Minutos para Meia Noite part.1
Cada pequena mentira.
_ Confundus! – dizia uma voz grossa, enquanto isso Hermione começava a ficar menos tonta, podendo distinguir silhuetas movimentando-se rapidamente.
Um barulho de árvore se partindo inundou os ouvidos de Hermione e ela tentava muito ver o que estava acontecendo, mas o gosto de sangue em sua boca só a deixava mais tonta.
_ Conjunctivitus! – gritou a pessoa, outra vez. Dessa vez Hermione pôde ver de quem era essa voz, e ao perceber isso seu coração se afogou em alívio e esperança.
_ Hermione! Hermione! – a pessoa a sacudia, mas ela não podia abrir os olhos, não por medo do monstro, mas por medo da pessoa que estava na sua frente não ser aquela que ela esperava.
_ Episkey! – ordenou a pessoa. Rapidamente a ferida dentro de sua boca começou a se fechar. Hermione começou a cuspir o sangue que ainda continha em sua boca rapidamente, antes que começasse a ficar tonta outra vez.
_ Episkey? – ela perguntou sem ainda se virar para a pessoa que a salvara. Pela dor que estava sentindo, e pela quantidade de sangue que saía de seu machucado dentro de sua boca, Hermione pensou que esse seria um caso para um feitiço muito mais poderoso do que “Episkey”.
_ Hermione, você está bem? Olhe para mim, por favor. – suplicou a voz preocupada.
Lentamente Hermione virou sua visão embaçada na direção da voz, e aos poucos sua visão foi ficando mais nítida até formar o desenho perfeito de dois olhos cor de mel assustados. Hermione respirou fundo e o abraçou forte. Cedric estava muito tenso, e demorou um pouco para retribuir o abraço, mas foi um abraço perfeito. Para eles.
_ Hermione, temos que tirar você daqui! – disse Cedric com a voz falhada, levantando Hermione, segurando-a em seu colo.
Quando ele começou a andar, Hermione se lembrou do lobo.
_ Não! – disse ela tentando falar alto, mas com a voz ainda meio fraca.
Cedric parou de andar imediatamente.
_ Leve... Temos que levá-lo! – disse Hermione apontando para o lobo caído do chão.
Cedric a olhou confuso.
_ Hermione, não temos tempo para isso, eu tenho que te tirar daqui agora! – respondeu Cedric balançando a cabeça.
_ Não! – protestou Hermione – Temos que levá-lo! Você não entende! Não temos muito tempo, temos que levá-lo conosco!
_ Mas... – tentou Cedric, mas ao ver o olhar aflito no rosto de Hermione, a 3 centímetros do seu, não pode deixar de atender ao seu pedido.
Cedric deixou Hermione, que já não estava tonta, delicadamente no chão em pé, enquanto ia pegar o lobo. Segurou-o no colo e começou a andar na direção de Hermione. Nesse momento ouve-se outro grunhido. Hermione olha para Cedric apavorada.
_ Se apóie em mim e quando eu disser você pula o mais alto que puder. – ele ordenou olhando-a sério.
Hermione balançou a cabeça em afirmação.
_ Um... – começou Cedric sem desviar os olhos de Hermione.
Ela rapidamente colocou o braço nele.
_ Dois... – ele continuou.
Hermione preparou-se para dar um impulso, por mais que não fosse muito atlética. Cedric olhou-a nos olhos.
_ Você confia em mim? – perguntou ele com uma expressão que nem Hermione entendeu, mas ao olhar em seus olhos a menina respondeu sem dúvida.
_ Sim. – ela disse segurando-se mais forte nos ombros dele.
_ TRÊS!
Hermione fechou os olhos e deu o pulo mais alto que poderia ter dado, e quando achou que iria cair no chão, sentiu-se voando. Abre rapidamente os olhos e olha para baixo. Avistava as árvores passando rapidamente por baixo dela, mas nada além disso. Olhou para frente, e viu a nuca de Cedric. Ele estava segurando o lobo com todas as forças enquanto tentava controlar a vassoura.
Hermione se permitiu sorrir. O “truque” de Harry na primeira tarefa. Ela avistou os campos do colégio e a vassoura conseqüentemente começou a diminuir a velocidade até ficar mais baixa e pousar suavemente no chão.
Cedric colocou o lobo no chão. Hermione chegou ao lado dele e olhou novamente o animal.
_ Enervate! – Hermione ordenou apontando a varinha para o lobo.
Ele rapidamente acordou, levantou-se em posição de ataque. Cedric logo foi para frente de Hermione fazendo menção de defendê-la. Hermione segurou o braço de Cedric e sussurrou:
_ Não...
Cedric retirou sua mão da varinha em seu bolso, mas continuou alerta.
O lobo saiu da posição de ataque. Virou-se rapidamente para o outro lado e começou a correr em uma velocidade incrível.
_ O quê...? – começou Cedric.
_ Vai voltar. – foi a única coisa que Hermione disse.
Cedric olhou-a ao seu lado e, se pudesse, seu coração gritaria.
_ O que... O que você estava fazendo a essa hora na Floresta Proibida? E ainda sozinha? – perguntou ele.
Hermione olhou para ele sem saber o que dizer.
_ Ai! Ai, ai, ai, ai, ai!!! Que dooor! – começou a choramingar, Hermione, tentando fugir da pergunta.
_ O que? Onde está doendo? – perguntou Cedric preocupado.
Hermione olhou para os lados.
_ Meu joelho!!! – disse segurando o joelho direito.
Cedric a olha cruzando os braços.
_ Você não machucou o joelho, Hermione. – ele disse, levantando uma sobrancelha.
_ Viu! Pior ainda! Eu nem machuquei e ele ta doendo! – continuou (inutilmente) a fingir Hermione.
Cedric revirou os olhos.
_ Se você não quer contar, pelo menos não faça essa cena ridícula. – ele respondeu.
Hermione parou de choramingar imediatamente e fez biquinho.
_ Eu sabia que você não tinha machucado o joelho. – disse Cedric, sorrindo em um sorriso perfeito.
Hermione virou a cara para o outro lado, ainda de biquinho, o que fez o sorriso de Cedric se abrir ainda mais.
Ao longe, pode-se ouvir um uivo. Não de lamento, como se normalmente ouve, não era nada parecido com aqueles uivos melancólicos que costumavam tomar conta do som entre os ventos. Era um pedido, talvez preocupação, algo difícil de distinguir, pois nesta hora, o vento não mais se movimentava.
Cedric não podia entender porque Hermione esperava pela volta do animal tão apreensiva. Era tolice esperar por algo que pudesse causar algum dano a você. Ela estava mais maluca do que normalmente? Por que nada nessa menina fazia sentido? E como em todos esses anos ele não fora capaz de notá-la? Quer dizer... Realmente notá-la.
Enquanto Cedric perdia-se em seus devaneios, ao longe a silhueta de uma pessoa de formava. Estava andando rapidamente, mas não era possível distingui-la. Até o momento em que ela chegou mais perto. Hermione apertava suas mãos em punhos e Cedric olhava em direção a pessoa embasbacado.
_ M... Moon?... – perguntou ele muito surpreso.
Moon direcionou seus olhos para baixo, como se ainda não pudesse falar.
_ Era você não era? Moon? Por favor... – começou Hermione.
Moon levantou seu olhar para Hermione, fazendo-a se calar.
_ É uma história longa. E eu não contei a vocês porque... Bem, eu não contei nem ao Rudy e... É algo delicado, de família. – Moon começou a responder algumas das perguntas que ela sabia que Hermione tinha.
_ Espera aí! O que está acontecendo? Moon, o que você está fazendo aqui? – perguntou Cedric confuso com tudo.
Moon respirou fundo.
_ Quando você olhou nos meus olhos, antes de me lançar aquele feitiço... Eu sabia que você havia descoberto tudo. – continuou Moon.
Cedric arregalou os olhos. “Quando você olhou nos meus olhos, antes de lançar aquele feitiço”? Moon era o lobo? Não era possível! Ela não poderia ser um! Isso significaria que ela é um...
_ Animago. – Moon respondeu, olhando de Cedric para Hermione. Cedric congelou. – É, eu sou um animago, assim como você presumiu, Hermione.
Cedric faria de tudo para poder ver através dos olhos das pessoas como Hermione.
_ Meu pai é... era um também. Ele era um sangue-ruim - Moon pareceu se enojar a usar esse termo. – e na época em que você-sabe-quem estava no poder ele... Não aceitou ser humilhado, não aceitou que algum mal fosse feito a sua família por causa de quem ele era. – Moon parou por um momento, seus olhos começando a se encher d’água.
Hermione estava com sua mão agarrada ao peito. Não sabia o que poderia fazer para consolá-la, mas mesmo assim queria consolá-la, e ao mesmo tempo sabia que ela não precisava disso agora. Lentamente, Hermione sentiu algo quente repousar sobre sua cintura, fazendo-a sentar em uma pedra. A mão em seu peito foi acolhida pelo calor também, e ao se virar na direção de tal, pôde ver Cedric, olhando para Moon com o olhar mais compreensivo do mundo, como se seus olhos derretessem em um dourado caramelo. Hermione não sabia se com Moon foi assim, mas nesse instante ela se sentiu segura.
Moon levantou a cabeça devagar, segurando as lágrimas dentro de si, até se encontrar com o olhar de Cedric. Não era de consolo, não havia um vestígio de pena. Nele havia apoio, nele havia força. Em pouco tempo, Cedric havia se mostrado um bom amigo.
Talvez então, Hermione pudesse ver tanto pelos olhos de Cedric somente porque ele próprio demonstrava muito por eles. Bom, talvez ela fosse a única que conseguia ver isso.
_ Ele foi morto por um comensal. – continuou Moon. – Nunca soube quem ele era, e Merlin sabe que foi muito melhor assim. Tanta raiva havia dentro de mim, tanta amargura... que eu sabia exatamente o que teria feito naquela época. Algo que me mancharia para sempre, algo que me perseguiria.
Hermione segurou a respiração. Cedric apertou mais sua mão.
_ Mas eu era muito nova, e com o tempo toda a raiva que sentia transformou-se em proteção. Sabe, para com minha família... Minha mãe, Elizabeth e meu irmãzinho, Ethan. – Moon sorriu ao mencionar o irmão e Hermione sorriu junto ao ver a expressão da amiga. – Quando começaram a rolar boatos de você, Harry e Rony, lutando cada ano contra uma armadilha de você-sabe-quem, muitas coisas começaram a percorrer minha cabeça.
_ Eles não era realmente você-sabe-quem Moon... – Hermione deixou escapar.
Moon não deu a Hermione um olhar de repreenda, mas um sorriso amigável.
_ Eu sei Hermione, mas essas coisas que vieram a minha cabeça foram mais do que suficientes para eu me preocupar. Minha família... se de alguma forma minha família passasse por isso outra vez... O que poderia acontecer? Papai não está mais aqui. Se eu perdesse minha mãe... ou Ethan. Merlin,e se Ethan acabasse fazendo algo errado?
Cedric soltou a mão de Hermione para pegar a de Moon. Hermione não se importou.
Moon sorriu para Cedric e ele entendeu que já era o bastante. Para Moon se abrir desse jeito com as pessoas era meio difícil, uma coisa era o amor, algo que ela adorava partilhar com o mundo, algo para ela tão simples. Outra eram seus medos e segredos mais profundos. Se Cedric continuasse a segurar a sua mão, ela simplesmente se sentiria mais indefesa do que já se sentia.
_ Foi então que decidi que o melhor meio de proteger a minha família seria o modo com o qual meu pai um dia nos protegeu... Se eu pudesse ser um pouquinho do que ele era... – continuou Moon. – Então, fui procurar a minha tia, irmã do meu pai, Anita, ela sempre foi a ovelha negra da família, solta pelo mundo, e pelas aventuras nele contidas. Pedi ajuda para que ela me ensinasse, me ajudasse a me tornar um animago. Quando completei 16 anos ela aceitou me treinar, talvez porque estivesse mais velha, talvez porque acabou pensando em tudo o que eu tinha pensado para tomar essa decisão. Então, esse ano, eu finalmente consegui, mas ainda não posso controlar totalmente minhas emoções, às vezes é como se eu pudesse sentir somente uma de cada vez, o que é muito ruim. Eu estou melhorando, mas preciso continuar com o treino. Só não me sentia confiante o bastante ainda para contar a algum de vocês...
Houve silêncio por um tempo.
_ Então, ninguém mais sabe sobre isso? – perguntou Cedric, o único que teve fôlego para recomeçar a falar.
_ Bom, Rose e Kate sabem. Mas isso não foi algo muito planejado por mim... Quer dizer, vocês descobrirem também não foi planejado, então... – respondeu Moon. – Rose teve uma visão, em que eu me transformava. Ela deve ter ficado preocupada, e sabia que não poderia recorrer a Rudy para uma coisa dessas, então ela correu para Kate. As duas me abordaram um dia e eu não pude fazer nada a não ser contar a verdade. Mas, sabe, eu me senti bem melhor, ao saber que não estava nisso sozinha.
_ Então por que não contou para o resto de nós, Moon? – perguntou Cedric, que ainda tinha Hermione ao seu lado, e não iria fazer nada para que ela saísse.
_ Eu me senti bem... Mas a cobrança ficou ainda maior. Se eu fizesse algo errado, não estaria somente me colocando em perigo, porque tenho certeza de que se eu chegasse ferida, ou não aparecesse as duas iriam atrás de mim. Se eu... matasse alguém, a culpa não seria somente minha. – respondeu Moon, sentando-se no chão, que estava cheio de neve.
Hermione prestou atenção em Moon agora. Usava uma capa preta e grande, seus cabelos levemente molhados pela neve que caía. De repente sentiu um calafrio percorrer pelas suas veias.
Cedric colocou seus braços mais envolta dela. Como ele conseguia estar tão quente somente de camiseta e calça de moletom?
_ Você é um... Animago ilegal? – perguntou Hermione, receosa.
_ Bom... eu acho que eu até que sou um bom animal, já estou controlando minhas emoções, então acho que sou legal. – disse Moon rindo.
Hermione e Cedric reviraram os olhos. Ela definitivamente deveria passar menos tempo com Rudy.
_ Ah, ta! Sim, eu sou. Não poderia me registrar no ministério. O que eu diria? “Oi, quero me tornar um animago para lutar contra você-sabe-quem, caso ele volte”. Eles provavelmente me colocariam no St.Mungus. – disse Moon, rindo.
Hermione permitiu-se rir também.
_ E agora? – perguntou Cedric.
_ Por enquanto, - respondeu Moon soltando um suspiro – Finjam que não sabem de nada. Mais do que pelo meu medo de contar para os outros, há o perigo do que possa acontecer. Ainda não é a hora.
_ Eu entendo. – respondeu Cedric, e sorriu para Moon. Esta retribuiu.
Hermione teve um pouquinho de ciúmes, não necessariamente vendo Moon como ameaça. É que... Bom, era uma troca de sorrisos que ela tanto sentia falta, e que há muito tempo não recebia.
_ Eu tenho que ir agora... – disse Moon antes de olhar para os dois em sua frente. – Obrigada por tudo, e por todo o apoio, mas... – olhou outra vez para eles.
Cedric ainda segurava a cintura de Hermione, e a imagem deles dois juntos parecia simplesmente... Certa. Talvez não a mais perfeita, talvez não a imagem que mais combina. Mas a certa. Moon olhou para eles e era como se eles escondessem um segredo. O que não era raro, segredos são sussurrados pelo vento a todo momento. Nós é que, geralmente, temos dificuldade em ouvi-los.
_ Sabe, quando se ama, é melhor arriscar todas as chances, mergulhar de cabeça em um abismo sem fim e somente acreditar que ágüem irá te segurar. Mas se isso não acontecer... Bem, a dor será muito menor do que a dor que você sentiria se nunca tentasse. – avisou Moon, dando um pequeno sorriso e virando-se graciosamente para longe.
_ O que ela quis dizer com isso? – perguntou Hermione, não realmente confusa com o que ela havia dito, mas o porque ela havia dito. Para avisá-la que era melhor arriscar tudo pelo amor de Cedric?
Cedric estava com sua mente trabalhando a mil por minuto, ainda sentia suas mãos na cintura de Hermione e cogitava se virava e a beijava agora mesmo, ou se soltava sua cintura e deixava-a ir.
Hermione virou-se para Cedric, seu rosto estava a centímetros dos dele.
_ Cedric...? – sussurrou Hermione, não sabia o que fazer.
_ Hermione. – sussurrou Cedric de volta.
_ Nós... Realmente... – começou Hermione.
Cedric viu a confusão em seu rosto, e lembrou do que ela havia dito para ele depois da primeira tarefa. Hermione não queria nada com ele, ela dissera que não precisava dele.
_ Devíamos voltar para o colégio... – completou Cedric afastando-se.
Hermione ficou decepcionada por dentro, mas continuou com o olhar normal. Porém, enquanto Cedric se afastava tentava pensar rapidamente em alguma coisa para poder fazer com que ele voltasse a falar. Ela queria muito ficar ouvindo sua voz.
_ Cedric! – ela chamou, este virou rapidamente.
_ Sim. – respondeu, prontamente.
_ É... Como... – Hermione pensou mais um pouco. – O que era aquilo que nos atacou? – perguntou Hermione postando-se ao lado dele.
_ Ah... – Cedric começou a responder enquanto caminhava para o castelo. Hermione o seguia, não parando de prestar atenção em seu perfil nenhuma só vez. – Bom, não sei se você conhece essa espécie... É um Erumpente.
_ Um Erumpente? Aqui? Mas... Eles normalmente habitam a África! – disse Hermione surpresa.
Cedric olhou para ela mais surpreso ainda por ela ter idéia do que era um Erumpente.
_ É... – respondeu ele esperando um pouco para continuar a falar. – Mas era um, eu tenho certeza.
_ Como você pode saber? Algo assim é muito improvável, Cedric! – dizia Hermione confusa.
_ A pele dele repelia qualquer feitiço que eu lançasse Hermione! Eu tenho certeza. Ele tinha um couro grosso, um chifre afiado sobre o nariz e um grande rabo que lembra uma corda. – descreveu Cedric do que pôde ver do monstro com pouca luz.
Hermione olhou-o franzindo as sobrancelhas.
_ Isso não faz sentido... O que um Erumpente estaria fazendo aqui, tão longe de seu habitat natural? – perguntou Hermione ainda confusa.
_ Isso não é o mais estranho... – completou Cedric, dando um pequeno sorriso sarcástico.
Hermione olhou para ele interrogativa. Seu sorriso se abriu.
_ Um Erumpente não ataca a não ser que seja provocado pela dor. É muito estranho ele ter te atacado por nada. – respondeu Cedric suspirando.
Hermione começou a pensar em flashes que passavam pela sua cabeça, enquanto andavam. Lembrou das feridas que havia visto no Erumpente antes que este a atacasse. Alguém provavelmente devia tê-lo atacado de propósito. E Hermione sabia muito bem quem.
_ Juliet... – Hermione sussurrou.
_ O quê? – perguntou Cedric, sem entender o que a menina falara.
_ Ah... Como você... Conseguiu enfeitiçá-lo? – perguntou Hermione desviando do assunto. Colocar Cedric nessa história seria mais perigoso ainda.
_ Ah... – começou Cedric meio presunçoso. – Eu somente utilizei dois feitiços em seus olhos: Confudus, para confundi-lo e Conjunctivitus para poder danificar sua visão e nós termos tempo para fugir. Afinal, os olhos são...
_ A única parte do corpo deles que não é revertida por sua pele... – completou Hermione esboçando um sorriso. – Muito esperto, Diggory.
Cedric sorriu, aquele sorriso enorme e sincero, perfeito.
_ Obrigado! – disse como um garoto de 6 anos de idade.
Hermione sorriu também, com uma pequena risada saindo de sua garganta. Sentiu-se aliviada e ao mesmo tempo angustiada. Ali estava a troca de sorrisos que a pouco tanto desejara, mas ali também estava uma esperança que ela não queria sentir.
_ Hermione... – chamou Cedric.
_ Eu... – respondeu Hermione.
Cedric não tinha realmente nada para falar, mas Hermione ficara calada por tempo demais... Bom, pelo menos para ele, que estava deleitando-se com o som de sua voz.
_ O baile... é amanhã... – tentou Cedric puxar conversa com o pior assunto possível.
Hermione mordeu o lábio inferior.
_ Cho deve estar muito ansiosa para ir com você. – disse Hermione olhando para baixo.
Cedric fechou os olhos. Em sua cabeça estava se repreendendo por ter escolhido logo esse assunto.
_ Então, você vai? – perguntou Cedric dando uma rápida olhava para Hermione.
Ambos andavam de cabeça baixa, olhando para o chão.
_ Claro! Por que não iria? – perguntou Hermione franzindo a testa, ainda olhando para o chão.
_ Ah! Nada... Eu... Só não sabia se alguém... – começou Cedric.
_ Você achava que era muito difícil alguém me convidar? – perguntou Hermione alterando o tom da voz.
Cedric deu um tapa em sua própria testa. Hermione olhou diretamente para ele enquanto andava.
_ É, né... Desculpe desapontar você. – respondeu Hermione andando mais rápido. (como se isso fosse alguma coisa para Cedric).
Depois disso eles foram em silêncio para o colégio, os dois sem olhar para o lado, mas pensando um no outro.
●●●
Mesmo que o silêncio parecesse o melhor, na verdade a única saída, Cedric estava sendo corrompido por uma grande raiva. Sentia um calor muito forte subindo por seu rosto, seu coração pulsando loucamente em seus punhos fechados e não sabia o quão vermelho poderia estar.
Hermione não se encontrava muito melhor. Sentia sua boca seca e bufava a cada passo que dava exageradamente forte. Por que era tão difícil de acreditar que ela iria àquele baile? Esse era o fato que mais a magoara, talvez por ela nem sequer cogitar que Cedric não dissera aquilo porque pensara que ela não era boa o suficiente, mas sim porque ninguém estaria à altura de ser seu par. A não ser, talvez, se este fosse ele próprio.
_ Mas... Quem? O quê? – a raiva e confusão não deixavam que Cedric terminasse alguma frase que pretendia dizer.
_ O que? – perguntou Hermione ainda estressada. – Quem seria tão idiota para me convidar para ir ao baile? É isso?
_ Hã? – perguntou Cedric meio tonto com o bombardeamento de acusações vindas de Hermione.
Hermione suspirou.
_ Muito bem, Cedric Diggory, eu devo a você minha vida, mas que fique bem claro que é por isso que eu ainda não quebrei a sua cara. – disse Hermione, virando-se e recomeçando a andar.
Cedric balançou a cabeça, coçando a nuca. Mas que menina maluca...
Eles já estavam dentro do colégio agora, mesmo que eles não percebessem isto. Caminhavam tão alienadamente que não sabiam direito nem o caminho o qual faziam.
_ É... aqui. – Cedric interrompeu os passos fortes e decisivos de Hermione.
Eles haviam chegado à entrada da casa de Hermione, (a qual Cedric nunca deveria saber onde fica) mas a garota continuou andando, passando direto pela casa de tão nervosa que estava. Hermione fingiu “inspecionar” uma das pinturas, a primeira que viu pela frente. O senhor, no entanto, um velho gordo, cabelos grisalhos e com um bigode, não gostou muito da idéia da menina. Em um de seus roncos foi acordado por uma garota maluca que o cutucava.
_Que foi? Estou pintado de verde por acaso? – perguntou o quadro irritado. Vejam só, ele perguntou se estava pintado com uma cor qualquer... Irônico não?
_ Ah... Desculpe. – disse Hermione vermelha, voltando-se rapidamente para o lugar onde Cedric estava parado, esperando-a.
Qualquer pessoa ficaria deslumbrada com a imagem de Cedric. Pernas e braços cruzados, encostado na parede desleixadamente. Em seu rosto, um torto e perfeito sorriso irônico. Mas é claro que, para Hermione, o jeito como ele estava era somente um fato que a deixava com mais raiva ainda. Será que ele tinha alguma idéia do quanto aquele sorriso irônico era irritante?
_ Você tem alguma idéia do quanto esse sorriso irônico é irritante? – perguntou Hermione, parando de frente para Cedric.
Este deu um sorriso ainda maior para responder:
_ Sim.
Hermione soltou uma exclamação indignada. Cedric riu abertamente.
_ Você é muito chato às vezes, sabia? – perguntou Hermione, cruzando os braços.
_Ah, eu sabia! Desde o dia em que nos conhecemos você deixou isso bem claro. – respondeu Cedric, balançando a cabeça.
A mulher gorda já havia despertado, e esperava por Hermione dizer a senha. O que ela estava pensando? O que qualquer outro pensaria... “Esses dois de novo? É sério?”
A tensão entre os dois era evidente, partículas de energia pareciam emanar de seus corpos, de modo que seus pólos se atraiam. Fosse por raiva, fosse por um sentimento muito mais forte. Se um momento como esse pudesse simplesmente ser parado, se pudéssemos torná-lo eterno... Sabe aqueles momentos nos quais não importa se você está sorridente, com os olhos cheios de água ou, como no caso dessa história, mais vermelho de raiva como nunca estivera, mas ainda assim deseja, secretamente, que ele não acabe? Bem, o segredo para que esses momentos sejam assim tão especiais é simplesmente o fato de que o pior acontece. Ele acaba. E, portanto, aproveitá-lo é a única coisa na qual você pensa enquanto este aparece para uma breve visita em sua vida.
_ Talvez a razão para isso seja que você não saiba agir com as pessoas de outra maneira que não seja... Você! – retrucou Hermione sobre o comentário de Cedric do dia em que se conheceram.
_ Muito obrigado! Foi ótimo saber que ser eu é uma coisa ruim... – disse Cedric meio magoado com o que Hermione dissera.
_ Bem, não era para você se sentir mal com isso... Você sempre foi assim... – Hermione tentou concertar as coisas. Seria melhor que não tivesse.
_ Esclarecido! – exclamou Cedric, agora, realmente ofendido.
_ Não, não está... – Hermione respirou fundo – Não entendo porque você está fazendo um grande caso sobre isso... Afinal, somente você pode decidir como viver sua vida e não sou eu que vou dizer o que é certo ou errado, porque todos têm uma visão diferente sobre isso.
Cedric ainda estava magoado pelo o que Hermione dissera, mas tinha que admitir que o que ela dissera era verdade... Ele deveria ter sua própria concepção do que era, e ele tinha! Até conhecer essa grifinória sabe-tudo... E ele realmente odiava, odiava quando ela estava certa! Mas talvez ela não estivesse tão certa assim...
_ Você fala o que pensa e depois diz que não tem que dizer... Você quer que as pessoas pensem igual a você, simplesmente sem saber que você não aceita a opinião delas... – disse Cedric, que também deveria ter optado por... Calar a boca!
_ Manipuladora, cabeça-dura, cínica quanto as minhas idéias... Alguma coisa a mais? – perguntou Hermione extremamente nervosa.
_ Não sei... Fútil, inseguro de mim mesmo, um completo babaca! Eu esqueci alguma coisa?
Hermione praticamente cuspiu qualquer que fosse a senha, e passou pelo quadro da mulher gorda sem nem olhar para Cedric, este se virou para o caminho de seu dormitório sem exitar um momento em reflexão. Ambos precisavam de uma boa noite de sono.
®®®
NO DIA SEGUINTE.
Hermione ficara inquieta à medida que a aula da professora McGonagall chegava ao fim. Não havia encontrado com Cedric aquela manhã... Mas isso era de longe o maior problema de Hermione. Ainda não havia contado para Kate que iria ao baile com Krum, e mesmo que Hermione acreditasse que o que Kate sentia era mais obsessão de fã do que amor verdadeiro, ela se sentia obrigada a falar sobre isso com a amiga. Claro, que ela devia ter falado muito antes de aceitar o convite, mas quando estamos sucumbidos pela raiva e pelo ciúme não conseguimos pensar em nada. Alguém realmente poderia culpá-la por ter feito isso? Sim, alguém poderia, e esse alguém teria toda razão do mundo. Não teria?...
A voz irritada da professora McGonagall estalou como um chicote pela aula de Transformação, Hermione levou um susto e levantou sua cabeça rapidamente saindo de seus devaneios. A aula, na verdade, já havia sido terminada, o dever copiado e as galinhas-de-guiné que tentaram transfigurar já estavam devidamente guardadas em suas gaiolas. Harry e Rony brincavam de espada com duas varinhas falsas providenciadas por Fred e Jorge. Poderiam ser mais crianças? Sim, poderiam, o que era infinitamente melhor do que ficar se remoendo por dentro, como Hermione estava.
_ Agora que Potter e Weasley tiveram a bondade de parar com as criancices – disse a professora lançando um olhar feio para os dois. – O Baile de Inverno é hoje, é uma tradição do Torneio Tribruxo, e também uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros.
Hermione já não prestava mais atenção no que a professora dizia, estava vagando em seus pensamentos sem noção. Pensava em Cedric e Cho... No baile, juntos... Aquele monstro do ciúme a atacava outra vez. Pensava em como poderia contar a Kate que iria ao baile com Krum... Hoje seu dia iria ser definitivamente cheio! E a noite então... Bem, as noites de inverno são mais frias, os ventos ficam mais agitados, e os sussurros que guardavam os seus segredos se tornam tornados sem direção puxando tudo o que vêem pela frente. Sim, essa seria uma bela noite de inverno.
●●●
Cedric mal prestava atenção em sua aula de Poções, pôde ver Snape olhando-o de canto de olho umas duas vezes. Rudy, ao seu lado, não se atrevia a falar nada. Noite passada Cedric havia chegado muito nervoso, devia ter sido algo com Hermione, isso ele tinha certeza, mas a única coisa que Rudy pôde entender do que Cedric disse ao chegar ao quarto foi: “Eu sei o que eu quero! Garota maluca! Essa garota...” Rudy resolveu então não perguntar nada. O final de frase de Cedric foi algo mais ou menos assim “Essa garota que eu... que eu...” e o resto se tornou secreto em sua mente. Se Cedric tivesse completado aquela frase... Se ao menos Rudy pudesse ter ouvido a última parte da fala de Cedric, junto com aquela que permaneceu escondida em seus pensamentos... Talvez ele não tivesse escolhido o silêncio, e então talvez tudo teria se acertado de uma vez (se é que podemos chamar isso de certo). Mas ainda não era a hora, muitas coisas ainda aconteceriam para que essa história finalmente pudesse ter o seu fim. O seu fim? Alguma coisa nessa vida realmente chega ao seu fim? Creio que algum dia saberemos...
*Cinco minutos para tocar o sinal*
_ E aí Rose, com quem você vai ao baile? – perguntou Kate, animada.
Kate nunca teve que se preocupar em achar par para algo, sempre que não estava a fim de ir com alguém poderia ir com Chris. Talvez esse fosse um desses eventos, em que mesmo quando os garotos mais lindos a chamam para sair, ela simplesmente depois de um tempo se enjoava deles. Aquele que ela queria não a convidaria e qualquer outro não seria bom o suficiente. E Chris era seu melhor amigo, seria melhor ter alguém por perto para poder falar mal da baranga que Krum convidara. Mal sabia ela que Chris já tinha seus próprios planos para esse baile...
_ Ninguém. – respondeu Rose, tranqüila,
_ Ninguém? – perguntou Kate surpresa.
_ Ah, Kate, olha quem fala! Como se eu não tivesse visto você dispensando milhões de garotos! Você também não quer ir com ninguém. – respondeu Rose, rabiscando seu caderno.
_ Rose, eu sei que a maioria dos garotos aqui são idiotas... Mas você não pode ir sozinha! – continuou Kate. – Imagine o desperdício de se arrumar toda para depois descer a escada para o salão sem ninguém te esperando!
_ Kate, eu não vi você convidando ninguém. – retrucou Rose.
_ Ah! Mas eu vou com o Chris! Ele é sempre meu reserva. – disse Kate, sorrindo.
Rose olhou para Chris, sentado junto a Isa, rindo falsamente de alguma coisa que ela havia dito.
_ Parece que Chris cansou de ser o seu “reserva”. – respondeu Rose, apontando para Chris e Isa com sua cabeça.
Kate olhou para os dois e franziu a testa.
_ Essa medusa sem graça! – disse ainda fitando-os.
_ Eu te aconselho a falar com ele antes. – avisou Rose, virando-se outra vez para seus rabiscos.
*O sinal toca*
Kate levanta-se e vai falar com o seu “reserva”.
Rose sente algo parar ao seu lado, ao olhar para cima vê John encostado, desleixadamente, em sua mesa.
_ Você não tem alguma coisa melhor para fazer do que vir me atormentar todos os dias? – perguntou Rose ainda rabiscando.
_ É claro que eu tenho. – respondeu John, sorrindo. – Mas isso acaba sendo muito divertido também.
_ Estou feliz que minha raiva te deixe feliz. – respondeu Rose, sarcasticamente.
John sorriu.
_ Não precisa ficar nervosa só porque não tem um par para o baile. – disse John, provocando.
_ Eu não quero ir com ninguém daqui ao baile. – respondeu Rose.
_ Ah, sim claro. E por que seria isso? – perguntou John, ainda sorrindo.
_ Olhe-se no espelho e saberá a resposta. – respondeu Rose, levantando-se para sair.
John soltou uma gargalhada alta.
_ Como se você tivesse par... Não vi você convidando ninguém. – disse Rose, parando na frente dele, com seus livros a mão.
_ Você anda me observando? – perguntou John, abrindo outro sorrindo.
Rose revirou os olhos.
_ Sim, John, você é o amor da minha vida... – respondeu Rose ainda mais sarcástica.
_ Eu sabia que um dia você admitiria... – implicou John se segurando para não rir.
Rose levantou uma sobrancelha.
_ Você consegue ser mais irritante que Rudy. – disse Rose, guardando o papel em que rabiscava pronta para ir embora.
John colocou o braço na frente de Rose, fazendo com que ela não pudesse continuar a andar.
_ O que é agora? – perguntou Rose, já ficando nervosa.
_ Vamos fazer uma coisa... – começou John.
_ Olha só Ericson, - cortou-o Rose, fazendo um gesto com a mão para ele parar de falar. – Eu não estou interessada em nenhuma proposta que você possa fazer.
Rose fez menção em sair, mas John continuou bloqueando sua passagem.
_ Acho que talvez esta lhe interesse. – garantiu John com seu sorriso maroto.
Rose pensou por alguns segundos antes que sua curiosidade tomasse conta da situação.
_ Fala. – foi o que Rose disse.
John olhou-a ainda risonho.
_ Nós podíamos fazer uma aposta com isso. Claramente você não acha ninguém a sua “altura” para acompanhá-la ao baile, e eu... Bem, vamos ser sinceros, obviamente ninguém deste colégio pode estar a minha altura. – começou a explicar John. Rose rolou os olhos com a última frase.
_ Qual seria essa aposta? – perguntou Rose, cortando toda falação de John.
_ Nós dois escolheríamos um par para o outro. – respondeu John, abrindo mais um sorriso.
_ O quê?! – perguntou Rose, sem entender. – Que tipo de aposta é essa?
_ Calma! – disse John. – Primeiramente, me ouça! – Rose se calou. – Bem, essa seria a aposta. Nenhum de nós acha que há alguém neste colégio bom o suficiente para nos levar ao baile...
_ Correção. Você é presunçoso a esse ponto! – corrigiu-o Rose.
_ Tanto faz! – disse John, balançando a cabeça – O importante é se você vai querer ou não entrar nessa aposta. Eu escolho um par para você, e você um par para mim. Se um de nós gostar do par terá que fazer alguma coisa que o outro disser.
Rose pensou por um momento.
_ E se os dois não gostarem do par? – perguntou Rose.
_ Não tem como você não gostar do par que eu vou escolher. – disse John, sorrindo.
Rose revirou os olhos. Como se ele pudesse saber quem ela gostaria de levar ao baile.
_ Fechado, então. – respondeu Rose com um sorriso malicioso. – Espero que você não tenha vergonha de sair correndo nu pela escola dizendo que está grávido de Pirraça...
E com isso ela saiu ainda rindo, e vitoriosa. John também sorriu, balançando a cabeça, mas um pouco intimidado, ele deve admitir.
Do outro lado a conversa era outra. Kate e seu “reserva” teriam algumas coisas para resolver.
_ Mas Chris...! – continuou Kate – Como você pode me abandonar para ir ao baile com aquela medusa?!
_ Kate, eu não estou te abandonando! Nós nem estamos juntos! – respondeu Chris.
Kate bufou e disse:
_ É, Chris, eu não sou idiota a ponto de achar que estávamos.
_ Então não entendo porque você está assim. Tem milhões de outros garotos nesse colégio que querem ir com você... – argumentou Chris, sem entender muito a reação de Kate.
_ Eu sei Chris! Mas eu não quero ir com nenhum deles! E você é meu reserva... – começou Kate.
_ Eu sou seu reserva? – perguntou Chris meio ofendido.
_ Não! Quer dizer, sim. Mas não que eu queira te usar, é que... Você é meu melhor amigo, não seria como um encontro... – Kate tentou se explicar.
_ Bom, me perdoe Kate, não quero brigar com você por isso... – cortou-a Chris, realmente um pouco ofendido. – Mas acho que você terá de encontrar outro “reserva” desta vez.
Chris se foi, deixando Kate parada com a boca aberta no meio da sala. Chris finalmente se rebelando? Rose aceitando uma proposta de John? O que estava acontecendo com o mundo?
●●●
Os passos de Hermione eram decididos e firmes. Quem dera os passos combinassem com a dona... Suas mãos suavam e uma agonia constante subia-lhe pelo pescoço. Estava indo falar com Kate, não sabia como a menina reagiria, mas... Teria que pelo menos tentar se explicar.
Enquanto estava perdida em seus pensamentos, Hermione não avistou Cedric, que estava andando na sua direção. Não que fosse falar com Hermione, estava realmente indo para o caminho contrário ao dela, para se encontrar com Cho. Depois de Cedric não ter aceitado ir com um smoking da mesma cor do vestido de Cho ao baile, esta fez o garoto jurar que usaria pelo menos um lencinho combinando.
Pobre de Cedric que não sabia que este seria o pretexto perfeito para ficar pelo menos uma hora escolhendo entre lenços que, para Cedric, eram idênticos. Nessa hora, porém, Cedric não estava pensando em lenço algum, só tinha olhos para Hermione, que vinha em sua direção sem nem olhar para frente. Provavelmente ela bateria nele se não prestasse atenção por onde andava, mas... Cedric não iria desviar.
BUM!
Dito e feito. Hermione deu uma trombada enorme em Cedric. Este não sofre nada, é claro, mas Hermione quase foi ao chão, se não fosse por duas mãos que, delicadamente, apararam-na da queda.
_ Ah, me desculpe! Eu simplesmente não tenho... – começou Hermione.
_ Controle motor? – perguntou Cedric lendo a mente da menina.
Hermione finalmente olhou para quem a segurava. O rosto de Cedric estava a 3 centímetros do seu, e Hermione simplesmente havia se esquecido de como se respira.
_ Você está bem? – perguntou Cedric, dando um pequeno sorriso torto.
Ótimo, muito bem! Ele deu um pequeno sorriso torto... Muito justo Cedric! Nesta hora, Hermione fez completamente o contrário de não respirar, puxou todo o ar possível para dentro de seu corpo. Precisava de oxigênio para pensar em alguma coisa para responder a pergunta de Cedric.
_ Aham... – respondeu Hermione. Talvez tanto oxigênio tenha afetado seu cérebro.
_ Ah... Que bom. – foi o que Cedric respondeu. Nada havia afetado seu cérebro... Nada além de Hermione, em seus braços, a três centímetros de seu rosto.
_ Você por aqui? – perguntou Hermione, estupidamente.
_ Eu estudo aqui... – respondeu Cedric, agora segurando o riso.
_ Eu sei! – disse Hermione, tropeçando nas palavras. – É só aqui sabe... Nesse corredor, exatamente agora... Eu... é...
_ Sim? – perguntou Cedric inclinando sua cabeça para frente, ficando ainda mais perto de Hermione. Não fora sua intenção provocá-la com isso, foi algo meio que por impulso, sabe?...
_ Fala, Ced! – disse Rudy, não vendo que Cedric tinha Hermione nos braços. Para ver o quão junto eles se encontravam.
Hermione fez menção de que queria sair rapidamente dos braços de Cedric. Por impulso, é claro. Sabe quando você está prestes a fazer uma “loucura” e alguém chega? Então, foi mais ou menos isso. Mas Cedric não a soltou. Precisava ficar perto dela nem que fosse por mais alguns segundos. Hermione olhou para Cedric confusa quando este não a deixou sair de seus braços. Cedric simplesmente olhou-a nos olhos, profunda e suavemente. Seus olhos queimavam como caramelo derretido, ele podia sentir seu próprio coração bater contra o corpo de Hermione.
Rudy estava parado a uns quatro passos dos dois, observando a cena, mais por estar pasmo do que curioso.
_ Cedric! – uma voz irritantemente fina ecoou entre as paredes do corredor.
Rudy tampou os ouvidos com as mãos.
_ Acho melhor você falar mais alto Cho, acho que tem alguém em coma na enfermaria que ainda não te ouviu muito bem. – disse Rudy para Cho, que caminhava bufando para direção dos três.
Cedric [relutantemente devo dizer] soltou Hermione de seus braços. Mas fez isso devagar e delicadamente, não como se tivesse preocupado com o que Cho achava, mas como se estivesse querendo aproveitar cada último segundo em que sua pele ainda tocava a clara e macia pele de Hermione.
_ Onde você estava? Eu estava te procurando! Ainda não decidimos a cor do lenço! – disse Cho, postando-se ao lado de Cedric segurando o braço do garoto com força.
_ Sim... Vamos então? – perguntou Cedric, não querendo fazer uma cena.
_ Claro, querido. – disse Cho depositando um beijo estalado na bochecha de Cedric. Hermione revirou os olhos.
Hermione colocou sua mão no peito enquanto assistia Cedric e Cho irem embora. Pressionava-a como se assim pudesse fazer passar aquela dor. Estava tudo errado! Ela nunca deveria ter se apaixonado por Cedric. Como pôde se apaixonar por alguém como ele?... Merlin... Como Hermione poderia não se apaixonar por alguém como ele? Aquele que ele realmente era. Não era o capitão do time de quadribol, o campeão ou o garoto popular por quem Hermione se apaixonara, e sim, pelo... Cedric. Cedric Diggory que, apesar de tudo, muitas vezes ainda era um menino, inseguro e doce. Ao mesmo tempo ele era o herói de quem ela, na verdade, não precisava. O homem que a deixava louca com um simples sorrir. Mais do que tudo isso... ele era aquele a quem, sem verdadeiramente querer, Hermione fora forçada a entregar seu coração.
_ Mione? – perguntou Rudy, chegando ao seu lado, ao perceber a cara de aflição da amiga.
_ Eu estou bem Rudy, é só... Uma falta de ar! Acontece o tempo todo! – disse Hermione dando algo que, Rudy achou que era para ser um sorriso.
Rudy olhou-a e não teve dúvida de que ela sofria. E ele queria ajudar... Mas essa hora é daquelas em que não poderíamos ajudar um amigo com palavras de consolo, isso só o faria ficar mais desanimado ainda. Então, Rudy abraçou Hermione.
_ Obrigada, Rudy. – disse Hermione depois que este a abraçou. – Mas eu preciso ir... Tenho uma coisa importante para falar com a Kate.
_ Claro... Eu só queria perguntar se você havia visto Moon... Acho que ela não foi às aulas dela hoje e... – Rudy começou a perguntar.
Hermione sabia o porquê disso. Provavelmente Moon estaria se recuperando da noite anterior em seu quarto, mas ela não podia falar para Rudy isso... Então optou por cortá-lo.
_ Eu não a vi, Rudy. – respondeu Hermione, prontamente. Talvez ela ainda esteja no quarto com cólica ou algo assim, não?
_ É... Talvez. – Rudy parecia um pouco desolado.
Dizendo isso, Rudy despediu-se de Hermione, e seguiu seu caminho. Moon deveria contar logo a verdade para Rudy, mentir nunca leva a gente a lugar algum... Pior, uma mentira pode destruir o que antes tínhamos. A verdade talvez fosse mais poderosa que a mentira, mas a mentira com certeza faria um estrago muito maior. É melhor a verdade que dói do que a mentira que produz um falso alívio.
Hermione observara Rudy ir embora até que ele fosse nada mais que um pequeno ponto no meio de um monte de outros pontinhos...
Isso era ruim. Mentir para Rudy, mentir para Kate... Ok, isso não era o pior. Tudo isso de alguma forma parecia ter um conserto... Porém, o fato de Cedric ir ao baile com Cho, não teria. Não que ela nunca mais o fosse perdoar, estava longe disso. Mas esse ato... A forma como os dois agiram não tinha conserto. A forma como eles trocaram olhares nesse meio minuto não tinha conserto. A forma como Cedric segurou Hermione em seus braços não tinha conserto. E, por fim, a forma como tudo isso fez surgir uma pequena e indesejável esperança em Hermione... Bem, isso talvez, sim tivesse conserto.
●●●
Enquanto Cedric acompanhava Cho pelos corredores do colégio, sua mente vagava em Hermione. Algo, realmente, não muito incomum de acontecer. Ele estava amando. Ou melhor, será que estava? Hoje em dia a maioria dos jovens que se apaixonam já diz um “Eu te amo” sem nem ao menos saber o que aquela palavra significava. Existiria tal coisa como o amor não dito? Será que amor era a melhor palavra para definir aquele sentimento escondido? Tantas perguntas, Cedric... Por favor, relaxe! Você ainda tem uma vida inteira para descobrir isso... Não tinha? Com a ameaça do Torneio Tribruxo, creio que nada poderia ser dito com certeza sobre o tempo de vida de qualquer um. Mas no momento em que estava indo embora com Cho, Cedric não se conteve e olhou para trás, se virou para ver Hermione conversando com Rudy. Suas mãos estavam pressionadas contra seu peito. Cedric sabia que ela estava sofrendo, só não entendia porque ela não fazia tudo isso mais fácil e falava o que estava sentindo para ele. Claro, ele também poderia fazer isso, mas, você sabe, nós sempre achamos que já fizemos o bastante, mas no final, nem tentamos de verdade.
Naquele momento talvez Cedric tenha percebido que o que sentia por aquela sabe-tudo realmente era algo muito grande. E como por enquanto não podemos achar palavra mais forte, talvez “amor” realmente seja uma boa escolha.
_ Ced, eu estava pensando em algo meio tom de areia, sabe? Cor de areia ficaria linda em nós... – comentou Cho, que nem ao menos olhava para Cedric enquanto falava.
_ É... – começou a respondeu Cedric, ainda olhando para Hermione. – Realmente linda.
●●●
Ok. Era agora. É sério, agora! Pelo amor de Merlin dá para pelo menos dar um passo?! Hermione Jane Granger vá até ela neste exato instante! Você não fez nada de errado! Ela é sua amiga, precisa ser sincera!
Hermione estava parada a alguns metros de distância de Kate, que estava conversando energicamente com Rose sobre alguma coisa. Provavelmente como as meninas de Beauxtons eram vadias demais por se acharem demais... Vocês conhecem Kate.
Foi então que Hermione notou a falta de Moon. Ficou triste por Rudy... Ele e Chris eram os únicos a não saber a verdade. Então, uma voz atrás de sua nuca a vez encolher totalmente.
_ Oi, linda. – sussurrou Jack ao seu ouvido.
Hermione deu um pulo.
_ Ah! Jack! Quase caí de tanto me tremer aqui! – exclamou Hermione sentindo o regular frio subindo pela sua espinha depois de uma descarga de adrenalina.
_ Dizem que normalmente causo esse efeito nas garotas. – disse Jack, sorrindo maliciosamente.
_ Há-há. Muito engraçado, Jack. – retrucou Hermione revirando os olhos. – Detalhes de sua vida amorosa era exatamente o que eu queria ouvir agora!
(Alfinetada 1)
_ Ai! Cara, essa foi cruel... Você está realmente simpática hoje. – disse Jack para Hermione, colocando-se na frente dela.
Hermione riu.
_ Desculpe... Não é nada com você, já deu pra ver que não estou de bom humor hoje...
_ Quer que eu chame a Cho para você bater nela? – perguntou Jack, rindo com sua própria piada.
Hermione achou graça também.
_ Acho que já tive minha cota de unhas quebradas, obrigada. – respondeu Hermione. – Hey! – disse de repente.
_ Hey... – retribuiu Jack, confuso.
_ Você me chamou de linda. – observou Hermione.
_ Sim... – concordou Jack, já sabendo por que Hermione dissera isso, mas ainda meio confuso.
_ Há um tempo que você não me chama assim. – explicou Hermione, não totalmente derretida por isso, mas... Era bom ser chamada de linda por Jack Dawson.
_ Hum... Melhor eu já ir me redimindo então, certo, linda? – perguntou Jack galante.
Pelo o que parece, Jack havia voltado à ação. Claramente, soubera de Cedric convidando Cho para o baile. Depois dessa, ele sabia que Cedric estava queimado com Hermione, e quem melhor para consolar uma garota com o coração partido do que Jack Dawson?
Hermione se impressionou com a volta de Jack, mas na verdade, não se importou. Se Cedric podia flertar com Cho ela podia flertar com quem quisesse! Flertaria até com Malfoy se ele não fosse tão sonserino! E não colocasse tanto gel no cabelo...
_ Se você acha... – disse Hermione bancando a difícil.
_ Acho. – ele parou de repente e olhou para Hermione como se estivesse desvendando algo – Nervosa, escondida em um canto, olhando para o longe apreensiva... Em que missão estamos hoje? – perguntou Jack, observando como o olhar de Hermione vacilava para os lados às vezes.
_ Uma das minhas melhores amigas... – respondeu Hermione.
_ Sei... – disse Jack, postando-se ao lado de Hermione. A menina podia sentir a respiração dele em sua orelha.
_ É... – disse Hermione meio sem saber o que fazer. – Acho melhor ir falar com ela.
E assim, foi seguindo em direção a Kate, que agora pelo menos tinha parado de falar energicamente sobre o que quer que fosse, mas ainda assim estava com uma cara assassina.
_ Fugir não combina com você, linda. – enfatizou Jack.
_ Não estou fugindo, Jack. Você que não está me procurando nos lugares certos. – brincou Hermione, sem pensar no quanto maldoso isto poderia ter soado, principalmente para alguém como Jack.
(Alfinetada 2)
_ Concordo. – foi a última coisa que Hermione ouviu antes de Jack sair andando para mesa da Sonserina, distanciando-se de Hermione.
Jack já estava em seu lugar e Hermione continuava congelada no dela.
_ Respire fundo, respire fundo. – repetia para si mesma.
Com muito esforço ela finalmente conseguiu se mexer. Quando chegou perto de Kate, Hermione estava com uma expressão indescritivelmente assustada, mas ainda nem tinha dito uma palavra.
_ Mi, que cara é essa? – perguntou Kate, observando a expressão nada calma de Hermione.
_ VOU AO BAILE COM O KRUM! PONTO FINAL, SINTO MUITO!
Kate começou a tremer ficar vermelha, roxa, azul! Parecia que... BUM! A cabeça de Kate explode.
_ Não! – gritava Hermione.
Ok, talvez não tenha sido assim que aconteceu, mas, de algum modo nazista, teria sido melhor.
_ Mi! Mi! – chamava Kate, balançando as mãos na frente de Hermione para que ela voltasse ao presente. – Que cara é essa?
_ Não! - gritou Hermione ainda afetada pela visão que sua mente criara da situação.
Kate e Rose olharam-na como se ela tivesse problemas, se bem que nessa situação, Hermione estava com problemas... E dos grandes!
_ Cara? – disse Hermione, por fim. – Que cara? Há! – ela estava muito nervosa e nada do que fazia parecia fazer sentido.
_ Você está bem? – perguntou Kate, tentando, mais uma vez, entender o que estava acontecendo.
_ Ótima! – respondeu Hermione com a voz em um tom agudo, aquele tom sua voz sempre tinha quando estava nervosa por mentir.
_ Mesmo? – perguntou Kate, insistindo de novo.
Vamos lá, Hermione! É a sua chance!
_Sim... – “BURRA, BURRA, BURRA!” – Sem problemas... – disse Hermione ainda se xingando em sua mente. “Mentirosa sem escrúpulos!”
_ Ok... Vamos Kate, tá na hora da aula! – avisou Rose.
_ Ahn... – Kate hesitou por um momento.
_ Vai, gente! Não se atrasem por minha causa! – Hermione queria ver-se livre daquela situação o mais rápido possível.
O que ela não sabia, porém, era que havia uma coisa fácil, rápida e eficaz que ela nem cogitara fazer...
E somente se deu conta disso quando observou Kate e Rose desaparecerem para suas respectivas aulas.
_ Então, Hermione... – disse à si mesma – Que tal falar a verdade?
●●●
Cedric, Rudy e Chris também estavam à caminho de sua aula: Herbologia. Chris e Rudy rindo descontroladamente pelo recente evento de Cedric com Cho e seus lencinhos. Porém, foi incrível a rapidez com a qual a cara de Rudy se fechou quando avistou mexas rosas à sua frente.
_ Ooooooi! – saudou-o Moon, alegremente, jogando-se em seus braços.
_ Oi... – respondeu Rudy um pouco confuso.
Rudy estava em uma batalha entre pensamentos sobre o que deveria fazer. Coisas que deveríamos ter dias para pensar, mas, neste caso, era uma questão de segundos. Por um lado ele estava feliz e aliviado por, finalmente, encontrar Moon. Por outro, estava chateado porque não fizera idéia de onde ela estivera.
Ele já sabia que Moon daria um discurso sobre como ele tinha que ter confiança e que ela não era obrigada a informá-lo onde estaca ou iria o tempo todo, afinal, ele era seu namorado, não seu dono. Rudy não queria brigar, mas não podia ignorar o fato de Moon querer que ele confiasse nela sem que ela fosse capaz de confiar nele.
_ O que foi? – perguntou Moon, ao ver a cara de Rudy.
Cedric e Chris saíram de fininho, provavelmente, apostando que agora viria uma briga.
_ Só saudades... – disse Rudy, sorrindo – Não nos encontramos...
_ Ah! – Moon interrompeu-o, abruptamente – Dever...
_ Uhum. – Rudy sorriu de novo – Vamos?
Rudy Steiner não disse algo na hora errada?! Por incrível que pareça, não estou muito impressionada... Quanto mais escrevo esta história mais percebo que Rudy talvez não diga as coisas na hora errada, na verdade, parece ser exatamente na hora certa.
Hermione subia as escadas, sozinha, a caminho de seu dormitório. Esse dia nublado e com neve não fora nada melhor dentro das paredes do castelo... Ela não fora sincera com Kate, também mentira para Rudy sobre Moon e... Bem, digamos que se ela precisasse de algo para secar suas lágrimas, pediria um lenço à Cedric.
_ Coincidência?
Hermione levantou os olhos, que encaravam seus pés, no mesmo instante que ouvira a voz arrastada. Já fora de seus “pensamentos supérfluos” sobre lenços e neve, Hermione teve uma descarga, mas não de energia, e sim de... Sensações.
_ Ou o lugar certo?
Sim, era Jack, e Hermione estava feliz por vê-lo.
_ Ótimo... Agora entendi porque desperdicei meia hora da minha vida neste corredor!
Sarcásmo incomparável... Era Isa. Hermione estava cansada e nem um pouco a fim de ouvir insultos vindos de Isa.
_ Olhe quem nos dá o ar de sua graça! – voz assustadoramente doce? Juliet. Hermione sentiu um frio na barriga.
Felicidade, cansaço, frio na barriga = descarga de diferentes sensações. Nada bom...
_ O... Oi! – Hermione demorou um pouco para completar sua resposta e ainda assim sua fala soou lenta e tediosa.
Era como se a descarga de diferentes sensações a tivesse deixado mole, seu cérebro assimilava as informações com dificuldade e depois ainda havia um intervalo de tempo antes que ela conseguisse falar o que queria.
_ Como você está? – Perguntou Jack.
Em qualquer outra circunstância Hermione responderia algo como “Desde essa tarde? Hum... Não mudou muita coisa não!”. Mas agora não tinha força cerebral suficiente para fazer piada.
_ Bem... – respondeu.
Silêncio.
_ Por mais que essa conversa esteja interessantíssima... – pronunciou-se Isa. – Acho que tenho outra coisa para fazer.
_ Tipo o que? – perguntou Jack, que sabia que Isa não tinha nada a fazer.
_ Catar laranja no poste... – disse Isa, sarcasticamente.
Antes de sair andando, lançou um sorrisinho malicioso. Juliet não fazia menção de querer ir embora.
_ Em defesa dela, - começou a própria- o silêncio estava realmente se tornando constrangedor.
Jack riu, Hermione queria sorrir, mas o que fez parecia mais um grunhido de um animal machucado.
_ Mas eu gosto do silêncio... – continuou Juliet, olhando Hermione profundamente nos olhos. – Eles são os únicos que guardam os segredos levados pelo vento... Ah! Se as pessoas soubessem agir como o silêncio... Não haveria tantas... Tragédias.
Jack não entendeu uma palavra, mas Hermione sentiu um frio cortante percorrer sua espinha. Era como se Juliet soubesse que Hermione a vira na floreta. E aquilo era uma ameaça... uma ameaça estupidamente assustadora.
Hermione engoliu em seco. De repente, sentiu algo formigar-lhe no estômago.
_ Não acho... – Hermione deixara escapar, como uma palavra-vômito.
O que você está fazendo, Hermione?
_ Não? – perguntou Juliet, surpresa, mas ainda assim, seu tom era de aviso.
ABORTAR! ABORTAR! ABORTAR! Gritava a consciência de Hermione. Mas que adolescente de 14 anos ouve a sua consciência?
_ Alguns segredos estão destinados a serem descobertos. – disse Hermione, fora de si.
Ela, simplesmente, sentia o formigamento aumentar cada vez mais a obrigando... Bem, talvez obrigar não seja a palavra. Era mais um impulso, mas Hermione sentia-se bem ao fazê-lo. Sentia-se bem enfrentando Juliet. Como uma carga de adrenalina percorrendo seu sangue a mil por hora. Sim, era uma sensação boa... Mas e quando essa sensação acaba? Não era o caso. Ainda...
_ Como? – Juliet não alterara sua voz, mas sua pupila dilatara o suficiente para deixar transparecer sua surpresa.
_ Certas coisas... – continuou Hermione.
Os olhares das duas não vacilaram ou desviaram um do outro por um segundo. A tensão no aposento não era somente sentida... Podia ser vista, e até respirada! Era como se uma grossa camada de ar estivesse presa entre Hermione e Juliet, não deixando que nenhuma se movesse um centímetro sequer.
_ São de grande importância. – Hermione finalmente terminara sua frase. – E medo de contá-las às vezes não pode te impedir... – Hermione se permitiu um sorriso – É o certo.
_ Mas não o seguro. – Juliet podia estar espantada, mas seu tom era tão assustador quanto seu olhar gélido.
O olhar de Hermione, por outro lado, faiscava de tão quente. Era como se o castanho de seus olhos tivesse virado fogo.
_ Há! – Hermione podia ter feito isso por sarcasmo, mas realmente achara engraçado. – Não é como se eu tenha optado por “seguro” nos últimos três anos...
_ Para tudo há um começo... – contrapôs Juliet.
_ E um fim. – disse Hermione levantando o queixo como sempre fazia quando desafiava alguém em uma discussão.
_ Hey... Parece que estão ameaçando alguém! – Jack finalmente se pronunciou, afinal, as coisas estavam ficando mais que estranhas... para ele.
Juliet deu um sorriso forçado.
_ Acho que está na hora de eu ir... – disse Juliet, seus olhos ainda fixos nos de Hermione.
_ Vai se preparar para o baile, Juliet? – perguntou Hermione, ironicamente.
_ É claro que sim, querida. Você também deveria... Se preparar. – respondeu Juliet. Duvido muito que ela estivesse se referindo ao baile.
E assim, Hermione observou Juliet caminhando para longe, em sua postura aristocrática.
_ Mione... – chamou Jack, e Hermione pôde sair de seu transe.
_ Sim... – respondeu ela.
_ Então... Com quem você vai ao baile? – perguntou Jack, com um sorriso maroto.
_ Ah... – de repente um “baque” atingiu Hermione. O baile! Krum! Kate!
_ Não precisa ficar assim, se você já tiver um par... Tudo bem. – respondeu Jack.
_ É esse o problema, Jack! Eu tenho um par! – respondeu Hermione, meio aflita.
_ Hermione... Calma! Por que você está assim?
Hermione contou tudo a Jack, desde o pedido de Krum, até ela não conseguir falar com Kate sobre isso.
_ Hermione, não vou dizer que o que você fez foi certo... Até porque você sabe que não foi. Você deveria ter falado com ela antes, mas... Se você pensar por outro lado, isso que Kate sente por Krum parece muito mais amor de fã do que amor de uma mulher. Será que dá pra entender? – perguntou Jack.
_ Na verdade, não. Mas é muito bom você tentar explicar isso para mim. – respondeu Hermione com um sorriso.
_Sempre... Sempre que você precisar de mim Mi... Eu vou estar aqui. – disse Jack com seu sorriso galante.
E então pegou a mão de Hermione para lentamente depositar um beijo sobre ela.
Bom, vocês podem imaginar quem estava passando pelo corredor nesse exato momento, certo? É claro que podem! Já que esse é um dos momentos em que essa história torna-se uma novela mexicana das boas...
Cedric passava conversando com Chris. Rudy devia estar com Moon, ou, de acordo com os fatos recentes, procurando Moon.
Foi no exato momento em que Jack segurou as mãos de Hermione que Cedric olhou na direção deles. Parou estático. Observou Jack se aproximar lentamente da mão de Hermione para depositar ali um beijo.
Havia somente duas coisas na cabeça de Cedric que eram cabíveis para ele fazer... A primeira era ir lá e socar Dawson como fizera da última vez, até que seus olhos pulassem das órbitas (o que era uma opção muito melhor na opinião de Cedric). A segunda era ir lá e socar Dawson como fizera da última vez, até que seus olhos pulassem das órbitas (tá, a opção era realmente muito boa). A terceira era a mais plausível... Mentir. Simplesmente fingir que estava tudo bem e passar por ela sem dizer nada. Sim, isso seria o melhor. Talvez não o mais divertido para Cedric, mas o melhor. Mas... PORQUE ELE AINDA NÃO LARGOU A MÃO DELA?!
_ OI MI! – gritou Chris ao seu lado balançando a mão, freneticamente.
É, parece que a idéia de passar despercebido por Hermione já não daria mais certo para Cedric... Em todo o caso, ainda poderia fingir indiferença.
_O... Oi, Chris! – disse Hermione afastando-se, rapidamente, de Jack.
Hermione não pôde deixar de se sentir uma completa idiota! Quer dizer... Por que ela teria que se afastar de Jack? Cedric não era nada seu! E ainda assim Hermione ainda sentia como se o estivesse traindo. O que era mais uma estupidez! É incrível como amar pode ser um sinônimo para o estúpido.
_ Diggory... – cumprimentou Jack.
Hermione pensou que a cabeça de Cedric explodiria em milhões de pedacinhos naquele exato momento. Porém, por mais estranho que pareça, ele simplesmente acenou dizendo:
_ Dawson.
Hermione sabia que s Rudy estivesse lá falaria algo como “Vou cortar a tensão!”. Ela se lembrava dessa frase como se fosse ontem. Mas dessa vez Rudy não estava lá para “cortar a tensão” ou simular que o fazia. Hermione teria que lidar com isso sozinha.
_ Hermione. – disse Cedric, cumprimentando Hermione com uns olhos... Ah, meu Deus! Aqueles olhos...
Hermione sentiu sua garganta tão seca que sabia que não conseguiria responder. Não! Ela conseguiria sim! Ela era uma garota inteligente, independente e conseguiria dar a melhor resposta do mundo para o cumprimento de Cedric!
_ Ce... Cedr... Di... Diggory... Ced… Não! Cedric!
Sim! Essa era a melhor resposta que ela poderia dar para Cedric naquele momento, ok?! Cedric, no entanto, sorriu levemente, abaixando a cabeça.
_ Precisa de uma ajudinha aí, Hermione? – perguntou Chris,risonho.
_ Não, Chris! Muito obrigada! Eu consigo me virar sozinha! – respondeu Hermione entre dentes.
_ Não é o que parece! – respondeu Chris, rindo.
Hermione queria lançar a Chris uma cara chocada. Mais que chocada! Uma cara de “CRETINOOO!”, mas não poderia fazê-lo naquela hora.
_ Muito bem... Por que vocês não vão agora? – perguntou Jack, já cansado desses dois atrapalhando sua conversa com Hermione.
_ Por que você não vai agora? – perguntou Cedric, encarando Jack com aquele olhar fuzilador.
_ Por que a gente não vai embora? – sugeriu Chris com medo de algo ruim acontecer.
_ Por que nós temos todo o direito de estar aqui! – respondeu Cedric – Por que o Dawson não vai embora?!
_ Por que você não vai embora, Diggory? Ninguém aqui precisa de você. – disse Jack, agora encarando Cedric também.
_ Por que eu não vou embora? – sugeriu Hermione – Aliás, to indo! Tchau!
E assim, Hermione correu para sua casa o mais rápido possível. Sair ou não dali implicava em viver ou não para contar a história.
_ Viu o que você fez?! – Jack acusou Cedric.
_ O que você fez você quer dizer! – respondeu Cedric.
_ O que NÓS fizemos! – disse Chris. – Vamos lá! O que ELE fez!
Cedric e Jack olham para a cara de Chris como se ele fosse maluco.
_ Que é? Eu pensei que era um jogo dos pronomes do caso reto! – respondeu Chris, rindo da própria piada.
Jack e Cedric continuavam encarando-o sem rir.
_ Ah! O que?! Só o Rudy tem o direito de fazer piadas na hora errada?! – e dizendo isso ele saiu também, deixando Jack e Cedric sozinhos.
Jack lançou a Cedric um olhar de ódio. Cedric, porém, não se importou nem um pouco com isso. Simplesmente saiu, rogando pragas a Merlin por não poder simplesmente acabar com isso tudo e ficar junto de Hermione. Mas é claro que, se isso acontecesse, não teria muito sentido. Porque nada que valha a pena é fácil. Se conseguirmos algo facilmente, este perde o seu valor. E, obviamente, se Hermione e Cedric tivessem um ao outro facilmente, talvez essa relação não fosse tão bela e, talvez, também não tivesse tanta importância para estar sendo contada.
Mas essa história estava indo em um rumo muito diferente daqueles nos contos de fadas. Era como se cada um de nossos personagens estivessem tecendo a sua própria teia de mentiras e, se não parassem, ficariam presos nelas para sempre. É como um beco sem saída, um túnel sem luz em seu fim... Nós nos colocamos ali dentro, mas por alguma razão, não acharemos o caminho para a saída tão cedo.
Jack suspirou sozinho no corredor pela primeira vez naquela tarde. Ele olhou para lado e sorriu. Não um sorriso de felicidade, era mais como um sorriso malicioso de uma vitória, que nem nós saberíamos qual é. A mente “maquiavélica” de Jack havia tido uma idéia que o ajudaria, de alguma forma. E assim, ele foi em direção a uns cabelos castanhos. E pela primeira vez, nesse dia nublado e com neve, uma ação foi movida por algo real. Não era uma mentira, não havia um pingo dela nisso. E o mais engraçado, era que essa ação fora movida por Jack Dawson. É... a vida dá voltas e mais voltas e mais voltas...
CONTINUA.
N/A: E aí gente? Demorou mas ta aí! Esperamos que todos tenham gostado do capítulo porque fazemos essa história além de para nós, para vocês! E de todos aqui nós lembraremos sempre. Somente queríamos fazer uma declaraçãozinha rápida! Nossas meninas, (vocês já sabem né! Bibi(aka Moon), Duda(aka Kate/Pennie) no início nós realmente nem queríamos ter postado essa fic aqui, nem imaginávamos que um dia dividiríamos com tantas pessoas. Mas nunca ficamos mais felizes que alguma coisa que não queríamos que acontecesse fosse feita, porque era um momento crítico na vida de todas (não é Bibi?), e nós de alguma forma, por essa fic, começamos a construir um laço tão forte entre nós que duvido que qualquer coisa possa quebrar. Viver distante nunca impediu que nos sentíssemos como melhores amigas, irmãs. Eu não vou conseguir falar tudo aqui em uma pequena declaração daquelas EMOcionantes, mas o fundamental está aqui: Obrigada! Obrigada pelas risadas, choros, brigas (houve brigas?), histórias... Todos esses momentos que, podemos não saber ainda, mas vamos lembrar para o resto das nossas vidas E. nossa vida, até agora, tem sido um escalada, mas não importa realmente o que iremos encontrar do outro lado, pois aqui onde estamos temos as pessoas mais lindas que alguém poderia ter, então sabemos, e não pergunte como, mas sabemos, que tudo sempre ficará bem. Amo vocês!
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