O quadro sobre a lareira
Disclaimer: Os personagens que você reconhece não me pertencem e sim a J. K(iller) Rowling e seus parceiros comerciais. Se fossem meus continuariam vivos e se metendo em confusões. E eu também não ganho nada com isso a não ser seus maravilhosos comentários.
Agora:
A titia Bella faz anos, porque Deus assim quis....
E só pra comemorar o meu aniversário eu estou postando este capítulo de presente para vocês.
Gostaria de dedicá-lo especialmente ao maravilhoso escritor Marck Evans, que com uma de suas incríveis fics me inspirou a escrever esta estória (depois eu conto qual foi), a Chriscia Jamilly pelo primeiro comentário e por ter se lembrado de mim na dedicatória da fic 10 Passos Para o Amor (obrigada, fofinha!) e as lindas Grazielle, Thayz Phoenix, Licia e Gislene, seus lindos comentários me deixaram orgulhosa e morrendo de vontade de continuar....
E a todos os outros leitores meu muito obrigada. A diversão que eu espero que vocês tenham lendo esta fic é meu maior presente.
Beijinhos da Bella!
E sem mais delongas, o capítulo....
O quadro sobre a lareira
A felicidade que aquele bilhete pouco elucidativo provocou em Hermione se esvaiu rapidamente:
- Sempre assim, sempre em cima da hora! Eu simplesmente não posso! - gritou a mulher, agora com o rosto vermelho de raiva. – Eu tenho compromissos! Uma vida! Pessoas que dependem de mim!
Ela cruzou a cozinha em passos largos, bufando de raiva, parou diante do armário que ficava ao lado da escada que dava acesso a sala de jantar e abriu a porta com violência, causando um baque surdo que repercutiu pela casa vazia. Pegou uma garrafa de vinho dos elfos e uma taça. E sem soltar o pergaminho que estava em suas mãos trêmulas, abriu a garrafa e despejou o líquido rubro até encher o recipiente de cristal. Hermione lançou um olhar rancoroso para a taça e pousou a garrafa na mesa.
- Ele tinha o dom - pensou ela enquanto sorvia metade do conteúdo do cálice - de fazê-la perder o controle.
Bateu a taça com força na mesa e sorriu. Um sorriso maníaco, predatório, satisfeito. Nenhum de seus amigos, nem mesmo seus pais ou seu marido a reconheceriam com aquela expressão estampada no rosto. Era como se por um breve instante alguém diferente tivesse tomado o lugar de Hermione. Olhou novamente para as duas palavras no pergaminho e sua expressão suavizou-se. Pegou a garrafa e a taça e se encaminhou para a sala de estar.
Quando entrou no aposento sentiu uma sensação de grata satisfação invadir-lhe o peito. A sala ampla toda decorada em tons de branco e bege era extremamente organizada e limpa. Tudo parecia estar exatamente no lugar em que deveria, milimetricamente posicionado e devidamente polido. As duas estantes, que ladeavam uma das janelas, brilhavam cheias de livros que pareciam ter saído da gráfica neste exato instante, na parede oposta, uma reluzente lareira de mármore branco continha um relógio dourado que não marcava as horas, mas como o original pendurado na cozinha de sua sogra, marcava o local onde estava cada membro da família. O olhar de Hermione desviou-se para a pintura pendurada na parede acima, Hugo, Rosa, Rony e ela mesma sorriam em poses bastante formais.
- Amo vocês! – sussurrou ela para o quadro.
Conferiu rapidamente o relógio: três ponteiros apontavam “parque” e o último dizia “casa”. Pousando a garrafa e a taça sobre a mesinha de centro baixa e de madeira clara dirigiu-se até o quadro e o tocou com sua varinha. No instante seguinte, o quadro girou e deixou a mostra um pedaço de parede que logo se dissolveu revelando uma espécie de pequeno armário que continha duas pilhas de pergaminhos dobrados e uma série de outros objetos, impossíveis de distinguir na pouca luz que incidia ali. Dobrou o bilhete em sua mão e o colocou no topo da primeira pilha, tocou novamente o quadro com a varinha e caminhou até o confortável sofá defronte a lareira. Sentou e serviu-se de mais um pouco de vinho, bebericando devagar o conteúdo da taça apontou a varinha para a lareira que acendeu imediatamente.
Hermione recostou-se no sofá, trazendo os joelhos dobrados para junto de seu corpo e apoiando os pés, agora descalços, nas almofadas macias fechou os olhos. O calor aconchegante que emanava da lareira a fez sorrir. Singela.
FLASHBACK – INÍCIO
Havia duas semanas que Severo Snape estava internado no hospital St. Mungus para doenças e acidentes mágicos e somente dois dias que ele recuperara a consciência. O curandeiro Abbot e a voluntária Granger continuavam a cuidar dele, e a tentar descobrir como ele sobrevivera por tanto tempo ao ataque de Nagini. Mas o obstinado professor recusava-se a dizer.
O choque inicial do despertar logo deu lugar a um distante laconismo no professor de poções:
- Então Srta Granger? Realmente terminou? – perguntou ele a garota, enquanto esta lhe aplicava uma generosa porção de essência de ditanmo no pescoço.
- Sim professor, acabou. – respondeu ela enquanto endireitava o corpo e consultava a prancheta verde ao lado da cama.
Um espectador que assistisse a esta cena poderia jurar que eles se referiam aos biscoitos de aveia da lanchonete do hospital ou a algo igualmente banal.
Os dias se passavam lentamente dentro daquelas paredes brancas. A maioria das feridas já cicatrizara, as dores se amainavam, os mortos já haviam sido devidamente homenageados e enterrados. Ao final da terceira semana após o término da guerra, um burburinho, como um arrepio na espinha, percorreu todos os corredores do hospital. Todos, funcionários e pacientes, pareciam procurar algo. Em alguns locais, exclamações emocionadas e agradecidas espocavam como esparsos fogos de artifícios em um céu noturno.
Os ocupantes do quarto 318 pareciam alheios a tudo isso, imersos em um silêncio morno. De vez em quando eles lançavam olhares de esguelha um ao outro. Mas nessas raras ocasiões seus olhos nunca se encontravam. Os dois tinham livros nas mãos e vez por outra lançavam comentários esparsos. Hermione gostava de ficar ali em seus raros momentos de folga, lendo, ou fingindo ler, os livros do sétimo ano de Hogwarts e Severo, sempre polido, apreciava os livros e as pequenas perguntas acadêmicas que ela lhe trazia. Depois daquela primeira pergunta lançada casualmente nunca mais falaram da guerra. O professor lia os jornais que vez por outra lhe vinham às mãos, mas não parecia ter nenhum comentário a fazer. E os dois eram gratos por isso. Professor e aluna foram tirados de seus devaneios por pessoas que adentravam o quarto.
- Bom dia Prof. Snape! Bom dia Srta Granger!
Minerva MacGonagall acabava de entrar no quarto, seguida por um Harry Potter extremamente encabulado e um sério Kingsley Shacklebolt. Por um momento, um silêncio constrangido pairou no ar. Snape olhava-os com um mudo estranhamento, já Hermione tinha um olhar extremamente cansado e levemente interessado dirigido aos visitantes.
Minerva, que tinha sua fisionomia impassível arruinada pelos olhos claros rasos de lágrimas, fez um sinal com a cabeça para que Potter se aproximasse. O garoto baixou momentaneamente a cabeça e olhou para as mãos que retorcia sem parar. Respirou fundo, levantou o rosto que exibia uma curiosa mescla de medo e coragem e deu um passo em direção a cama:
- Professor, eu gostaria de entregar-lhe isso. – e retirou um frasquinho do bolso das vestes. – São as lembranças que o senhor me entregou na casa dos gritos.
O homem na cama estendeu a mão e apanhou o frasco. Impassível. O garoto voltou a retorcer as mãos e assim que o professor fez menção de falar, ele continuou atropeladamente:
-Gostaria também de agradecer-lhe... - A voz de Harry ficou embargada por um instante - ...por tudo!
O garoto parou por um momento tentando segurar as lágrimas que teimavam em vir-lhe aos olhos. Respirou fundo mais uma vez, encarou o homem e continuou:
- E gostaria de pedir desculpas. Eu fui muito injusto. – disse Harry de um fôlego só, como quem solta algo a muito preso no peito.
Snape pareceu considerar o garoto extremamente constrangido e nervoso a sua frente. Deu um pequeno sorriso cansado e falou:
-Não há o que desculpar ou o que agradecer. Eu fiz somente o que era necessário naquele momento. – e soltou um suspiro que levou o sorriso de seu rosto – Agora... Sr. Potter... Tente esquecer seus preconceitos a meu respeito. Você conheceu o espião. Agora eu sou só um professor. – finalizou Severo com um sutil toque, assim pareceu a Hermione, de rancor na voz.
O garoto encarou Snape novamente e abriu a boca sem emitir nenhum som. De todos os possíveis cenários que ele havia imaginado, esse era o menos provável. Shacklebolt adiantou-se, salvando os dois do embaraço:
- Severo, como você já deve saber eu sou o novo ministro da magia e estou aqui para garantir-lhe que não haverá nenhum constrangimento a sua pessoa pelos fatos ocorridos durante a guerra. As lembranças que Harry e o quadro de Dumbledore apresentaram em sua defesa são incontestáveis. De fato, gostaria de aproveitar a oportunidade para comunicar-lhe que uma Ordem de Merlin primeira classe lhe será concedida em uma solenidade que ocorrerá no dia 30 de agosto no ministério da magia. – finalizou Kingsley estendendo sua grande mão para Snape.
-Obrigado ministro. Eu...não é realmente ... necessário. Eu... não sei o que dizer. - Disse o professor apertando a mão de Shacklebolt e lhe retribuindo o sorriso.
- Oh, Severo! – exclamou Minerva, enlaçando o professor com os braços, fazendo o aperto de mão se romper – Eu devia ter confiado em você. Eu devia ter confiado em Dumbledore, mas o pesar me cegou!
MacGonagall finalmente deixou suas lágrimas rolarem pelo ombro do ex-professor de poções. Ele tinha os olhos brilhantes e úmidos, parecia emocionado com a demonstração de afeto, quando afastou a mulher de seu corpo e encarou seus olhos:
- Eu entendo perfeitamente, Minerva – ela fungou e ele sorriu benevolente – Eu só gostaria de pedir-lhe de volta meu antigo emprego de mestre de poções.
- Mas... – gaguejou estarrecida a professora, enquanto um murmúrio de surpresa percorria os outros dois visitantes – eu achei que você voltaria a ser diretor!
- Você é bem melhor indicada para o trabalho e sabe disso, diretora – respondeu ele ainda com mesmo sorriso estampado no rosto. – E antes, que me pergunte, eu também não gostaria de assumir DCAT. Você sabe... lembranças demais. – e o sorriso se apagou.
- Você é um homem melhor do que eu pensava, Snape – respondeu Kingsley.
Depois de mais alguma conversa, principalmente sobre os detalhes da volta de Snape a Hogwarts, e sem mais mencionar a guerra, os visitantes levantaram-se e se despediram dos dois ocupantes do quarto 318. Hermione foi abraçada carinhosamente por Minerva e Harry e teve a mão apertada pelo ministro. Todos elogiaram seu trabalho voluntário enquanto ela agradecia modestamente. Severo também foi abraçado pela diretora e teve sua mão respeitosamente chacoalhada por Kingsley e Harry.
Assim que os visitantes saíram, levando consigo o auror postado à porta, o mesmo silêncio de antes voltou a reinar no quarto branco. E ambos, Hermione e Severo, voltaram a suas leituras. Decorridos alguns minutos a garota ergueu os olhos do livro que segurava e disse em um tom indiferente:
- Isso foi estranho.
O rosto impassível do professor de poções se voltou para ela, com a antiga e bem conhecida expressão vazia:
- É esperado que as pessoas mudem depois de uma guerra. – afirmou ele enquanto erguia uma sobrancelha inquiridora para ela.
Ambos retomaram suas leituras sem trocar mais uma palavra.
FLASHBACK – FIM
Dessa vez Hermione foi arrancada de seus pensamentos por uma voz conhecida que a chamava:
- Mione! Amor! Mioneeee!
Ela ergueu a cabeça do sofá, assustada, e encarou a cabeça flutuante de Rony na lareira:
- Ah! Oi Rony! O que houve? – perguntou a morena aproximando-se da lareira.
- Aproveitei o passeio e resolvi dar uma passadinha na casa dos meus pais – Hermione olhou de relance para relógio no console e viu que os três ponteiros que anteriormente indicavam “parque” agora apontavam para “ A Toca” – E as crianças estão se divertindo tanto com os primos e os novos brinquedos trouxas que resolvi me demorar mais um pouquinho. Tudo bem pra você?
- Ah Rony! Você sabe que eu gosto que me avise ANTES de fazer este tipo de coisa! – resmungou ela.
- Eu sei! Mas você também sabe que eu não consigo resistir às carinhas pidonas de nossos filhos! – e Rony fez uma pequena imitação de uma “cara pidona infantil”.
Hermione não conseguiu reprimir uma pequena gargalhada:
- OK, então! Mas ajude a sua mãe! Você sabe como as crianças podem ser travessas e Molly já não é mais nenhuma mocinha. – disse ela imitando uma mãe severa que ralha com o filho.
Rony riu com gosto e respondeu:
- Pode deixar comigo! Te vejo mais tarde Mione. – e jogou um beijo para ela através das chamas.
- Tchau meu amor! – e com um pequeno estalo a cabeça de Rony desapareceu.
Ela voltou a sentar no sofá. Ela não gostava de mudanças de planos e muito menos de interrupções em seus devaneios. Mas essas até que poderiam ser úteis.
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