Primeiro Dia
O sol se levanta na Inglaterra para iluminar aos grandes jardins adormecidos até então da mansão da família mais rica e que menos vale de toda e região. As plantas daquele lugar não tem culpa de pertencerem aos Malfoy, devia pensar o sol, pois ele revelava toda a beleza oculta pela noite, daquele lugar. E a mais nova e bela flor daquele lugar acabava de acordar de seus sonhos profundos.
Gina se levanta, deixando a cama desarrumada, calça as sandálias e se espreguiça. Ia sair pra tomar café, quando percebe que não está em sua casa. Não havia sido um pesadelo. Realmente estava na casa dos Malfoy. O desanimo tomou conta de si.
Estava escuro, então ela foi até a janela e a abriu. Em seguida, como sempre fazia, se debruçou sobre ela com a cabeça apoiada nos braço, admirando o jardim. Não podia sequer imaginar que toda aquela atmosfera sombria da noite da mansão se escondesse durante o dia, para dar lugar a uma paisagem tão linda. O jardim do lugar era o mais lindo que já havia visto. Existiam flores e plantas de todo o tipo, cobertas pelo orvalho da manhã, que dão um brilho a elas quando o sol bate.
Finalmente, Gina percebeu que o jardim possuía um relógio solar, e teve um susto ao ver que ele já marcava 7:00 horas. Imediatamente ela saiu de seu pensamentos, correndo até o guarda-roupa. Além das roupas que arrumara durante a noite haviam três peças do mesmo uniforme. Era verde, com detalhes brancos. Definitivamente verde era a cor preferida da família. Ela pegou uma das peças, se despiu e a vestiu imediatamente. Era incrível como o uniforme havia lhe caído perfeitamente, como se já tivessem tirado suas medidas. Mas não devia ter sido difícil fazer isso. Podia ter feito feitiço de medida enquanto ela não percebia.
Saiu correndo pelo corredor ainda escuro, desceu a escada em espiral e chegou a cozinha. Todos os elfos pareciam estar trabalhando desde a noite. A enorme cozinha possuía dezenas deles indo de lá para cá com bandejas, pratos e copos na mão. O mesmo elfo que a acompanhara ao seu quarto a noite veio em sua direção.
-Gina Weasley- ele começou –Está atrasada. Deveria estar aqui ás 7:00 horas. Já são 7:05. Pelo seu atraso você não tomara café da manhã.
-Mas...- ela tentou falar.
-São ordens do Sr. Malfoy.
-E onde está aquela fuinha loira?
-O Sr. Malfoy- o elfo disse com um olhar de reprovação – Está dormindo. Não achava mesmo que ele acordaria para te dizer o que fazer.
-É muito abusado para um elfo.
-Você também não é um poço de simpatia.
-Humpf...
-Eu que lhe direi o que fazer todos os dias- ele disse tirando de dentro da roupa esburacada um pedaço de pergaminho –Primeiro você irá limpar toda a sala da lareira, depois terá que limpar a sala de visitas, tira e bater os tapetes, tirar o pó dos quadros da sala de entrada e limpar a biblioteca. Depois volte para a cozinha almoçar, ás 12:30. Depois do almoço você tem 2 horas de descanso para poder fazer a digestão. Logo após você terá que limpar os corredores da ala leste da casa e o salão de bailes. Por ordens do Sr. Malfoy você não poderá usar magia, portanto todo dia sua varinha será confiscada e lhe será devolvida depois que tudo estiver feito. É expressamente proibida a permanência na sala de refeições enquanto a família estiver comendo e a permanência no quarto de algum deles enquanto lá estiverem.
Gina ficou parada olhando para ele, impressionada com os deveres que tinha que fazer e com o avantajado vocabulário do elfo. Nunca havia conhecido nenhum daquele jeito.
-O que você está olhando?- ele falou –Alguma pergunta?
-Não.
-Então o que você está esperando? Ao trabalho! E saia pela porta dos fundos da cozinha.
Gina saiu correndo para começar sua jornada de trabalho.
Já na sala da lareira, ao entrar ela encontrou um grande balde com água, uma esponja e um esfregão perto da porta. Toda a sala estava tão suja que mal sabia por onde começar. Pegou a esponja, molhou na água e começou a esfregar as paredes imundas. A água que escorria por ela era preta, de tão sujas que estavam. Quanto mais Gina esfregava ia se revelando uma cor bege da parede. À medida que a esponja também ia ficando preta ela a limpava no balde d’água. Parece que o projeto inicial não era para elas serem pretas. Não entendia porque nenhum elfo jamais havia limpado aquela sala. Os Malfoy não deviam receber muitas visitas vindas por pó-de-flu.
Depois de muito tempo limpando ela estava exausta, mas ainda faltava limpar as bordas da lareira e as cinzas sob ela e esfregar o chão. o chão.
“Que falta faz a minha varinha”- ela pensou.
Começou a esfregar o canto da lareira, pacientemente, até que esta começou a acender. O fogo verde subiu, e no meio dele o rosto de Rony apareceu. Sua imagem estava meio retorcida por culpa do fogo que crepitava constantemente.
-Gina?- ele disse.
-Rony? O que você está fazendo aí? Como sabe qual a palavra para acessar esta lareira?
-Você deixou o cartão caí quando foi pegar o pó-de-flu.
-Você enlouqueceu? Pensou na possibilidade de alguém estar comigo aqui?
-Papai sempre disse que os Malfoy não gostavam de pó-de-flu.
Neste instante Gina ouviu uma voz feminina vinda da lareira e viu que alguém empurrou Rony desta para que pudesse aparecer.
-Gina, querida?- disse a senhora Weasley.
-Mãe?
Os olhos da Sra. Weasley se encheram de lágrimas, e ela começou a chorar compulsivamente.
-Filhinha querida! Mamãe está morrendo de saudades de você.
-Eu também estou sentindo sua falta.
Como num passe de mágica a Sra. Weasley parou de chorar e ganhou um semblante zangado.
-COMO VOCÊ PÔDE FAZER ISSO COMIGO? VOCÊ QUER QUE EU MORRA DO CORAÇÃO? PRIMEIRO SEU PAI, E AGORA VOCÊ?!
-Calma. Não precisa gritar.
-Tem razão. Não é hora para brigar- ela disse adotando um sorriso –Mas por que diabos você foi para aí?
-Justamente para tirar o papai de Azkaban.
-Filha, você confia mesmo num Malfoy? Acha mesmo que mesmo você se humilhando deste jeito ele vai tirar seu pai da prisão?
-Não posso fazer nada, senão acreditar. Estou nas mãos dele.
-Eu acho que você não deveria estar fazendo isso. Olhe como você está abatida. Você comeu hoje?
-Sim- ela disse mentindo.
Um barulho de passos vem se aproximando.
-Vem vindo alguém. É melhor vocês sumirem.
-Tudo bem. Adeus, querida. Mamãe te ama.
-Também te amo, mãe- ela diz deixando cair uma lágrima –Até mais.
O fogo desaparece, junto com a imagem de sua mãe, e Gina fingi está esfregando a lareira. A porta da sala se abre revelando Lúcio Malfoy, trajado com roupas pretas e segurando seu cetro com a varinha no seu interior.
-Ouvi vozes- diz ele –Estava conversando com alguém, Weasley?
-Ahn, não. Eu gosto de cantar enquanto trabalho.
-Eu não gosto que meu criados cantem, portanto, sugiro que trabalhe calada, Weasley.
-Assim o farei.
Espero- disse ele fechando a porta.
Ela mal podia esperar que aquilo acabasse. Não suportaria mais tempo dentro daquela casa. Pelo menos era o que ela imaginava.
~*~
Já eram 8:45 da manhã e uma pessoa de um quarto na ala oeste da casa acabava de acordar. A bela morena Rubi, sai da cama com cuidado para não acordar Draco e veste um roupão vermelho de algodão indo até a escrivaninha do quarto do loiro. Pega um pedaço de pergaminho e começa a escrever algo como uma carta, que deixa sobre a escrivaninha. Então recolhe sua roupa no chão perto da cama e começa a se vestir.
Draco Malfoy, como se adivinhasse abre os olhos e se depara com a cena. Ele agarra a morena pela cintura.
-Não precisa se vestir- diz com um sorriso safado –Eu gosto de você assim.
-Draco! Não pensei que fosse acordar antes das 9:00 horas. Eu já vou indo.
-Mas já?- diz dando um beijo na namorada que, já vestida, se sentou na cama –Não quer repetir a dose de ontem à noite?
-É tentador, mas quem sabe outro dia?
-Você e vem hoje de noite?
-Infelizmente não. Hoje meus pais vão receber a visitas dos Berckley, e como você deve imaginar, eles querem minha presença- ela falou calçando as botas.
-Mas eles vão ficar a noite inteira?- disse ainda deitado.
-Com certeza. Uma noite com os Berckley é cheia de conversa, fumo e bebedeira. Quase uma festa. Nunca vão á minha casa para saírem antes da 3 da madrugada. E pelo que soube, a casa deles está infestada de Crowlins, e irão detetiza-la. Talvez eles fiquem uns 9 dias em casa, para a deles voltar ao normal. Você sabe que o veneno que usam é porte. Ainda não inventaram um feitiço para aqueles diabinhos. De qualquer jeito, isso se confirmar, eu não poderei vir até aqui enquanto eles estiverem lá.
-Que pena. Tomara que não seja verdade. Mas você virá para a temporada de bailes natalinos, não virá?
-Claro. Eu não perderia a chance de dançar com você no baile por nada.
-Acho bom.
Ela terminou de se vestir e se levantou da cama. Deu um beijo em Draco e foi em direção à porta.
-Agora já vou.
-Tchau. Volte logo.
-Vou tentar- abriu a porta e saiu dando um “tchau com a mão”.
~*~
Gina já havia limpado a sala da lareira e acaba de chegar na sala de visitas. A sala da lareira havia ficado brilhando como seu coração por causa da conversa com seus parentes. Como sentia falta deles. Só não estava completamente feliz, pois não tinha conseguido falar com todos.
A sala de visitas era bem grande. Nela que ficava a escada principal, não na sala de entrada. Havia uma lareira, muito mais elegante que a do exterior na parede. Ficava de frente para um conjunto de sofás e poltronas pretas. Nas paredes haviam candelabros de prata e janelas cobertas por luxuosas cortinas verdes e brancas. O chão branco estava limpo e em alguns lugares era coberto por tapetes, que acreditava ela, serem orientais. As paredes tinham formato circular e perto da escada haviam armários com prateleiras cheias de louça, que Gina achou que fossem de família.
A sala estava escura, então Gina foi até as janelas e abriu todas para que a luz solar pudesse entrar e dar mais vida ao lugar. Realmente, a sala havia ficado mais bonita. Após isso, ela pegou um tapete de cor vermelha com detalhes verdes e amarelos e começou a enrola-lo. Após já ter enrolado uns 2 tapetes aparece uma sobra ao seu lado. No momento seguinte as janelas, uma por uma, começaram a se fechar com força produzindo um baque e espalhando poeira pela sala. Logo, a sala estava escura novamente. Ela olhou para trás. Lúcio Malfoy estava em pé guardando a varinha com cabeça de serpente na ponta de volta em seu cetro. Não havia alterado seu rosto. Estava com o mesmo olhar superior de sempre.
-Eu gosto da sala assim mesmo- ele disse –Escura.
Apenas disse isso e saiu da sala subindo as escadas.
~*~
No maior quarto de toda a mansão, uma mulher se olhava, melancólica, em frente ao espelho de sua penteadeira.
Narcisa Malfoy era uma mulher bonita. Tinha cabelos loiros cintilantes, lisos, porém enrolados nas pontas. Sua pele era alva e macia. Os olhos, como o de todos os Malfoy, eram azuis, mas um azul celeste e tranqüilo, porém, demonstravam sofrimento e dor. A riqueza pode esconder o sofrimento de uma pessoa. Colares, pulseiras, roupas, casas, porém, os olhos são a parte mais sincera do corpo.
A porta do grande quarto se abre, e por ela passa Lúcio. Ele entra sem dar nenhuma palavra.
Narcisa ouve seus passos e começa a falar olhando-o apenas pelo espelho.
-Aonde você foi a noite inteira?
-Tive negócios a resolver. De qualquer modo, não tenho que lhe dar satisfação do que faço ou deixo de fazer.
Ela se virou.
-Claro que tem. Você é meu marido.
-Não tenho tempo para isso, Narcisa.
-Você saiu com alguma vadia? Foi isso?
-Não comece com seus ataques de histeria.
-Não te satisfaço, mais? É isso? É por isso que vai procurar prazer nos braços de outra? Responda- ela diz, as lágrimas nos olhos.
Ele continua calado, se trocando.
-Responda, seu canalha! RESPONDA!
-Estou com fome- diz ele sem se alterar, como se não tivesse ouvido nada –Acho que vou tomar café.
Ele caminha em direção a porta, contrariando-a.
-Volte aqui! VOLTE AGORA!
Ele sai fechando a porta. Narcisa pegar um grande frasco cheio de perfume e arremessa em direção da porta já fechada, e este se parte em pedaços quando se choca contra ela.
Narcisa enfia a cabeça entre os braços cruzados encima da penteadeira e começa a chorar, molhando o móvel.
~*~
Finalmente Gina havia acabado de realizar a maior parte dos deveres matutinos. Faltava apenas limpar a biblioteca e poderia ir comer. Sua barriga estava oca como jamais esteve. Era verdade que sua família era pobre, mas não tanto a ponto de faltar comida na mesa. Também era verdade que muitas vezes ajudara sua mãe nos deveres domésticos, mas com a varinha tudo era mais fácil. Jamais havia trabalhado tanto na vida. Mas também, limpar a biblioteca não deveria ser tão difícil assim. E ainda eram 11:00 horas. Pelo que o elfo havia dito, o almoço era servido ás 12:30. Teria tempo para descansar.
Todos esses pensamentos desapareceram quando Gina abriu a porta e entrou na biblioteca particular dos Malfoy. Boquiaberta, ela fechou a porta e depositou o material de limpeza ao seu lado. A biblioteca era o maior aposento que já tinha visto na mansão até agora. Devia ocupar o espaço de uns dois andares da mansão. Logo na entrada havia um conjunto de poltronas e sofás. Eram modelos bastante antigos, e tinham um estofado aveludado de verde. Os braços e pés eram de uma madeira clara. Formavam voltas e caracóis. Na frente de tudo isso existiam pelo menos umas 20 estantes, de mais ou menos 3 metros cada uma. Todas possuíam pequenas escadas e centenas de livros de todos os tipos. Na parede atrás das estantes havia a maior parte de livros, enfileirados organizadamente em enormes prateleiras. Esta estante parecia ter uns 8 metros, o tamanho das paredes. Esta possuía escadas fixas, que ajudavam a subir andar por andar da estante. Cada um possuía piso próprio e mais escadinhas como as das estantes de livros menores. A quantidade de livros que deveriam existir nesta biblioteca era incalculável. Nas paredes haviam enormes janelas, com mais ou menos 5 metros. As cortinas de veludo verde estavam abertas, deixando a luz invadir o lugar. Por todo lado haviam quadros de variados temas, emoldurados em molduras finas, e com roupas chiques de todas as épocas. Era uma das maiores e mais elegantes bibliotecas que já tinha visto. Com certeza ela tinha muito trabalho pela frente. Agradecia por apenas ter que espanar as estantes e os quadros.
Pegou o espanador de penas e caminhou em direção a uma estante que estava próxima dela e carregou consigo o material de limpeza. Não era muito alto. Haviam apenas algumas dezenas de livros de história da magia. Começou limpando os que ficavam na parte de baixo. Felizmente espanar era uma tarefa fácil. Eles não tinham muita poeira, mas precisavam de um trato. A partir da décima quinta prateleira da estante ela pegou a escada e subiu. Na última prateleira ela subiu no quarto degrau da escadinha. Tentando alcançar o livro da ponta ela se desequilibrou e acabou desabando, agarrada a estante, que apenas balançou, mas o suficiente para produzir uma avalanche de livros que caíram encima de Gina. Segundos depois ela teve forças para tirar os livros de cima dela e conseguir respirar.
Definitivamente espanar livros não era assim tão fácil quanto ela imaginava. Agora, além de fazer isso ainda teria que reorganiza-los. Se levantou e olhou para todos os livros esparramados no chão.
-Bem...vou te que dar um jeito nisso.
Ela começou a agarrar um bolo de livros e enfileirar na prateleira de baixo. Ia enchendo todas aos poucos, até ela ficar organizada novamente. Já tinha gastado 7 minutos naquilo. Deveria ser rápida se quisesse comer...
Rapidamente, ela se pois em forma e começou a limpar todos os livros das estantes da frente, um por um, agora com cuidado para não cair da escada novamente. Após isso ela começou a espanar os quadros que haviam nas paredes. Eram muito curiosos e não pareciam ser nada amigáveis.
-O que você pensa que está fazendo, menina?- disse um enquanto ela espanava –Tire esse troço de penas de cima da minha cara. Atchin!
-Desculpe- ela disse parando.
Após limpar todos os quadros e estantes da frente ela foi em direção dos livros da grande estante principal. Subiu a primeira remessa de escadas e foi para a esquerda, começando por lá. Depois de um tempo limpando ela percebeu num livro diferente. Era vermelho com letras douradas. Bem grosso. Intitulava-se Romeu e Julieta. Já tinha ouvido falar dele. Seu pai havia lhe contado que era literatura trouxa. De um tal de William Shakespeare ou coisa parecida. Era curioso que um livro de literatura trouxa estivesse na biblioteca dos Malfoy. Logo eles, que odiavam tudo que fosse relacionado ao mundo trouxa. Gina sabia que nas horas livres não teria nada para fazer, e seu pai sempre havia recomendado aquele livro. No uniforme existia um bolso bem grande. Enfiou o livro lá, para que pudesse ler depois do almoço.
“Aquele livro não devia fazer falta mesmo aos Malfoy”- ela pensou.
Depois disso ela voltou a limpar tudo o mais rápido possível para poder almoçar.
Já era meio dia. Gina corria desesperada até a cozinha para não se atrasar para a refeição. Sabia que o elfo metido a besta não admitiria sequer um minuto de atraso.
Chegou, ofegante e se apoiou na parede. Estava meio pálida, e seu estômago roncava. O elfo que a orientara pela manhã chegava com seu jeito esnobe.
-Mais 10 segundos e teria outra refeição perdida, Ginevra.
-Se incomodaria em me chamar de Gina?
-Tudo bem.
-Pode me informar onde irei comer?
-Oh, pois não sabe? Toda a família Malfoy está te esperando na mesa para comerem juntos em harmonia. Aliás, você irá comer um belíssimo prato francês- disse sarcástico –Aonde mais você poderia comer senão na cozinha? Oras.
Ele saiu para trabalhar e deixar Gina ir comer.
-Que elfinho mais abusado. Eu hein...- ela disse olhando para a cozinha. Havia uma pequena mesa no meio, com um prato com comida sobre ela. Foi correndo até a mesa e se sentou. Não se importou nem em saber o que estava comendo. Qualquer coisa naquele ponto seria um banquete.
“Duas casas, iguais em dignidade- na famosa Verona vos dirão –reativaram antiga inimizade, manchando mãos fraternas sangue irmão. Do fatal seio desses dois rivais um par nasceu de amantes desditosos, que em sua sepultura o ódio dos pais depuseram, na morte venturosos. Os lances desse amor fadado à morte e obstinação dos pais sempre exaltados que teve fim naquela triste sorte que em duas horas vereis representados. Se emprestardes a tudo ouvidos atentos, supriremos as faltas a contento.”
O prólogo do livro já anunciava que havia feito para ser uma peça. Desde o começo já achava o livro muito confuso. Como poderia nascer um amor entre membros de duas famílias inimigas? O tal de William Shakespeare devia ser um grande enganador. Mesmo assim, continuou a ler com atenção. Livros lhe faziam esquecer dos problemas e entrar num universo diferente, onde ela parecia se ver livre de todos os problemas, que não eram poucos. Agora, mais do que nunca, ela precisava ler.
~*~
Lúcio Malfoy aprontava-se para mais uma de suas misteriosas saídas após o almoço, com fins de resolver “negócios” particulares. Como sempre, não dizia a ninguém para onde e o que faria, apenas vestia a sua capa preta e pegava sua varinha, desta vez sem o habitual cetro que a disfarçava. O mistério é que não aparatava nem usava flú. Essas suas saídas diárias eram feitas a pé, o que atiçava a curiosidade de todos, já que Lúcio não abria mão de viagens por vias mágicas.
-Já vai sair, Lúcio? Não acha inoportuno sair quando todos estão na mesa?- pergunta Narcisa ironicamente.
-Tenho coisas a resolver. Afinal, alguém tem que bancar sua mordomia, Narcisa.
-Não acredito que seus colegas comensais lhe dêem dinheiro.
-Creio que não, mas isso também não é da sua conta.
Ao ouvir a palavra “comensais”, Draco se pôs de pé, pronto para acompanhar Lúcio.
-Acredito que seja oportuno que eu te acompanhe. Disse Draco confiante –Aliás tenho que aprender o ofício, não, pai?
-Não seja patético, Draco. São assuntos importantes. Você só me atrapalharia- disse sem alterar sua calma.
-Mas eu já estou pronto para virar um comensal- disse com o orgulho na face –Pronto para assumir os seus negócios para com o lord.
-Eu jamais seria louco de entregar meus assuntos a um idiota como você, Draco- disse ele saindo da casa.
Narcisa se levantou da mesa tirando o guardanapo do colo.
-Não sei por que você ainda tenta, Draco.
-Um dia ele cede - disse se levantando da mesa, jogando o guardanapo de tecido e saindo da sala.
~*~
Já era quase o fim da tarde e Gina já havia limpado os corredores da ala leste da mansão e estava indo em direção ao salão de bailes, localizado na parte traseira dos jardins da casa. Estava a ponto de desmaiar. Não conseguia acreditar que havia trabalhado tanto e comido tão pouco. Se continuasse naquele ritmo os Malfoy teriam um esqueleto de criado. Os corredores eram mesmo muito grandes, então se deu o trabalho de apenas varre-los. Se reclamassem daria uma de louca e diria que as ordens do elfo não foram suficientemente específicas.
Os jardins traseiros da mansão eram ainda mais bonitos que os frontais. Possuía um lago razoavelmente pequeno, com certeza artificial, mas de fundo aparentemente real e fundo no meio, com uma pequena ponte de madeira verde. Do outro lado da ponte havia um pequeno banco coberto de relva. Todo o jardim continha flores de diversos tipos, mas todas coloridas e vivas, rodeando o caminho trilhado de pedras. Algumas árvores de porte pequeno e médio enfeitavam o lugar. Já não tinham folhas devido ao frio que chegava. Nas paredes haviam varandas de quartos de vista para o jardim. Deviam ser os quartos oferecidos aos hóspedes da família, devido às varandas serem menores. Num canto, encostado na parede da casa, ficava o salão de bailes. As paredes eram todas de vidro, dando um ar moderno ao salão. De fora se podia ver que o chão era revestido por um piso fino e meio amarelado, sua cor natural. Devia ser encerado por elfos todos os dias, pois refletia tudo a sua volta. No fundo do salão existia uma escada espaçosa e luxuosa, revestida por um tapete vermelho e com cortinas vermelhas no topo e uma entrada. Devia ser a entrada dos participantes do baile com conexão á casa, mas mesmo assim havia portar na parte da frente do salão.
Parou de contemplar o lindo jardim em que estava e voltou a andar em direção ao lugar que iria limpar. Não sabia bem o que devia fazer, já que o grande salão estava impecável, então acho que devia limpar os vidros, que não eram poucos, e os tapetes da escada.
Depositou o material de limpeza perto do lago e se abaixou, olhando seu reflexo na água. Seu rosto estava sujo e seus cabelos levemente despenteados. Achava seu estado deprimente. Suas mãos estavam doendo, e já estava quase vencida pelo cansaço. Molhou um pouco o rosto para se refrescar e se lavar um pouco. Em seguida se levantou e pegou o material de trabalho. Iria logo acabar com aquilo, porque tudo que queria era poder cair na cama e dormir o inverno inteiro. Sabia que não poderia, então iria se contentar apenas com oito horas de sono.
~*~
A noite já tomava conta da mansão e de toda a cidade, adormecendo as flores que ao dia brilhavam no jardim da grande habitação, iluminando o grande lago com a luz do luar e fazendo-o refletir a sua imagem em suas águas cristalinas. Apenas poucas luzes iluminavam os jardins e os quartos. Não havia mais ninguém no exterior da casa. Todos já haviam se recolhido inclusive Gina, que agora tomava um bom banho no banheiro do seu quarto, retirando toda a sujeira acumulada durante o dia revelando outra vez a pele branca e lisa.
O banheiro que possuía era pequeno. Havia apenas uma banheira, não luxuosa, uma pia com um espelho na frente e um vaso. Agora ela se ensaboava, com o corpo mergulhado na água que enchia a banheira, com apenas os braços e a cabeça do lado de fora. A água era quente. Pelo menos isso ela tinha direito; água quente para o banho durante o inverno. Não que o banheiro possuísse isso. Já havia recebido a varinha de volta e esquentara a água por meio de magia.
Tudo que precisava era mesmo de um banho. Já tinha comido depois do trabalho. Agora ela só queria cair na cama e dormir até o dia seguinte. Se pensasse pelo lado positivo...três meses se passam rapidamente. Logo estaria em sua casa e com seu pai de volta. Além disso precisava se preocupar em arranjar emprego. Não queria ser a única na família a não fazer nada da vida. Seus resultados nas provas mais importantes para um estudante de Hogwarts haviam sido ótimos. De acordo com a professora poderia fazer qualquer coisa. Estava indecisa entre ser curandeira e aurora. Cargos no ministério nunca lhe foram muito atraentes.
Após terminar de se banhar ela pegou um robe que trouxe de casa e se vestiu nele. Enxugou os pés num pano de chão que ficava do lado da banheira e calçou as meias e saiu do banheiro apagando as velas nos candelabros presos na parede. No quarto ela fechou as janelas, devido ao frio e vestiu uma camisola azul celeste. Pegou o pente e voltou ao banheiro para poder se pentear na frente do espelho. De repente ela ouve um barulho vindo do quarto. Deixa o espelho perto da pia e sai do banheiro. A porta estava fechada. Quando se virou para o lado ela viu quem havia entrado. Draco Malfoy estava sentado numa cadeira ao lado da cama.
-Malfoy!- ela exclamou surpresa –O que você está fazendo no meu quarto?
-Primeiro: já disse para me chamar de Sr. Malfoy- disse levantando-se – Segundo: se esqueceu que essa casa é minha? Posso entrar em qualquer quarto.
-Primeiro: nunca lhe chamarei se senhor. Segundo: Mesmo a casa sendo sua quem está habitando esse quarto agora sou eu, e você não pode entrar assim sem ao menos bater na porta. Seu que está acostumado a ser mal-educado mas ao menos tenha essa decência ao entrar no quarto de uma mulher- ela disse devolvendo na mesma moeda.
-A maioria delas não reclama- disse com um sorriso presunçoso.
-Eu não sou o tipo de vadia que você leva pro seu quarto!
-Tem razão. Nunca peguei uma que fosse ruiva.
Imediatamente Gina lhe meteu um tapa na cara. Ela pôs a mão no rosto como se não tivesse doido absolutamente nada.
-Devia ter mais respeito com seus patrões.
-Esse é todo o respeito que tenho por você.
-Sendo assim, obrigado- falou Draco com seu tom irônico
-Pare de enrolar e diga logo o que você veio fazer aqui. Imagino que não tnha vindo só para ser esbofeteado e me ver de camisola.
-Realmente. Não vim só para isso. Vim dizer que como amanhã é sábado você está dispensada do seu serviço depois do almoço.
-Não podia pedir para um elfo me falar isso?
-E perder a chance de te irritar mais um pouco?
-Agora que você já fez o que veio fazer pode ir embora.
-Eu digo a hora que posso ir embora.
-E pretende fazer mais o que aqui?
Draco não respondeu, apenas ficou andando no quarto. Então olhou para a mala aberta de Gina e pegou um casaco com uma letra “g” bordada no meio.
-Onde conseguiu esta coisa ridícula?- disse com um sorriso de deboche no rosto e o casaco na mão.
Gina não respondeu, envergonhada.
-Ah, claro! Como pude ter me esquecido? Foi aquela sua mãe gorda que fez para você?
Gina se aproximou e levantou a mão para esbofeteá-lo outra vez, mas desta vez ele foi mais rápido e agarrou a mão dela. Ela, prontamente, ergueu a outra, mas ele também agarrou. Repentinamente, ele começou aproximou o rosto do seu, e começou a sentir seu cheiro. Não conseguia distinguir que perfume era aquele, mas não conseguiu. Gina, ao sentir o rosto dele junto ao seu sentiu um calor invadir-lhe o corpo. Os dois ficaram perdidos neste espaço tão curto de tempo, mas nenhum dos dois queria que aquilo acabasse. Logo os dois voltaram ao normal. Draco aproximou sua boca da orelha da ruiva e sussurrou:
-Além do tapa esse também é o respeito que me deve?
Imediatamente ela se afastou dele e o ódio voltou ao seu olhar. Ele caminhou em direção da porta, a abriu e disse antes de sair.
-Amanhã ás 7:00.
Assim que ele saiu, ela sentiu nojo por ter sido encostada pelo Malfoy, mas o calor que sentiu não foi embora. Ela abriu a janela e foi se deitar. Não queria ficar sem tomar café novamente. Trataria de dormir.
N/A: E aí? Gostaram deste capítulo? Imagino que deva ter sido cansativo, mas eu gostei de escreve-lo. Espero que tenham ficado ansiosas pelo beijo, não? Não se preocupem, daqui a pouco eu estarei publicando-o. Até lá eu vou ficar torturando vocês. Muahahahahaha!!!!!!
Agradecimentos especiais á Nininha, Débora, Danilo(um dos meus leitores mais fiéis), Na, Cris Gilmore, Suki Malfoy( que me enviou um e-mail recentemente. Valeu pela atenção) e a todos que lêem a minha fic. Obrigado! E mandem e-mails. Por favor, gasta no máximo 1 min.
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