O Plano
Albus acordou atordoado e constatou no relógio de pulso: três da manhã. Tivera um sonho extremamente real com o dormitório cheio de alunos que ele não conhecia discutindo aos gritos por causa de um jogo que a Grifinória perdera. Ele olhou para seu exemplar de Qual vassoura? largado sobre o malão e constatou que estava pensando demais em quadribol. Talvez por causa o sonho, talvez tivesse comido demais ou estivesse muito agitado, mas perdera o sono completamente.
Procurando uma posição mais confortável, virou-se para o lado e percebeu que a cama de Jay estava vazia. Estranho, quando Al se deitara o amigo ainda estava na sala comunal. O que ele estaria fazendo numa hora dessas? Fred roncou espacialmente alto e Jimmy parou de babar um pouco enquanto murmurava: “Juro que não foi culpa minha”.
- Só em sonho pra alguém acreditar nisso, maninho – Al falou, sorrindo e caminhando até a janela.
O garoto contemplou a lua cheia, seu reflexo no lago e as belas sombras que ela projetava no jardim, recortadas pelas árvores da floresta. Aquilo tudo parecia ser bom demais para ser verdade, estava em Hogwarts! De repente sentiu uma saudade enorme dos pais e até mesmo de Lily. O que eles diriam se o vissem agora, um legítimo grifinório?
Foi acordado de seus pensamentos por um movimento estranho nas árvores, que balançavam mais ao longe. Se não estava ventando, então como...
De repente ele ouviu um barulho vindo de fora e, sem saber porque, deitou e se cobriu imediatamente. Segundos depois, a porta se abriu, Jay cruzou o quarto e se deitou na cama ao lado do trator que atendia pelo nome de Fred. Al demorou um bocado para recuperar o sono.
O garoto já deixara a janela faz um tempo, provavelmente se deitara. “Será que ele me viu? É claro que não, isso seria impossível...”, pensou o homem transformado em testrálio, sua forma animaga (que nenhum dos pirralhos que ele passara a espionar poderiam ver). Seu nome era John Hayter e ele tinha o disfarce perfeito para esperar quanto tempo fosse preciso para completar seu trabalho. Demoraria, mas quando chegasse a hora certa seria fácil chamar reforços, só precisava ser cauteloso e esperar a oportunidade chegar.
John nunca pensara voltar a Hogwarts após tantos anos. Tinha boas lembranças de lá, de quando era um jovem bruxo e, como goleiro do time da Sonserina, brilhara no campeonato de quadribol. Mas isso já fazia parte de um passado distante, porque agora ele era um lobisomem e tinha a missão de capturar aquele maldito moleque que, infelizmente, valia muito mais vivo do que morto. Seria muito mais simples matá-lo e levar o corpo, mas isso estava fora de cogitação: ele tinha ordens claras e tinha de cumpri-las.
O cavalo esquelético contemplou mais uma vez a janela de sua futura vítima e voltou a se embrenhar no meio da mata, onde seria quase impossível encontrá-lo em meio às outras criaturas do local.
[...]
Fred e Jimmy estavam furiosos com Filch, porque este apreendera um carregamento especialmente grande de fogos da Gemialidades Weasley que eles pretendiam usar no primeiro jogo da Grifinória e, por isso, decidiram bolar uma vingança a altura. Depois de algum tempo examinando a rotina do zelador e um pouco de pesquisa (era só nessas ocasiões que ele ousavam tocar nos livros), resolveram colocar seu plano mais diabólico em prática, mas só depois de certificarem que não havia como serem ligados ao crime.
Naquela tarde a dupla do mal saiu sorridente do banheiro minutos antes de Filch entrar, como fazia todos os dias no mesmo horário. Ele também não estava em um bom dia, porque passara as últimas duas horas retirando a tinta laranja que Pirraça tinha derramado pelos corredores, provavelmente tentando acertar algum aluno mais distraído.
- Maldito fantasma, se ele já não estivesse morto, eu juro que... – o zelador resmunga, abrindo a porta.
A Murta Que Geme estava passando por perto, se lamentando e cuidando de sua “vida”, quando ouve um grito de dor. Curiosa, decide investigar. Ela entra no banheiro e se depara, às gargalhadas, com a cena mais hilária que já vira.
Já Madame Pomfrey não acha a brincadeira tão engraçada enquanto faz os pontos do enorme corte no traseiro do zelador, o que definitivamente não era nada agradável. Além disso, ela estava achando aquela situação muito estranha: nunca tinha ouvido falar numa privada que mordia alguém.
A “Privada Mordedora” permaneceu no banheiro, já que nenhum dos professores conseguiu se aproximar o bastante para retirá-la do local sem correr o risco de levar uma mordida. Por isso os alunos passaram a evitar aquele lugar, onde Jimmy e Fred picharam, dias depois, em tinta vermelha imitando sangue os seguintes dizeres “Se és valente o suficiente, entre na última porta do canto esquerdo. Se fores sensato o bastante, fuja gritando de medo. Porque se por ela for pego, receberá uma baita mordida no traseiro”.
Já Filch ficou um bom tempo sem poder se sentar direito, virando motivo de chacota até mesmo entre os professores e se tornando ainda mais mal-humorado que de costume. Todos sabiam que tinha o dedo (a mão, o braço e o cabelo ruivo) da dupla maléfica nisso, mas eles foram inocentados por falta de provas e por negarem descaradamente sua mais nova criação.
Comentários (1)
Estou adorando.
2011-07-17