A Grande Mansão dos Malfoy
Tudo estava escuro e silencioso para Gina. Teria ela morrido? Seria apenas um corpo sem alma? Teria sido atingida pelo beijo fatal do dementador, ou apenas estaria dormindo? Essa pergunta foi respondida ao abrir os seus olhos e se achar confortavelmente deitada na sua cama, em seu quarto.
Estava vestida com uma camisola azul celeste, coberta por um edredom amarelo com algumas listras finas vermelhas. Ao seu lado, no criado mudo, havia uma jarra de louça branca, dentro de uma bacia do mesmo material e um pano posto na borda da bacia.
As janelas estavam abertas, deixando o sol e o ar frio entrarem no quarto, chacoalhando as cortinar brancas, costuradas pela própria Senhora Weasley, arejando o ambiente de um modo agradável. Pelo jeito deveria ter dormido durante toda a noite, pois agora era de manhã.
Não conseguia entender o porquê de estar em seu quarto confortável, quando antes estava na tenebrosa prisão, e prestes a ser beijada por um dementador. Ela não havia falado a ninguém onde ficava Azkaban. Ela não tinha mostrado a mais ninguém o cartão com o mapa que Lúcio deixara cair propositalmente em seu colo; tinha guardado apenas para si. Então era praticamente impossível alguém acha-la por aquelas bandas, e ademais era muito longe. “Deve ter sido aquela bola verde brilhante que me trouxe de volta”, ela pensava. Mas então outra pergunta a afligia, o que terá sido aquela coisa? Tinha a salvo várias vezes em Azkaban, no lago, contra os dementadores...Será que estava sendo protegida por uma outra pessoa enquanto estava lá?
Desviando-lhe de seus pensamentos entra sua mãe no quarto, trazendo nas mãos um chocolate. Estava com ela também o professor Dumbledore, com os seus costumeiros óculos de meia lua em frente aos olhos, com uma expressão leve de alegria na face.
A Senhora Weasley deu um enorme sorriso e se sentou numa cadeira que se situava ao lado da cama onde Gina estava deitada, pegou o pano úmido da bacia e pôs sobre sua testa.
-Que bom que você já acordou. Eu estava tão preocupada!
-Bom dia, Gina - falou sereno Dumbledore.
-Bom dia, professor. Bom dia mãe - disse tentando se sentar. A Sra. Weasley tirou o pano de sua testa e pôs a mão no lugar.
-Que ótimo, querida. Você não tem mais febre.
-Mãe, o que aconteceu comigo? Quem me trouxe até aqui? A última coisa que me lembro é que eu estava preste a ser beijada por um dementador.
-Ai, que horror, Gina. Você deve ter tido um pesadelo. Depois de você tentar fazer a loucura de tentar ir a Azkaban o Harry fez o feitiço de rastro para ir atrás de você, e depois te encontrou largada, desmaiada, num grande campo. Ele te trouxe para cá e depois foi embora- disse a Sra. Weasley.
-Não é possível. Eu realmente estive em Azkaban. Eu vi o papai.
-Por Merlin, ela deve estar delirando...
-Molly, pode deixar eu conversar a sós com a Gina?- interrompeu Dumbledore.
-Claro Dumbledore. Vou deixá-los a sós - ela falou, deixando o pano na bacia. Saiu e fechou a porta do quarto.
Ele, com os braços cruzados, foi em direção da cama de Gina. Sentou-se na borda, de modo que ficasse ao seu lado. Pegou os óculos e limpou nas impecáveis vestes, logo após começou a falar.
-Então, Gina...Pode me dizer aonde você foi?
-Bem...Eu estava em Azkaban - o professor deu uma boa olhada em seus olhos –é verdade, professor. Eu estive lá. Tinham dementadores e um lago... É sério. Não estou ficando louca.
-Tudo bem. Eu acredito em você. Mas quero que me diga exatamente o que você viu.
Ela pôs a mão na cabeça como se quisesse recordar de algo.
-Quando eu cheguei, o castelo era sombrio, como tudo ao redor. Mais quanto mais eu andava mais ficava bonito. Bem... Eu estava tentando atravessar o lago que havia quando algo me puxou e eu entrei na água. Então eu vi uma tritoniana, e a segui. Mas quando cheguei mais perto na verdade eram Kopiolus. Tentaram me pegar, mas fui envolta por uma luz verde, que me levou até o interior do castelo...- ela falava sem pausas e parada, como se a imagem estivesse passando em sua cabeça -... Eu fiquei andando e passei por várias salas diferentes, umas muito frias, outras muito quente, sempre coberta pela capa do Harry. Então vi meu pai, caído no chão. Pedia água. Só eu sei como fiquei...Então os dementadores entraram e eu tive que sair correndo. Eles foram me seguindo, congelando tudo ao redor, mas quando consegui despista-los...- ela parou de falar por um momento.
-Então... O que houve?- perguntou Dumbledore ainda sereno.
-Aconteceu algo...Realmente...Realmente estranho.
-Pode me falar.
-Quando os despistei sem querer entrei numa sala decorada de verde, então aquela luz verde em formato de esfera estava lá. Eu estava refletida nela. Como se uma câmera estivesse me filmando e levando a imagem à esfera. Saí de lá. Cheguei num salão sinistro. Das gárgulas do teto saíram os dementadores, foi quando aquela luz me deixou envolta novamente. Um dementador conseguiu atravessa-la, então...Então eu deveria ter morrido...Não sei o que aconteceu.
-É uma história é bem impressionante, Srta Weasley.
-Oh, professor, juro que não invento nada que digo. Realmente aconteceu.
-Não falei o contrário.
-O.K.
-Então...O que você pretende fazer?
-As malas, é claro.
-Você tem certeza de que irá para a casa dos Malfoy?
-Absoluta.
-Então temo em ter de avisar-lhe. Seus momentos não serão muito bons, mas ao mesmo tempo ótimos.
-Não compreendo.
-Compreenderá.
-Oh, professor, nunca fala algo.
-Mas estou falando agora.
-Que eu compreenda- fez uma cara emburrada.
Dumbledore deu uma pequena risada e pôs sua mão encima da de Gina.
-Gina, Gina...Você definitivamente é uma criança crescida.
-Tenho dezessete.
A janela aberta deixou a pequena coruja Rainbow entrar no quarto. Pousou no colo de sua dona e deu-lhe uma bicada de leve na face. Gina começou a afagar a cabeça do pequeno.
-Rainbow...Você voltou!- a corujinha lhe deu duas bicadas na sua perna em sinal de resposta -Trouxe algo para mim, amiguinho?
Ela olhou a perna do animal e viu que não havia nada. Pegou a corujinha e pôs na cabeceira.
Finalmente Dumbledore se levantou da cama.
-Bem...Já vou indo Gina.
-Não quer ficar mais um pouco?
-Não obrigado. Tenho assuntos a resolver.
-Tudo bem, então. Muito obrigado pela sua visita, professor.
-Não há de que. Nos vemos outra hora- ele disse e finalmente aparatou do quarto.
Gina sabia que Dumbledore nunca fazia nada por acaso. Sua visita tinha algum objetivo. Não lhe importava descobrir agora. Logo teria muitas outras coisas para ocupar sua mente.
*~*
Algum tempo depois...
Gina preparava sua pequena mala com tudo que poderia usar na mansão Malfoy e outras coisas mais. Sua coruja já estava presa na gaiola, e estava muito agitada. Gina sabia que Rainbow não gostava de ficar presa. Nunca aceitava o fato de estar numa gaiola.
Ela havia escrito uma carta e deixado encima de sua escrivaninha. Preferia sair á noite. Não gostava de despedidas. Era muito emotiva, por isso evitava esse tipo de situação. Sabia que Lúcio a estaria esperando a hora que fosse em sua casa. Não via a hora de humilhá-la. Só havia uma coisa que a motivava a prestar um papel tão ridículo aos Malfoys; a liberdade de seu pai. Só conseguia pensar que agora seu pai poderia estar com sede e com fome, a pele queimada devido ao calor de sua cela... As lágrimas rolavam no rosto, mas precisava reagir. Não conseguia mais ficar deitada numa cama chorando enquanto seus irmãos trabalhavam dia e noite para conseguir dinheiro par pagar um bom advogado. Ela teria que fazer algo. Tinha que ajudar seu pai.
Pegou a pequena mala e a gaiola de sua coruja, se despediu de seu quarto e saiu. Tentava fazer o mínimo de barulho possível ao andar, para não acordar ninguém. Sabia que eles tentariam impedi-la de ir.
Desceu as escadas com cautela, até chegar na sala.
Na sala, depositou a bagagem no chão e pegou o papelzinho que Lúcio a tinha dado informando qual palavra ela deveria dizer para chegar na lareira deles. Não era no interior da casa porque as lareiras da mansão eram protegidas por anti-viagens com pó de flu. Os Malfoy não gostavam de intrusos em sua residência, então preferiam evitar incômodos. Tudo isso Lúcio a havia informado por uma carta que ele lhe mandara. Existia uma lareira de viagens que ficava perto das grades que separavam a rua do jardim. No exterior, é claro.
Distraída em seus pensamentos não percebeu quando alguém se aproximava de si, até sentir que uma mão tocava o seu ombro. Virou. Rony, ainda de pijamas, a olhava de um jeito incompreensível. A sua primeira impressão é que seu irmão iria tentar impedi-la de ir.
-Rony!- falava sussurrando –O que você está fazendo acordado? Deveria estar dormindo.
-Como você é sonsa Gina.
-Por que me diz isso?
-Sei que você está fugindo. Sei para onde vai.
-Por favor, Rony- ela implorava com as mãos juntas –Não conte nada a ninguém. Por favor, não estrague tudo.
-Gina, eu quero lhe mostrar uma coisa.
Rony foi até a lareira e pegou um porta retratos de ficava sobre a parte de cima. Olhou bem para ela, alisou o vidro e voltou ao lado de Gina.
-Tá vendo?
Gina pegou o porta-retratos para poder observá-lo bem. Nele havia a foto de uma menininha de mais ou menos uns 7 anos, abraçando e beijando um garoto de 8 anos na bochecha.
-Sou eu...E você- ela disse.
-Sim. Você era uma criança muito carinhosa Gin. Eu ainda era muito pequeno, mas desde aquela época eu já sabia que deveria te proteger. Afina...Você é minha caçula. E eu te adorava. Adoro.
-Ron, você sabe que é meu irmão favorito.
- Em Hogwarts eu tentei te proteger...Te vigiar, sempre. Até onde pude. Não gostava que nenhum garoto chegasse perto de você, tinha ciúmes de você. No seu quarto ano eu percebi que isso já não era mais possível. Você já era uma garota. Todos os garotos te adoravam. Meti, então, na cabeça que se fosse namorar alguém seria melhor que fosse o Harry, que eu conhecia. Mesmo depois de você não gostar mais dele, eu insisti, e você, como ainda tinha um pouco de carinho por ele aceitou namora-lo. E não foi feliz.
-O que você quer dizer com tudo isso?
-Gina, eu sempre quis decidir tudo por você. Te planejar a vida. Agora eu sei que você tem que trilhar o seu próprio caminho para ser feliz. E é isso que eu quero.
Gina deu um forte abraço em Rony.
-Você tem que fazer o que achar melhor, eu não vou te impedir- ele disse alisando a cabeça da irmã.
Ela soltou algumas lágrimas e largou dos braços de Rony.
-Obrigado irmão. Você me fará falta. É o meu melhor amigo.
-Você também, Gin- disse sorrindo –Agora vá.
Ela limpou as lágrimas do rosto com a parte de cima da mão. Entrou na lareira deixando a bagagem perto de si. Rony ofereceu o pote de pó-de-flu e ela, por sua vez, pegou um bocado.
-Tchau Gina.
-Até logo, Rony- ela disse –Sala da lareira Malfoy!
Ao falar isso, o habitual fogo verde subiu e Gina desapareceu de sua casa no mesmo instante.
*~*
Gina caiu de cara do chão após ser expulsa da lareira dos Malfoy. Apesar de muito elegante, a lareira de visitas dos Malfoy parecia nunca ter sido limpada. Após se levantar e bater as cinzas impregnadas em suas vestes, Gina passou a mão nas paredes de pedra, deixando um rastro por onde a mão passava. Elas pareciam ter tido contato com fogo, pois a ruiva percebeu que a coloração preta da parede havia sido deixada através de uma queimadura. O quarto onde se situava era escuro, pequeno e não possuía janelas nem mobília alguma. Além da lareira, a única coisa que havia no recinto era um quadro de um homem de barba curta e preta, de cabelos da mesma cor, sentado numa escrivaninha, escrevendo qualquer coisa num pedaço de pergaminho, e uma serpente que se enrolava numa estante de livros pretos com um livro verde no meio.
Gina saiu do quarto fechando a porta de madeira, fazendo a poeira acumulada se misturar ao ar noturno.
Ao se deparar com a mansão Gina percebeu que todo o dinheiro, e muito mais, economizado na construção do quarto da lareira foi esbanjado na hora de construir a habitação da endinheirada família. Quando pondo-se diante das grades verdes do portão estas se abriram imediatamente, revelando um imenso jardim. Gina entrou, andando por um caminho trilhado de pedras. O caminho parecia ter uns 30 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. Não dava bem para ver que tipos de flores haviam no lugar, pelo fato de ser noite e do local não ser bem iluminado. Apenas conseguiu ver que os arredores da porta de entrada eram cercadas por espécies de pilares gregos alto com serpentes enroscadas circundando o local. Tudo tinha um aspecto sombrio que dava calafrios em Gina, mas que reproduziam perfeitamente o que a família Malfoy, em especial Lúcio, era. O grande jardim parecia se estender ao redor de toda a casa. Pôs-se em frente as grandes portas de madeiras talhadas e pintadas de branco e bateu três vezes nelas. Estas, por sua vez, se abriram lentamente produzindo um baixo ruído, semelhante ao de tantos filmes de terror que existem.
Realmente a Mansão Malfoy era um terror, pelo menos durante a noite, ela pensou.
Ao entrar na sala a porta se fechou atrás de si. A sala de entrada era bem iluminada por vários candelabros de velas espalhados pela parede. Parecia ser uma sala de retratos. Nela estavam retratados em quadros na paredes vários casais, na maioria loiros. Devia ser toda a linhagem dos Malfoy. Num canto, perto de uma porta estavam Lúcio e Narcisa Malfoy. Ao contrário da maioria dos retratos de seus pais nenhum dos casais ficavam se abraçando e se beijando. Eram duros e frios. Alguns conversavam e outros chegavam a dançar, mas sempre mantendo distancia.
Estavam tão distraída olhando a sala que não viu quando alguém entrou. Reparou apenas quando, atrás de si, este falou:
-Sabia que você viria.
Ela se virou. Draco Malfoy estava parado com a varinha na mão e de braços cruzados.
-O que foi, Weasley? Perdeu a fala.
-Não gosto de gastar minha língua com gente da sua laia.
Ele deu uma pequena e irônica risada e caminhou até ela.
-É assim que você fala com seu superior, Weasley?
-Não vejo nada de superior em você, Malfoy.
-Pois é bom ir se acostumando a ver. Não se esqueça de que sou seu patrão agora. E por falar nisso é bom você ir se acostumando a me chamar de Sr. Malfoy.
-Chamar de senhor uma pessoa de uma raça tão imundo que deixa sua própria sala de lareiras imunda daquele jeito?
-Foi bom você me lembrar da sala da lareira. Começa a limpar lá amanhã, Ginevra.
-Como sabe meu nome de verdade?
-Tenho boas fontes. Por que? Não gosta do seu nome? Justificável. Realmente é ridículo.
-Seu nome também não entra dançando no ouvido, Draco.
-Sr. Malfoy. Eu realmente não gosto de empregados abusados, weasley.
-Chega de conversa. Onde está seu pai?
-Fez uma viagem de ultima hora.
-Para onde?
-Não sei. E se soubesse, por que eu lhe contaria?
Neste momento, um elfo um tanto quanto esquisito entra na sala, apressado.
-Senhor Malfoy, o quarto está pronto.
-Ótimo- ele disse e se virou para Gina –O Ralf lhe levara ao seu quarto. E esteja na cozinha ás 7:00 da manhã. O Ralf lhe dirá o que você fará. Agora vá.
Quando ela ia saindo ele disse:
-Seu uniforme está no guarda-roupa. Não quero esses panos nos meus empregados.
Gina seguiu o elfo carregando sua pequena mala. A mansão era enorme. Parecia não ter fim. Os corredores possuíam tapetes verdes e vermelhos cobrindo o chão. Eram bem iluminados com candelabros de prata nas paredes, que, aliás, possuíam portas de 2 em 2 metros. Depois de todos os corredores que andou e escadas que subia até o seu quarto Gina contou 23 quarto. No total a mansão devia ter 40 quartos.
Ela entrou em seu aposento e o elfo saiu sem dizer nada. O quarto ficava perto da cozinha, apenas subir uma escada próxima do local de trabalho dos Elfos, e não possuía o mínimo de luxo. O chão não possuía tapete, e além da cama e do guarda-roupa havia uma grande janela.
Gina guardou as roupas no guarda-roupa, trocou a sua e andou impacientemente pelo quarto. Debruçou-se na janela. Sua vida agora seria muito diferente. Olhava para a lua cheia. Queria voltar ver a lua da janela de sua casa. Queria poder ser livre como ela.
Nota do autor: Desculpe pela demora deste capítulo, mas aqui está ele e espero que gostem. Obrigado a todos os meus colaboradores: Danilo, Anaisa, Cris Gilmore, Nininha e Dé.
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