Capitulo XI
- Orgulho puro - repetiu, entendendo, ao mesmo tempo, homem e animal. - Mas não poderá experimentar o orgulho dos vitoriosos se não passar por esse estágio.
Quando Harry apertou o selim, todos por perto prenderam a respiração. Então Gina conduziu Betty para fora da baia, apoiou o pé no joelho dobrado de Harry, tomou impulso e montou cuidadosamente.
Já se encontrava sobre a sela, mas sabia que Betty ainda estava dando as cartas. Sabia o que podia acontecer se o animal ficasse descontrolado. Um movimento errado, ou precipitado, e num instante poderia ficar debaixo de quinhentos quilos de pura agitação.
Harry manteve a voz suave, acalmando sua pupila. Então Betty começou a estranhar o peso sobre suas costas, começou a relinchar, dando passos para frente e para trás, agitando a cabeça. Gina inclinou-se sobre o pescoço da égua e. juntou sua voz à de Harry.
- Acostume-se com isso – ordenou com firmeza. - Você nasceu para isso.
- Chegou a hora, querida. - Os lábios dele mantinham um sorriso enquanto acalmava Betty. - Já não está mais com medo, certo? Você agora tem uma princesa em suas costas, mas ainda é minha rainha.
- Quer dizer que fui desvalorizada? - Gina não sabia ao certo se sentia-se aturdida ou insultada.
A agitação da égua diminuiu gradualmente. Harry apanhou uma maçã no bolso e entregou-a a Betty.
- Está indo bem.
- Ela gostaria de me derrubar agora mesmo.
- Oh, claro que gostaria, mas não está tentando fazer isso no momento. Você também está indo bem. - O olhar dele subiu até encontrar o de Gina. – É tão natural fazendo isso quanto ela. Você sabe, ambas têm sangue azul.
- Estamos fazendo história, Harry?
- Pode apostar -ele replicou, beijando Betty um pouco acima do nariz.
Gina passou a maior parte da manhã com Harry. Desmontando, montando de novo, sentada em silêncio enquanto ele as conduzia lentamente pelo interior do estábulo. Betty deu algumas cabeçadas, mas os cavalariços presentes sabiam que ela só fazia isso para se mostrar.
- Vamos tentar um pequeno trote com ela?
Por um instante Gina quis recusar. Tinha muito trabalho para fazer e já desperdiçara grande parte do dia ali. Mas sentir o calor daquela égua lhe causava um estranho prazer, e além disso adorava desafios. Compensaria tudo trabalhando na papelada da academia à noite.
- Se acha que ela está pronta...
- Oh, ela está. Só não sei ao certo se nós estamos preparados para Betty. - Harry amarrou uma corda num suporte do arreio e então levou-as para fora do estábulo, conduzindo-as para o paddock menor.
A pista era cercada por uma parede alta, para dar aos profissionais privacidade para o trabalho diário e preveni-los, assim como aos animais, contra distrações. Quando estavam entrando pela cerca, Gina notou uma movimentação estranha e intensa entre os cavalariços e demais funcionários presentes. Muito dinheiro estava trocando de mãos.
- Alguns deles apostaram que não iríamos conseguir domar Betty hoje - Harry disse.
- Você acabou de me render quinhentos dólares.
- Se eu soubesse que havia uma aposta, teria apostado em mim mesma.
Ele ergueu a cabeça.
- Como assim?
- Sempre jogo para ganhar.
Harry parou no início da pista e entregou as rédeas para Gina com um sorriso.
- Ela é toda sua agora.
- Isso é só uma maneira de dizer, não é? Afinal de contas, esta aqui jamais será totalmente de ninguém - ela replicou, iniciando um trote suave com Betty.
As duas juntas formavam um belo retrato, Harry disse a si mesmo. Espetacular. Uma égua puro-sangue de longas pernas, com um porte perfeito e um perfil real, e a delicada mulher que a montava.
Se um dia desejasse ter seu' próprio cavalo, coisa que nunca quisera, teria de ser Betty.
E se um dia desejasse uma mulher para si...
Bem, tratava-se da mesma coisa. Harry nunca quisera as responsabilidades que vinham junto com a posse. E nenhuma das duas poderia ser dele em qualquer hipótese. Pelo menos, porém, sabia que guardaria para sempre parte das duas em seu coração.
Em relação à égua, tinha consciência de que participaria da transformação dela numa verdadeira campeã, algo que constituía uma experiência única. E quanto à mulher, para sempre teria na memória a recordação daquele rapto de prazer furtivo que acontecera inesperadamente numa noite de verão. Talvez isso tivesse ocorrido só uma vez e nunca mais se repetiria. Mas, nesse caso, uma vez era o bastante para toda a vida. c:
Por outro lado, porém, também sabia que, apesar de todos os riscos para ambos, a experiência dele com a princesa Weasley ainda não estava terminada. E ficava mais convencido disso cada vez que trocavam olhares. E hoje sabia que a própria Gina compreendia isso. Bastava que se encontrassem na hora e no lugar certos e... Bem, na verdade tudo dependia exclusivamente da vontade dela.
- Elas parecem se entender.
Harry não estremeceu, mas quase o fez. Era inconveniente ter o pai da mulher com quem se estava fantasiando interrompendo uma imagem mental tão erótica. Sobretudo quando tal homem era também seu empregador.
- Concordo inteiramente. Betty precisa de alguém com mão firme, e sua filha tem.
- Sempre teve. - Arthur deu um tapinha nas costas de Harry num gesto automático, mas se arrependeu imediatamente. - Oh, desculpe-me... Eu encontrei Jim, e ele me confessou tudo. Você levou um coice.
- Não foi nada. - Mentira. Ele imaginava que teria as costelas doendo por semanas.
- Passe na enfermaria para dar uma olhada nisso. - O tom era casual, mas não deixava de ser uma ordem e Arthur
- Farei isso logo que puder. A culpa não foi de Jim. Eu não devia tê-lo pressionado tanto.
- Jim é jovem - Arthur concordou. - Mas isso faz parte do trabalho dele. No momento está se sentindo muito mal pelo que aconteceu.
- É um bom rapaz, Arthur. Só que ainda está um pouco verde. Acho que vou levá-lo comigo para as corridas com mais freqüência, deixá-lo se acostumar com a atmosfera das competições.
- É uma boa idéia. Você vive tendo boas idéias - Weasley emendou com um sorriso.
- Para isso você me paga tão bem. - Harry hesitou por um instante, então continuou:
- Betty não é apenas sua melhor aposta para o derby, ele vai vencê-lo para você. E eu aposto todo o meu salário anual como também vencerá a Tríplice Coroa.
- É uma aposta e tanto...
- Não para Betty. Garanto que ela vai quebrar todos os recordes da prova. E quando chegar a hora de cruzá-la, deve ser com Zeus. Eu fiz as planilhas – Harry prosseguiu. - Sei que você e Rony cuidam pessoalmente disso, mas...
- Vou dar uma olhada nas suas planilhas, Harry.
Harry assentiu, virando-se para observar Betty.
- Nem precisei estudar muito as planilhas dela. É que simplesmente sei. Às vezes...
- Sem pensar, ele pegou-se olhando para Gina - nós apenas sabemos.
- Entendo. - Com uma expressão compenetrada, Arthur examinou a forma perfeita de Betty. - Trabalhe num planejamento de corridas que acha que funcionará para ela... quando estiver pronta. Conversaremos sobre isso.
Gina cavalgou até onde os dois se encontravam, freando o trote de Betty com as rédeas e um firme comando vocal.
- Creio que ela decidiu me tolerar.
- O que achou, filha? - Harry acariciou o pescoço da égua, ignorando o comportamento raivoso que o animal apresentara .anteriormente.
- Ela não é comum - Gina começou. – Embora sempre tenha apresentado problemas de comportamento antes que Harry começasse a treiná-la. É muito esperta. Aprende rápido, muito rápido. O que significa que sempre devemos estar um passo adiante dela. Ainda é cedo para afirmar, claro, mas eu diria que esta égua não vai nos decepcionar. Vai trabalhar duro, e será uma ótima corredora se for montada pela pessoa certa. Se eu ainda estivesse competindo, iria querê-la para mim.
- Jamais seria uma saltadora. - Harry tirou uma maçã do bolso e a deu para Betty. -Foi feita para uma pista oval.
- Ainda precisa provar que pode correr no meio de outros animais - Gina ponderou.
- Você pode até precisar colocar viseiras nela.
- Não nesta beleza, eu não acredito que seja necessário, Os outros cavalos não vão distraí-la. Serão competidores.
- Veremos. - Gina desmontou e fez menção de entregar as rédeas para Harry, mas seu pai as tomou antes disso.
- Vou levá-la para o estábulo.
- Não precisa ficar preocupado - a filha murmurou enquanto Harry observava Arthur afastar-se com Betty.
- Ela foi muito bem. Melhor do que eu esperava.
- Hã? Oh, foi, sim, claro. Desculpe, mas eu estava pensando em outra coisa.
- As costelas estão doendo? - Quando ele apenas encolheu os ombros, Gina meneou a cabeça. - Deixe-me dar uma olhada.
- Ela mal raspou em mim.
- Oh, pelo amor de Deus! - Impaciente, Gina fez exatamente o que faria com um de seus irmãos: arrancou a camiseta de Harry para fora das calças.
- Bem, querida, se soubesse que estava tão ansiosa para tirar a minha roupa, eu teria colaborado mais, e num lugar mais discreto.
- Cale a boca. Deus, Harry, você disse que não tinha sido nada!
- Realmente não foi nada sério.
A definição dele de "nada sério" era um hematoma com quase um palmo de largura, horrivelmente vermelho, roxo e negro.
- Machismo é uma coisa tediosa, por isso, fique calado.
Ele começou a sorrir, mas soltou um grito quando ela apalpou o local.
- Diabos, mulher, se essa é a sua idéia de carinho, acho melhor eu esquecer você logo!
- Você pode ter quebrado uma ou mais costelas. Precisa fazer uma radiografia.
- Eu não preciso de porc... Ai! Santo Deus, pare de apalpar isso! - Ele tentou abaixar a camiseta, mas Gina simplesmente a ergueu outra vez.
- Fique quieto, não seja infantil.
- Um minuto atrás eu não devia ser machão, agora sou infantil. O que quer de mim?
- Quero que seja mais maduro.
- É difícil para um homem agir de forma madura quando uma mulher está tirando suas roupas em plena luz do dia. Garanto que, se der um beijinho no local, isso vai sarar logo. Já me machuquei antes. Por falar nisso, tenho uma linda cicatriz no traseiro que... Ai!
- Tenho certeza de que deve ser linda. Um dos homens deve levar você já para a enfermaria. Vou mandar buscar a picape.
- Ninguém vai me levar a lugar nenhum. Eu saberia se as minhas costelas estivessem quebradas. Já levei outros coices e...
Gina calou-o pressionando o ferimento mais uma vez. Na verdade, estava certificando-se se não havia nenhuma hemorragia. Dessa vez Harry apenas gemeu.
- Gina, você está me torturando.
- Estava apenas tentando... - Ela emudeceu ao erguer a cabeça e fitá-lo nos olhos.
Não havia sinal de dor ou irritação neles. Harry parecia apenas um tanto frustrado. E isso foi surpreendentemente gratificante.
- Verdade?
Era errado, uma tolice, mas saber que possuía aquele poder era uma coisa excitante. Ela deixou os dedos escorregarem outra vez pelas costas de Harry, para cima e para baixo.
- Por que não me detém?
Ele engoliu em seco.
- Está sendo uma menina má, e sabe disso.
- Talvez eu seja. Talvez eu goste... - Gina nunca agira de forma deliberadamente provocativa. Jamais quisera fazer isso. Por outro lado, nunca tivera um homem de verdade sob o domínio de seus dedos. – Talvez eu tenha pensado em você, Harry, como sugeriu no outro dia.
- Escolheu uma hora ótima para dizer isso... com toda essa gente, inclusive seu pai, em volta de nós.
- Sim, isso também é verdade. Acho que gosto de me exibir .
- Você é uma louca, Gina Weasley. Não deve provocar um homem adulto desse jeito.
O tom das palavras de Harry era de censura, mas, para ela, foi como uma revelação.
- Nunca tentei antes. Nenhum homem me atraiu o bastante. Você sim, e eu nem sei por quê.
Quando ela abaixou as mãos, Harry segurou-a num dos pulsos. Ficou surpreso ao notar que a pulsação de Gina estava acelerada, sobretudo porque durante todo o tempo ela mantivera a mesma expressão fria e distante de sempre.
- Acho que você também aprende depressa.
- Gosto de pensar que sim. Se continuarmos, será a primeira vez...
- Será o quê? - O rosto dele ficou imediatamente ruborizado, e então Gina começou a rir de maneira incontrolável.
- A primeira vez que alguém consegue calar a sua boca - ela observou num tom malicioso. - Estou surpresa por descobrir que existe algo capaz de deixá-lo sem fala.
- E... eu... .- Mas Harry não conseguia pensar direito.
- Não tente achar as palavras certas. Isso seria patético, estragaria a sua imagem. -Gina teve que lutar para não rir de novo. A expressão aturdida de Harry Potter realmente a divertia muito. - Digamos apenas que nas atuais circunstâncias ambos temos muito a considerar. E agora já estou atrasada... preciso preparar minha aula da tarde.
Ela se afastou gingando. Como se tivesse acabado de discutir sobre o clima, Harry pensou. E o deixou em brasas.
Harry tinha se apaixonado pela nobreza, e a nobre em questão era filha de seu chefe. E, para piorar tudo, era inocente.
Precisava ser completamente louco para tocar nela depois disso.
Ele desejou que o coice de Betty tivesse acertado sua cabeça e acabado com tudo aquilo de uma vez.
Continua [...]
Ain gente desculpa pela demora mas tava tendo muita prova!
Es pero que gostem desse cap.!
bjão :**
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