmo assim, se você tentar de alguma forma conjurá-lo, faça o favor de antes praticar muito e somente usá-lo num caso de vida ou morte. Caso contrário você será amaldiçoado do mesmo jeito que eu, por um feitiço jogado em o que agora são minhas palavras. Mas não fique assustado. O que eu posso fazer? O tempo não é algo que se brinque.”


            Hermione sentiu o coração palpitar tão rápido em seu peito que teve que apertar a mão contra ele para se acalmar. Calma, Hermione. Isso não é nada demais... não é como se fosse verdade. Provavelmente é alguma criancinha tentando assustar as pessoas. Ela hesitou por um momento. Mas mesmo se não fosse eu não iria usá-lo por aí por nada, concluiu.


            “Para conjurar esse feitiço você terá que pronunciar as seguintes palavras: Tempus paratus est. Mas isso será a parte mais fácil, antes há o tempo de concentração. Durante uma semana você terá que reservar um tempo para meditar essas palavras e se concentrar somente nelas.”


          _ MUITO BEM! – gritou o professor.


            Hermione deu um pulo da cadeira como que acordando de um sonho. Olhou para o livro e constatou que já o havia fechado com o susto.


            _ Fizeram um ótimo trabalho hoje, estão dispensados! – exclamou o professor.


            Hermione balançou a cabeça meio atordoada para um monte de alunos pegando suas mochilas e saindo da sala.


            _ E aí, Mi. Vamos? – perguntou Harry segurando a mochila da amiga para ela.


            _ Vamos? Para onde? – perguntou Hermione ainda meio tonta com tudo aquilo.


            _ Temos horário livre agora, Mi. Almoço... – respondeu Rony olhando-a confuso.


            _ Ah, sim! Horário livre! – disse Hermione voltando para esse mundo colocando o livro na mochila outra vez. – Eu tenho que encontrar com a Moon!


            _ Moon? – perguntou Harry confuso.


            _ Ah, vocês vão conhecer ela! – disse Hermione rindo.


            ●●●


            Cedric e Rudy caminhavam para o Grande Salão.


            _ Hey! Ced... a nossa mesa é pra cá! – disse Rudy apontando para a mesa da Lufa-lufa em frente da mesa da Grifinória, a qual Cedric estava caminhando para.


            _ Eu sei. – afirmou Cedric.


            _ Pô... Depois dizem que eu sou o idiota... – comentou Rudy para logo depois dar um sorrisinho e acompanhar Cedric logo que ele percebeu para onde o amigo estava indo.


            Cedric sorriu com o canto da boca e continuou andando.


            Logo perceberam um grupo ligeiramente maior do que o normal na parte Sul da mesa da grifinória. Cedric avistou no meio um sorriso inconfundível, e o seguiu.


            Quando eles chegaram na mesa, uma menina com os cabelos curtos e arrepiados com pontas rosas estava acabando de contar aquilo que parecia ser uma piada.


            _ Coloca o amendoim no buraco do amendoim! – terminou Moon para o riso de todos.


            Rudy parou e franziu o cenho.


            _ O que foi Rudy? – perguntou Cedric intrigado.


            _ Essa piada é minha... – comentou Rudy com uma careta.


            _ Ah, por favor Rudy! Eu já disse que não é você que inventa todas as piadas do mundo! – replicou Cedric rindo.


            Rudy balançou os ombros.


            _ Oi Mi. – comentou Rudy dando dois beijinhos no rosto de Hermione.


            _ Oi Rudy. – respondeu Hermione olhando depois diretamente para Cedric. Ele sorriu.


            _ Oi Mi. – disse ele com um sorriso torto perfeito.


            _ Oi... – comentou Hermione meio hipnotizada pelos olhos de Cedric e o uso do seu apelido.


            Hermione pôde ouvir vários suspiros atrás de si e olhou para onde o som havia vindo com uma careta. Como é que todas são tão obcecadas por ele? Mas além de suspiros pelo sorriso de Cedric a maioria das garotas estava suspirando por um “metidinho” Rudy que estava conversando com todas com um sorriso galante estampado no rosto. Era engraçado como Hermione não prestava atenção ao seu redor quando estava perto de Cedric, nunca havia visto esse lado de Rudy. Ou o quanto ele era bonito. Isso a fez rir.


            Hermione sentiu uma cutucada. Era Moon olhando para Hermione com uma cara expressiva. Linguagem de garota, Hermione logo entendeu.


            _ Ah, sim! Cedric, Rudy, essa é a Moon. – apresentou Hermione.


            _ Oi Moon. – cumprimentou Cedric educado com um lindo sorriso.


            Moon aperta a mão dele e fica meio derretida, mas logo que Cedric desvia seu olhar de novo para Hermione ela desvia o seu para Rudy.


            _ Oi Rudy. – cumprimentou Moon com os olhos queimando.


            Hermione riu da cara de Rudy atordoado.


            _ Ah, oi... – cumprimentou ele.


            Moon puxou o aperto para dois beijinhos na bochecha de Rudy.


            Hermione riu ainda mais... A Moon realmente não perdia tempo.


            _ Que isso Moon? – sussurrou Hermione para nova amiga – Olha que só as meninas boazinhas que vão para o céu!


            _ Mi! Meninas boas vão para o céu, meninas más vão para onde quiserem! – sussurrou Moon de volta.


            _ Então... quando é que você vai me ensinar Runas Antigas? – perguntou Cedric ainda olhando para Hermione sorrir, sua atividade preferida.


            _ Ah! – Hermione corou com o olhar intenso de Cedric. – Todo o dia às 6:00h...


            _ Hum... – começou Cedric meio sedutor. – Eu sozinho com você numa sala... Será que eu poderia agüentar isso?  - ele sorriu tentadoramente.


            Hermione sentiu um ar quente subir da ponta do seus pés até o último fio do seu cabelo. Cedric riu de sua expressão.


            _ Por que você fica fazendo isso? – perguntou Hermione meio irritada.


            _ Isso o que? – perguntou Cedric cínico.


            _ Isso! Você sabe! Não seja cínico! – comentou Hermione.


            Cedric levantou os ombros e as mãos como se não soubesse do que Hermione estava falando.


            _ Você fica falando às vezes com duplo sentido... e não é como se você fizesse isso para não deixar as pessoas confusas e nervosas. – Hermione começou a falar de novo sem pensar. Como vômito de palavras.


            _ Eu te deixo confusa e nervosa? – perguntou Cedric ainda sorrindo sedutoramente.


            _ Algumas vezes. – admitiu Hermione.


            Cedric sentiu um baque no peito. E ficou olhando para Hermione por um momento. Eu realmente a deixava assim?


            Todos já estavam entretidos demais em conversas animadas para prestar atenção nos dois, até Rudy estava conversando animadamente com Moon. Animadamente demais.


            _ Mas sabe Ced... – comentou Hermione. – Eu consigo pensar... – ela se levantou da cadeira e andou para frente tentadoramente.  Ela nunca faria isso normalmente, mas Cedric tinha algum efeito sinistro sobre ela.


            Chegou a alguns centímetros do corpo de Cedric e começou a brincar com a gola da sua camisa. Cedric inspirou profundamente o seu perfume.


            _ Bom... eu consigo pensar em muitas coisas para fazer com você durante esse tempo que estivermos sozinhos.  – Hermione deslizava a mão no colarinho de Cedric.


            Hermione pôde sentir a pele de Cedric se arrepiar e isso fez a sua própria se arrepiar. Coisas absurdas passavam pela cabeça de Cedric. Merlin! Ninguém nunca havia conseguido provocá-lo tanto. Cada idéia que se passava por sua cabeça era mais absurda que a outra e ele tentava espantá-las rapidamente, sem sucesso.


            _ E... o que... seria... isso? – perguntou Cedric meio sem fôlego.


            _ Nós poderíamos... – começou Hermione se esticando para pegar algo atrás de Cedric. Ele se inclinou para frente também. – Começar com esse livro aqui. E depois passar para algo mais avançado. – disse Hermione colocando um livro na frente de Cedric triunfante.


            Cedric saiu do seu transe com uma pequena mágoa no seu ego.


            _ Ah, sim. – respondeu ele.


            Hermione iria se afastar triunfante, então Cedric rapidamente joga o livro de lado e pega Hermione pela cintura, ela leva um susto.


            _ Você não consegue pensar em mais nada que eu poderia fazer? – perguntou Cedric sedutor, seu cheiro invadindo o ser de Hermione.


            A garota se assustou.


            _ O que você está... – ela não conseguiu terminar a frase.


            Cedric já estava a menos de três centímetros de seu rosto.


            _ Não consegue? – perguntou num sussurro.


            Hermione teve que juntar todas as suas forças para não agarrá-lo ali mesmo. Estava hipnotizada com seu cheiro, com o som da sua voz.


            _ Sim... – sussurrou Hermione delirando.


            Cedric pareceu surpreso e logo depois sorriu.


            _ Ah... Então... Como é legal esse lugar CHEIO de pessoas! – exclamou Rudy prestando atenção nos dois.


            Cedric soltou Hermione, mas continuou segurando-a ao seu lado pela cintura.


            _ Dá pra me largar? – perguntou Hermione corada.


            _ Não... – respondeu Cedric seus olhos percorrendo o salão por um segundo.


            Hermione seguiu os olhos de Cedric e pôde avistar vindo para sua direção um moreno de cabelos cacheados que era todo sorrisos.


            _ Me larga! – avisou Hermione querendo evitar uma briga.


            _ Não acho que seja possível no momento... – comentou Cedric se divertindo com Hermione.


            _ Cedric Diggory! – Hermione exclamou.


            Cedric sorriu e não a largou. Ela cutucou a sua costela fazendo cosquinha. Ele se contorceu e a soltou.           


            _ Não foi justo. – comentou ele antes de se afastar um pouco para ficar a uma distância razoável de Jack.


            _ Oi Mi! – disse ele dando dois beijinhos na bochecha da garota.


            _ Oi Jack... – respondeu Hermione meio atordoada com tudo.


            _ Já que a gente não se fala há muito tempo eu acho que eu tenho direito de te pedir um favor, certo? – perguntou Jack sorrindo esperançoso.


            _ Não tenho certeza... – disse Hermione retribuindo o sorriso.


            _ Ah! Não se preocupe, não é nada demais! – assegurou-lhe Jack. – Eu só queria perguntar se você não queria jantar hoje, comigo.


            _ Não sei, Jack... Eu disse para você ir devagar com as coisas e eu não tenho muita sorte com jantares noturnos proibidos... – disse Hermione se lembrando da noite anterior.


            _ Ah, não se preocupe! Os seus amigos podem ir também. E não vai ser proibido, está tudo certinho. – comentou Jack quase implorando. – Mione... eu realmente quero fazer isso dar certo... mas eu vou precisar da sua ajuda.


            Hermione como qualquer outra ficou tocada pela sinceridade nos olhos esverdeados de Jack. O que ele dizia era sincero. E ele podia ter mudado.


            _ Tudo bem... só prometa que não vai acabar muito tarde. – Hermione se deu por vencida.


            Jack abriu um superenorme sorriso.


            _ Eu juro! – disse ele levantando a mão direita. – Te vejo depois da nomeação para o Torneio. – Jack se despediu com outro beijo na bochecha de Hermione.


            Hermione sentiu o mundo a sua volta parar. Por um momento havia esquecido desse Torneio, e do medo que sentia por Cedric. Como ela podia ter deixado que ele colocasse o nome naquela droga de cálice? Por quê? O rosto de Hermione ficou triste.


            _ Você está bem? – perguntou Cedric chegando denovo ao seu lado, olhando feio para Jack.


            _ Não foi ele. – avisou Hermione. – Na verdade, foi você.


            Cedric olhou para Hermione confuso.


            _ O que eu fiz dessa vez? – perguntou ele franzindo o cenho.


            _ Entrou naquela porcaria de Torneio! – disse Hermione com o nervosismo totalmente evidente em sua voz.


            Cedric fechou os olhos e suspirou profundamente.


            _ Por que você se preocupa tanto? Você é a única que está assim. – comentou com os olhos no chão mais uma vez fugindo dos de Hermione.


            _ Isso foi uma pergunta retórica, né? – perguntou Hermione colocando as mãos na cintura. – Eu já te falei mil vezes o quanto isso é perigoso Cedric... eu... – Hermione não pôde continuar.


            Cedric colocou as mãos no rosto de Hermione.


            _ Por favor... não fique assim. Ver você assim não é nada bom pra mim. – afirmou Cedric olhando Hermione, os olhos mel queimando. – Não pensa mais nisso.


            _ Fingir que não é verdade? É impossível! – comentou Hermione retirando o rosto das mãos de Cedric.


            _ Tente. Por favor. – os olhos de Cedric estavam num mel esverdeado. Suplicavam.


            _ Isso não vai adiantar nada depois. – comentou Hermione baixando os olhos.


            Cedric colocou o dedo no queixo de Hermione e levantou sua cabeça.


            _ Eu estou vivendo o agora, eu já te disse. – Cedric sorriu, um sorriso tão perfeito que não dava para não sorrir de volta. Não dava para sorrir de volta se você não fosse uma Hermione estressada.


            _ Não posso deixar de me preocupar, eu estaria me enganando... – disse Hermione sinceramente, ela não conseguiria esconder o medo.


            _ Não posso dizer que estaria tudo bem desistir agora, eu já escolhi e pus meu nome na disputa. – disse Cedric como se já tivesse debatido isso consigo mesmo antes.


            _ Não podemos fazer nada, então. – disse hermione emburrada. A mesma angústia de sempre lhe subia a boca do estômago.


            _ Parece que sim, chegamos a um impasse... – disse Cedric como se desistisse.


            _ Só porque você é muito teimoso! – disse Hermione como uma criança malcriada.


            Cedric riu.


            _ Nós somos teimosos! – disse ele rindo de leve.  – Por isso é um impasse, os dois acham que o outro está errado.


            _ Onde você acha que eu estou errada? – perguntou Hermione nervosa e incrédula.


            _ Hermione, você está sempre querendo decidir pelos outros. – Hermione fez uma cara chocada. – Não me entenda mal! Você só se torna muito “mãe” às vezes, super protetora, não minta que não! – disse Cedric cruzando os braços no peito perfeito.


            _ Eu?! – perguntou Hermione interrompendo-o – Eu sou super protetora? – o medo se transformava em raiva que crescia dentro dela, ele a tirava de sério. – Isso vindo de quem? “Sr Não Saia Com Jack Dawson, ele é malvado!” – debochou Hermione.


            _ Você não devia brincar com isso, – disse Cedric sério, mas a raiva também crescia dentro dele. – são coisas totalmente diferentes...


            _ Em que ponto de vista? No que você é acusado de ser super protetor? – perguntou Hermione acidamente – Não é muito legal quanto é com você, não é?


            _ Você não sabe do que está falando, você não estava lá! – disse Cedric estressado – Você era só uma criança na época, e agora está agindo como uma!


            _ Não tente me tratar como uma criança, Cedric, você sabe que eu sou muito mais matura que você! – disse Hermione rancorosa.


            _ Mesmo que fosse, agora não está sendo. Por que você simplesmente não aceita o que eu escolhi e para de choramingar?! – perguntou Cedric arrancando um pedacinho do coração de Hermione.


            _ Ótimo, eu vou ser crescida o suficiente para dizer, então! – disse Hermione lutando para não encher os seus olhos de lágrimas. – Vá em frente com a sua escolha! Quer se matar? Vai! Seja feliz, isso é o que você escolheu...


            Assim Hermione saiu andando, sem chamar nenhuma atenção ou sendo histérica. Uma perfeita adulta. Levando consigo um pedacinho do coração do menino que deixou para trás, do mesmo jeito que ele havia feito com ela.


            Do lado da cena deixada por Hermione a conversa continuava animada, a não ser por um rosto zangado.


            _ Sério que você gosta de livros? – perguntou Moon a Rudy incrédula.


            _ Por que a descrença? – perguntou Rudy em fingida revolta. – Eu só pareço retardado!


            _ Não parece... – disse Moon fitando-o de cima a baixo sem a menor vergonha. -  E também não acho que você seja.


            _ Não é isso que quem me conhece pensa... – disse Rudy rindo.


            _ Não acho que pensem em um mal sentido, quero dizer, eles devem te ver como aquela pessoa engraçada, divertida que sempre tem maior percepção das coisas do que os demais... – Moon já começava a falar sem parar.


            Rudy ficou olhando-a atônito, é claro que ele sabia que ninguém dizia “retardado” em um mal sentido, se não, não teria rido, mas ele ficou espantado com a linda menina que tagarelava suas características de caráter de modo tão fácil que parecia ser uma receita de bolo.


            _ E lá vou eu e minha boca gigante denovo! – exclamou Moon ao ver a expressão de Rudy. – Desculpe!


            _ Não! – disse Rudy com um meio sorriso tentador. – É a sua boca que me hipnotiza.


            Mesmo não sendo nem metade do que Hermione era envergonhada, com essa Moon corou.


            Rudy riu divertido.


            _ Rudy, vamos. – disse Cedric sério ao lado do amigo.


            _ Mas já? – perguntou Rudy virando-se para Cedric. Ao ver a expressão do amigo logo concordou. – Ah, sim! Claro! Temos que ir! Mas Moon... – ele olhou denovo a menina de cabelo multicolor. – eu adoraria discutir alguns livros com você um dia desses... a sós.


            Moon sorriu maliciosa, ela não ficava nem metade do que Hermione ficava de envergonhada.


            ●●●


            As aulas passavam muito mais rápidas do que o normal e o estômago de Hermione pulava constantemente sempre que ela pensava ver uma figura alta vindo em sua direção ou olhos mel em um tom escuro, zangado procurando por ela. Covardemente, Hermione fugia o mais rápido possível nos intervalos entre as aulas para não encontrá-los, não encontrar os olhos zangados daquele idiota lindo que arriscava sua vida e ao fazê-lo, sem perceber, colocava a vida da grifinória em risco com a sua.


            “Os dois são como um agora que estão juntos, o que afeta um afeta o outro igualmente.”


            _ Acha mesmo seu suicida?! – perguntava Hermione a si mesma nervosamente.


            ●●●


            As aulas passavam mais lentas que o normal e a tensão de Cedric fazia-o balançar as pernas e bater as mãos na mesa constantemente em sua impaciência. Ele pegava o caminho mais longo para suas aulas somente para passar na frente das salas dela e ficar observando-a de longe, afinal, seu orgulho o impedia de ir falar com ela. Mesmo de longe a frustração nas feições de Hermione eram óbvias, e chegava a doer não saber o que ela pensava ao vê-la resmungar algo para si mesma que provavelmente envolvia Cedric.


            _ Cara, se você vai me fazer andar três vezes mais para chegar a cada aula, eu gostaria que você pelo menos falasse com ela... – disse Rudy encostado na parede esperando, como fizera em todas as vezes que Cedric fora atrás de Hermione entre as aulas.


            _ Do que você está falando? – perguntou Cedric sem realmente prestar atenção.


            _ Eu já te disse que eu só pareço retardado? – perguntou Rudy já do lado de Cedric olhando para o mesmo ponto que ele – Poxa, vai lá falar com ela... É a última aula, não vai ter mais intervalos. – Rudy quase suplicava agora.


            _ Por que eu tenho que ir falar com ela, afinal? – perguntou Cedric olhando-a frustrado.


            _ Porque ela não vai falar com você... – disse Rudy como se fosse óbvio – Não viu como ela parecia fugir de algo o dia inteiro? Adivinha do que era? – perguntou Rudy retoricamente.


            _ Eu não quero que ela fuja de mim... – disse Cedric com o cenho franzido.


            _ Então engole seu orgulho e vai lá! – disse Rudy já desesperado.


            _ Se eu pelo menos soubesse o que ela está pensando, o que se passa naquela cabecinha teimosa! – disse Cedric verbalizando sua frustração.


            _ É, Hermione não é muito fácil de se entender... – disse Rudy concordando.


            De repente as feições de Cedric se iluminaram, como se tivesse descoberto o caminho para a cidade perdida de Atlântis.


            _ O quê? – perguntou Rudy encarando a expressão do amigo.


            _ Bom, de certo modo há um jeito de saber o que ela está pensando... – disse Cedric com um pequeno sorriso de triunfo crescendo no canto do seu rosto.


            Rudy entendeu o que ele pretendia.


            _ Não, não faça isso... – pediu Rudy – Você sabe que é uma traição à confiança dela.


            _ Só uma olhadinha rápida? – implorou Cedric.


            _ É sua escolha, só não diga que eu não avisei... – disse Rudy “lavando” suas mãos na história.


            Cedric começou a andar para mais perto de onde Hermione estava para não errar o “alvo”. Já perto o suficiente ele pronunciou as palavras.


_ Legilimens! – murmurou Cedric apontando a varinha na direção de Hermione.


            Uma vez na mente dela ele viu cenas, memórias distribuídas aleatoriamente. Ele viu a primeira vez que ela livrou Harry e Rony de uma detenção se culpando no primeiro ano, viu quando ela abraçou Harry no segundo ano aliviada por ele estar vivo, viu quando a professora Mcgonagall lhe deu um vira tempo, viu um lindo soco dado em Malfoy no terceiro ano e não pôde evitar um sorriso.


            Cedric não podia se desconcentrar, portanto, tratou de retirar o sorriso do rosto e focar-se totalmente nas memórias de Hermione. Ele a viu em uma casa pequena, mas cheia de gente, a maioria era ruiva, viu o calor familiar emanado pelas pessoas nessa memória, viu quando um menino alto desceu de uma árvore sem aviso prévio, assustando-a, isso fez seu estômago revirar. Cedric havia chegado na parte que queria ver, esse ano, o ano em que ele estava na vida de Hermione.


            Cedric viu Hermione revirar os olhos para os comentários dos seus amigos sobre como ele era um cara legal. Ver essas coisas da perspectiva dela era algo totalmente diferente... Ele viu Dawson conversando com Hermione animadamente, seu estômago revirou outra vez. Foi quando ele viu um lago, uma linda noite, a Lua e... ele mesmo!


            Cedric se viu sentado com ela na beira do rio a luz do luar, era quase constrangedor ver como ele estava se inclinando para ela, como ele tinha perdido o controle, como ele perdia o controle...


            Ele queria continuar nessa cena, ver o que ela havia sentido, se ela estava tão fora de si quanto ele. Foi quando Rudy o cutucou fortemente fazendo-o perder a concentração. Quando Cedric abriu os olhos nervosamente por conta do interrompimento do amigo, ele deu de cara com uma muito mais nervosa Hermione.


            _ O que você pensa que está fazendo? – perguntou Hermione fria e seriamente.


            _ Hã? É... – Cedric ainda estava atordoado, não sabia o que dizer.


            _ Moon! Espera aí, Moon! – gritou Rudy fugindo em direção a um inconfundível cabelo multicolor.


            _ Você está mesmo desesperado, não é? – perguntou Hermione rindo amargamente.


            _ Do que você está falando? – Cedric tentou fazer-se de desentendido.


            _ Não se faça de mais idiota. – pediu Hermione de modo frio – Eu só esperava que se você quisesse tanto saber sobre alguma coisa, você me perguntasse, pode ser?


            Assim Hermione se foi com sua confiança um pouco magoada, assim como Rudy avisou que aconteceria.


            Cedric rugiu com raiva de sua própria burrice, apoiando-se na parede com as mãos no rosto.


            _ O que você fazer não ser nada bonito... – Victor Krum aparecera do nada ao lado de Cedric e o estava reprimindo.


            _ Perdão, você está falando comigo? – perguntou Cedric fitando Krum sem entender.


            _ Ter outro idiota aqui? – perguntou Krum impaciente.


            _ Qual é o seu problema? – perguntou Cedric endireitando-se.


            _ Você saber que ser feio ler pensamentos dos outros, certo? – perguntou Krum sarcástico.


            Então Krum havia visto tudo! Mas onde ele estava? Quando ele chegou ali? A única coisa clara era o fato de que ele vira, desde quando Cedric lançou o feitiço até o olhar frio de Hermione.


            _ O que você tem a ver com isso? – perguntou Cedric desafiador.


            _ Muito mais do que você pensar... – disse Krum divertindo-se – Hermy-on ser muito interessante, uma boa pessoa... Você acabar de fazer tudo mais fácil!


            Cedric observou o glorificado apanhador se afastar e sem aviso um monstro crescia novamente na boca de seu estômago. Isso estava acontecendo freqüentemente naquele ano, um monstro rugindo dentro dele, agora dizia para ir atrás de Krum e acabar com o resto daquilo que ele chamava de cara.


            Não o fez, ao invés disso foi para o Grande Salão, afinal, o anúncio estava preste a ser dado. O tempo havia voado, estava na hora.


            ●●●


            _ Eu não acredito que ele fez isso... – comentou Gina depois que Hermione lhe contou a história toda.


            _ Foi uma total falta de respeito! – disse Hermione liberando toda a raiva que havia guardado para ser “adulta” na frente de Cedric.           


            _ O que ele quer , afinal? – perguntou Gina frustrada com a relação daqueles dois – Ele não “pertence” a Chang? Mas fica aí, todo psicótico com você, querendo saber o que você pensa...


            _ Acho que nem ele se entende! – disse Hermione rindo sincera.


            _ Ele precisa é de uma boa chacoalhada para acordar! – disse Gina olhando a entrada do salão – Olha lá! Posso ir bater nele?


            _ Pára com isso Gina! – disse Hermione repreendendo-a sem nem mesmo prestar atenção ao que Gina havia dito.


            Hermione observou Cedric entrar, ele era praticamente o último aluno faltando, depois ele se juntou aos seus amigos na sua mesa. Pela primeira vez, Hermione não conseguiu ler sua expressão.        


            A festa das bruxas pareceu durar muito mais do que o habitualmente. Talvez fosse o segundo banquete em dois dias, Hermione não pareceu interessada na comida preparada com tanta extravagância como das outras vezes. Mas não era pelo mesmos motivo de todas as outras pessoas do salão. Hermione estava com uma imensa angustia dentro de si que somente aumentava cada vez que Dumbledore fazia menção de se levantar.


            Depois de muito tempo, os pratos voltaram as estado de limpeza inicial; houve um aumento acentuado no volume dos ruídos no salão, que caiu quase instantaneamente quando Dumbledore se ergueu. A cada lado dele, o Professor Karkaroff e Madame Máxime pareciam tão tensos e ansiosos quanto os demais.


            _ Bom, o Cálice de Fogo está quase pronto para decidir – disse Dumbledore. – Estimo que só precise de mais um minutos. Agora, quando os nomes dos campeões forem chamados, eu pediria que eles viessem até este lado do salão, passassem diante da mesa dos professores e entrassem na câmara ao lado – ele indicou a porta atrás da mesa - , onde receberão as primeiras instruções.


Ele puxou, então, a varinha e fez um gesto amplo; na mesma hora todas as velas, exceto as que estavam dentro das abóboras recortadas, se apagaram, mergulhando o salão na penumbra. O Cálice de Fogo agora brilhava com mais intensidade do que qualquer outra coisa ali, a brancura azulada das chamas que faiscavam vivamente quase fazia os olhos doerem. Todos observaram à espera... alguns consultavam os relógios a todo o momento...


            As chamas dentro do Cálice de repente tornaram a se avermelhar. Começaram a soltar faíscas. No momento seguinte, uma língua de fogo se ergueu no ar, e expeliu um pedaço de pergaminho chamuscado – o salão inteiro prendeu a respiração.


            Dumbledore apanhou o pergaminho e segurou-o à distância do braço, de modo a poder lê-lo à luz das chamas, que voltaram a ficar branco-azuladas.


            _ O campeão de Durmstrang. – leu ele em alto e bom som – será Victor Krum!     


            _ Grande surpresa! – berrou Rony.


            O salão explodiu em aplausos e gritos animados. Os alunos de Durmstrang cumprimentavam Krum, ele quase não conseguia andar para frente, sendo parado a cada segundo para um parabéns ou um aperto de mão.


            Quando finalmente chegou a Dumbledore Krum apertou a mão do diretor e seguiu para a sala indicada por ele.       


            _ Bravo Victor! – disse Karkaroff com a voz tão retumbante que todos puderam ouvi-lo apesar dos aplausos. – Eu sabia que você era capaz!


            Quando a agitação diminuiu o Cálice de Fogo começou a se avermelhar de novo e a tensão voltou a tomar conta do salão. Um segundo pedaço de pergaminho voou de dentro do Cálice, sendo lançado pelas chamas.


            _ O Campeão de Beauxbatons é... Fleur Delacour! – anunciou Dumbledore.


            Mais uma vez o salão explodiu em gritos, um pouco mais histéricos vindo das alunas de Beauxbatons. Duas garotas que não haviam sido escolhidas debulhavam-se em lágrimas e soluçavam, com as cabeças deitadas nos braços. Fleur foi até Dumbledore quase flutuando, como se estivesse dançando, seu sorriso em agradecimento era perfeito.


            Quando Fleur Delacour desapareceu na câmara vizinha todos tornaram a fazer silêncio, mas dessa vez foi um silêncio tão pesado de excitação que quase dava para sentir seu gosto. O campeão de Hogwarts era o próximo...


            E o Cálice ficou mais uma vez vermelho; jorraram faíscas dele; a língua de fogo ergueu-se muito alto no ar e de sua ponta Dumbledore tirou o terceiro pedaço de pergaminho. O coração de Hermione pulava tanto em seu peito que seus batimentos cardíacos deviam estar acima de 300 vezes por segundo.


            _ O campeão de Hogwarts é... – começou Dumbledore. Hermione não conseguia respirar. – Cedric Diggory!


            O salão parecia tremer com a quantidade de assobios e aplausos. Os Lufa-lufas eram pura alegria, ao contrário de Hermione que caiu sentada, pois seus joelhos estavam fracos demais.


            Hermione fechou os olhos. Por dentro sentia uma angústia tão imensa e tão cortante que ela gostaria de estar dormindo. Ela desejava isso. Fechar os olhos e dormir para sempre, até aquele pesadelo acabar. Não ter que enfrentar o dia de amanhã ou o segundo  do agora.


            Com um sorriso estonteante tomando o lugar do rosto antes tenso de Cedric, o Lufa-lufa se encaminhou para o diretor e depois foi em direção à câmara atrás da mesa dos professores. Os aplausos para Cedric foram tão longos que passou algum tempo até que Dumbledore pudesse se fazer ouvir novamente.


            _ Excelente! – exclamou Dumbledore feliz, quando o tumulto finalmente serenou. – Muito bem, agora temos os nossos três campeões. Estou certo de que posso contar com todos, inclusive com os demais alunos de Beauxbatons e Durmstrang, para oferecer aos nossos campeões todo o apoio que puderem. Torcendo pelos seus campeões, vocês contribuíram de maneira muito real...


            Mas Dumbledore parou inesperadamente de falar, e tornou-se óbvio para todos o que o distraíra.


            O fogo no Cálice acabara de se avermelhar outra vez. Expeliu faíscas. Uma longa chama elevou-se no ar e ergueu mais um pedaço de pergaminho. Com um gesto aparentemente automático, Dumbledore estendeu a mão e apanhou o pergaminho. Houve uma longa pausa, durante a qual o bruxo mirou o pergaminho em suas mãos e todos no salão fixaram seu olhar em Dumbledore. Ele pigarreou e leu...


            _ Harry Potter!


            Hermione levantou com uma súbita quantidade enorme de adrenalina subindo por suas veias. Ela não podia ter ouvido direito!


            Não houve aplausos, só ouviram alguns zumbidos raivosos e alunos se levantando para ter uma melhor visão de Harry, que estava em seu lugar imóvel, tão chocado quanto Hermione.


            _ Harry Potter! – tornou o professor a chamar. – Harry! Aqui, se me faz o favor!


            _ Anda! – Hermione sussurrou para Harry empurrando-o.


            Harry se aproximou de Dumbledore, que lhe entregou o papel, para que logo depois ele seguisse para a câmara atrás da mesa dos professores.


            E em meio a protestos e vaias Hermione caiu mais uma vez no banco, mas dessa vez pôde sentir seu rosto molhado. Lágrimas caiam de seus olhos sem permissão e por mais que ela tentasse limpá-las a sua angústia era tão grande que elas voltavam rolando pela sua pele.


            Era um pesadelo! Hermione não queria mais dormir, porque sentia que até nos seus sonhos ela conseguiria sentir tão poderosa dor. Ela queria morrer. Ela desejava isso. 

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