A Queda
O quinteto, com as anotações que já tinham e com a ajuda do professor de transfiguração (que disse que cobraria esse favor mais tarde), conseguem finalmente se tornar animagos. As últimas recomendações do professor Barker foram: “Como, até vocês pegarem prática – o que vai demorar um bom tempo - a transformação pode ser desfazer facilmente, não tentem voar alto, nem entrar lugares apertados e, principalmente, não sejam vistos se transformando. Divirtam-se e treinem bastante. E não se metam em encrenca (nessa hora Fred piscou para os outros três) porque eu estou de olho em vocês!”.
Rose se transformara numa borboleta azul, Fred num camaleão, Jimmy numa raposa, Albus numa coruja cinza e Jay num cavalo alado negro.
- Tinha que ser num cavalo alado, Jay! Eu não agüento mais nem olhar pra eles... – brinca Fred, fazendo uma careta, lembrando-se que uma de suas detenções mais freqüentes consistia em limpar os estábulos.
- Pelo menos tem classe. E devo admitir que um réptil combina bem com sua personalidade – responde o vampiro.
- E eu adorei ser uma borboleta! – fala Rose, dando um rodopio de alegria. - Hei Jimmy, no que você tá pensando?
- Que precisamos tirar o mapa das mãos do prof. Mallory o mais rápido possível. Só que não podemos simplesmente pegá-lo, isso ia nos incriminar... – diz o ruivo, levantando a sobrancelha com um ar de concentração.
- Você tá certo. E eu já sei como vamos fazer! – Fred exclama e sorri maliciosamente, e os três já imaginam a futura encrenca em que se meteriam - Só que nós não vamos precisar roubá-lo, apenas restringir seu uso apenas para nós.
- E posso saber como faremos isso? – Pergunta Rose, incrédula que qualquer idéia que saísse daquela cabeça pudesse resultar em boa coisa.
- Podemos procurar um meio de, sei lá, convencer o mapa... – explica Fred.
- Você quer dizer arranjar um meio de nos comunicarmos com ele? – pergunta Al, coçando a testa.
- Vamos ver... – Jimmy pega o seu mapa e começa a escrever sobre ele enquanto fala.
Saudações! Queremos falar com os Marotos.
A frase some lentamente e, enquanto os garotos prendiam a respiração olhando atentos para o pergaminho, surge no lugar a resposta.
E quem deseja falar conosco?
Os Grifinórios Jimmy e Albus Potter, Fred e Rose Weasley e Jay Mallory. E nós juramos solenemente que não pretendemos fazer nada de bom.
Prossigam.
Queremos, se vocês concordarem, restringir o uso do vosso mapa apenas para nós cinco. E queremos também vossa permissão para fazer parte dos Marotos.
- Você não acha que está querendo um pouquinho demais? – Rose pergunta, vendo a demora da resposta à última frase escrita pelo primo.
E aparecem lentamente sobre os mapas as palavras: “Os senhores Pontas, Almofadinhas, Aluado e Rabicho cumprimentam seus novos companheiros e aceitam as novas condições: daqui por diante o mapa só se mostrará aos Marotos. Quais serão seus apelidos?”
- Pégaso. O original era branco, mas isso não faz diferença – Jay realmente gostara da idéia de ter um apelido.
- Cinzento – Al não conseguira pensar em nada melhor que esteja relacionado a uma coruja.
- Velhaco. Combina comigo – completa o ruivo, e os outros quatro assentem.
- Sangue Frio.
- E o meu será Fly – a ruiva fala batendo palmas de contentamento.
Dito isso, Jimmy escreve os respectivos apelidos juntamente com o nome de seus donos. E o mapa em seguida responde “O senhor Aluado lhes dá as boas vindas. O senhor Pontas fica feliz em ter seus netos dentre os Marotos. O senhor Almofadinhas fica feliz em ter uma garota dentre os marotos. E o senhor Rabicho concorda plenamente!”.
- Malfeito feito! – falam os cinco ao mesmo tempo, muito satisfeitos.
- E, pra comemorar, o que vocês acham de fazermos um passeio noturno? – Fred propõe, com sua costumeira cara de pau, recebendo como resposta dos três amigos um sorriso animado.
- Nem pensar! – Rose repreende, com a cara amarrada.
- Deixa de ser chata, agora você é uma marota e tem de honrar a nossa má reputação. E vai dizer que você também não está louca pra voar ao ar livre? – Jimmy lança todo seu charme para convencê-la.
- É, vamos Rose! – Jay pede e ela fica corada.
- Está bem, vamos logo – responde a ruiva sem compartilhar da animação dos amigos, detestava quebrar regras.
Eles saem do castelo sem serem vistos e vão até uma parte mais afastada dos jardins para treinarem suas transformações. Vôos, corridas e gargalhadas no silêncio da noite. E, como já era de se esperar, Jay e Al acabam voando mais alto do que deveriam, brincando de pega-pega. Eles se separam para desviar de uma árvore mais alta e Jay aparentemente sem motivo volta a sua forma habitual e cai, de uma altura considerável, desmaiado.
Seus amigos voltam imediatamente ao normal e o levam até a enfermaria, onde madame Pomfrey manda Jimmy avisar a diretora e o professor Mallory, que não estava em seus aposentos nem em sua sala.
[...]
Arthur escuta batidas fortes e apreçadas em sua porta e ao abri-la se depara, para sua grande surpresa, com Minerva McGonagall de camisola e roupão com uma expressão inquieta. Ele a olha de cima a baixo, piscando os olhos e sorrindo debochado.
- Sabia que isso ia acontecer algum dia. Pode entrar, meu bem – ela fica vermelha até a raiz dos cabelos (ele não sabia se de raiva ou de vergonha da situação).
- Deixa de ser palhaço, Barker! Eu estou procurando o professor Mallory.
- Bom, aqui ele não está. Se você quiser procurar nos meus bolsos, fique à vontade.
- Pára com isso, seu imbecil! O assunto é sério: o Jay sofreu uma queda séria e está desacordado e eu não o encontro em lugar algum.
- Não se preocupe, o garoto vai ficar bem. Lembre-se de que ele é um você-sabe-o-que e não deve ter se machucado. Mas vamos atrás do Jack, acho que sei onde ele está. A propósito, Minie, bonita camisola.
- Isso vindo de um homem que usa pantufas em forma de hipogrifo... – ela fecha ainda mais a frente do roupão, ao mesmo tempo apontando para os pés do professor.
- Confesso que é meio ridículo, mas foi um presente.
- De algum aluno do primeiro ano, suponho.
- Na verdade da mãe de um aluno – ele pisca um olho, com um sorriso malicioso e ela lhe devolve um olhar entre chocado e raivoso. – Mas isso foi antes de eu vir pra cá, é claro.
Minerva engole a bronca que ia dar e permanece em silêncio até chegarem na torre de astronomia, onde Jack estava com a esposa, conversando muito efusivamente. Eles se dirigem até a enfermaria onde Jay, já acordado, falava com os amigos.
- Como você está, filho? O que foi que houve? – A mãe do garoto estava realmente aflita.
- Estou bem, eu só caí e nem me machuquei. Mas eu vi alguma coisa antes de apagar, uma sombra nas árvores, não sei ao certo. Parecia alguém... Daí eu desmaiei. – com essas frases, seu pai ficou ainda mais apreensivo.
- Claro que desmaiou, com a queda – fala Barker balançando negativamente a cabeça, para espantar o sono.
- Não professor, eu desmaiei antes de cair. Nem me lembro de como cheguei ao chão.
- E vocês crianças, viram alguma coisa? – fala Jack, com um brilho estranho nos olhos, enquanto Arthur parece ficar mais sério, prestando bastante atenção na resposta.
- Não senhor – respondem os quatro amigos, perplexos. Jack lança um olhar significativo para Cassie e em seguida para o amigo.
- Então acho melhor vocês irem dormir, podem visitá-lo amanhã – Minerva fala, empurrando eles delicadamente pra fora.
- Isso tudo é culpa minha, eu não podia tê-lo ensinado a... – de repente, de sério Barker passa a preocupado.
- Esquece isso, Arthur. Você sabe que o problema é bem mais grave. E está na hora de contar para você o por que – Minerva estava confusa ao ver que Jack se dirigia a ela. – Cassie vai lhe contar tudo, enquanto eu e o Arthur vamos vasculhar a propriedade.
– Existe um motivo especial para o Jack ter aceitado dar aulas aqui... – a bruxa começa a narrar.
É a última coisa que os quatro, escondidos no corredor, escutam antes dos professores Barker e Mallory saírem fechando a porta da enfermaria.
[...]
A noite estava fria e muito escura, dificultando o busca para o enorme dragão verde que sobrevoava a floresta. Já para um certo morcego a escuridão não incomodava, apenas a falta de pistas. Depois de horas eles se encontraram nos jardins.
- Nada? – o animago já estava visivelmente cansado.
- Nem uma pegada sequer. E você?
- Só os animais da floresta, nada fora do comum. Mesmo assim amanhã daremos outra busca. Acha que ainda está por aqui?
- É muito pouco provável. Seja lá quem for, fez um trabalho muito bem feito. Vamos ter que redobrar a vigilância – Jack suspira longamente. – Vou ter que falar com meu pai agora mesmo.
- Então eu já vou. Se precisar de alguma coisa, é só chamar. Boa noite!
- Durma bem, Arthur.
[...]
Na lareira da luxuosa mansão Mallory surge em meio às repentinas chamas verdes uma figura alta que se põe imediatamente a caminho do escritório no térreo. Seu pai, seus irmãos Victor e Thomas e seu sobrinho Nick estavam discutindo calorosamente algum assunto desagradável. O patriarca, que estava sentado na escrivaninha em frente à porta, é o primeiro a notar a presença de Jack, levantando-se com uma expressão assustada, que é imitada pelos outros três homens.
- Aconteceu alguma coisa? – pergunta Alex, apertando as sobrancelhas, o que faz reabrir um corte que já começava a se fechar em sua testa.
- Estamos bem, não se preocupem – o professor se apressa em acalmá-los, enquanto notava o quanto os três estavam descompostos. - Mas tentaram atacar o Jay.
- O que? Dois ataques ao mesmo tempo! – falou Thomas, que era o mais velho dos quatro irmãos, apertando o braço esquerdo onde era possível se enxergar uma mancha de sangue na camisa de seda. Só agora Jack entendera o que estava acontecendo.
- Tentaram matar o vovô, mais frustramos o ataque. Só o tio William se feriu um pouco. Ele está lá em cima e mamãe está com as crianças – explica Nick, primogênito de Thomas, passando a mão nervosamente pelos cabelos castanhos e lisos.
- Eu não fazia idéia...
- Íamos te avisar pela manhã – Alex caminha até o filho, mancando. – Não imaginava um ataque duplo, mas devo admitir que é bastante engenhoso, nos impossibilita de ir ajudá-lo. Infelizmente as coisas estão esquentando por aqui e acho melhor, ao menos por enquanto, vocês se manterem onde estão. Vou mandar esconder meus outros netos também, Nick e Helena (esposa de Thomas) irão com eles. Acho que afinal, Jay e Cassie ficarão melhor em Hogwarts, onde têm mais gente para protegê-los. Mesmo assim Victor irá com você para ajudar.
- Então vou arrumar minhas coisas para partir – fala Victor, que até então permanecera calado, levantando-se imediatamente e saindo da sala.
- Estão todos bem?
- Só uns arranhões, filho. Eu só temo por vocês, porque essa guerra é só uma questão de tempo: a maioria dos vampiros está do nosso lado. Se não fosse pelo apoio que eles têm dos lobisomens, nós já teríamos vencido.
- Mas eles ainda vão pagar caro por tudo que nos fizeram passar. – Nick fala, segurando o braço esquerdo como quem sente muita dor.
- Sinto não ficar para ajudá-los...
- Você já ajuda muito voltando imediatamente para perto do meu neto.
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