Capitulo VII
Harry deixou os braços cair ao longo do corpo e deu um passo atrás, protegendo-se.
— Sabe, faz muito tempo que... não faço isso, Gina
— Em breve vai voltar a se lembrar de como se age nes¬sas ocasiões — Gina brincou. — Por que não saímos para jantar e começamos a treinar?
— Lavei dos dois lados — anunciou James, voltando para a cozinha e interrompendo a conversa. — Posso comer mais um biscoito?
— Não — Harry falou sem tirar o olhar de Gina, frus¬trado e ansioso. — Temos que ir embora. Agradeça a Gina pelo lanche.
— Obrigado, Gina.
— De nada, James. Volte a me visitar, está bem?
— Sim. — Sorriu, feliz, enquanto o pai o envolvia na jaqueta pesada. — Vai ter biscoitos de chocolate?
— Com certeza.
Gina acompanhou-os até a porta e ficou observando en¬quanto entravam na picape. James acenou, entusiasmado, mas Harry nem mesmo olhou na direção dela.
Um homem cauteloso, pensou Gina, vendo o veículo de¬saparecer na curva. Bem, não podia culpá-lo. Se tivesse algo tão precioso como aquele menino, tomaria cuidado também. Mas agora que conhecera o filho, estava ainda mais interes¬sada no pai. Harry Potter levava a responsabilidade de pai muito a sério. James apresentara-se com roupas próprias para o inverno, era alegre, saudável e afável.
Não devia ser fácil criar um menino sem a mãe, mas Harry estava fazendo um bom trabalho, concluiu em pen¬samento. Respeitava uma atitude assim. Sentia admiração e... atração. Talvez, admitiu para si mesma, tivesse sido muito apressada, agindo sob impulso, mas lembrando-se do gosto dos lábios de Harry, achou que fizera a coisa certa.
Entretanto, valia a pena ser mais paciente e conhecê-lo melhor. Afinal, nenhum dos dois iria embora...
— Terremotos — disse Gina.
— Tempestades de gelo — rebateu Rony.
— Poluição.
— Neve alta nas ruas.
Gina afastou os cabelos da testa.
— A alegria de ver as estações mudarem.
Rony puxou uma mecha dos cabelos da irmã, acres¬centando:
— Praia.
Fazia anos que os dois tinham aquele debate sobre as vantagens e desvantagens da costa leste contra a costa oes¬te. Naquele momento, Gina tentava afastar o pensamento de que o irmão partiria dentro de uma hora.
Era a melancolia própria da época pós-Natal, justificou para si mesma. A excitação e preparação das festas em casa a haviam mantido ocupada. Agora chegara a hora de pen¬sar com clareza.
Sua irmã Freddie, o cunhado Nick e os sobrinhos vie¬ram de Nova York e passaram dois dias em família, com a alegria e confusão próprias do clã.
Agora o fim do ano estava chegando. A irmã voltara com a família para Nova York, e Rony regressaria a Los Angeles.
Gina observou a rua pequena, bonita e tranqüila, en¬quanto caminhavam, e sorriu, voltando à brincadeira:
— Estradas superlotadas e perigosas.
— Louras com corpos perfeitos em conversíveis.
— Você é tão superficial, mano!
— Sim. E é por isso que você me adora — brincou Rony, segurando-a pelo pescoço. — Olhe lá! Tem um bando de ho¬mens na sua casa.
Ofegante, Gina olhou para o final da rua, a poucos metros, e viu os caminhões e os operários. Harry não per¬dera tempo, pensou.
Os homens davam a volta no prédio, caminhando com dificuldade sobre a neve no chão, e indo para os fundos, onde pareciam estar se concentrando. Alguém ouvia músi¬ca country em um rádio portátil. Havia uma mistura forte de odores. Madeira, poeira e... salsicha também. Devia ser das marmitas que traziam, concluiu.
Gina caminhou até um carrinho de mão, pisou com cui¬dado sobre os sacos de areia e espiou pela janela do porão. Havia fios grossos prendendo lâmpadas que pendiam das vigas. Viu Harry, com um jeans muito velho e botas, mar¬telando uma tábua de sustentação. Tirara a jaqueta de tra¬balho e respirava de modo rápido, fazendo sobressair os músculos sob a camisa de flanela. Ficava lindo no ambiente de trabalho, entre ferramentas e madeira, exatamente como ela imaginara.
Um dos operários jogou entulho em outro carrinho de mão, e lá estava James, cavando com uma pequena pá e jo¬gando terra em um balde, ou, pelo menos, tentando.
O menino a viu primeiro. Levantou-se com um pulo, e exclamou:
— Estou limpando o porão! Vou ganhar um dólar. E vou ajudar a jogar o cimento. Ganhei um caminhão no Natal. Quer ver?
— Claro!
Gina deu mais um passo, descendo a rampa, e Harry surgiu, bloqueando-lhe o caminho.
— Não está vestida de modo apropriado para circular aqui em baixo — disse sem rodeios.
Gina comparou as botas grossas de trabalho com seus mocassins de pelica e concordou:
— Não há como discutir isso. Pode me dar um minuto?
— Certo. James, descanse um pouco!
Harry subiu a rampa seguido pelo filho, comprimindo os olhos diante da luz intensa do sol de inverno.
— Este é meu irmão, Rony — apresentou Gina. — E estes são Harry e James Potter, mano.
— Prazer em conhecê-lo, Rony. Já o vi jogar. Foi demais!
— Obrigado. Também já presenciei o seu trabalho. Pa¬rabéns!
— Você é o jogador de beisebol? — quis saber James, de olhos arregalados.
— Isso mesmo! — Rony agachou-se ao lado do ga¬roto. — Gosta de beisebol?
— Sim. Vi sua luva. Tenho uma também. E um bastão, e uma bola... tudo!
Gina sabia que Rony manteria James entretido. Então deu alguns passos atrás, para lhes dar espaço. Voltou-se para Harry e disse:
— Não sabia que planejava começar tão cedo.
— Achei aconselhável aproveitar o bom tempo. A onda de calor deve durar mais alguns dias. Poderemos limpar o porão e começar a trabalhar nele antes que o frio volte com muita intensidade.
O calor era relativo, pensou Gina. Lá no porão devia fazer muito frio e ser bastante úmido, em comparação com o sol ali fora.
— Não estou me queixando. Como foi seu Natal?
— Maravilhoso. — Harry deu passagem para um ope¬rário que empurrava um carrinho. — E o seu?
— Ótimo! Vejo que aumentou sua equipe. James está tra¬balhando com você? — perguntou Gina em tom de brinca¬deira.
— É época de férias — explicou Harry de maneira bre¬ve. — Costumo trazê-lo comigo. Conhece as regras, e não atrapalha ninguém.
Gina arqueou as sobrancelhas.
— Nossa! Como está sensível! Pode ficar com James aqui o quanto desejar!
Harry respirou fundo.
— Desculpe se fui um pouco rude. É que alguns clien¬tes não gostam de ver uma criança no meio das obras.
— Não faço parte desse grupo.
— Potter! Pode me emprestar esse rapazinho um pouco?
Harry ergueu o olhar e viu James segurando a mão de Rony.
— Bem...
— Temos um negócio para providenciar na casa de meus pais. Vou deixá-lo aqui na volta, a caminho do aeroporto. Daqui a meia hora.
— Por favor, papai! Posso?
— Eu...
— Meu irmão é um boboca — interrompeu Gina, sor¬rindo —, mas é responsável.
Não, o bobo ali era ele mesmo, pensou Harry. Ficava assustado cada vez que um estranho se aproximava do fi¬lho. Falou em voz alta:
— Tudo bem. Mas primeiro vá lavar as mãos no balde, James.
— Certo! — O garoto voltou-se para Rony, enquan¬to corria. — Espere um minuto! Só um minuto!
Rony voltou-se para a irmã.
— Tentarei passar por aqui quando for fazer o treina¬mento da primavera.
Gina fazia força para não chorar.
— Fique longe das louras de corpo perfeito.
— De jeito nenhum. — Rony ergueu-a do chão, em um abraço apertado, e murmurou: — Vou sentir saudade.
— Eu também. — Gina afundou o rosto no ombro do irmão e depois ergueu a cabeça, sorrindo. — Tome conta dessa perna, bobão.
— Ora! Está falando com o Homem de Aço! Tome con¬ta de você mesma. — Pegou a mão muito mal lavada de James, cumprimentou Harry e afastou-se.
— Até já, pai! — gritou o menino. — Volto logo!
— Seu irmão tem um problema na perna?
— Tendões. Ele teve uma queda. Bem, vou deixá-lo tra¬balhar.
Gina manteve o sorriso no rosto até dar a volta na casa. Então sentou-se nos degraus e chorou muito.
Dez minutos depois, quando Harry foi até a picape, ela estava lá. Havia lágrimas em seus olhos.
— O que aconteceu?
— Nada.
— Esteve chorando, Gina. Ela fungou.
— E daí?
Harry desejou não replicar. Não era da sua conta, só fora buscar... o que mesmo? Não se lembrava. O problema era que não conseguia ficar insensível diante de lágrimas. Re¬signado, sentou-se ao lado de Gina.
— O que houve?
— Odeio despedidas. Não teria que me despedir do meu irmão se ele não insistisse em morar a quilômetros de dis¬tância daqui, na Califórnia.
Estava falando de Rony, pensou Harry com alívio. Tirou um lenço do bolso e estendeu-o para Gina.
— Bem, ele trabalha lá.
— Desculpe, mas não me sinto muito disposta a agir com lógica neste momento. — Gina aceitou o lenço. — Obrigada.
— De nada.
Enxugou as lágrimas e olhou para a rua.
— Você tem irmãos? — perguntou.
— Não.
— Quer um? Vendo barato. — Ela suspirou e recostou-se nos degraus. — Minha irmã mora em Nova York. Rony em Los Angeles, e eu na Virgínia. Jamais pensei que terminaríamos tão separados.
Harry recordou-se do abraço dos irmãos, cheio de amor e carinho, e comentou:
— Não me parecem distantes, apesar de viverem longe um do outro.
Gina o observou e logo as lágrimas desapareceram.
— Tem razão. Foi a coisa certa a dizer. — Suspirou e devolveu-lhe o lenço. — Vamos esquecer um pouco este assunto. O que fez no Natal? A eterna festa em família, barulhenta e alegre?
— James já faz barulho suficiente. Acordou-me às cinco horas da manhã. — Harry sorriu. — Estava elétrico.
— E resistiu até a hora da ceia? Harry ficou sério.
— Mais ou menos. Fomos até a casa dos meus pais. Moramos na mesma cidade, mas no nosso caso pode-se dizer que estamos separados.
— Lamento ouvir isso.
— Mas eles adoram James, e é isso que importa.
Por que contara aquelas coisas a Gina? Harry não en¬tendia a própria atitude. Sentia liberdade com Gina para fazer confidencias, concluiu. Talvez porque o pai continuas¬se a desfazer de tudo que desejava e que fizera na vida. Tratou de falar:
— Estou mandando colocar terra do lado da casa. Tal¬vez queira fazer um jardim, ou algo parecido, quando a primavera chegar.
— Boa idéia. Harry levantou-se.
— Bem, preciso voltar a trabalhar, caso contrário não vou receber...
— Harry...
Gina não sabia muito bem o que pretendia dizer. Então o momento passou, e Rony reapareceu, em seu carro alugado.
— Papai! — gritou James, livrando-se do cinto de segu¬rança. — Você não vai acreditar! Rony me deu a luva de beisebol e uma bola com o nome dele gravado!
Harry segurou o menino que se atirava em seus braços.
— Vamos ver. — Examinou a luva e a bola. — São mes¬mo especiais, e precisa tomar conta delas direito.
— Vou tomar, papai, prometo! Obrigado, Rony. Vou guardar para sempre. Posso mostrar para os rapazes, papai?
— Claro. — Harry pôs o menino nos ombros e gritou para Rony:
— Obrigado.
— Foi um prazer — retrucou o irmão de Gina, olhando para o garoto. — Lembre-se, James! Mantenha os olhos na bola!
— Sim! Até logo!
— Faça uma boa viagem — despediu-se Harry, carre¬gando o filho para exibir seus tesouros aos operários.
Gina suspirou de leve e foi debruçar-se na janela do carro do irmão, murmurando:
— Talvez você não seja um bobalhão, afinal.
— James é um menino e tanto. — Rony deu um belis¬cão de brincadeira no rosto da irmã. — E você está de olho no pai, pelo que pude notar.
— Sim. E não vou desistir. — Rindo, inclinou-se para beijá-lo. — Vá você atrás das garotas da cidade grande. Pre¬firo os homens do interior.
— Comporte-se...
— De jeito nenhum! Rony riu e ligou o motor.
— Até mais ver, mana.
Ela deu um passo atrás e acenou.
— Boa viagem.
Por tradição, Molly fechava a loja na véspera de Ano-Novo. Passava esse dia na cozinha, fazendo uma dezena de pratos para a ceia em sua casa. Parentes, amigos, vizinhos, quem quer que desejasse encontraria a porta aberta naque¬le dia do ano, e o movimento era constante durante horas.
— Rony deveria ter ficado para a festa — disse Gina.
— Bem que eu gostaria — concordou a mãe, verifican¬do os abricós que pusera para ferver. — Não fique aborre¬cida, minha filha. Houve um tempo em que sua vida e seu trabalho a mantinham longe de casa também.
— Sei disso — replicou Gina, continuando a fazer a massa para a torta. — É que estou melancólica. Sinto falta do bobalhão, só isso.
— Eu também.
Panelas soltavam fumaça sobre o fogão, um tender assa¬va no forno. Anos atrás, pensou Molly, três crianças fica¬vam zanzando pela cozinha, atrapalhando seus movimentos, enquanto ela preparava aqueles mesmos pratos. Eram gritinhos, exclamações e risadas, que às vezes a tiravam do sério.
Fora um tempo maravilhoso. No momento, só restava Gina, amassando com fúria a farinha para o pastelão, con¬cluiu com melancolia.
— Parece inquieta — observou, provando o caldo de uma das panelas. — Não tem muito o que fazer enquanto o prédio está sendo reformado.
— Estou fazendo planos.
— Sim, sei disso. — Mollyencheu duas xícaras com chá e levou-as para a mesa. — Sente-se, minha filha.
— Mãe, eu...
— Sente-se. Então, você é como eu — continuou Molly, ocupando outra cadeira. — Planos, detalhes, objetivos. São todos tão importantes... Queremos logo saber o que vai acon¬tecer porque assim podemos controlar as coisas.
— E o que há de errado nisso?
— Nada. Quando vim para cá a fim de abrir minha loja foi muito difícil. Senti muito ter de me separar de minha família, mas era preciso. Não sabia que iria encontrar seu pai nesta cidade. Isso eu não planejei.
— Foi o destino.
— Sim. — Molly sorriu. — Nós duas temos o hábito de planejar e calcular tudo. Mesmo assim sabemos que o destino existe. Portanto, quem sabe foi ele quem a trouxe de volta para casa?
— Está desapontada? — perguntou Gina, deixando es¬capar a pergunta que a martirizava e sentindo alívio e medo ao mesmo tempo.
— Com o quê? Com você? Por que acha isso?
Gina girou a xícara entre as mãos, buscando as palavras certas.
— Sei o quanto você e papai se sacrificaram, e..
— Espere. — Molly bateu o dedo sobre a mesa, com olhar sério mas bondoso. — Talvez depois de todos esses anos, meu inglês esteja ruim. Não entendo a palavra "sacrifício" quando se refere aos meus filhos. Nunca precisei me sacrificar por você.
— Quis dizer que você e papai fizeram tudo para me apoiar em todos os sentidos quando desejei dançar. Por favor, mamãe! — Impediu que Molly a interrompesse. — Deixe-me terminar. Isso não me sai da cabeça. Todas as aulas, todos aqueles anos... Os trajes de dança, as sapatilhas, as viagens. Deixaram-me ir para Nova York quando, eu sei, papai desejava que fosse cursar uma faculdade. Mas permitiram que eu fizesse o que queria. E eu sempre quis que sentissem orgulho de mim.
— É claro que temos orgulho de você! Que bobagem colocou na cabeça?
— Eu sei que vocês têm orgulho. Pude sentir isso ao longo dos anos. Quando dançava e vocês estavam assistin¬do, ainda que não pudesse vê-los sob a luz dos refletores, podia sentir a presença de vocês. E agora... joguei tudo fora!
— Não. Apenas colocou de lado. Acha que só sentimos orgulho de você quando está dançando? Só damos valor para a artista e seu talento?
Gina estava com os olhos marejados de lágrimas.
— Temi que ficassem desapontados quando desisti de dançar para ser professora.
— Dentre todos os meus filhos — disse Molly, sacu¬dindo a cabeça com ênfase —, você é a que está sempre olhando nos cantos para ver se descobre um grão de poei¬ra. E mesmo quando não há, precisa varrer. Pare de procu¬rar problemas e responda: quer ser uma boa professora?
— Sim, muito!
— Então será, e ficaremos orgulhosos. E entre a bailari¬na e a professora ficamos felizes com as duas. Sentimo-nos envaidecidos porque sabe o que quer e como conseguir. É uma linda jovem, de bom coração e mente forte. Só vai me desapontar se duvidar disso, Gina.
— Não duvido. — Suspirou e enxugou as lágrimas. — Não sei o que acontece comigo. Nos últimos tempos ando muito chorosa.
— Está mudando de vida. É uma época de emoções. E tem muito tempo livre para pensar e se preocupar. Por que não sai com suas amigas? Ainda tem tantas na cidade... Por que não vai a uma festa hoje à noite com um belo rapaz, em vez de ficar em casa, na véspera do Ano-Novo, assando ten¬der com sua mãe?
— Gosto de ajudar você na cozinha.
— Gina...
— Está bem. — Levantou-se para terminar a massa, porque precisava ocupar as mãos. — Pensei em ir a uma festa hoje, mas a maioria de minhas amigas já se casaram ou estão namorando. Não sei com quem sair, nem estou à procura de companhia.
— E por que não, Gina?
— Porque já conheci quem me interessa.
— Oh! E quem é?
— Harry Potter.
Molly tomou um gole de chá para ganhar tempo.
— Entendo.
— Sinto uma grande atração por ele.
— Harry é mesmo um homem muito atraente. — Os olhos de Molly brilharam. — Sim, sem dúvida é lindo e eu gosto muito dele.
Um pensamento cruzou a mente de Gina.
— Mãe, não o mandou me procurar de propósito, man¬dou?
— Não, mas teria feito se tivesse pensado nisso. Então, por que não sai com Harry Potter na véspera do Ano-Novo?
— Harry tem medo de mim. — Gina riu ao ver o olhar espantado da mãe. — Bem, sente-se desconfortável, quero dizer. Acho que fui muito agressiva.
— Você? — A mãe fingiu não acreditar. — Minha filha tão tímida?!
Gina soltou um risada e deixou a massa de lado.
— Está certo. Confesso que tentei seduzi-lo de qualquer modo. Mas ao esbarrarmos um no outro na loja de brinque¬dos, quando ele comprava um caminhão para James, come¬çamos a flertar, e pensei que estivéssemos na mesma sintonia.
— Na loja — repetiu Molly em voz baixa, como se so¬nhasse.
Ela e Arthurr haviam se visto pela primeira vez ali, onde ele comprava uma boneca para a filha Freddie, do primeiro casamento. Destino, voltou a pensar. Ninguém escapava dele.
— Então — prosseguiu Gina —, quando percebi que o brinquedo era para o filho dele, concluí que era casado, é claro. E fiquei aborrecida por ter correspondido ao flerte.
Molly sorriu, deliciada com o rumo da história.
— É claro.
— Em seguida descobri que era viúvo e vi o caminho desimpedido. Ele também está interessado. — Gina voltou a dar um soco na massa. — Só que teima em negar.
— É um solitário.
Gina ergueu o olhar e sua expressão suavizou-se.
— Sim, sei disso. Mas insiste em não se aproximar. Tal¬vez faça isso com todos, menos com James.
— Comigo ele é muito comunicativo e amigável. Entre¬tanto, quando o convidei para vir aqui em casa amanhã, deu uma desculpa. — Molly encarou a filha, enquanto levan¬tava-se de modo decidido, para voltar ao trabalho. — Deve fazê-lo mudar de opinião. Se fosse você, iria à casa dos Potter mais tarde, levaria uma travessa de lentilhas para dar sorte no ano novo, e tentaria convencê-lo a vir nos visitar.
— É um tanto presunçoso aparecer na casa de um ho¬mem na passagem do ano. — Gina sorriu. — Mas é um pla¬no perfeito. Obrigada, mamãe.
— Ótimo — retrucou Molly, experimentando o mo¬lho da panela. — Então eu e seu pai teremos nossa festinha particular de réveillon.
Continua [...]
espero que gostem do capitulo (Y)_
Próximo cap. segunda
bJão :**
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