A Briga
Albus e Jay caminhavam despreocupadamente pelos corredores, rindo muito de terem visto madame Nora correndo, pintada de rosa e com manchas verdes em forma de estrela. Porém a alegria sumiu ao se deparem com Kevin Drebber (terceiranista da Sonserina, alto, forte e moreno, com um irritante ar de superioridade), que estava acompanhado de dois amigos enormes e mal-encarados, berrando com Rose por ela ter esbarrado nele derrubando seus livros. Todos os alunos em volta os observavam, curiosos, formando uma pequena multidão no local.
- Vocês acham que podem fazer o que querem só porque são famosos! – Drebber grita, entre furioso e debochado.
- Eu não acho nada. E já te pedi desculpas – Rose responde, controlando a vergonha e tentando parecer corajosa.
- Esquece esse idiota, vamos embora – Albus fala e se põem na frente da ruiva, afastando-a do sonserino.
- Você me chamou de quê? – Drebber fala ameaçadoramente, os olhos esbugalhados de ódio.
- Ele te chamou de idiota. Ou será que além de grosso você é surdo? – responde Jay, entre os dentes, vermelho de raiva. Nada irritava mais o garoto do que se meterem com seus amigos.
- Não se intrometa, Mallory! Se você se meter no meu caminho, nem seu papaizinho vai te salvar de levar uma surra. Além do mais, meu negócio é com essa sangue-ruim.
Jay fica furioso pelas palavras ditas sobre a garota e levanta Kevin, que era bem maior do que ele, pelo colarinho.
– Eu te partiria em dois, mas isso ia acabar sujando os meus sapatos – Jay fala entre os dentes, com uma mistura de ódio e repugnância na voz, jogando o garoto com força no chão e, a muito custo, se virando para ir embora. Seu sangue fervia: como aquele babaca ousara ofender Rose?
Drebber se levanta rapidamente, puxa Jay e lhe acerta um soco com toda a força. O outro mal se move com o impacto. Jay sorri de lado, seus olhos agora brilhando de fúria.
- Que soquinho de moça! (o comentário levanta alguns risos, principalmente dos grifinórios ali presentes) Se não chamar seus amiguinhos aí, vai acabar na enfermaria – ironiza Jay, desdenhoso olhando Drebber com repugnância.
- Não, eu quero resolver isso sozinho! – Kevin grita, empurrando para trás os dois outros sonserinos que já estavam se preparando para entrar na briga. – Só espero que o imbecil do seu pai não me dê uma detenção por acabar com você.
Os dois se medem com olhares cortantes, enquanto se forma um círculo de alunos gritando “Briga!”. Com os punhos fechados, Jay sorriu com o coro de “Vai Jay! Arrebenta o Drebber!”, muito maior do que o de “Acaba com o Malloryzinho!”, vindo exclusivamente de sonserinos.
- Não faça isso, Jay – pede Rose, quase chorando.
- É cara, não vale a pena – diz Albus, puxando o braço do garoto, que se solta com um sorriso maroto. Al assente para o amigo, mesmo pensando “Ele vai levar uma surra daquelas...”.
- Não se preocupem – Jay fala, se virando em seguida para Kevin e olhando-o de baixo para cima, comparando-o mentalmente com um monte de estrume. Pensou em como seu pai reagiria, e acabou concluindo que, apesar de qualquer castigo que ele recebesse, valeria a pena. - Agora é minha vez – ele acerta, aparentemente sem muito esforço, o punho no queixo do oponente, que cai desmaiado com um pequeno filete de sangue correndo da boca entreaberta. – Eu te avisei pra chamar reforços, seu babaca.
E, sob os aplausos dos alunos que observavam a cena (principalmente os da Grifinória), James Mallory Júnior é levado à sala da McGonagall, onde recebe uma enorme bronca e uma longa detenção.
[...]
Impaciente, porém calado, Jay espera sentado na sala do pai a próxima bronca do dia. Ele não sentia um pingo de arrependimento do que fizera, afinal aquele idiota tinha ofendido Rose e seu pai. Sabia que ia receber um grande e merecido castigo, assim como o outro de mais cedo. Mesmo assim tinha a impressão de que a diretora tinha pegado leve com ele, talvez por simpatizar com sua atitude ou com o próprio garoto.
Jack andava de um lado para outro já há algum tempo, procurando as palavras certas para começar a falar. Ele estava muito decepcionado agora, Jay nunca havia causado um problema como aquele antes. O pior é que não tirava de todo a razão do filho, ele também achava Kevin detestável. Mas tinha de ser firme, para evitar que algo pior acontecesse futuramente.
- Mas onde é que você estava com a cabeça? Onde já se viu brigar desse jeito!
- Ele me provocou, ofendeu meus amigos e o senhor. Além do mais, ele me socou primeiro – Jay responde, tendo certeza de que independente do que ele argumentasse o pai continuaria pensando do mesmo jeito.
- Mas ele não é filho de professor! Muito menos meu filho.
- Ele mereceu, papai.
- Ah, então isso resolve tudo! Quando o pai dele vier reclamar que o meu filho quebrou dois dentes do filho dele vou dizer apenas que “ele mereceu” – ele suspira, entristecido. – O que está havendo com você? Você sempre foi tão calmo, tão compreensivo. Eu nunca imaginaria que você me fizesse passar por uma situação constrangedora como essa. Espera só até sua mãe saber disso.
- Por favor, não conta pra mamãe, ela vai ficar chateada comigo! Eu juro que isso não vai acontecer de novo, nunca mais eu brigo com ninguém – o garoto suspira profundamente, envergonhado. - O Kevin está bem? Não queria que ele se machucasse... – “muito”, completa ele mentalmente.
- Sim, Pomfrey já consertou os dentes dele – Jack não consegue conter o riso. – Mas além de soco de moça, o garoto tem queixo de vidro. E, a propósito, você está de castigo e sem mesada até segunda ordem.
- Mas papai...
- E se eu te ver perto desse garoto de novo, você vai se formar antes de receber sua próxima mesada. Agora vá para o seu quarto pensar no que fez.
- Sim senhor.
No dia seguinte, quando os alunos foram tomar café da manhã se depararam, aos risos, com duas caixinhas pretas, uma coroa de flores e uma enorme faixa vermelha sobre a mesa da sonserina, onde se liam em letra douradas “Em memória dos dentes de Kevin Soquinho de Moça Drebber, que descansem em paz”, brincadeira que rendeu a Jay a companhia de seus amigos Jimmy e Fred na sua detenção e o apelido carinhoso de Quebra-queixo.
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