MPMN: Não me deixe ir.
* MPMN = Minutos Para Meia Noite.
Jack aproximou-se da garota de cabelos castanhos e disse:
_ Oi...
Ela não respondeu. Era como se Jack não estivesse falando com ela, na verdade, ele nunca falava com ela... Não por vontade própria. Jack esperava que não tivesse de chamá-la pelo nome, por que... Bem, não se lembrava qual era.
_ Hey! – chamou Jack, outra vez atrás de Kate Bellamont.
Kate, porém, não acostumada com a voz de Jack (já que na única vez que se falaram, ela era aquela que precisou [não parava de] falar), não percebeu que estava sendo chamada e continuou conversando por um tempo com Rose sobre Victor... Espera aí! Não, ela não estava falando sobre Victor Krum, estava comentando o fato de Chris ter dado um “fora” nela. Hum... Estranho. Mas também não era impossível.
_ Olha querida, - disse Rose um pouquinho impaciente com a falação de Kate (não é que John até que estava certo?) – Eu não acho que o que você queria fazer com ele era certo, então... Foi mal, mas não vou poder te apoiar nessa...
Kate suspirou profundamente. Ela não havia ficado [tão] zangada com Rose por não apoiá-la. Realmente não tinha sido muito legal ela ter feito isso com Chris, sabe... Querido que ele fosse o “reserva” (mesmo que essa não tenha sido a primeira vez que ela fizera isso). Mas ainda estava estupefata por ele não ter aceitado. Quem não aceitaria ir ao baile com Kate? Pelo jeito... Chris.
Jack continuava parado atrás de Kate sem saber muito que dizer. Não sabia o nome dela! Qual era o nome daquela garota? Ela falava tanto! Por que não falou algo útil como o nome dela?! Ou falou? Jack realmente não sabia dizer, não prestara muita atenção nas milhões de coisas que Kate dissera a ele.
_ A gente se vê depois, Kate. – disse Rose, apressada. – preciso ir fazer... Bem, escolher um par para o baile.
_ Ah! Você finalmente decidiu aceitar o convite de alguém? – perguntou Kate, animada.
_ Não é para mim. – respondeu Rose, já indo embora. Logo depois que disse isso deu um leve sorriso com o canto da boca.
Kate virou-se balançando a cabeça. Essa Rose... Sempre envolvida em coisas que a gente não conseguia entender!
_ Oi... hum... – começou Jack, tentando começar uma conversa com Kate.
Para a surpresa de Kate encontrava-se a sua frente o sonserino que ela nunca imaginaria que um dia fosse falar com ela. E que, pelo jeito, não sabia o seu nome.
_Brenda! – mentiu Kate, rindo por dentro.
_ Brenda! Como eu poderia esquecer um nome tão bonito? – perguntou Jack, com seu jeito galante.
_ Não sei... Talvez com a mesma rapidez que eu o inventei. – respondeu Kate, rindo da cara feita por Jack.
Jack ficou meio desconcertado, mas seguiu com seu plano.
_ Ah... Muito bem. Olha, eu realmente não lembro o seu nome e não poderia estar mais envergonhado por isso... – começou Jack.
_ Katherine. – Kate o cortou no meio da frase, anunciando seu nome. – Mas todo mundo me chama de...
_ Kate! – completou Jack como se tivesse acabado de se lembrar. E realmente tinha.
Kate revirou os olhos com um sorriso.
_ Em que posso ajudá-lo, Jack? – perguntou Kate.
_ Bem, eu soube que você não tem um par para o baile hoje a noite e... – começou Jack.
_ O quê?! Você sabe?! Mas quem te contou?! – Kate cortou Jack no meio da frase mais uma vez. Ela estava olhando para os lados, desconfiada, o que era meio hilário.
_ Não! Quer dizer... Sim. Eu soube. É que... Bem, sabe Hermione? Não, espere... – tentou explicar Jack.
_ Ah! Então foi a Mione?! Eu sabia! Por isso que ela estava agindo estranho hoje de manhã e... – Kate começou a explodir palavras de dentro da sua boca.
_ ESPERA! – gritou Jack.
Kate pareceu chocada.
_ Você gritou comigo?! – perguntou com aquela cara de “Eu não acredito nisso!”
Jack revirou os olhos.
_ Porque se você tiver gritado comigo... – recomeçou Kate a falar.
_ Merlin! Como você fala! – exclamou Jack, rindo.
_ Foi pra isso que você veio aqui? Para gritar e me chamar de tagarela? – perguntou Kate, cruzando os braços.
_ Na verdade, não. Mas você tem que admitir que... – Jack parou no meio da frase ao ver que o olhar chocado de Kate permanecia em seu rosto. – Em todo o caso, - ele rapidamente trocou de assunto – eu queria saber... Você gostaria de ir comigo?
Kate levantou uma sobrancelha, confusa.
_ Ir aonde? – perguntou Kate.
_ Ao baile – respondeu Jack, meio impaciente.
_ Jack Dawson está me convidando para ir ao baile? – perguntou Kate, quase rindo da improbabilidade daquela cena.
_ É o que parece... – respondeu Jack, agora começando a jogar todo seu charme Jackeniano em cima de Kate.
Kate pensou por um segundo. Estava meio confusa e parecia que ia dizer não até que algo a ocorreu. Se Chris não quer ir com ela, então ela poderia arranjar outro reserva só para não ir sozinha. Quem melhor para levar ao baile somente para fingir que tem alguém do que Jack que nunca falava nada com ela? Claro que isso não tinha nada a ver com o fato de Chris estar levando Isa ao baile... Nada mesmo.
_ Está bem, Jack. – respondeu Kate. – Me encontre na descida da escada para o Salão Principal às 19:30h. E não se atrase! – determinando essas regras, Kate se foi.
Jack ficou meio atordoado depois de tudo o que Kate dissera. Mas também, quem não ficaria? Balançou a cabeça e também seguiu seu rumo. Pelo menos, agora, se tudo saísse como ele havia planejado, ele poderia se dar bem com uma outra certa menina de cabelos castanhos.
●●●
Hermione mirava sua imagem no espelho de sua penteadeira. Não reconhecia a menina na frente daquele espelho... E isso não era por causa de seus cabelos estarem perfeitamente alinhados em um magnífico coque. Não eram seus olhos lindamente realçados com uma sombra branca com pequenos brilhos ou seus lábios pintados com cor de poeira de estrelas... Hermione não podia se reconhecer pela grande mentira em que havia se metido. Nunca mentiria para uma amiga daquele jeito... O que deu nela? Hermione tentava pensar que a culpa não era dela, e sim do ciúme cego. Mas no fundo sabia que isso não era desculpa. Além disso, havia dado esperanças para Krum... Ah! Já podia ver que essa seria uma longa noite...
Hermione levanta-se, vagarosamente, para pegar seu vestido, que se encontrava em cima de sua cama. Como não pôde gastar muito o comprou em uma loja antiga e pediu que sua mãe o restaurasse. Nenhum outro vestido que Hermione tivesse comprado seria tão belo quanto aquele agora a sua frente. Bem, talvez houvesse vestidos mais bonitos, mas não para Hermione. Era um vestido azul-pervinca tomara-que-caia, mais justo até a cintura e depois ia se soltando suavemente. Sua mãe havia cortado as alças e refeito o vestido, somente com o seu forro azul. Acrescentou também um véu quase transparente com pequenos brilhos que vinha por cima do vestido, fazendo como se pequenas pedrinhas cintilassem sobre ele e lhe dessem um ar celestial.
Hermione sentia-se como a Cinderela. A diferença era que seu príncipe estava indo ao baile com a irmã malvada e a Cinderela era uma tremenda de uma mentirosa.
●●●
Cedric se encontrava aos pés da escada, a alguns passos do grande salão. Esperava Cho descer. Estava usando seu lencinho dourado. Mas a real direção em que seus pensamentos se deslocavam era para uma teimosa sabe-tudo que ele não vira a tarde toda. Onde estivera Hermione? Será que precisou de três horas para se arrumar? Isso não parecia muito com ela... Se fosse Cho sim, mas... Hermione? Bem, talvez ela estivesse amadurecendo, querendo ficar mais bonita para o dia de hoje. Hum! Mais bonita? Impossível! Na verdade, Hermione poderia aparecer lá de camisola! Cedric queria somente ver aquele sorriso em seus lábios mais uma vez. Embora a idéia de Hermione descer de camisola o tenha deixado meio sem graça... Cedric achou melhor desviar seus pensamentos.
Rudy não se encontrava tão longe de Cedric. A diferença entre os dois era que Cedric mantinha a compostura, mas Rudy... Estava se mexendo sem parar como se em alguma hora fosse ter um ataque epilético. Cedric se permitiu dar um pequeno sorriso e se juntou a Rudy.
_ Calma, Rudy! – disse Cedric ao amigo, ainda com o rosto meio risonho.
_ Nervoso? Quem disse que eu estou nervoso?! – perguntou Rudy com a velocidade de quem está sim muito nervoso.
_ Suas pernas estão tremendo, você está suando, lábios secos... – começou a Cedric a listar a imagem apavorada de Rudy.
_ Ok... Talvez eu esteja um pouco nervoso. – admitiu Rudy, suspirando. – Como você consegue ficar tão calmo?
_ Não sei... – respondeu Cedric, desviando seus olhos.
Rudy abriu um pequeno sorriso.
_ Me diz uma coisa... Se fosse Hermione a descer aquela escada você estaria tão tranqüilo assim? – perguntou Rudy com a cara risonha.
_ O quê? Hã... Como?... Eu não... É... – Cedric rapidamente ficou muito nervoso.
Rudy deu uma alta gargalhada, e ficou rindo assim da cara de Cedric por um bom tempo. Cedric fechou a cara e olhou para o lado. Ao fazer isso, porém, se permitiu dar um pequeno sorriso. Como essa menina conseguia virar seu mundo de cabeça para baixo?
As gargalhadas de Rudy, porém, se desfizeram no momento em que seus olhos se encontraram com a escada. Ou melhor, quem agora a descia.
Chris chega ao lado de Cedric e Rudy.
_ E então gente... Seus pares ainda não chegaram? – perguntou Chris, hiperativo.
Chris estranhou quando não foi prontamente respondido por Rudy que, geralmente, é sempre o primeiro a falar quando... Bem, em qualquer ocasião ele sempre fala muito! Olhou para seu rosto meio que desconfiado.
_ O que aconteceu com ele? – perguntou Chris para Cedric, balançando suas mãos na frente de Rudy para ver se ele acordava.
_ Foi hipnotizado pela Lua. – respondeu Cedric, sorrindo.
Chris então olhou na direção em que Rudy olhava. E lá estava ela. Rudy realmente estava hipnotizado. Moon descia as escadarias com os seus cabelos curtos com um brilho cintilante e uma tiara preta com uma pedra verde perfeitamente lapidada em forma de Lua. Seu vestido era longo e em um tom verde-oliva. Em suas alças havia pequenos diamantes que brilhavam, e uma faixa circundava sua cintura. Moon estava muito bonita. E Rudy não tinha olhos para mais ninguém.
Moon se aproxima de Rudy com um meio-sorriso galanteador.
_ Olá, Rudy. – cumprimentou sorrindo.
_ O... Oi. – respondeu Rudy meio embasbacado.
_ Então... – Moon fez um gesto para si mesma. – Como estou?
_ Está... – Rudy tentou falar, mas as palavras não saiam de sua boca.
Cedric deu um empurrão em Rudy para “destravá-lo”.
_ É... Você é a coisa verde mais linda que eu já vi em toda minha vida. E olha que eu realmente gosto de picles... – comentou Rudy da única forma que conseguia se expressar sem medo: uma piada.
Moon revirou os olhos, mas sorriu. Ela sabia que esse talvez fosse o único jeito de Rudy falar um elogio naquela hora, e... Bem, deixá-lo sem palavras já havia sido um elogio e tanto, certo? Então, ela se postou ao lado de Rudy, segurando seu braço direito e... De alguma forma, eles se completavam. De uma maneira bem estranha. Mas se completavam. Desde o início fora assim.
_ Cara, - comentou Chris, ao lado de Rudy. – eu sei que você está nervoso, mas... Podia ter feito uma piadinha melhor, não é? Foi pior que Zorra Total essa...
_ Foi pior que o que?! – perguntou Rudy, sem entender.
_ Hermione tem que parar de me mostrar essas coisas trouxas! Não valem de nada aqui! – resmungou Chris, voltando para seu canto sem ter sua piada entendida.
_ Isa ainda não chegou, Chris? – perguntou Cedric, que agora já olhava para relógio o tempo todo. Onde estaria Cho, afinal? (Cho? Acho que não era por ela que Cedric realmente estava perguntando).
_ Não, ela já está aqui. Só está... Conversando com algumas amigas. – respondeu Chris, olhando rapidamente para direção de Isa.
Isa estava rindo alto com outras meninas que, se tirássemos as cores dos cabelos ou estilo dos vestidos, seriam idênticas a ela. Ai, ai... Sonserinas... Não que Isa fosse a pior delas... Na verdade, era a melhor. Dentre todas as meninas... Quer dizer, todas as criaturas presentes naquele salão, Isa era a mais deslumbrante. Tinha seu cabelo preso em um rabo de cavalo e um vestido azul turquesa adornava seu corpo perfeitamente, sendo este um pouco transparente, o suficiente para torná-la muito sexy e discreto o bastante para não ficar vulgar. Mas, nesse momento, Isa não se preocupava nem um pouco se Chris estava entediado ou não com a sua conversa com as tais sonserinas.
Quer saber a verdade? Quando se estava falando sobre tensão sexual ou algo do gênero era óbvio que Chris e Isa eram perfeitos um para o outro. A tensão entre os dois era sempre muito grande e (vamos admitir) os beijos também. Mas quando se tratava de sentar junto, conversar, trocar olhares (doces, não atrevidos), sorrisos... Bom, quando se tratava de coisas que casais realmente apaixonados fariam Isa e Chris não se encaixavam nessa categoria. O bom era que eles não conversavam muito mesmo, então não havia problema. Talvez não até agora, a não ser que passassem o baile todo se pegando, o que com Filch e Snape por aí não iria ser muito fácil.
_ Por que você está aqui desperdiçando seu tempo com a gente, então? – perguntou Rudy, estranhando eles não estarem... Bem, se pegando.
_ Ah, não temos muito que conversar. – respondeu Chris, olhando para os lados procurando por alguém. – E onde está Cho?
Pobre Chris... Não porque seu amor fosse impossível, mas... Por estar apaixonado por ela.
_ Ainda não desceu... – respondeu Cedric com um bufo.
_ Ah... – Chris fingiu não estar interessado.
Um minuto depois disso, ao lado dos rapazes aparece ninguém mais ninguém menos que Jack Dawson, acompanhado por John Alexander. Cedric olhou de lado para Jack. Este retribuiu o olhar com a mesma intensidade. Então, uma idéia ocorreu pela cabeça de Cedric: será que ele seria o par de Hermione? Hermione teria arranjado um par?
_ O que você está fazendo aqui, Dawson? – perguntou Cedric, tentando manter sua voz em um tom adequado.
_ Não te interessa, Diggory. – retrucou Jack, abrindo um pequeno sorriso torto em seus lábios.
Cedric respirou pesado e retornou a perguntar, só que desta vez mais grosso.
_ O que você está fazendo aqui, Dawson? – perguntou Cedric outra vez.
Jack revirou os olhos.
_ Estou aqui para pegar meu par, que, aliás, está atrasada. – respondeu Jack, olhando para o relógio.
Cedric sentiu como se água gelada tivesse sido derramada em suas costas. Um calafrio subiu toda sua espinha.
_ E quem estaria atrasada? – perguntou Cedric, meio que desviando o olhar.
Jack compreendeu tudo. E riu de Cedric. Como ele podia não perceber que Hermione gostava dele? E se ele gosta dela, então o que diabos ele continua fazendo aí parado? Bem, não seria Jack o primeiro a reclamar da burrice de Cedric, já que esta o beneficiava.
_ Granger, óbvio. – respondeu Jack.
As reações foram as seguintes: John revirou os olhos de tédio e encostou desleixadamente na parede. Rudy arregalou os olhos e se virou rapidamente para ver a reação de Cedric. Cedric... Se Jack não houvesse falado algo rapidamente a seguir Cedric teria transformado-o em poeira e isso sem a ajuda de uma varinha.
_ Fala sério, Diggory! – disse Jack, rindo. – Eu não vim ao baile com Hermione. Não porque eu não queria se quer saber, mas parece que ela já tinha um acompanhante.
Cedric se sentiu aliviado por Jack não ser o par de Hermione. Mas esse alívio só durou por alguns segundos. O par de Hermione não era Jack, mas... Havia um par para Hermione.
_ Hum... – respondeu Cedric, fingindo despreocupação.
Na verdade, Cedric queria mesmo é perguntar a Jack quem era esse tal “acompanhante” e acabar com ele também. Mas, fala sério! Cedric não era o tipo de pessoa que do nada vai batendo em outros por um ciuminho bobo... Não é?
_ Ced... – Cedric ouviu uma voz chamar ao longe. – Ced! CEDRIC! – a tal voz por fim gritou, fazendo com que Cedric olhasse em sua direção.
Era Cho. E, temos que admitir que, mesmo com a cara zangada, estava muito bonita em seu vestido (cuja cor combinava com o lencinho do smoking de Cedric).
_ O que há com você? Fiquei olhando mais ou menos meia hora da escada e você nem para dar uma espiada no local onde seu par iria descer! – Cho começou a reclamar da grande falta de consideração de Cedric, blá, blá, blá.
Mas nessa hora, Cedric não prestava mais a mínima atenção no que Cho dizia. A razão, acho que todo mundo já deve saber... Um cachorro-quente gigante havia invadido a festa! Ok, ok... Se preferem uma coisa mais óbvia e menos quente...
Hermione Granger descia as escadas do salão principal. Ela estava... Nossa!
_ Linda... – Cedric completou a frase, ainda com o olhar fixo em Hermione.
_ Pelo menos isso, né!? – disse Cho, fazendo biquinho.
Rudy soltou uma gargalhada ao lado dos dois.
_ Qual o seu problema? – perguntou Cho olhando para Rudy com nojo.
_ Se você ainda não descobriu como espera que eu saiba? – perguntou Rudy, ironicamente.
_ Sempre engraçadinho... – comentou Cho, revirando os olhos.
_ Sempre simpática... – retrucou Moon, sorrindo falsamente. – Vamos, Rudy! O clima aqui tá tão legal que a gente nem merece desfrutar dele!
Rudy, que estava rindo do comentário de Moon fechou a cara.
_ Mas eu quero ver no que isso vai dar! – reclamou ele.
_ Pelo amor de Deus, Rudy! Não seja tão fofoqueiro! – disse Moon, puxando para o outro lado.
Quando eles chegaram a uma distância razoável ela completou no ouvido de Rudy:
_ A gente vai se esconder ali do lado para não ficar tão óbvio, né?!
Rudy quase vibrou de tanta excitação.
Do outro lado a cena era menos engraçada e mais... Romântica? Tensa? Não, não! Já sei! Usando as palavras de Moon o clima estava tão legal...
Uma perfeita boneca de porcelana. Assim parecia Hermione Granger ao descer aquelas escadas. Uma figura delicada e frágil. O problema era que a falta de coordenação motora de Hermione não a deixava possuir tais características por muito tempo. E foi então que Hermione saiu rolando pela escada, feito uma abóbora descontrolada.
Isso seria o normal, certo? Seria o que cada um de vocês esperaria que acontecesse. Mas como essa história não tem muito de normal... Hermione Granger estava sim desesperada um pouco antes de descer as escadas, mas descera suave e lentamente. Como uma verdadeira dama. Mas é claro, que quando chegou ao final da escada, respirou fundo, havia conseguido. Seu par esperava por ela. Olhou para o lado e encontrou os olhos de Harry, e voltando a ser meio descoordenada como sempre lhe deu um aceno de mão.
_ Oi, Harry! – disse Hermione, rindo e acenando com a mão freneticamente.
Jack estava completamente embasbacado com a figura de Hermione. Ela já era bonita sim, mas... Merlin! Como estava bonita hoje! Estava diferente... Jack teve que desviar sua olhar. Ele sabia que se continuasse olhando para Hermione iria fazer alguma coisa de errado. Então, desviou seu olhar para a direita da escada na qual Hermione descera. Mas não se fixou muito tempo, voltou a visão rapidamente pra o local de origem. Para logo depois retornar a olhar para a escada.
_ KATE! – gritou Jack, correndo em direção a garota.
_ Jack... – cumprimento Kate. – Ah, que bom ver sua ansiedade! Bom, não surpreendente.
_ Há, há, há, há. – Jack riu, forçadamente.
Kate levantou uma sobrancelha em desdém.
_ Sabe, Jack... Não que eu tenha visto muitas coisas reais em você... Mas isso já é fingimento demais! – disse Kate, esboçando um sorrisinho.
_ É, fazer o que? Sou eu. O pervertido e nojento Jack. – respondeu Jack, olhando para ver se Hermione já havia saído.
_ Você está bem? – perguntou Kate. – Cinco minutos se passaram e você não me mandou calar a boca... Ninguém nunca fez isso.
_ Ah, eu estaria bem melhor se eu entrasse no salão! Vamos tomar um ponche! – disse Jack, empurrando Kate para fora do campo de visão de Hermione.
_ Ah! Um jeito mais educado de me mandar calar a boca, né? – perguntou Kate, rindo.
_ É, claro, linda. – respondeu Jack, galanteador.
Kate alisou o vestido prata que usava. Mesmo que Jack tivesse complexo de chamar todas as meninas que encontrava de lindas, Kate realmente estava bonita. Usava um vestido prata, com uma faixa em um dourado transparente. O vestido tomara-que-caia encaixava-se perfeitamente em seu corpo, em um tecido leve e solto.
_ Linda? Obrigada! – respondeu Kate animada. – Realmente, demorou para arrumar isso tudo de tecido e...
Jack rolou os olhos e sorriu. Só podia ser Kate mesmo...
Agora chegou a hora de narrar a reação de Cedric. Merlin... Como narrar sentimento tão confuso? Talvez seja melhor dizer o que ele viu quando Hermione desceu as escadas. Por quê? Bem, foi diferente do que qualquer outra pessoa havia sentido.
No momento em que Hermione descera as escadas Cedric não congelara seu olhar sobre ela por causa de como estava bonita. Ele não ficou deslumbrado com a visão de como o vestido azul ficara bonito em Hermione, ou em como seus cabelos estavam perfeitamente alinhados em um lindo coque. Também não fora porque sua maquiagem dera cor a sua pele tão branca. Cedric não conseguia tirar os olhos de Hermione, pois quando a vira olhara diretamente em seus olhos castanhos... E nesse momento ele viu a mesma Hermione de sempre, aquela por quem ele se apaixonara. A mesma menina que dormia toda esparramada em um colchão que deveria ser dos dois. A mesma menina que, agora, fez com que uma chama muito quente queimasse seu coração. Ele vira a sua menina.
Sim, parece algo realmente muito bonito, algo tão doce, algo tão... Inalcançável. É muito engraçado como tudo o que mais queremos na vida parece ser algo inalcançável. Como imaginamos milhões de vezes situações que, para nós, nunca se tornariam reais. Mas hoje não era uma noite qualquer... Não, isso com certeza não é um conto de fadas, mas como na vida real, ainda mais na deles, sempre há um pouco de magia, ainda há muito que acontecer.
Quanto à reação de Cedric... Bem, ele mudou drasticamente quando viu a sua menina nos braços de ninguém mais ninguém menos que Victor Krum. Então ela realmente tinha um par. Talvez (e somente talvez) isso fosse pior do que Hermione ter como par Dawson. A resposta era simples: Cedric conhecia Dawson e muito bem! Mas Krum... Quantas palavras ele já havia trocado com ele? Quatro? Ou melhor, Krum falava? Tem como entender? É melhor lidar com algo que você conheça. Se Dawson fizesse qualquer sinal de que iria tentar desrespeitar Hermione, Cedric sabia muito bem como ele o faria e simplesmente o encheria de socos no meio da pista de dança...
*Flash*
_ E agora... Os campeões irão abrir a pista de dan... – Dumbledore começou a falar – Er... Sr. Diggory, poderia, por favor, parar de bater a cabeça do Sr. Dawson na estátua de gelo?
[Cedric com uma cara ensandecida, enquanto batia freneticamente a cabeça de Jack em uma grande estátua de gelo]
*Back*
Então... Com Krum era algo totalmente diferente. Ele não sabia quais eram suas intenções para com Hermione, ou se ele realmente queria algo com ela. Então nesse momento, quando a nossa cabeça está indo a mil por hora, o que poderia acontecer? Que tal a pessoa que você gosta olhar diretamente para você?
Hermione estava muito feliz. E por que era isso? Ela não sabia, mas simplesmente estava. Era como se naquela noite alguma coisa dentro dela tivesse mudado. Todos no salão com certeza conseguiram reparar isso. Mas porque seus olhos corriam por todo o salão? Ela estava à procura de uma das pessoas a qual a reação ela ainda não havia visto. Não demorou muito para encontrá-la. E desejou nunca ter encontrado tal olhar.
Os olhos de Cedric estavam em um mel tão intenso que ela podia sentir o calor de seu olhar queimar sua pele. Alguma coisa naquele olhar a fez se arrepiar da cabeça aos pés. Seu coração começou a bater em um ritmo acelerado e suas mãos começaram a ficar molhadas. Porque diabos o nosso corpo faz com que pareçamos como completos loucos histéricos justamente quando a pessoa que gostamos está olhando para nós?
Cedric viu Hermione procurar por alguém. Algo acendeu em seu peito. Será? Era por ele que Hermione estaria procurando? E então, ela olha em sua direção e seu olhar permanece sustentando o seu. Cedric a olhou extasiado por um momento. Depois, não agüentou e sorriu. Um daqueles sorrisos “cedric-digorry-quer-que-eu-morra?”.
Hermione respirou profundamente e virou para o lado rápido, antes que pudesse ser enfeitiçada pelo sorriso de Cedric. Ela, porém, não precisava ter olhado nem mais um segundo para que Cedric sorrisse presunçoso. Hermione ficou nervosa com seu sorriso, mas o que realmente a irritou foi o fato dela estar procurando por ele... Por que, Merlin? Ela não precisava se torturar ainda mais vendo o quão perfeita seria a noite dos garotos mais populares da escola juntos.
Foi nesse instante que Hermione permitiu dar um pequeno sorriso. Ela não vira Chang ao lado de Cedric.
A professora Minerva começou a chamar os campeões para dar-lhes últimos avisos sobre a dança.
Rose descia as escadas em um vestido vermelho-fogo, como seus cabelos. Tinha certo ar sensual em seu andar e no jeito em que mexia os quadris ao descer aquela escada. Mas o que realmente impressionava era o ar em seu rosto. Não era o de costume. Nada de ardente em seu modo de olhar ou de deboche em seu sorriso. Estava com uma leveza aparente, e ao mesmo tempo preocupante.
Não muito longe dali, encostado, desleixadamente, em uma parede no canto, estava John. Ele observava Rose, e talvez tenha sido o único a perceber essa sutil mudança em seu rosto. Ele viu que isso significava que ela estava esperando ansiosa pela noite de hoje. Isso o fez se achar mais do que devia, mas também o fez temer. É muito mais fácil você odiar alguém e não querer vê-lo do que passar uma noite inteira com ele. Eles sairiam como casais com os pares escolhidos um pelo outro. Mas é claro que John nunca admitiria que estava nervoso. Até porque nem ele mesmo sabia disso. Ele nunca se sentira assim, então não poderia saber que tipo de ansiedade era essa. Ele começou a andar lenta e sonserinamente na direção de Rose.
_ Olá, Ericson. – cumprimentou Rose.
John não a respondeu exatamente na hora, isso fez ela se sentir vitoriosa. Por uma fração de segundos.
_ Oi, minha garota. – cumprimentou John com um sorriso maroto em se rosto.
Rose revirou os olhos.
_ Quantas vezes eu vou ter que dizer... – ela começou.
_ Quantas vezes eu terei que dizer que você é minha garota? – contrapôs John de imediato.
Rose ficou sem fala também, como John. Ok, parecia que eles estavam quites.
_ Até isso se tornar verdade. – e com o sorriso debochado de volta ao seu rosto, Rose havia vencido.
John deu de ombros e deixou essa passar. Ou pelo menos fingiu ter deixado.
_ Então, onde está a minha real garota? – perguntou John, referindo-se ao par que Rose deveria escolher para ele.
A garganta de Rose se fechou por um segundo. John sorriu mais abertamente.
_ Não se preocupe. Você sempre será minha garota principal.
Rose deu uma falsa risada e depois fingiu que vomitava. John estava adorando aquilo.
Rose olhou para as costas de John e sorriu.
_ Ali está ela. – disse Rose, como se a aposta já tivesse sido ganhada.
John virou-se para ver quem Rose havia escolhido e não pôde evitar revirar os olhos (ainda sorrindo) quando viu a figura em sua frente. Talvez a única diferença entre Rose e a menina diante de si era a cor do vestido e o cabelo que era um pouco mais puxado para o ruivo-castanho do que um vermelho intenso como o de Rose. É claro, que Rose não podia ser compara a ela, pensava John. Mas isso não quer dizer que não seja óbvio que a menina que Rose acabara de lhe mostrar tinha sido feita para ser um clone da mesma.
_ Prazer, meu nome é Chloe Pensevien. – cumprimentou a menina, sorridente.
_ Sou John Ericson. – John segurou de leve a mão da menina a sua frente e, delicadamente, a beijou.
A menina sorriu, e por mais que se parecesse com Rose, John sabia que aquele sorriso não estava... Como explicar? De algum modo, não estava certo. John desviou seu olhar para Rose, ela o encarava com um olhar de vitória certa. Mas, ao que me parece, nunca havia um vencedor ou um perdedor quando se tratava de Rose e John.
_ Muito bem... – disse John, desafiando a confiança no olhar de Rose – Alec! – ele chamou, estalando os dedos.
No mesmo instante, um garoto um pouco mais baixo que John se aproximou. Rose achou ter visto aquele paletó antes, quero dizer em outra pessoa... Por outra pessoa pode entender John Alexander Ericson. Para nós não é nenhuma surpresa que Rose e John se achem perfeitos um para o outro, nem para eles. A diferença entre nós, meros observadores, e Rose e John, que realmente vivem essa história, é que eles nunca admitiriam esse fato.
A situação é a seguinte: “Viventes” e observadores têm a oportunidade de sentir a história, mas vivê-las é atributo exclusivo. E ao viver criamos problemas, saber como resolvê-los está a cargo de quem observa de fora. Ainda assim, não basta que observadores queiram e viventes não façam. Enfim, aqui nós ficamos. Esperando que algo se resolva e uma palavra seja dita. Tão fácil de se imaginar... Tão impossível de se concretizar.
_ Olá. – disse o garoto, pegando a mão de Rose e beijando-a suavemente.
Rose olhou para John e estreitou os olhos em incredulidade.
_ Apresento-lhe Joseph Alec Holden. – disse John, entendendo perfeitamente o olhar de Rose, já que ele também pensara o mesmo da “escolhida” de Rose.
_ Claro que apresenta... – disse Rose, balançando a cabeça – Posso falar com você um minuto? – ela perguntou a John.
John suspirou, já sabendo o que estava por vir.
_ Claro... – disse John. Embora em sua cabeça ele estivesse pensando em algo como “Fazer o que, né?”.
Rose e John caminharam até uma boa distância do casal de clones baratos. Rose virou para John e disse, sorrindo debochadamente:
_ Você está brincando comigo, né?
John soltou um leve riso e levantou as mãos em sua defesa.
_ Não foi minha intenção. – ele afirmou, ainda com as mãos levantadas – Mas não posso negar que esperava que acontecesse... – completou olhando Rose, profundamente, nos olhos – Então, você acha que alguém como você é perfeita para mim?
O olhar dele não vacilou nem um minuto e parecia ficar mais intenso a cada segundo. Rose ficou um pouco perdida para responder, mas logo depois se recompôs.
_ O quê? Ela? – Rose apontou para o lugar de onde haviam saído – Por favor, me poupe!
John riu da indignação de Rose. Mesmo que ela tenha escolhido a garota, de certo modo, esperava que John negasse tal semelhança entre ambas. Rose queria que ele dissesse que aquela falsa ruiva não chegava aos seus pés! E que nunca seria tão arrogante e louca... Já que as farpas eram a melhor parte da relação de Rose e John, o que sentiam quando brigavam era vicioso. E daí que eles se odeiam? Essa é a parte interessante...
_ Eu estou meio confuso aqui... Você está querendo que eu admita que sua escolha foi péssima? – perguntou John, debochadamente.
Rose apertou os olhos enquanto olhava para John. Foi aí que ela percebeu a burrada que havia dito.
_ Claro que não! – disse Rose despertando uma indignação – Ela não tem nada a ver comigo! Por isso ela ficaria com você! Você nunca se interessaria por alguém como eu... Admita!
Era como se as últimas palavras de Rose tivessem sido mais como um desafio. Vamos lá, John... Admita. Por alguma razão ela sabia muito bem que isso era algo que John não poderia admitir.
_ Minha garota... Se eu te escolhi para ser minha quer dizer que eu já tinha interesse. – respondeu John, com seu sorriso galanteador.
_ Quê?! – perguntou Rose meio espantada.
_ Como eu também tive interesse em 22 das garotas que me chamaram para vir a esse baile. – completou John, reforçando a idéia de que Rose era somente mais uma das suas garotas.
_ Acho que os interesses são bem diferentes. Eu não quero nem saber qual é o seu interesse nas outras garotas! – começou Rose, em seu sorriso debochado – Mas, para comigo... O seu interesse é atormentar minha vida!
_ Certamente... – disse John, sorrindo também.
Em meio de sorrisos debochados e olhares furtivos Rose percebeu algo antes desprezado em umas das falas de John.
_ Espera... Você disse que ficou interessado em 22 DAS GAROTAS que te chamaram para sair? – perguntou Rose, incrédula. – Quer dizer que houve mais que 22?!
John deu um sorriso presunçoso e respondeu que sim com um aceno de cabeça.
_ Sério? Houve mais que 22... – Rose perguntou, olhando para o chão e balançando a cabeça com cara de preocupada. – Vítimas? – completou com seu sorriso debochado de volta ao rosto. – Tantas vítimas em um dia só... Realmente, algo impressionante.
John levantou uma sobrancelha. Logo depois soltou uma gargalhada. Rose ficou meio assustada com aquilo.
_ Qual é o seu problema?! – perguntou Rose, chocada.
_ No momento... – respondeu John, ainda rindo bastante. – Você.
Rose revirou os olhos.
_ Eu não agüento mais isso! – ela gritou, balançando a cabeça.
_ Ah, então você está pronta para ceder? – perguntou John, provocando-a.
_ Ceder a você? – perguntou Rose, seus olhos brilhando com a oportunidade de um desafio. – Nunca!
E dizendo isso começou a caminhar em direção a Joseph, com uma cara não muito convidativa.
_ Vamos lá, Joseph! Vamos ter a melhor noite das nossas vidas! – gritou Rose, enquanto literalmente puxava o garoto para pista de dança. Ele não pareceu se importar. Talvez tenha gostado do “jeito agressivo” de Rose.
_ Isso foi ridículo! – disse Chloe em um tom um pouco mais baixo do que aquele que Rose costumava a usar. – Foi uma falta de educação!
John riu, e pensou na seguinte frase: “Rose nunca se preocuparia com a ‘educação’”. Na verdade, John duvidava que ela tivesse alguma. Está aí, mais uma diferença.
●●●
Estava na hora. Todos os campeões deveriam entrar pelas portas do Grande Salão e dançar na frente de absolutamente todas as almas vivas daquele colégio. Ah, dos fantasmas também.
Hermione sabia dançar. Mas não era isso que a deixava com borboletas no estômago. Era o fato de o par ao seu lado ser ninguém mais ninguém menos que Victor Krum. Um dos caras mais famosos, e até que era charmoso. O pior ainda era: ele era o cara que Kate idolatrava. Ah, sim! Ainda havia uma coisa... O garoto pelo qual Hermione havia cegamente e repentinamente se apaixonado estava posicionado logo atrás dela. Ele estava com seu par, Cho Chang. E ela estava (devemos admitir) muito bonita.
Professora Mcgonagall fez um aceno para que os campeões se ajeitassem na fila. Um segundo depois os portões se abriram. Hermione respira fundo e dá o seu primeiro passo em direção ao Grande Salão.
Por mais incrível que isso pareça, depois de dar cinco passos ela não estava com a cara no chão. Ela realmente não havia tropeçado em seus saltos! Ela caminhava para pista de dança sobre o olhar de todos os alunos de Hogwarts e sentia-se flutuando. Aquela com certeza não era Hermione. Não que ela tivesse mudado completamente, mas talvez aquela noite fosse como uma transição da Hermione desajeitada para uma Hermione mulher. Algo definitivamente mudara dentro dela.
Os casais chegam ao meio da pista. Hermione se posiciona na frente de Krum. Ela meio que se apóia para o lado e dá um sorriso sem jeito. É, talvez ela ainda fosse meio desajeitada.
Quando a música começou a tocar Hermione pôde ouvir algo como “Ótimo!”, mas não teve tempo para poder ver de quem havia vindo tal palavra.
Fora do alcance da visão de Hermione estava uma Kate com a cara chocada e um Jack com as mãos na cabeça parecendo aflito.
*mini flash-back para explicar a cena anterior*
Jack olhava apreensivo para as portas do Grande Salão, esperando que a qualquer momento elas se abrissem e dali saísse Hermione com o par dos sonhos da Kate.
_ Jack... – Kate percebeu que ele não estava ouvindo a uma palavra que ela dizia. Começou, então, por “katienizar” as frases. – Então, estava pensando em como transformar travesseiros em algodão-doce... Seria um delicioso algodão-doce. A não ser que fosse algodão-doce do gênero dos cotonetes... Aí seria uma desgraça.
Jack pegou entre mais ou menos a metade da última frase e olhou para Kate, incrédulo.
_ Você é doidinha, sabia? – perguntou Jack, balançando a cabeça.
_ E você não estava ouvindo a nada do que eu dizia antes de eu começar a falar idiotices, sabia? – perguntou Kate, sorrindo.
Kate era encantadora.
_ É. Seria uma boa idéia mesmo assim. – comentou Jack, dando de ombros.
_ O quê? – perguntou Kate, confusa.
_ Poder transformar travesseiros em algodão-doce. – respondeu Jack, dando um pequeno sorriso.
Kate olhou para Jack, mas não espantada ou admirada. Ela sabia que ele era bom nisso...
_ Você é bom nisso... – ela disse para Jack – Realmente bom.
_ No que? – perguntou Jack sem entender a reação de Kate.
_ Mentir, bem, não é mentira, de certo modo. – disse Kate no seu momento “eu sei do que falo” – Você sempre consegue se safar do que diz e, no caso de garotas, sempre consegue com que elas se derretam por suas desculpas... Mas eu não vou cair nisso... Sinto muito.
_ Eu não almejo que você caia. – disse Jack, sincero – Então, não é uma perda, se é que você me entende.
_ Retiro o que disse. Não sinto muito porcaria nenhuma! – disse Kate meio ofendida.
_ Mais que menina educada! – disse Jack divertindo-se.
Nesse instante, os portões se abriram.
_ Ah! – gritou Kate.
Jack deu um pulo pelo grito de Kate.
_ Que foi? – ele perguntou, com as mãos nos ouvidos.
_ Agora terei a chance de ver quem é a baranga que veio com MEU Krum! – disse Kate olhando a entrada atentamente.
_ Isso é irônico... – disse Jack com a voz em uma altura que só ele ouviria.
Jack pensou que seria engraçado ver a reação de Kate quando descobrisse que a “baranga” era sua leal amiga Hermione. Logo depois reconsiderou, pensando que não queria ver os cabelos tão delicadamente arrumados de Hermione serem puxados, bruscamente, por Kate.
_ Ah... – ele começou, pensando em algo para chamar a atenção de Kate. – Por que toda essa curiosidade? – perguntou, balançando as mãos na frente do rosto de Kate para desfocar seu olhar. – Hein? HEIN?!
_ Dá para tirar as mãos da minha frente?! – Kate estapeou as mãos de Jack até que estas se afastassem.
_ Uuuh! Quanto nervosismo... – continuou Jack – Você está fazendo papel de idiota...
Jack falava e falava, mas não conseguia a atenção de Kate. Foi quando algo que ajudaria veio a sua cabeça, algo certo. Ele nem precisava pensar duas vezes antes de comentar:
_ Esse cara é feio e acha que joga quadribol! Há! Uma diva que corre cada vez que quebra uma unha, isso sim! – além de Jack estar conseguindo o efeito desejado, estava se divertindo a cada palavra – Não sei como você morre para olhar isso...
Kate virou-se para Jack com um olhar maligno. Bem, pelo menos o olhar estava fixado em Jack e não em uma grifinória que adentrava o salão roubando olhares curiosos e impressionados de outras pessoas.
_ Pessoas como você me dão nojo! – Kate disse, enfezada.
_ Claro, claro. – disse Jack sem realmente prestar atenção. Estava ocupado demais tentando manter Hermione fora do campo de visão de Kate.
_ Você não se agüenta de ciúmes! Porque nunca será tão talentoso e nem tão... – Kate foi interrompida no meio de seu discurso.
_ Bonito? – perguntou Jack, incrédulo. – Você não vai falar bonito, não é? Há, há, há, há, há! Pelo amor de Merlin! – Jack caiu na gargalhada.
_ Eu nem sei por que estou perdendo meu tempo com você, quanto tenho algo muito melhor para fazer! – disse Kate, virando-se para olhar seu apanhador favorito.
Jack parou de rir naquele mesmo instante. Era isso. Ele tinha que fazer alguma coisa antes que Kate pudesse ver que Hermione estava com Krum. É claro que ele não conseguiria impedi-la de perceber isso a noite toda, mas era muito melhor que Hermione viesse se explicar primeiro. Ele precisava de algo... Algo rápido. Sem pensar direito Jack pegou o braço de Kate e virou-a para si. Kate olhou-o confusa.
_ O que foi? – perguntou com as sobrancelhas franzidas sem entender a reação que Jack havia tido.
Foi aí que aconteceu. Algo meio esperado, para quem está lendo, mas muito inesperado por quem vivenciou. Jack rapidamente colou seus lábios nos de Kate. Foi algo tão rápido que, na verdade, Kate não havia percebido o que estava acontecendo até sentir Jack aprofundar o beijo. Foi aí que ela arregalou os olhos, surpresa. Seria nesta hora que ela o afastaria. Mas, sabe... Ela estava vulnerável por Krum não a ter convidado para o baile (mesmo que este nem a conhecesse) e... Bem, digamos que Jack não havia ganhado a fama de mulherengo por nada. Ela realmente estava gostando do jeito daquele beijo.
Jack esqueceu-se de seu propósito por um segundo. Kate tinha um beijo... Diferente. Ele não quis parar o beijo tão cedo quanto havia planejado.
Eles se separaram.
_ Ah... – Kate olhava para Jack, ainda meio confusa. – O que foi isso?
_ Chama-se um beijo. – respondeu Jack, com seu sorriso galanteador no rosto.
_ Eu sei exatamente como é um beijo, Jack. – respondeu Kate, colocando as mãos na cintura.
_ Isso eu percebi. – comentou Jack, abrindo mais o sorriso.
Kate corou um pouco, mas também abriu um pequeno sorriso e decidiu por não brigar.
_ Só não leve isto que acabou de acontecer como algum incentivo para... algo mais. – avisou Kate.
Jack deu uma pequena risada.
_ Você realmente acha que eu iria querer algo mais com alguma menina? – perguntou Jack.
_ Bem... Não sei... Você é humano, não é? Não tem sentimentos? – perguntou Kate.
_ Não... Não muitos. Eu prefiro na verdade ter algo mais com mais de uma... – respondeu Jack, pensando. – É difícil de explicar. Eu gosto de... – ele parou no meio da frase.
_ Hermione. – Kate completou para ele.
_ Ah, sim. Não se pode esconder nada de você. – afirmou Jack, balançando a cabeça.
_ Não. – disse Kate, sorrindo. – Mas não me importo que você não queira algo mais... Não me leve a mal, o beijo foi bom, mas eu não senti nenhuma “faísca”.
_Faísca? – perguntou Jack, confuso.
_É... Quando alguém te beija e você sente algo no estômago, e um tipo de ansiedade boa sobe até a sua garganta. Como se fossem faíscas que rapidamente se tornariam fogo... – Kate começou a dissertar.
_Ok... – disse Jack rindo da “filosofada” de Kate. – Então eu também não senti... “faíscas”.
Eles se olharam por um momento. Era estranho um ficar olhando para cara do outro, porque era exatamente isso. Não houve “faísca”, eles não tinham nada o que dizer. Foi então que Kate pensou em uma pergunta para quebrar o silêncio:
_ Você não ficaria somente com ela? – perguntou Kate, levantando uma sobrancelha. – Por “ela” eu me refiro a Hermione.
_ Eu nunca a machucaria... Mas eu nunca estive em um relacionamento antes. Eu não sei como é isso. Agora eu sei que quero ficar com ela, mas se eu... Sentir que não irei conseguir eu nunca iria traí-la, pode ter certeza. Eu a deixaria livre para ser feliz com alguém que realmente se comprometesse. Eu gosto dessa menina. – Jack tentou explicar da melhor maneira.
_ Eu entendo... Então por que fica em cima dela? – perguntou Kate.
_Eu disse que se eu sentir que não irei conseguir ser fiel eu a deixaria livre. Por enquanto, eu ainda não tentei. – respondeu Jack, com um sorriso ao mesmo tempo pensativo e maroto.
_ Sei... – Kate deu um sorriso-suspiro. – Sabe qual foi o único problema com o que você me falou antes? – perguntou Kate, psiquiatra.
_ O quê? – Jack perguntou curioso.
_ A parte em que você disse “Eu gosto dessa menina”. – respondeu Kate.
_ Ah, sim... – disse Jack com sarcasmo. – Realmente, eu gostar dela é um grande problema.
Kate balançou a cabeça.
_ Não... É o fato de você somente gostar de Hermione. Você disse “gostar”, Jack. Percebeu? Você não disse em um sentido como “eu gosto bastante”, mas como simplesmente um “gostar”. Algo como desejo talvez? Você não pode ser realmente fiel com alguém por quem não está apaixonado. – explicou Kate. Ela era realmente boa para ler nas entrelinhas.
Jack inclinou a cabeça, confuso. Pensava em várias coisas diferentes. Por fim se decidiu pelo caminho mais fácil.
_ Não... Eu gosto de Hermione. Eu sei disso. – respondeu ele ainda meio avoado.
_Se você diz... – disse Kate, dando de ombros. – Onde está essa menina, aliás? – perguntou Kate voltando a olhar para o salão.
Jack, dessa vez, porém, não a impediu, pois estava meio perdido em seus próprios pensamentos. Foi tarde demais quando ele percebeu que Kate procurava exatamente pela pessoa errada. E nessa hora, Kate já olhava com cara de espanto para o meio do salão. Jack colocou as duas mãos sobre a cabeça.
_ Ótimo! – disse ele em desespero.
●●●
Cedric conduzia Cho pelo salão com perfeição. Era como se ele fosse o perfeito príncipe encantado com a perfeita princesa. Bem, talvez esse príncipe estivesse apaixonado por uma gata borralheira, que para ele seria a eterna Cinderela na noite de baile. Furtivamente, ele acompanhava Hermione pelo canto dos olhos. Pensava em como queria ser aquele a segurar sua cintura enquanto a levantava no ar. Queria ser aquele para quem um dos sorrisos espontâneos que Hermione dera tivesse sido dirigido. Queria, na verdade, que aquela noite toda que passaram juntos não tivesse sido somente um sonho.
Sim, Cedric havia se convencido de que aquela noite havia sido um sonho. Algo lindo, maravilhoso, romântico e perfeito... Porém, nada mais que um sonho.
Mas quem sabe... Não dizem que se você não contar o seu sonho para ninguém ele se realiza? Podemos também ver esse sonho como um desejo, afinal, um sonho é um desejo que seu coração aspira. E ficar com Hermione era o maior desejo de Cedric, no momento.
Muitos começaram a entrar na pista de dança, mas Cedric ignorara suas presenças. Somente quanto começou a tocar um rock pesado e todos começaram a pular que nem malucos, se esbarrando que ele foi perceber o quanto a pista estava cheia. Cho olhou com cara de nojo para um casal que esbarrou nela, enquanto dançavam empolgadamente.
_ Vamos sair daqui, Ced. – pediu Cho. Cedric não precisou pensar duas vezes antes de sair.
Como era esperado Cho foi puxada por um monte de amigas assim que saiu da pista de dança.
_ Você não se importa se roubarmos ela por um minuto, não é? – perguntaram as meninas entre sorrisos comprometedores.
Cedric abriu seu sorriso torto mais perfeito ao responder:
_ Claro, não será incômodo. Pode ir conversar com suas amigas, Cho. – disse Cedric, que por um segundo observou Hermione de canto de olho, dançando que nem uma maluca. Ou que nem uma Hermione.
Nesse momento, porém, ele teve que desviar o olhar, pois Cho o pegou de surpresa. Ela colou seus lábios nos do garoto, que não teve tempo de ter uma reação. Depois ela deu um sorriso e se dirigiu para onde as amigas estavam esperando. Estas estavam rindo nervosamente. Cho parecia bem convencida. Cedric quase teve certeza de que ouviu ela falar algo como:
_ Me desculpem... Mas ele estava praticamente implorando então... Eu tive que ceder, não é gente? Quer dizer, vocês já olharam para ele?
Depois disso Cedric não conseguiu ouvir mais nada, o riso das meninas parecia distante cada vez que iam mais para dentro do salão. Apesar do que todos provavelmente devem ter pensado Cedric não se importou com o fato de Cho estar ganhando mais algumas fãs para segui-la como se fossem cachorrinhas... Na verdade, depois que as vozes das meninas desapareceram tudo aconteceu muito rápido. Cedric pensou em sua cabeça o como era engraçado um dia ter sido apaixonado por Cho. É claro que ele ainda se importava muito com ela, mas creio que ele tivesse confundido o gostar com o amar. Parou para pensar também se o que sentia por Hermione também não poderia ser alguma armação.
Isso tudo aconteceu em menos de 10 segundos, depois disso Cedric não pôde pensar em nada mais do que uma cena em particular que havia visto. Quando olhou para a pista de dança, deu de cara com uma Hermione meio que perplexa olhando fixamente para ele. Ela, é claro, rapidamente desviou o olhar, mas naqueles poucos segundos foi possível ver que acontecera algo que a tinha chateado de verdade. Bem, e não é preciso ser um gênio para adivinhar o que aquilo teria sido. Cedric demorou uma fração curta de tempo olhando-a confuso até abrir aquele seu sorriso perfeito e abobado. Ela estava nervosa porque provavelmente viu que Cho havia dado um beijo em Cedric.
Então, veio aquele sentimento que vem logo depois de você se sentir feliz porque alguém que você gosta deve estar com ciúmes de você. A primeira coisa que você pensa é que você deve estar delirando. Depois, quando já está descartando a parte de estar delirando ou não, você começa a se questionar porque diabos ela estaria com ciúmes de você. Até que por fim você decide olhar para o local onde a tal pessoa está e... Puff! Ela simplesmente desapareceu.
_ Onde aquela cabeça dura se meteu? – Cedric perguntou a si mesmo.
Mas Cedric não se importava muito com o fato de que, não a encontraria tão facilmente ou, como ele previa que fosse acontecer, ela nem fosse querer ouvi-lo quando se encontrassem. Não... Ele sabia que ela gritaria e provavelmente estaria pronta para dizer coisas sem sentido e dar-lhe alguns socos. Mas, olhando ao seu redor, para tanto esplendor e beleza que adornava o salão, ele sentiu algo... Cedric sentiu que era um grandessíssimo estúpido.
●●●
Perto da mesa de onde se encontravam as bebidas, podia-se ver Chris e Isabella.
_ Quer dizer... Kate não é o tipo de pessoa que simplesmente sai por aí beijando caras que ela acabou de conhecer. – Chris continuava a comentar sobre a cena do beijo entre Kate e Jack.
Sim, Chris havia visto. Aliás, pelo menos mais da metade do salão havia visto aquela cena. Não foi algo, digamos, muito discreto.
Isa parecia ouvir Chris, mas seus pensamentos estavam divagando. Isa sentia-se machucada e completamente estúpida por sentir-se machucada. Quando ela viu Jack beijar Kate foi como se algo houvesse apunhalado seu coração. Se fosse Hermione, Isa não estaria se sentindo do jeito que está agora. Seu coração estaria partido, sim, mas ela não se sentiria... traída. Veja bem, Jack não está apaixonado por Kate, então ele estava provavelmente se divertindo. Isso é bem pior do que se ele estivesse beijando alguém que ele realmente gostasse. E Isa sentiu-se estúpida por estar se sentindo assim, claro, pois ela não tinha o menor direito de se sentir traída. Jack e ela não estavam juntos em nenhum tipo de relacionamento, ele provavelmente nem sabia que Isa gostava tanto dele. Mas era tão óbvio o que ela sentia por ele...
Lágrimas pareciam prestes a cair pelo seu rosto, mas muito antes que isso acontecesse Isa obrigou-as a voltarem para dentro de seus olhos. A partir desse momento, ela jurou, nenhuma lágrima mais derramaria por Jack Dawson.
Chris estava meio que chocado por Kate beijar alguém assim, sem mais nem menos, do nada! Ao ver a cena ele nem tinha acreditado em seus olhos, de início. Havia uma coisa nessa atitude que o incomodava bastante. Talvez fosse o fato de não acreditar que Kate poderia ser tão... fácil. Mas Kate não era fácil. Era um pouco de raiva falando no lugar da consciência.
_ E eu também não entendo que... – Chris tentou continuar.
_ Chris... – cortou-o Isa, com um sorriso avassalador. – Eu não quero mais falar sobre Jack e aquela sua amiga se beijando, por favor...
_ Ah, é claro. Desculpe-me, isso realmente não é uma conversa muito boa, não é? – disse Chris, desculpando-se por ficar o tempo todo falando somente de Kate.
_ Não, não é uma conversa muito boa. – Isa aproximou-se de Chris, a sensualidade escorrendo de sua boca. – Eu acho que é muito melhor praticar do que falar sobre. – ao terminar a frase, ela sorriu.
Chris sorriu de um jeito galanteador e também muito safado! Segurou Isa pela cintura e a beijou. Eles começaram o beijo já com uma intensidade absurda. Não demorou muito para serem chamados atenção. Eles simplesmente riram muito quando o professor Snape virou as costas.
_ Acho melhor irmos para outro lugar. – disse Isa.
_ Concordo plenamente. – respondeu Chris, ainda sorrindo.
●●●
_ Eu... Eu simplesmente não posso acreditar... – dizia Kate, desolada, sentada em uma cadeira.
_ Kate, pense bem... Ah... Você nem o conhecia. – Jack tentava consolar Kate, mas ele realmente não sabia como fazer isso.
_ Mais que falsa! Que... Duas caras! – continuou Kate.
Jack revirou os olhos.
_ Olha aqui, Kate. – Jack cortou o choramingo dela. – O que a Hermione fez foi errado? Sim. Mas olha só, ficar aqui choramingando por isso não vai adiantar de nada! Você nem conhecia o Krum! O seu “amor” por ele não era nada mais que fanatismo obsessivo. Então, pode parar de ficar aí se lamentando.
Kate olhou-o fixamente. Jack realmente estava esperando o soco vir em sua direção, mas em vez disso Kate sorriu.
_ Você está certo. – ela respondeu, com um pequeno sorriso.
_ HÃ?! Eu... Estou?! – perguntou Jack, realmente confuso pela reação de Kate.
_ Sim, eu não devia estar aqui me lamentando! – respondeu Kate, fazendo a melhor cara que podia.
Jack sentiu um alívio percorrer o seu corpo e sorriu para Kate.
_ Eu devia é estar falando umas poucas e boas para Hermione! – continuou Kate, seu olhar de raiva voltando.
O alívio de Jack afundou mais desastrosamente que o Titanic.
_ Não... Não era isso que eu... – tentou falar Jack.
_ Ela devia ter falado comigo! Isso foi errado! Muito errado! Eu não acredito que ela pode ter feito isso comigo e... E desde quando Chris tem esse sorriso safado?! – Kate parou de judiar de Hermione para comentar a cena que via.
Jack olhou para onde a cabeça de Kate se posicionava e avistou um Chris sorrindo feliz demais da conta, Jack conhecia muito bem esse sorriso, e em seus braços estava... Isa. Nossa, Jack não se lembrava de ter visto Isa assim. Ela estava sorrindo, parecia estar com um brilho diferente e... muito sexy. Jack riu, como pôde deixar essa lhe escapar? Ele não tinha percebido algo bem ao seu lado, algo que lhe parece muito interessante, pelo menos desde os últimos cinco segundos. Hum... Um novo troféu, talvez.
Quando voltou a olhar para o lado, Jack deu um pulo de susto. Kate não se encontrava mais em seu lugar. Ela deve ter ido atrás de Hermione...
_ Ótimo. – disse Jack mais uma vez naquela noite.
●●●
Hermione pisava com raiva, como se isso pudesse, de alguma maneira, expelir de dentro dela aquele sentimento que ela tanto conhecia. Ah, o ciúme é uma porcaria. Quer dizer, o amor é uma porcaria. Ou melhor, a mentira é uma porcaria.
_ Hermione. – chamou uma voz tensa e fria. Vinha das costas de Hermione e ela sabia exatamente de quem era aquela voz, havia esperado ouvi-la desde o início do baile. Porém, naquele momento, nunca desejara tanto não ter que conversar sobre algo que ela ensaiara mil vezes em frente ao espelho, mas nunca teve a coragem de conversar com Kate.
Por que tudo sempre tem que acontecer quando a gente menos espera?
_ Kate... escuta, eu... – Hermione tentou, inutilmente, começar a ensaiada explicação.
_ Não, Hermione. Você me escute. – cortou-a Kate, com um olhar feroz. Naquele momento tudo o que ela havia sentido ao ver Krum e Hermione juntos havia explodido dentro dela, como uma bomba sem som, sorrateira e devastadora.
Hermione poderia ter respondido. Poderia ter gritado tudo o que havia ensaiado. Poderia muito bem ter feito Kate escutar cada palavra. E talvez as coisas tivessem acontecido de maneira diferente naquela noite se ela tivesse tido a coragem de fazer algo, entretanto, mais uma vez ela ficou calada. Não fez nada e ouviu tudo o que Kate tinha para dizer. Talvez porque fosse a coisa correta a fazer, talvez fosse porque esse era o caminho mais fácil. Ouvir é muito mais fácil do que se fazer escutar.
_ Eu não sei como você pôde. – começou Kate, mesmo que ela soubesse sim “como Hermione pôde” ter feito aquilo. – Eu confiei para você que eu gostava dele... Eu... – Kate sorriu com ironia e amargura. – Merlin! Quantas vezes eu dividi com você que meu sonho era que ele me levasse ao baile...?
Dentro de Hermione, ela gritava. Fora, permanecia calada, o que, na verdade, deixava Kate mais zangada.
_ E não, ele não é minha propriedade. Eu sei que eu não tenho o menor direito sobre ele e que nem ao menos o conheço direito, mas... Você devia ter falado comigo, Hermione. Você não sabe como é estar apaixonada por alguém... – continuou Kate, seus olhos enchendo-se de água, contra sua vontade.
_ Eu sei... – Hermione se pronunciou pela primeira vez, se referindo, porém a parte na qual Kate afirmava que ela devia ter falado com ela antes. Kate pareceu relaxar a tensa musculatura um pouco. Pensou que Hermione havia dito que sabia sim como era estar apaixonada. E ela sabia. Mas não falaria sobre o que sentia naquela hora, até porque ela nem sabia mais o que sentia. Hermione percebeu que, ao que parece, Kate estava procurando por alguma ação.
Porém, essas foram as únicas palavras que saíram da boca de Hermione.
_ Ah... Você sabe? – perguntou Kate, cética. – Claro que você sabe. Uma menina que prefere se afogar em livros grossos com páginas velhas do que nos olhos de alguém. Você prefere ficar sozinha e segura a se arriscar por um amor verdadeiro. Sim, Hermione você realmente deve saber alguma coisa sobre como eu me sinto. – Kate estava sendo dura e impulsiva. Ela nunca havia se sentido tão bem nessas últimas semanas como estava se sentindo agora. Ela colocara tudo o que viera a sua cabeça para fora, sem se preocupar em editar algo. Era a verdade, nua e crua.
Houve três estágios que Hermione viveu em menos de cinco minutos. O primeiro foi a mágoa. Estava magoada com Kate por ter falado isso. O segundo foi a raiva, sentia raiva de todas as palavras que tinham acabado de sair da boca de Kate. A terceira (que aconteceu naquele estágio em que a raiva cresce tanto que você está prestes a dar um tapa na pessoa) foi o alívio. Alívio que sucumbiu cada parte de seu corpo. Essas três etapas, porém, estavam juntas: mágoa, raiva e alívio. Enlouquece qualquer um.
_ Você está certa. – Hermione finalmente quebrou o silencio que envolvia as duas.
_ O quê? – perguntou Kate, mais por perguntar do que por ter dúvida do porque de estar certa.
_ Eu sou assim. – concordou Hermione. – Tenho medo demais para poder me arriscar em qualquer relação com qualquer pessoa. – Hermione abaixou a cabeça e fez com que as lágrimas voltassem para dentro de seus olhos. – Quer saber por que eu realmente saí com Krum?
Kate não respondeu com a fala ou com algum gesto, mas em seus olhos se via uma afirmação.
_ Ciúmes. – Hermione riu; uma risada fria.
_ Ciúmes? De quem você... – Kate não precisou terminar a frase para saber. Não precisou olhar nos olhos de Hermione também.
_ E isso não justifica eu não ter falado com você. – continuou Hermione, palavras reais, sem ensaios. – E uma parte de mim ainda se sente mais culpada porque queria ser como você. – nesse ponto a voz de Hermione começou a ficar embargada. – Queria poder me jogar nisso aqui que estou sentindo sem pensar duas vezes. Queria ter a coragem de dizer tudo o que sinto, mesmo sabendo que posso acabar me machucando.
E é nesse momento, que mesmo quando se está magoada com um amigo seu instinto fala mais alto. Tudo é esquecido, pelo menos por um segundo, porque naquele momento, elas se necessitam.
Kate abraçou Hermione, e esta lhe retribuiu o abraço. Hermione sabia que aquele momento não duraria para sempre e que aquele abraço não consertaria as coisas tão facilmente. Mas ela aproveitou cada momento dele.
_ Hermione... isso realmente... – Kate começou a falar.
_ Não justifica, eu sei. – completou Hermione.
_ Não... – Kate se afastou de Hermione. – Mas eu entendo o por que de você ter feito isso. Não quer dizer que eu possa confiar em você tão cedo outra vez, não quer dizer que eu tenha te perdoado completamente porque tudo isso está muito confuso.
_ Sim. – Hermione suspirou. – Nos vemos amanhã?
Kate abriu um pequenino sorriso e saiu de volta para o grande salão sem responder Hermione.
●●●
Juliet estava sentada sozinha do lado de fora do castelo, nos jardins, longe de todo tumulto do baile. Juliet não tinha ânimo para um baile, não quando se sentia inútil, incapacitada de impedir algo, ela não tinha a menor idéia do que fazer! E isso nunca acontecera com ela... Claro que era uma questão de tempo, mas Juliet é impaciente, pudemos ver isso assim que ela discutiu com Hermione quando esta a acusou de qualquer coisa que pense que Juliet está fazendo. Juliet começou calma, mas, logo depois, já estava nervosa e ansiosa. Essa impaciência não era aceitável, não quando se tratava de um plano como o dela, um plano que não seria totalmente como designara o mestre das trevas. Por isso Juliet parece tão fria e convidativa o tempo todo. Ela quer mostrar-se centrada como um tratamento para sua impaciência e precisa ser convidativa, precisa ter algo que faça com que pessoas se aproximem dela. Mantenha seus amigos (não que Juliet tivesse muitos) perto e seus inimigos mais perto ainda, certo?
Juliet inspirou profundamente e depois soltou o ar vagarosamente. O vento agitava levemente a parte solta do seu cabelo preso em um coque junto a uma tiara dourada em formato de folhas e flores. Ela escolhera um vestido preto tomara-que-caia com partes bordadas em ouro quase até o fim de sua saia rodada, como em um vestido de uma rainha da Renascença. Seu corpo estava adornado com jóias que pareciam antigas e sofisticadas: um colar de ouro que terminava em uma pedra dourada em forma de gota e um anel também de ouro e com a mesma pedra que tinha a forma de um círculo grande o bastante para tapar dois de seus dedos.
Ela olhou outra vez para o castelo. Era engraçado (em uma forma bem macabra) como todos estavam se divertindo. A música estava alta, podia-se ouvir as risadas ao longe. Mal sabiam eles que algo grande estava prestes a acontecer. Juliet se permitiu dar um sorriso travesso, pois ela mesma seria parte de tudo isso.
O vento começou a cantar, e a hora havia chegado. Juliet se levantou do banco onde se encontrava sentada. Antes que pudesse dar um passo, porém, ouviu um barulho.
_ Pode falar o quanto quiser, eu simplesmente não vou ficar te respondendo. – uma estressadinha de cabelos vermelhos gritara.
_ Seja educada pelo menos uma vez na sua vida e me responda! – pediu, muito rudemente, um menino com cabelos castanhos.
Rose e John, pensou Juliet. Ela revirou os olhos. Será que esses garotos não podiam lidar com seus problemas emocionais em outro lugar?
_Não posso. – respondeu Rose, continuando a andar. – Eu preciso achar o meu par, que aliás, não me satisfez nem um pouco!
_ É sobre isso mesmo que eu quero falar com você. – declarou John, com um sorrisinho de vitória em seu rosto. Agora Rose definitivamente falaria com ele.
Depois de alguns segundos Rose revirou os olhos e olhou para John, que ainda estava sorrindo.
_ Fala logo. – disse ela sem muito entusiasmo.
_ É melhor eu te mostrar. – ele disse, ainda rindo.
Rose pareceu meio que relutante, mas acabou indo com ele.
Juliet não podia ter ficado mais entediada com isso tudo. Entretanto, logo retirou isso da sua cabeça, tinha algo muito mais importante para fazer: teria que se encontrar com as trevas.
●●●
_ Rudy. RUDY! – Moon chamava enquanto este a puxava para um lugar nos jardins, onde ela nunca havia estado antes. – Por que saímos da festa e para onde estamos indo?
_ Não estrague a surpresa, sim? – disse Rudy, sorrindo. – Graças a Merlin você não é a Rose. – completou, referindo-se aos poderes da amiga.
_ Ah, sim! A Rose! Ela me avisou sobre isso, já lembrei o que você quer me mostrar! – disse Moon, sorridente.
Rudy parou de andar atônito.
_ O quê? – disse ele espantado.
Moon começou a rir.
_ É brincadeira! Mas você devia ter visto a sua cara! – respondeu ela, continuando a rir.
Rudy ficou zangado por três segundos, mas depois simplesmente continuou a puxá-la, o que ele tinha para dizer naquela noite era muito mais importante do que o fato da Moon estar zoando com a cara dele.
Depois de um tempo chegaram até um grande jardim. Era a coisa mais bonita que Moon já havia visto, possuía todos os tipos de flores imagináveis e ao centro se encontrava um grande lago cristalino.
Rudy apontou para uma toalha delicadamente colocada no chão, em frente ao lago. Em cima da própria havia uma caixa embrulhada.
Moon ficou olhando para aquilo meio que sem reação, não sabia o que devia fazer, não sabia o que estava na caixa, não sabia nem em que parte do castelo ela e Rudy estavam. Porém, por incrível que pareça, ela sabia que estava no lugar certo, de alguma maneira ela podia sentir em seu coração.
_ Rudy... O que é tudo isso? – Moon perguntou dando um sorriso meio abobado.
_ Um jardim, um lago, uma toalha e um presente... – respondeu Rudy como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
Moon revirou os olhos e Rudy riu.
_ Isto é para você. – disse ele pegando a caixa embrulhada e entregando para Moon, que ainda estava sem reação. – Abra.
Muito vagarosamente Moon começou a abrir o embrulho tão bem arrumado (com certeza não por Rudy). Quando acabou de desembrulhar o presente Moon não conseguiu pronunciar uma palavra de imediato. Era uma caixa prateada, com uma grande Lua brilhante em seu centro, brilhava como se fosse diamantes, rodeada por estrelas com o mesmo brilho. Mas o que chamou a atenção de Moon foi o que estava gravado abaixo da Lua: “Para sempre”.
_ Rudy... – ela tentou começar a falar sem sucesso.
_ Abra a caixa. – ele pediu, ainda sorrindo.
Moon a abriu e nesse instante começou a tocar uma suave e doce melodia, daquelas que quando escutamos simplesmente fechamos os olhos para apreciar tamanha beleza. Dentro havia uma fotografia deles dois, abraçados e sorrindo, dois segundos depois Rudy quase caía no chão e a foto voltava para eles sorrindo.
_ Você pode guardar o que quiser aí, eu achei que seria legal... Sabe... Porque você é a Moon, a minha Lua. – Rudy explicou sem precisar.
Antes que ele pudesse falar qualquer coisa Moon pulou nos braços dele, tão feliz que parecia um crime. Ela achava que Rudy ainda estava zangado por ela estar escondendo dele o que era, na verdade, ele estava, mas com um tempo começou a entender.
_ É lindo, Rudy! Lindo mesmo! – disse Moon emocionada.
_ Moon, - começou Rudy, afastando-a um pouco a fim de olhar em seus olhos. – não importa que você não possa me contar exatamente agora o que está acontecendo. Eu não devia estar te pressionando para contar algo que é seu e... – ele parou por um instante, olhando somente para o rosto de Moon. – Moon, você foi a melhor coisa que aconteceu nesse ano para mim e eu não quero te perder por causa de ciúmes, quero estar ao seu lado o máximo que puder, aproveitar cada segundo de felicidade que você me proporciona todos os dias. Eu quero te amar o quanto eu puder. Se conseguirmos como está escrito nesse presente... Para sempre.
Talvez não haja palavras suficientes para expressarmos o que sentimos em um momento desses, então procuramos a forma mais fácil para colocar para fora toda a alegria que estamos sentindo: um beijo.
Moon praticamente se jogou nos braços de Rudy para envolvê-lo em um intenso beijo.
_ Obrigada. – ela murmurou ofegante.
Rudy somente sorriu e a beijou novamente. Algo ingênuo e doce, que foi se tornando ousado e exigente. Suas bocas se moviam de maneira febril, com um jeito acelerado. Quando se deram conta estavam deitados sobre a toalha, o coração batendo a mil por hora. Pode parecer que tudo tenha sido um grande impulso do momento, algo feito sem pensar. Não foi. Quando Moon e Rudy finalmente tomaram o tempo para tentar recuperar o fôlego, seus olhos puderam se encontrar. Acho que aquilo sim era o real amor à primeira vista, aquele no qual precisamos dar um segundo e mais profundo olhar, e, naquele momento, naquele olhar estava tudo que jovens apaixonados e despreocupados poderiam querer de prova, prova de que aquilo estava mais que certo.
Eles sorriram enquanto eram tomados por mais uma onda de desejo e certeza. A insegurança que poderia existir antes não estava mais naquele momento, que só pertencia a eles dois. Rudy acariciou o rosto de Moon, enquanto, gentilmente, se colocava por cima dela. Eles não sabiam se uma relação tão fora do comum como a deles duraria para sempre, mas tinham certeza de que era isso que queriam para eles. Veja, o fato de Moon e Rudy terem percebido que se amavam em tão pouco tempo não necessariamente significa que eles não tenham certeza do que sentem, ou que não saibam o que é um amor verdadeiro. Às vezes as pessoas simplesmente encontram uma maneira de ultrapassar todos os obstáculos que nós criamos para finalmente admitir que não podemos viver sozinhos. Não gostamos de nos sentir dependentes, porque se entregar por completo a outra pessoa nos tira todo o suposto controle que teríamos sobre nós mesmos.
Nesta noite Moon e Rudy mais uma vez quebravam as regras, ignoravam o esperado pelo resto do mundo, porque eles, eles e mais ninguém, tinham o direito de ditar como teriam de viver esse amor. Então, eles se entregaram a ele, se entregaram ao amor, sem questionar, sem temer, sem ter de pensar no que teriam depois, porque sabiam que teriam um ao outro e no coração de jovens sonhadores, e ainda inconseqüentes, isso bastava. Pergunto-me se um pouco dessa inconseqüência não traria mais realismo ao mundo, talvez pudéssemos aprender a sentir o amor e não calcular qual são as chances deste ser para sempre. Afinal, nunca teremos certeza sobre o futuro, e não importa realmente, porque nunca o viveremos. Moon e Rudy entendiam isso, sabiam que quando o futuro que tantos temem chegasse, este já seria o presente. Então, porque se preocupar com um futuro que um dia simplesmente será como agora, será seu presente?
Não, eles preferiam viver esta noite, esta noite na qual se uniriam e compartilhariam. O maior êxtase que pode ser alcançado vem daquilo que se compartilha com a pessoa mais importante da sua vida. Os toques, as caricias, os beijos... Tudo era maior naquela noite, era mútuo, era certo. E o prazer alcançado pelos corpos dos amantes daquela noite foi fruto de total entrega, confiança, paixão e, mais que isso, a certeza de um amor incerto que os levaria a lugares que sozinhos nunca antes encontrariam.
●●●
Juliet jogava sua capa preta sob o vestido que era por demais delicado para ficar exposto aos galhos e terra da Floresta Proibida. Colocando seu capuz e respirando fundo Juliet adentrou a escuridão. Por seu caminho ela pensou em muitas coisas. Seus triunfos que viriam ou os já completos, seu plano, a ingenuidade de todos dentro daquele baile... Coisas nas quais ela já pensara várias e várias vezes. Então, sem pedir licença, um pensamento se apoderou dela, era mais como uma lembrança recente. Ela pensou em Rose e John discutindo, lembrou do calor entre os dois e pensou que nunca havia tido essa oportunidade. Era uma coisa que às vezes invadia as divagações de Juliet. Mesmo que conseguisse, e ela sabia que conseguiria tudo que planejava ter, nunca teria aquilo que nunca viveu. Esse calor... Em menos de um minuto ela expulsou tal pensamento e começou a pensar em coisas que realmente valeriam a pena. Paixão era para fracos, ela sempre dizia, e também nunca pronunciava a palavra amor, pois, para Juliet, esta era um mito que atrapalhava românticos e sonhadores e os impedia de alcançar seus objetivos.
Juliet nunca sentiu falta de alguém ao seu lado, pois sempre aprendeu a conseguir tudo sozinha. Todos os outros ao seu lado, mesmo aliados, eram algum tipo de competição. Juliet não acreditava na confiança, porque traía todos ao seu redor e manipulava as coisas para que tudo sempre saísse como planejado. Então, por que confiar nas pessoas que nem deviam estar confiando nela?
_ Já não era sem tempo! – disse um homenzinho que saia das trevas revelando sua forma meio corcunda.
Juliet lançou um olhar gélido que fez com que Pedro Pettigrew ficasse ainda mais baixo, se é isso era possível.
_ Eu entendo que sua perspicácia não pode atingir um patamar maior que seu tamanho real, ratinho querido... – disse Juliet com a frieza e elegância de uma rainha de gelo. – Mas, questione o que eu faço mais uma vez e você perderá mais que um dedo.
Pedro arregalou os olhos e tossiu para disfarçar o medo que acabara de sentir das palavras de Juliet.
_ O que você quer aqui, afinal? Não sabe que te encontrar enquanto estou em Hogwarts é super perigoso?! – perguntou Juliet, tirando a capa.
Pedro ficou ainda alguns segundos sem responder. Juliet revirou os olhos.
_ Será que você pode dizer algo idiota prolixo? – Juliet perguntou sem paciência - Já me fez vir até aqui e nada diz?!
O fato de Juliet falar como uma dama ardilosa do século XVIII não melhorava a situação para Pedro.
_ O Mestre quer saber se tudo corre como planejado. – Pedro disse, engolindo em seco.
_ Sim, está. – respondeu Juliet – Mas não depende de minha pessoa... E sim de Harry Potter. Seu Mestre já parece ter a certeza de que ele conseguirá.
_ E você não pensa assim? – perguntou Pedro lembrando-se da última vez que vira Harry Potter, quando este lhe salvou a vida.
E o que Pedro fez depois? Correu para o Mestre das Trevas, seu mestre. Mas, como Dumbledore um dia disse: “Assim é a magia no que ela tem de mais profundo e impenetrável, Harry. Mas confie em mim... quem sabe um dia você se alegrará por ter salvo a vida de Pettigrew.”
_ O garoto possui coragem, isso é inegável... – respondeu Juliet, tirando Pedro de seus devaneios. – Mas é aquele típico metido a herói que quer salvar a todos, mas sem a ajuda de ninguém! Ugh, eu juro que se tiver de ouvir mais uma conversa enfadonha do quanto Harry Potter sofre por carregar tanta responsabilidade eu sou capaz de gritar com todas as minhas forças e...
Juliet parou e pigarreou, ela perdera a calma, claramente. Mas realmente se sentia entediada com aquele menino que não devia ter sobrevivido. Ela o via cada vez mais puxando uma responsabilidade para ele que poderia ser dividida com as milhões de pessoas ao seu lado querendo ajudar. Todos seriam prejudicados com o que estava por vir, todos. Ainda sim, esse menino achava uma maneira de se colocar como salvador solitário da pátria... Com uma culpa que nunca foi dele e uma obsessão por salvar o dia que não tinha mais remédio. Para Juliet, Harry Potter era oficialmente um babaca, quero dizer, herói. Bom, eu digo herói porque não tenho a coragem de Juliet para intitular esse menino de babaca. Quem sabe ele ainda me salve um dia, ou até salve você, leitor... Do jeito que as coisas andam, eu não me assustaria.
_ Bem, eu já me demorei por demais. – disse Juliet a um Pedro ainda meio impressionado com a atitude anterior da garota.
“A Rainha do Gelo mostrando algum tipo de emoção?” ele se perguntava em pensamento. “Isso eu achei que morreria sem ver...”
_ Diga a seu mestre, - Juliet enfatizou o pronome, mostrando discretamente que o mestre de Pedro não era seu mestre também – que, por enquanto, o plano está correndo seu curso...
Pedro assentiu com a cabeça.
_ Agora vá, parvo! E não me transtorne mais.
Juliet pegou sua capa e desapareceu na escuridão, deixando Pedro Pettigrew, olhando para o nada atônito. Ele não fazia idéia do por que de uma garota tão jovem ser tão amarga. Ninguém realmente entendia, a não ser Juliet. Ela seria simpática com quem precisasse ser, não daria importância para aqueles que não eram importantes e simplesmente seguiria com o plano.
●●●
Kate estava sentada sozinha a uma mesa, enquanto a música seguia alta e os alunos giravam com seus pares em uma romântica música lenta. Ela deu um grande suspiro antes de enfiar mais um pedaço de bolo na boca.
_ Seu par te abandonou? – perguntou uma voz atrás dela.
Kate se engasgou com o bolo.
_ Calma, calma! –disse Chris oferecendo água a amiga.
Kate bebeu a água, enquanto se recuperava do susto. O engraçado é que ela havia percebido a presença de Chris, e o vira chegar... Mas o tom em sua voz foi tão... Bem, Kate chegou a engasgar.
_ E o seu? – Kate perguntou por fim – Por que não está mais te engolindo?
Chris riu, e Kate também. Os dois não conseguiam brigar por muito tempo, afinal, não sabiam como viver sem o outro por perto. Eram melhores amigos.
_ Bom, aparentemente, quando seu par cansou de te procurar veio roubar o meu par. – disse Chris, naturalmente.
_ Aquele pervertido!!! – exclamou Kate indignada.
_ Você aceitou vir com ele... – Chris alfinetou.
_ Porque não tinha mais ninguém sem par. – respondeu Kate – E meu melhor amigo me rejeitou! – continuou fingindo tristeza.
_ O seu reserva te rejeitou, você quis dizer. – respondeu Chris – Seu melhor amigo sempre estará aqui e você sabe disso.
Kate sentiu como se um monte de borboletas tivesse começado a voar em seu estômago. Os dois sorriram e se abraçaram, permanecendo assim por pelo menos um minuto.
_ Mas então, agora nossos pares são um par? – perguntou Kate quando ela e Chris finalmente se separaram.
_ Não mesmo... – disse Chris segurando o riso.
_ Que cara é essa? O que aconteceu? – perguntou Kate curiosa.
_ Primeiro você me diga. – disse Chris, voltando a ficar sério – E você e Hermione?
Kate suspirou profundamente.
_ Eu fui uma completa idiota! Devia ter metido a porrada naquela cretina! Mas ela está com punição suficiente por enquanto... Eu acho. Ainda vou ver amanhã no café! – Kate decidiu.
_ Não vai partir para cima dela durante o café, né? – perguntou Chris preocupado. Sim, ele acreditava que Kate poderia fazer isso.
_ Não sei... – respondeu Kate sincera e ao mesmo tempo brincalhona. – Mas, então, vai me explicar a cara de agora pouco?
_ Ah! – disse Chris, rindo ao lembrar-se da cena – Foi bem engraçado na verdade. Isa e eu estávamos conversando...
Kate olhou para Chris incrédula.
_ Sério! Estávamos conversando! – Chris disse sincero. – Bem, foi aí que seu par chegou e...
*FLASH-BACK*
_ Devo dizer que sua beleza esta noite ofusca qualquer outra coisa, bela dama. – disse Jack, galanteador atrás de Isa.
Isa já sabia quem era, mas ainda assim virou-se com um ar de indagação.
_ Jack... – disse ela em fingida surpresa – Não conseguiu segurar seu par por uma noite inteira? Onde estão os “dons” que todos sempre falam? Bom, pode ser isso, não é? Só se fala de seus dons... – completou com um tom divertido.
Jack riu, porque não sabia mais o que fazer.
*DE VOLTA A CHRIS E KATE*
_ Aaaaaaai! – Kate expressou o que, provavelmente, todos que leram o que Isa disse devem ter pensado.
_ Essa só foi a alfinetada número 1. – disse Chris.
_ Fica pior? – perguntou Kate.
Chris assentiu com a cabeça.
*FLASH-BACK*
_ Na verdade, Isa, eu não a perdi. – mentiu Jack, pois ele havia sim perdido Kate. – Só queria falar com a minha amiga por um segundo, não posso? – ele perguntou.
_ Ah, que doce da sua parte! – respondeu Isa com um maravilhoso sorriso estampado no rosto. Jack sorriu galanteador – Mas, agora eu não posso conversar, eu sim quero passar um tempo com o meu par.
A expressão que o rosto de Jack mostrava depois dessas palavras era algo indescritível. Parecia incredibilidade, confusão e problemas mentais. Isa, por outro lado, continuou com o seu impecável sorriso no rosto enquanto se virava para dar um selinho em Chris, que estava um pouquinho embasbacado também.
Chris sorriu para Isa e depois disse:
_ Isa, pode conversar um pouco com Dawson, tem realmente algo que eu preciso fazer agora.
_ Tem que ser agora? – perguntou Isa, delicadamente insinuando que não queria conversar com Jack naquela hora.
_ Temo que sim. – respondeu Chris agora rindo da cara de Jack e do jeito que Isa o estava tratando.
Isa suspirou.
_ Tudo bem, mas não demore. – disse Isa, finalmente.
_ Pode deixar. – disse Chris, deixando um boquiaberto Jack e uma superior Isa para trás.
*DE VOLTA A CHRIS E KATE*
_ E foi aí que eu os deixei e não ouvi mais sobre o que Dawson queria conversar com Isa. – concluiu Chris para uma entusiasmada Kate.
_ Eu não creio! – foi o que Kate disse com a boca aberta. – Sempre que ela estava perto de Jack era óbvio que ela estava caidinha por ele!
_ É, as coisas mudam! – disse Chris, com um sorriso no rosto, um pouco diferente do que Kate estava acostumada.
_ É verdade... – Kate parou por um segundo. – Mas, Chris, o que você tinha que fazer? Pode ir fazer! Eu estou bem. Ou era somente para que Isa pudesse falar com Jack? – perguntou Kate.
Chris abriu mais o sorriso e passou a mão nos cabelos.
_ Eu já fiz o que eu tinha que fazer. – ele respondeu, rindo. – Eu fui procurar por você.
Kate arregalou os olhos.
_ Ah! – foi o que ela disse tentando juntar os fatos em sua cabeça. – Como é que você sabia onde eu estava? – perguntou ela, confusa.
_ Porque eu te conheço. – respondeu Chris. Kate levantou uma sobrancelha. – Mas é! Todos te procurariam em algum canto, provavelmente chorando. Mas eu sabia que você viria para cá, no meio da festa e se encheria de bolo. – completou apontando para o prato quase vazio de Kate.
Kate sorriu.
_ Odeio o jeito que você me conhece tanto. – disse, ainda sorrindo, mas abaixando o olhar.
Chris deu mais uma vez aquele novo sorriso.
_ Odeia nada. – ele contrapôs.
Kate abriu um pouco mais o sorriso e voltou a encarar Chris.
_ O que posso dizer? Você me conhece.
Eles sorriram mais uma vez.
_ Então, vamos dançar? É a última dança, sabe. É agora ou nunca. – convidou Chris, meio sem jeito.
_ Você não é meu par. – respondeu Kate, ainda um pouco de pirraça.
Chris revirou os olhos e se levantou, estendendo sua mão.
_ O que quer dizer que eu posso te obrigar a dançar e não ficar ressentido por isso.
Kate sorriu e logo depois segurou a mão estendida de Chris. Foram para o meio da pista e começaram a dançar a sua primeira música da noite, que, ironicamente, era também a última.
●●●
_ Dá para você me dizer logo o que você quer me mostrar?! – perguntou Rose, já impaciente de ficar passeando por aí sendo puxada (meio bruscamente) por John.
_ Veja você mesma. – respondeu John, finalmente parando de andar.
Rose olhou para sua frente meio que entediada. Porém, quando seus olhos fixaram-se no que se encontrava na sua frente, seu olhar se tornou surpreso. A cena era a seguinte: os respectivos pares de Rose e John estavam se pegando (ou melhor, se engolindo) em um cantinho escuro amassados contra parede, enquanto o clone de John furtivamente começava a acariciar as pernas do clone de Rose.
John pareceu ver que Rose estava prestes a soltar algo muito sujo de sua boca (e olha que ela era a “estressadinha” naturalmente). Não pode deixar de se encostar-se à parede desleixadamente para aproveitar o show.
_ MAIS QUE PUTARIA É ESSA?! – perguntou Rose, não sabendo muito o porquê de estar tão zangada, mas estava.
O casal se separou um tanto que assustado.
_ Rose! – exclamou o clone de John.
_ Ah, pelo menos se lembra do meu nome, não é? Pensei que já tinha se esquecido já que estava engolindo a cara dessa aí!
_ Ah, sim! E qual é o meu nome? – perguntou o clone de John, levantando a sobrancelha.
Rose ficou alguns segundos calada olhando para ele.
_ É... É... – ela tentou lembrar, mas como seria inútil... – Quem é que estava beijando outra aqui? Eu? Não! Você! Então, cala a boca... CLONE DO JOHN!
John, que estava encostado na parede, de repente se endireitou, com um sorriso maroto e ao mesmo tempo confuso.
_ Clone meu? – ele perguntou.
Rose olhou de John para seu clone pelo menos umas quatro vezes antes de entrar em um colapso mental e gritar:
_ VOCÊS QUEREM ME DEIXAR MALUCA!
Clone Rose e Clone John tentaram começar a sair de fininho, enquanto John ria da atitude de Rose.
_ Por favor, fiquem! – disse John, acabando com as esperanças do casalzinho clone. – O show está longe de acabar! – depois de dizer isso, olhou para Rose. – Minha garota, você já é maluca, este cavalheiro não teria o privilégio de ser o meu clone e, nesse caso, se fossem vocês duas se beijando, eu não contaria como traição.
Rose arregalou os olhos, abrindo e fechando a boca repetitivamente. Mas o Clone John entrou no meio da história para salvá-la de ter que dizer alguma coisa sobre o comentário pervertido do John real. Nossa, que coisa confusa! Assim como Rose e John, pressuponho.
_ Nós não viemos aqui com a intenção de causar transtorno algum... – disse o Clone de John, se referindo a ele e também ao clone de Rose.
_ Mas acabamos por descobrir em pares que nem eram os nossos... a perfeição, talvez? – perguntou o clone de Rose, meio que rindo abobadamente.
Rose revirou os olhos em evidente nojo.
_ Por favor, vão embora? – mais que mandou do que perguntou Rose aos clones.
Estes não esperaram Rose mudar de idéia e saíram rapidamente do local.
_ Bem, creio que agora só há uma coisa para nós fazermos... – comentou John, chegando ao lado de Rose.
Rose concordou com a cabeça.
_ Encher a cara. – ela disse, já começando a andar em direção ao castelo.
John riu alto e a segurou.
_ Ou – ele começou, ainda rindo. – podemos dançar. É a última dança, minha garota.
Rose olhou para John meio incrédula.
_ Dançar? Eu? Agora? – foram as palavras que ela conseguiu emitir.
_ É... Acho que é melhor a gente dançar enquanto a música ainda está tocando porque... dançar quando ela pára é mais difícil.
Rose levantou uma sobrancelha ainda incrédula.
_ Olha aqui Ericson... – começou Rose ao que John revirou os olhos prevendo o que aconteceria a seguir. – Não me venha com os seus joguinhos ridículos! Eu não sou uma das suas garotas...
_ Claro que não é. – John a interrompeu. – Você é a garota.
Rose parou atônita, sem conseguir falar. Também se ela falasse algo sairia como “Gablablujiblaga?”.
_ Confesse... Você nunca pensou em você como... a minha garota? – perguntou John com um olhar tão profundo que chegava a penetrar os olhos de Rose. Ela ficou aflita ao pensar se poderia penetrar sua mente também.
Depois de alguns segundos parados, somente se olhando, John começou a abrir um sorriso, que logo se tornou uma gargalhada. Rose balançou a cabeça, confusa.
_ Você devia ter visto sua cara!!! – disse John, em meio a risos – Era como se dissesse “Já, já! Eu já pensei! Eu querooo!” HÁ, HÁ, HÁ, HÁ!
Rose se tornou tão vermelha quanto seus cabelos e começou a bater em John freneticamente.
_ VAI À MERDA SEU MONTE DE BOSTA!
Enquanto se desviava dos socos e tapas de Rose, ainda rindo, John retrucou:
_ Como é que eu vou à merda se eu já sou um monte de bosta?!
_ Então vai encontrar suas origens!!! – respondeu Rose, ainda batendo em John.
_Ok, chega! – disse John segurando Rose com a maior facilidade. – Agora, cala a boca e dance comigo.
Rose olhou para John, indignada, antes de responder simplesmente:
_ Não.
E assim, se soltou de John e foi andando para dentro do castelo. Uma vez que chegou à pista de dança Rose se deparou com um sorridente John estendendo sua mão direita em direção a ela.
_ Mas... O QUÊ?! VOCÊ... COMO?! – perguntou Rose, confusa.
_ Algum problema por aqui? – perguntou professora Mcgonagall chegando atrás de Rose, que se endireitou e foi parar ao lado de John.
_ Claaaaro que não, professora! – disse Rose dando um tapa da bunda de John, o que o fez pular. A professora, porém, não percebeu.
_ Eu podia jurar que... – a professora Mcgonagall começou.
_ Nada não, professora! Eu estou aqui me divertindo pacas com o meu amigo! – respondeu Rose, fingida.
_ Pacas? – perguntou John, ainda meio atordoado com tudo aquilo.
_ É! Chulas! – respondeu Rose.
A professora Mcgonagall balançou a cabeça e partiu para checar outras pequenas confusões.
_ Então... – Rose ouviu John chamar. – Acho que não tem outro remédio que me conceder esta dança.
_ “Que me conceder esta dança”, me sinto em um tempo muito, muito distante! – comentou Rose, rindo.
_ É, - respondeu John. – distante pacas!
Rose riu, mesmo sem querer. Antes que ela pudesse saber o que estava fazendo se encontrava nos braços de John dançando a última música do baile. Mais à frente se encontravam Kate e Chris e depois deles tantos outros casais esperando pelo fim de uma noite, ou melhor, de uma dança.
●●●
Cedric se encontrava andando freneticamente, sendo que ele nem sabia para onde. Somente sentia que deveria continuar andando e andando, até encontrar o que queria. E o que ele queria? Uma certa menina de cabelos castanhos.
_ Você não gostaria de comprar algo? – perguntou uma linda mulher, que parecia estar vendendo lembranças no baile. Era uma mulher de olhos claros e cabelos negros.
Cedric, por mais que estivesse apressado, não se absteve de seu lado cavalheiro (que, por sinal, nunca era abalado).
_ Ah, eu agradeço, mas... Não estou interessado nas lembranças. Mas acho que aquele grupo de garotas ficaria muito feliz de comprar algo. – disse apontando para o grupo de meninas que havia puxado Cho há um tempo. Esta, agora, não se encontrava com elas.
_ Eu acho – disse Lívien – que você talvez precise de um presente para alguém muito especial.
Cedric não compreendia o porquê de aquela mulher querer tanto que exatamente ele comprasse algo. Ele não tinha que dar presente para ninguém! Ele tinha era que correr atrás de uma pessoa que... que para ele era o maior presente.
_ E então? – Lívien tirou Cedric de seus devaneios.
_ Eu quero... aquele colar. – disse Cedric mais para se livrar de Lívien do que pelo fato de ser um colar realmente bonito. Era um daqueles que abria para por uma foto dentro, parecia de ouro e tinha um pingente com formato de um coração.
Quando Cedric foi pegar sua carteira Lívien parou sua mão.
_ Esse é um presente meu. – disse ela com seu sorriso altamente encantador. – Espero que o entregue para pessoa certa.
Cedric olhou para o colar que estava agora depositado em sua mão e outra vez para o lugar onde Lívien se encontrava, confuso. Porém, a cigana já não estava mais lá.
Cedric não perdeu tempo, por mais que estivesse confuso, colocou o colar dentro do bolso direito de sua calça e continuou andando em direção às escadas. Ela sabia que lá era onde estaria Hermione, de alguma forma, ele sabia. De alguma forma, seu coração sabia.
Depois de alguns minutos, Cedric avistou-a. Lá estava Hermione, sentada na escada, sem sapatos, chorando descontroladamente. Ainda assim, ao vê-la, Cedric podia jurar nunca ter visto algo mais bonito. A gente fica perdido quando se ama. Perdido... Perdido onde? Perdidos em sentimentos? Em emoções? Perdidos uns nos outros? Bem, acho que se soubéssemos onde estamos perdidos, não estaríamos realmente perdidos, certo? E isso que Cedric estava sentindo, não seria amor.
_ Hermione... – Cedric chamou, cautelosamente.
Hermione começou a enxugar suas lágrimas rapidamente antes de se virar para Cedric como toda garota que se preze faz. Não se sabe por que, já que sempre fica óbvio que esta estava chorando.
_ Cedric vai embora, sim? Eu não quero falar com ninguém. – disse Hermione, meio grossa.
_ Você está chorando. – foi o que Cedric respondeu.
Hermione deu uma risadinha seca e sarcástica.
_ Não, foi o Pirraça que tacou cebola na minha cara!
_ Não tem porque você me responder com tanta hostilidade, eu não fiz nada. – defendeu-se Cedric.
_ Você é simplesmente O Problema! – gritou Hermione.
_ Como é que eu sou o problema? Eu não fiz nada para você! – retrucou Cedric, muito confuso.
_ Exatamente! Você nunca fez nada! Nada! E o pior de tudo é que eu não posso te culpar, porque você nem sabe! Mas tudo o que eu fiz, o fato de eu estar chorando... É sim, tudo sua culpa e... – Hermione estava tirando de seu peito toda a dor que sentia, mas talvez esta fosse a vez de Cedric desabafar.
_ Hermione, eu te amo.
Nesse exato momento foi como se todos tivessem se silenciado, não havia mais música, gargalhadas, vozes... Até o vento, que até agora cantava insaciado, se acalmou nesse exato minuto. Por mais que não queiramos admitir a vida é muitas vezes como um conto de fadas, daqueles que são somente nossos, são escritos do nosso jeito e como queremos. Só que, muitas vezes, nós não sabemos o que queremos. Então, vagamos em um início conturbado até chegar ao meio e perceber que tudo o que queríamos estava bem a nossa frente, que só precisamos expressar o que sentíamos para que, finalmente, pudéssemos ter o tão esperado final feliz. Porém, nesse momento onde nada mais além dos dois existe e que tudo fica em silêncio nós podemos ver que o final ainda está longe de chegar, que tudo o que passamos, tudo o que sofremos (ou não) foi só o começo. O começo de algo muito mais forte que pode levar à nossa destruição ou felicidade, pelo menos, quase eterna. O começo de muitas lágrimas a serem derramadas sobre rosas azuis que de pouco a pouco vão florescendo. Entretanto, nada disso passa pela nossa cabeça no momento em que se admite que esse sentimento existe.
_ Não faça isso comigo, Cedric... Eu não... – tentou começar uma Hermione incrédula no que acabara de ouvir.
_ Não, Hermione... – disse Cedric.
_ Não, Cedric! – defendeu-se Hermione – Isso não é real, não pode ser real. Nós... Nós não somos um para o outro, não entende? Talvez se não tivéssemos nos conhecido na Copa você até hoje nem me notaria, você não está falando o que realmente sente... É tudo uma coincidência.
_ Não. – Cedric a interrompeu sério, de uma maneira que Hermione não pôde continuar falando. – Conhecer você foi coincidência, se tornar seu amigo foi uma escolha... Mas me apaixonar por você... – Cedric abriu um pequeno sorriso – Ah, Hermione... Apaixonar-me por você foi algo além do meu controle.
Essa é a hora em que o príncipe pega a princesa nos braços e a beija. Então, no caso de Cedric e Hermione, obviamente a princesa, afobada, pulou nos braços de um príncipe que ficou assustado e tascou-lhe um demorado e intenso beijo. Quando seus lábios se separaram eles ainda assim continuaram com seus rostos próximos e Hermione sentiu Cedric sorrir. Uma das melhores coisas do mundo, sentir a pessoa que se ama sorrir.
_ Por favor... – Hermione sussurrou. – Cedric, me diz que isso tudo não é um sonho...
_ Um... Sonho... Sonho? – Cedric disse, de repente ficando meio desesperado.
Hermione o olhou meio confusa. Cedric começou a tatear os bolsos até retirar deles um lindo colar de ouro. Hermione ainda não sabia muito bem o que ele queria fazer com aquilo, parecia que ele estava ficando meio maluco. Cedric, então disse:
_ Pode se virar, por favor?
Hermione o fez sem questionar, naquela hora talvez ela fizesse tudo o que Cedric lhe pedisse. Assim, ele colocou o cordão em volta do pescoço de Hermione.
_ Se você ainda estiver usando isso amanhã de manhã... – ele sussurrou em seu ouvido. – Quer dizer que isso tudo não foi um sonho. – dizendo isso ele deu mais um sorriso cedric-você-quer-que-eu-morra?
Hermione se jogou nos braços de Cedric aproveitando cada momento daquele, até agora para ela, sonho. Ela o aproveitaria até o momento que acordasse, pelo menos, por uma noite. Porém, o colar em seu pescoço queimou a esse pensamento, uma chama de esperança de que, na verdade, isso tudo estivesse acontecendo.
Agora já se podia ouvir o vento outra vez. Ele soprava forte, ainda assim, sem ser frio, sem machucar, era quente de alguma forma, de uma forma incomum. Se o vento dessa noite pudesse se fazer entender, estaria cantando pedinte. Pedinte de um favor. Ele pediria um caminho para a alma daqueles com medo de amar, sem querer assumir que ele é tudo que precisamos. Não, não. Ele nos vem quando nos faltam palavras, nos tempos de mudança. Você já sentiu uma mudança na atmosfera, mesmo que pequena, quando finalmente se deixa acreditar naquilo que parecia tão longe? Vejo esse momento como o vento da mudança, aquele que sopra diretamente na face do tempo, tornando-o mais lento se possível, em prol de fazer-nos sentir aquilo que estávamos inibindo como se fosse algo fora do nosso alcance.
A confiança concedida, a coragem de simplesmente tentar, a quebra de uma alta parede de indiferença, uma música, um beijo, uma dança... Memórias. Memórias, que ainda estão sendo vividas, por mais algumas horas, só mais um pouco. O vento seguirá por novos caminhos, espalhando novas mudanças, mas, antes de ir, não pode deixar de entoar uma breve melodia, esta com mais um pedido. Ele canta "não me deixe ir". O vento não canta por ele, não. Ele canta por tudo o que foi descoberto essa noite. Não é que seja difícil de encontrar, mas nós complicamos tanto! Sabe, não sei vocês, mas eu não a deixaria ir, a memória dessa noite.
Estou me segurando em memórias que nem minhas são, mas eu acredito nelas, acredito em finalmente se encontrar quando estávamos perdidos, em recebermos alguém querido com confiança pela primeira vez ou em simplesmente deixar-nos viver algo que sentimos e escondemos por pelo menos algumas horas... Agora, com tudo na sua frente para ser perfeito, o vento simplesmente pede por essas memórias e mais uma vez diz: não me deixe ir.
N/A: E um ano depois... TÁ AÍ! *Anjos entoam: ALELUIA, ALELUIA!* Espero que gostem! E tentamos compensar com um cap grandinho e cheio de presentes. XD A Mary quer agradecer, sozinha pela primeira vez, a Naty, por ter forçado-a a ter inspiranção e continuar com ela essa história que nós amamos! Thanks sis! Agora nós duas agradecemos a todos vocês pela paciência e esperamos que possam matar as saudades. E valeu Dudex por ficar corrigindo conosco e dando opiniões! Beijos, Nary.
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