Happy Birthday Dear Marsh!



Tudo começou quando ela disse “Não” à Dolores Umbridge. Aquele “não” resultou em apelidos como “Traidora”. Foi assim que Umbridge a chamou. Aquele “não” resultou em um pai sem emprego e com um parafuso a menos. Por pouco não resultou em coisas piores. Mas ela não devia pensar naquilo, não hoje. Hoje era o dia do seu aniversário e tudo seria como nos anos anteriores, antes de seu pai ficar mal. Eram meio dia e meio e ela não queria se levantar. Havia ido dormir tarde, culpa da reprise de “...E o vento levou”, que a fez ficar acordada até as quatro da manhã. A parte boa de viver como trouxa era essa, o acesso à uma de suas grandes paixões: O cinema. Desde os cinco anos, quando seu pai a levou para ver “Peter Pan” no cinema perto da antiga casa dos Parkinson que ela é encantada pelo conjunto de imagens e diálogos que contam lindas histórias. Ouviu alguém entrar em seu quarto, mas não se mexeu na cama. Pensou que era provavelmente seu irmão, Cassidy, que iria pegar algo que ele havia esquecido no quarto da menina.
- Marsh. – Uma voz que ela não poderia não reconhecer a fez abrir os olhos.
Pansy se levantou da cama em um salto. Os cabelos curtos estavam extremamente bagunçados. Pansy estava apenas de camiseta branca e calcinha preta, era como ela gostava de dormir. Ela se levantou e foi até o banheiro e ficou se olhando no espelho. Não se importou, abraçou a amiga ruiva de olhos azuis.
- Senti sua falta. – Lucy, a amiga disse. – Parabéns! Feliz 16 anos!
- Eu também Lucille! E obrigada. – Pansy disse saindo do abraço. – Como foi de viagem?
- Tudo bem. O Cruzeiro foi divertido. Foi mais agradável que viajar por “Flú”. – Lucy disse tentando, sem sucesso, arrumar os cabelos da amiga.
- Bem, já que você chegou, acho melhor eu tomar banho. – Pansy tirou a camiseta e caminhou para o banheiro. – Meu pai e o Cassidy já começaram a fazer o churrasco de aniversário da Pansy?
- Claro. Estão se fingindo de macho-alfa e cortando a carne no quintal da piscina. – Lucy disse. – Vai colocar biquíni?
- Claro. – Pansy gritou do banheiro. – Eu quase não tomei sol essas férias e eu estou branca. Branca não, porque eu não fico branca e sim amarela.
- E quando toma sol fica super morena. Isso eu não entendo. – Lucy se deitou na cama da amiga.
- Nem eu. Papai é um branquelo, como o Cassy. – Pansy gritou enquanto massageava a cabeça cheia de xampu.
- Pois é... – Lucy disse bocejando. – Eu conheci um cara no cruzeiro.
- Aposto que o meu irmão é mais bonito e mais legal que ele. – Pansy disse.
- Verdade. – Lucy disse. – Mas seu irmão é minha família.
- Primos também amam. – Pansy disse. – E nem me vem me falar que ele é como um irmão pra você que não é. Eu vejo o jeito que vocês se olham Lucy!
- Você está viajando. Além disso, ele é mais novo que eu. – Lucy disse.
- Então você considerou! – Pansy saiu do banho, ainda com espuma na cabeça e meio enrolada na toalha. – Eu sabia!
- Pansy, cale a boca! E vai logo. – Lucy pegou dentro da bolsa que trazia um biquíni verde tomara que caia, com a parte de baixo meio shortinho de e vestiu.
Pansy então saiu do banheiro enrolada na toalha roxa, caminhou até seu armário, abriu a primeira gaveta e pegou um biquíni de cortininha, com listras horizontais nas cores vermelho e branco. A parte de baixo do biquíni de Pansy provavelmente tinha a metade do pano do de Lucy. Pansy pegou seus óculos de sol Ray-ban e uma toalha branca na gaveta de baixo do armário.
- Você tem toalha? – Pansy perguntou para Lucy.
- Sim. – Lucy disse. –Vamos?
- Claro. – Pansy disse pegando uma saia preta que estava por cima de algumas roupas que estavam jogadas no chão.
Desceram as escadas e saíram pela porta da cozinha. O pai de Pansy estava colocando um bife na churrasqueira recém comprada, Cassidy estava na piscina, e a mãe de Lucy fazia uma batida de frutas.
- Olha a aniversariante! – O senhor Parkinson disse correndo para abraçar a filha. – Parabéns minha querida. Você está crescendo, e eu vejo que você é tudo que eu admiro, e você não tem nem a metade da minha idade. Eu tenho muito orgulho de você.
- Obrigada papai. Significa muito vindo de você. – Pansy disse nos braços do pai. Aquele era o único dia que ele havia tido a permissão de sair do hospital.
- Você já viu seu presente? – ele perguntou. – Sua mãe me disse que era o que você queria.
- Papai, mamãe não está aqui. – Pansy saiu dos braços do pai.
- Ah, me desculpe... – O pai de Pansy disse confuso.
- Ah, está tudo bem, papai... – Pansy disse olhando nos olhos dele. – Acho melhor você me entregar depois ok?
- Tudo bem. – Ele concordou sorrindo.
Cassidy veio em seguida, todo molhado, abraçou a irmã que o jogou novamente na piscina.
- Você está gelado seu idiota! – Pansy disse secando a água que o irmão havia deixado em seu corpo com o seu abraço.
- Isso que eu ganho, por querer te dizer “parabéns” e o quanto te amo! – Cassidy disse bravo.
Pansy sorriu para o irmão e depois colocou a língua para ele. Sua madrinha veio em seguida, segurando seu copo de batida.
- Parabéns Marsh! Eu só posso desejar o melhor para você, pessoa maravilhosamente derivada da minha melhor amiga. – Camille disse no seu jeito confuso de se explicar. – Seu presente a Lucy vai te entregar tudo bem?
- Sim. – Pansy disse. – Obrigada Cami.
- De nada querida. – Camille disse. – Experimente isso, chama-se “caipirinha”, aprendi a fazer isso em um bar latino que eu fui.
- Não, acho melhor não. – Pansy disse rejeitando o copo da madrinha. – Acho que vou tomar sol ok?
- Você não muda. – Camille disse caminhando para perto de Mike.
Pansy se sentou na beirada da piscina e colocou os pés na água. Lucy se sentou ao lado dela e fez o mesmo.
- Acha que vai ser difícil? – Lucy perguntou.
- Para você? Não, grifinória... – Pansy disse.
- Você realmente acha que eu vou pra Grifinória?
- Claro. Você é meu oposto. Grifinória é o oposto de Sonserina. Bam! – Pansy disse.
- É, faz sentido. – Lucy disse. – E você ainda vai ser minha amiga e conviver com esse fato?
- O combinado não foi que você ia me ajudar? – Pansy disse. – Eu consigo cumprir o combinado se você me ajudar.
- E eu vou. – Lucy disse.
- Ótimo. – Pansy então entrou finalmente na piscina.
A água estava gelada, mas aquilo foi bom para acordá-la. Lembrou-se da casa antiga, muito maior e melhor que essa que ela estava vivendo com o irmão. O pai deveria retornar ao hospital no final do dia. Camille dormiria em um hotel por perto e Lucy dividiria o quarto com Pansy. Na casa antiga cada um ficaria em uma suíte, menos Lucy que dormiria no quarto com Pansy, e ainda sobrariam três quartos. A vida dos Parkinson anteriormente era melhor, com mais luxo, mais conforto, mais alegria. Por hoje, ela só queria comer um hambúrguer e estar com sua família. Aquele era o dia dela, e depois de tanto, ela merecia tudo bem, pelo menos no seu aniversário.
- Pansy! – Seu pai a gritou. – Seu hambúrguer está pronto!
Pansy saiu da piscina, se enxugou e pegou o prato onde o hambúrguer estava e se sentou para comer na mesa redonda que estava no quintal. Logo em seguida se sentaram Lucy e Cassidy, cada um com um prato. Camille e Mike foram logo em seguida.
- Bem, coma tudo Pansy! – Cassidy disse. – Você vai gostar do bolo, tenho certeza!
- Por que ele sabe qual é o meu bolo e eu não sei?! – Pansy perguntou mordendo seu sanduíche.
- Porque é surpresa! – Lucy disse limpando a maionese que havia ficado na boca de Pansy.
- Ah, claro. – Pansy colocou mais maionese no sanduíche e bebeu o refrigerante. – Nós vamos cantar “Parabéns para a Pansy”?
- Claro. – Cassidy disse. – Até teria “com quem será” se alguém te aturasse...
- Há-Há! – Pansy falou fechando a cara.
- Acho muito bom você não ter namorado Pansy. Você está muito nova. – Mike disse a filha.
- E não pretendo arranjar um tão cedo. Eu já tenho muita coisa para me preocupar. – Pansy disse sem perceber.
- Mas não devia. – Mike disse bravo. – Você é uma criança, você tem que se preocupar com os problemas da escola, ou com roupa de uma festa.
- Pai, eu não sou mais criança. E eu justamente estava falando de Hogwarts. Eu vou precisar de ajuda. – Pansy disse tentando corrigir o erro. Sabia que o pai ficava chateado quando ela dizia essas coisas.
A conversa mudou de rumo, falaram sobre as viagens de Lucy e Camille, sobre como seria Hogwarts com Lucy lá, entre outras coisas. No final, quando todos haviam terminado de comer, Camille foi até a cozinha e voltou segurando um enorme bolo que havia acabado de sair do bolo. Trazia também um pote de sorvete de creme. Juntos, o bolo e o sorvete formavam a sobremesa preferida de Pansy: Petit Gateau.
- Ei, sem parabéns, vamos comer. – Pansy disse feliz ao ver o bolo.
- Não! Temos que cantar “Parabéns” antes Pansy! – Cassidy disse colocando velas coloridas com os números um e seis no bolo.
- Você vai estragar o bolo! – Pansy disse parecendo criança.
- Parabéns pra você, nessa data querida! Muitas felicidades, muitos anos de vida!
Pansy soprou as velas.
- Faça um pedido. E não conte para ninguém. – Seu pai lhe disse a fazendo sorrir.
- Tudo bem, eu entendi, obrigada. – Pansy disse pegando um prato, cortando um pedaço do bolo e colocando no prato.
Em seguida pegou uma colher e colocou uma bola de sorvete no prato. Sem dizer uma palavra se deliciou com o bolo. Ah, se soubessem o quanto ela amava aquilo! Havia tanto tempo que ela não se dava o direito de comer aquilo! Não comia um “peitit gateau” desde que seu pai havia ido para o hospital, já que ele era o mestre cuca da casa. E aquele, talvez pela circunstância, era o melhor que ela havia provado.
Pansy parou por alguns segundos de comer para observar sua família ali, junta, unida, feliz, sem nenhum comensal idiota para chegar e mandar um “Crucio” ou um “Avada Kedavra”. Quem diria que seu pedido de aniversário ia se realizar tão cedo...

No final da tarde, Camille levou Mike de volta para o hospital e foi para o hotel. Pansy estava tomando banho para tirar o cloro do cabelo. Ouvia as risadas de Cassidy e Lucy ecoando pela casa. Pensava “Eles são perfeitos um para o outro, pena que não sabem. Ou não assumem”. Também pensava “Talvez eu seja perfeita para alguém e não saiba ou não assuma” e “Ou não”. Colocou um short preto muito curto e uma camiseta branca tão comprida que tampava o short e desceu as escadas. Lucy e Cassidy estavam conversando, mas cada um de um lado da sala. Pansy se sentou no meio dos dois e disse:
- Por que a distância?
Os dois se levantaram e caminharam para perto de Pansy.
- Melhor assim. Estou me sentindo mais segura agora. – Pansy disse abraçando o irmão. – Vocês estavam falando sobre o quê?
- Hogwarts. Vai ser divertido estar lá com vocês. – Lucy disse.
- Ah, falando em Hogwarts... Como nós vamos fazer para irmos para o “Club 8”? – Pansy perguntou ao irmão.
“Club 8” era um bar-boate que funcionava em uma cidade trouxa perto de Hogsmead. Cassidy algumas vezes cantou e tocou lá. Pansy havia conseguido trabalhar lá como DJ uma vez por mês, no sábado, sempre no mesmo dia que Cassidy iria tocar e cantar lá. Não fariam isso por diversão, mas sim para terem dinheiro para, quem sabe, futuramente, voltarem a viver como antes.
- Nós damos um jeito. – Cassidy disse. – Tem vários jeitos de sairmos de Hogwarts.
- E eu vou junto. Querendo ou não. – Lucy disse.
- Claro que vai. Eu preciso de platéia. – Cassidy disse fazendo-a rir.
Pansy olhou para cima e suspirou. “Eles tinham de ser tão óbvios para mim e nada óbvios para eles mesmos?” ela pensou.
- O que foi? – Lucy perguntou.
- Nada. – Pansy disse. – Só estava pensando que tem tanto tempo que você não passa o meu dia comigo que eu nem me lembro da última vez que você esteve aqui para cantar parabéns para mim.
- É verdade. Mas eu estou aqui agora. – Lucy disse abraçando a amiga.
Na verdade Pansy se lembrava bem do último aniversário que Lucy e Camille estavam lá. Era seu aniversário de treze anos, e ela estava novamente comemorando-o com seu pai, seu irmão, Draco, Crabbe, Blaise e Goyle, seus únicos amigos além de Lucy. Foi uma surpresa ver a amiga e a madrinha entrando na Mansão dos Parkinson. Pansy saiu correndo para abraçar a amiga que trazia em suas mãos uma caixinha de jóia. Quando aberta, a caixinha tocava uma música e uma bailarininha ia, de um lado para o outro, com movimentos delicados de bailarinas, vestida toda de rosa. Aquela foi a única coisa feminina que ela havia ganhado, e foi seu melhor presente dos 13 anos.
Foi quase tão legal quanto o piano que ela estava prestes a ganhar.
- Ah Pansy, não te dei seu presente! – Cassidy disse. – Venha. E feche os olhos.
Lucy a puxou pelas mãos e foi guiando a amiga até o quarto.
- Quero ver como você conseguiu colocar um pônei no meu quarto! – Pansy disse brincando.
- Pode abrir. – Lucy disse. – É meu, do Cass, da minha mãe e do seu pai.
Pansy viu o piano de cauda, preto com detalhes prata, que ocupava o quarto praticamente inteiro.
- Ah. – Ela disse surpresa. – Eu vou dormir no meu piano! Eu não tenho cama, mas eu tenho piano! Um piano, meu piano! Ele vai chamar... Scarlett O’Hara! – Pansy disse encostando a mão levemente no piano e finalmente se virando para Lucy e correndo para seus braços. – E eu te amo. – Pansy soltou a menina e abraçou o irmão no mesmo segundo. – E amo você também.
- Melhor que isso só o fato que você poderá levá-lo para Hogwarts dentro da bolsa que seu pai projetou. – Lucy disse. – A bolsa ainda diminui o peso do piano dez vezes.
- Eu não sei o que dizer. Eu juro, esse foi o melhor presente do mundo. – Pansy disse. – Eu quero morar nele.
Cassidy e Lucy riram.
- Eu disse que ela ia gostar. – Lucy disse cutucando Cassidy.
Pansy já estava sentada no banco do piano e começou a dedilhar cuidadosamente as teclas, como se o cuidado tomado por qualquer outro pianista fosse desleixo. Aquilo era como um tesouro para ela. Era mais que isso, era como se alguém tivesse descoberto antes dela o que ela precisava para ficar bem. Ou ao menos tentar.
Finalmente decidiram se deitar, pois eram quatro horas da madrugada. Colocaram o piano dentro da bolsa projetada pelo pai de Pansy e Cassidy. Cassidy, com toda sua força colocou a cama novamente no quarto. Pansy, infelizmente estava começando seus 16 anos com uma crise de insônia. Levantou-se e caminhou até o sótão. Gostava da nostalgia que ele causava nela. Muitas pessoas não gostavam daquele sentimento, mas Pansy sim. Era como ter um pedaço dos bons dias novamente com ela. Abriu uma caixa que estava cheia de sapatos. Lembrou-se daquele tesouro, o primeiro que ela achou, o primeiro vestígio da sua mãe que ela havia descoberto por si só.
Pansy havia encontrado aquela caixa enorme com aqueles vários pares de sapatos que pertenciam a sua mãe quando ela tinha seis anos. Infelizmente eles não cabiam nos pés da menina quando ela tinha seis anos. “Talvez agora coubesse” ela pensou pegando um par de sapatos que ela se lembrava de ter experimentado quando tinha seis. Eles eram pretos e muito altos, lindos na concepção de beleza de Pansy. Olhou o número do sapato: 36, o número de Pansy. Então ela o calçou e coube perfeitamente. Pansy ficou em pé e caminhou um pouco.
- Eu estou me sentindo uma dama. – Ela conversou com ela mesma.
Pansy sorriu, afinal aquele estava sendo um feliz aniversário. Guardou o sapato dentro da caixa e fez uma nota mental para pegar alguns pares para levar para Hogwarts. Afinal, os últimos anos das pessoas em Hogwarts são recheados de festas, e ela precisaria de sapatos.

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