Capítulo 4





Lílian ignorou a raiva no rosto e James. Como ele se atrevia a reagir daquela maneira só por que Sirius lhe dedicou um pouco de atenção? Não tinha o direito de ser possessivo em relação a ela, nenhum direito. Ela resolveu então deixar as coisas claras.

Sorriu para Sirius e disse:

─ Posso servir mais uma xícara de café?

─O brigado, eu adoraria.

Karen não entendeu o ar de reprovação de James, e continuou a falar francamente:

─ Você realmente não precisa se preocupar tanto com ele. Está melhorando rápido.

Vejo diferença a cada dia que passa.

─ Como não posso ficar preocupado? – James refutou em voz baixa.

─ Ele sabe que tem lapsos de memória. – depois se virou para Sirius. – Não sabe Sirius?

Mas Sirius estava interessado demais em Lílian para prestar atenção nas palavras de Karen.

─ Sirius, você sabe que tem lapsos de memória não é?- Karen persistiu em um tom gentil.

─ É claro que sei. Também sei que deixo James maluco por causa disso – ele admitiu.

─ É bem verdade, meu amigo – James concordou.

─ Então esteja avisado. Posso ter mais desses lapsos em breve, como por exemplo, ir até meu antigo apartamento! – E continuou a examinar Lílian. – Já reparou que você e Karen estão com roupas exatamente iguais?

Lílian riu.

─ Se eu reparei? Como poderia deixar de reparar?

─ Então me diga, como isso aconteceu? Estou perplexo!

─ Simplesmente porque as grandes lojas vendem dúzias do mesmo vestido – explicou Lílian. – E porque nós duas somos pobres garotas que temos de comprar as roupas em liquidações – ela acrescentou em tom de brincadeira. – Não é mesmo, Karen?

─ Exato. As butiques exclusivas são muito caras.

Sirius ficou pensativo por um instante.

─ É mesmo? Então não se preocupe. No futuro comparei para você todos os vestidos que quiser.

─ Não vai não! – ela falou, com firmeza.

James fez um grande esforço para se controlar e disse com voz calma a Lílian.

─ Não deixe essa promessa perturbá-la. Ele já terá esquecido em cinco minutos.

─ Me der pelo menos meia hora, primo.

Karen interrompeu.

─ Sua cabeça não está tão boa quanto pensa Sirius.

James perguntou:

─ Parece que conhece Sirius muito bem. Quando o conheceu?

─ Depois do acidente. Era enfermeira no hospital onde ele estava internado.

James ficou surpreso.

─ É mesmo? Não me lembro de você por lá. Teria me lembrado.

─ Estava no turno da noite. Foi antes de conseguir meu emprego atual. Então, um dia, quando estava de folga passeando a beira da praia, vi dois homens caminhando na direção oposta. Um deles era Sirius
.
─ Ele a reconheceu? – James perguntou, com certa duvida.

─ Não, eu o reconheci. Estava passeando com o marido de sua governanta, enquanto ela fazia compras.

─ Eles são muito amáveis com Sirius – James admitiu.

Karen continuou:

─ Depois desse encontro nós nos vimos várias vezes, especialmente quando aprendeu meus horários de folga – Ela fez uma pausa para olhar Sirius, que continuava vidrado em Lílian. Depois, sorrindo para ele, Karen avisou: - Não precisa se preocupar tanto. Como já disse, ele melhora a cada dia.

─ Fico grato a você. Vou tentar me preocupar menos – A resposta foi traída por um certo ar de irritação.

Nesse momento, Lílian se virou para fala com James, mas ela gelou quando reparou no olhar feroz que a encarava.

Estava irritado com ela? Seria porque estava sorrindo para os galanteios de Sirius?

─ Algum problema?

─ Não deixe que ele vá longe demais.

─ O que quer dizer?

─ Não de falsas esperanças a ele. Ainda não está entendendo?

Sirius entrou na conversa.

─ Ele teme que eu penetre no território dele.

─ Território dele? – Se virou pra James com a expressão indignada. – Por favor, diga a ele que não sou território de ninguém!

Mas, em vez de negar, James simplesmente sorriu.

─ Eu e Lílian temos um... Relacionamento.

A indignação de Lílian cresceu.

─ Nós só nos conhecemos na segunda-feira e... – ela tentou explicar, completamente descontrolada.

─ É por isso que até agora nós temos um relacionamento – James explicou, em voz tranqüila, lançando um olhar penetrante a Lílian.

Ela estava tremendamente confusa. Mas é claro! Que boba era. James estava simplesmente protegendo Sirius, para que não cometesse o erro de se envolver com ela.

James resolveu colocar-se como um escudo entre ela e Sirius. Era isso!

Parecia que Karen também estava entendendo a situação.

─ Sirius está muito interessado em você – ela sussurrou ao ouvido de Lílian.

─ Porque sabe que não pode ter você. E, possivelmente, porque eu moro você sabe onde – Lílian falou quase sem fôlego.

─ Bem tenho certeza que seu belo rosto também contou alguns pontos – Karen disse. – Mas, de fato, ele tem certa obsessão com aquele apartamento.

A voz de James soou quase como uma ordem.

─ Vocês garotas querem parar de cochichar? Eu e Sirius queremos participar da conversa.
Karen desculpou-se.

─ Desculpe, mas Lílian e eu precisávamos trocar algumas palavras em particular. – E olhou para o relógio. – Minha nossa, está na hora Sirius de ir para cama. Vou levá-lo para casa.

James a olhou com curiosidade.

─ Seu “amigo” não se importa que saia com Sirius?

Karen sorriu.

─ Oh, não. Ele é muito compreensivo.

─ Ele já a pediu em casamento? – A pergunta de James pareceu um pouco inesperada.

─ Ainda não. Nem eu tenho certeza se quero me casar. Gosto de me sentir livre, se é que entende.

─ Concordo perfeitamente – ele respondeu.

Karen sorriu.

─ Mas parece que essas idéias não se referem à Lílian! – ela se ergueu e disse a Sirius: - Querido, está pronto para irmos?

─ Ainda não. – Os olhos de Sirius ainda admiravam a bela figura de Lílian.

Mas Karen falou com firmeza:

─ Bem, receio que terá de vir assim mesmo.

Karen deu a volta na mesa e pegou-o pelo braço. Poucos minutos depois, os dois deixavam o restaurante.

A partida de Sirius e Karen foi um alivio para Lílian. Contudo, ela concluiu que Sirius não era uma pessoa agressiva, e que poderiam entender-se como dois adultos.

Agora ela gostaria de ouvir uma explicação de James, desculpas talvez. Por que ele agira daquela maneira? De que relacionamento estava falando?

Mas Lílian não vislumbrou a menor sombra de desculpas no rosto de James. Na verdade, parecia que seus pensamentos estavam ainda centrados em Karen. Por alguma razão, Lílian ficou irritada.

─ Então, foi uma verdadeira surpresa a “ruiva” de Sirius – ele comentou.

─ Isso porque você tinha tirado conclusões precipitadas. Pessoalmente, gostei dela. Parece ser uma pessoa sincera.

─ Sim, Sirius é uma pessoa de sorte. Ela está bastante preocupada com a saúde dele.

─ Talvez seja interesse por um ex-paciente – Lílian sugeriu. – Acho que ela tem afeição por Sirius.

James ficou pensativo e disse:

─ Felizmente o “amigo” do andar de cima parece ter prioridade nos sentimentos de Karen. Isso me deixa um pouco mais sossegado.

─ Felizmente, você disse? Pessoalmente acho uma infelicidade. Ela seria a companheira ideal para Sirius. É até enfermeira!

─ Seria ideal se os dois estivessem apaixonados. E duvido que Sirius esteja apaixonado por ela. Se fosse assim, ele não olharia tanto para você! – E seus olhos faiscaram quando pronunciou as últimas palavras.

─ Talvez estivesse tenteando provoca ciúme em Karen.

Mas James foi cético.

─ Não se engane com o comportamento de Sirius. Ele não usa subterfúgios desse tipo. É sempre muito franco em todas as atitudes.

─ E você ficou tão preocupado que anunciou que tínhamos um relacionamento. – As palavras pareceram uma acusação.

─ Ficou surpresa?

─ Chocada, seria o termo mais adequado.

─ Fico agradecido que não tenha tido uma crise na frente de todos. Precisamos discutir esse assunto, Mas não aqui, é claro. Podemos ir?

Saíram do restaurante e foram até o carro. A noite estava bastante agradável, e a lua iluminava com generosidade toda a orla da praia. James abriu a porta para ela e deu a volta no carro.

Quando sentou em frente ao volante, disse:

─ A noite está perfeita demais para ser desperdiçada entre quatro paredes. Vamos conversar na beira do mar.

─ Muito bem – ela murmurou, imaginando onde a discussão seria, já que os dois estavam à beira da praia.

Nesse instante, James deu a partida e entrou com o carro na areia, estacionando bem em frente às pequenas ondas da beira.

Lílian observou o som das ondas que quebravam na praia, e esperou que James iniciasse a conversa.

Mas ele parecia estar profundamente embevecido com a paisagem, e ela resolveu falar depois de alguns minutos.

─ Você queria conversar a beira-mar. Bem, cá estarmos. Esse ruído ao longe são ondas quebrando na praia. Podemos falar?

Ele ficou alguns momentos em silencio, mas finalmente se virou para ela e perguntou de repente?

─ Você quer me ajudar?

As palavras pegaram-na de surpresa.

─ De que maneira? – ela perguntou com cautela, imaginando algum plano suspeito. Afinal, por que ele estava hesitando tanto?

Ele pensou um pouco por um momento depois admitiu:

─ Na verdade, você estará ajudando Sirius mais do que a mim mesmo. Você quer ajudar Sirius?

─ É claro. Mas não sei como posso ajudá-lo.

─ Poder fazê-lo pensar que não está disponível.

─ Disponível? Explique melhor, por favor.

─ Quero dizer, emocionalmente disponível – ele continuou confirmando as suspeitas de Lílian.

─ Quero deixar as coisas bem claras para Sirius. Se ele imagina que eu...

─ Como fez essa noite? Você deu a Sirius vários sinais de que não recusaria um avanço...

─ Não é verdade!

─ Para mim a mensagem foi bastante clara.

─ Você está exagerando.

─ De maneira alguma. Durante toda a noite sorriu para ele sedutoramente. Será que não percebeu que estava dando o sinal verde a ele?

Lílian ignorou os comentários e disse em um tom firme:

─ Se Sirius se atrever, ele vai ouvir...

James a interrompeu.

─ Infelizmente, as palavras tem pouco efeito no comportamento de Sirius. - Ele fez uma pausa. - O que importa para ele é o que vê.

─ Quer dizer, o efeito visual é muito mais forte que o sonoro?

─ Exato.

─ James, me perdoe, mas não sei em que posso ajudar Sirius. Ainda não entendi o que quer de mim.

─ É claro que pode se recusar e eu entenderei perfeitamente, e se quiser tempo para pensar, tudo bem.

─ James, pare de rodeios e vá direto ao assunto!

Ele respirou fundo.

─ Bem, ai vai. Quero que faça com que Sirius veja que termos um relacionamento.

─ Foi por isso que fez aquela declaração no jantar? Devo admitir que fiquei confusa.

─ Falei sem pensar. Mas quando vi a reação de Sirius percebi que poderia fazer algo para que ele entendesse que não está disponível para ele.

─ Está sugerindo que... Esse acordo seja um pouco mais visível? Quer que eu aja de maneira a convencê-lo?

─ Exato. Fico aliviado em saber que captou a idéia. – Naturalmente nós dois sabemos que é para o bem de Sirius. Se ele aparecer, podemos representar.

─ Que tipo de... Representação tem em mente?

─ Oh! Somente um gesto mais afetuoso, se ele estiver nos observando, é claro. Talvez um ou dois beijos...

─ Tem certeza que será só isso?

─ Pode ficar tranqüila. Estará a salvo de mim, já que não tenho intenção de me envolver emocionalmente com ninguém. Gosto da minha liberdade.

─ Tenho que pensar sobre isso.

Ela abriu a porta do carro de repente, e caminhou até o jardim. Sua mente estava agitada, e não sabia o que pensar daquela estranha proposta. Mas uma coisa era certa. James estava apenas tentando ajudar Sirius, e ela se consideraria a pior pessoa do mundo se não fizesse o que ele estava pedindo.

Momentos depois, James estava ao seu lado.

─ Por favor, não se sinta usada. Pense apenas que é sua boa ação do mês.

─ Um mês? Acha que vai levar um mês até Sirius perceber que não estou... Disponível para ele?

─ Quem sabe? Acho que vai depender do tipo de demonstração que conseguiremos fazer para ele, e também se parecemos sinceros em nossa representação.

─ Pobre Sirius. Sinto tanto por ele.

─ Também estou preocupado por ele. É exatamente por isso que quero resolver de uma vez por todas. Vai juntar-se a mim nesse plano?

Ainda incapaz de achar uma resposta, Lílian começou a caminhar lentamente pelo jardim. Sua atitude deixou James impaciente.

─ Não está me levando a sério – ele reclamou. De repente, pegou-a pelos braços e virou-a para encará-lo – E então? – ele perguntou quase agressivo.

─ Não podemos decepcionar Sirius.

─ É para o bem dele. Nós sabemos que o que ocorrer entre nós, não vai significa nada, absolutamente nada. É apenas uma encenação para Sirius.

─ Não precisa salientar tanto esse ponto. Não vou prendê-lo a nenhum tipo de compromisso.

─ Bom. Vou fazer o possível para que sua performance seja um sucesso.

─ Eu também farei o melhor que puder – Lílian murmurou.

─ Mesmo os melhores atores precisam ensaiar antes de rodar o filme...

Ela afastou-se de James.

─ Acha mesmo necessário?

─ Muito. Não queremos que Sirius perceba nada.

─ Então está bem. – Ela ergueu a cabeça e deu um beijo no rosto de James.

─ É o melhor que pode fazer? - ele perguntou, com delicadeza. – Não sabe beijar um homem? Não sabe o que fazer com esses belos lábios?

─ Creio que não sou muito versada nesses assuntos. Quer dizer, não sou o tipo de mulher que se atira aos homens.

─ Nesse caso, terá de aprender algumas coisas – James disse, com voz suave, abraçando-a lentamente.

O dedo de James ergueu o queixo de Lílian lentamente e com um movimento delicado, seus lábios traçaram a linha imaginária da sobrancelha de Lílian até o seu rosto.

─ E então? Foi tão traumatizante?

Ela arregalou os olhos e o encarou em silêncio. James não beijara seus lábios, e ela tinha consciência do profundo desapontamento que sentia. Seria isso uma mostra de seu afeto por Sirius?

E então ele se inclinou outra vez, dessa vez procurando os lábios de Lílian de uma maneira que a deixou sem respiração. O sangue correu rápido nas veias quando ela sentiu os braços de James em sua nuca. Um arrepio fez com que tremesse da cabeça aos pés.

A reação de Lílian foi aprovada por James, que murmurou:

─ Assim é melhor. Agora está começando a relaxar, apesar de eu ainda achar que um pouco mais de paixão tornaria a cena mais convincente.

─ Acho... Que é o suficiente por hoje. Talvez seja melhor ir para casa. Moro bem perto daqui, posso caminhar pelo jardim até lá.

─ Está tentando fugir de mim?

─ Não é isso! É que... – ela ficou em silêncio, incapaz de admitir que estava tomada por uma excitação incontrolável.

─ Tudo bem. Sei o que está sentindo. É simplesmente porque não está acostumada a ser beijada, e essas caricias abalaram você. Mas não se preocupe, não significou nada.

Mas Lílian não estava convencida. Ele era um homem incrivelmente sedutor, que tomava seus pensamentos noite e dia. E ela não pretendia cair nas garras de alguém que preservava sua liberdade acima de tudo.

Um aviso da consciência de Lílian indicou que ela deveria encerrar aquela noite o mais rápido possível.

─ Pretende me acompanhar a pé ou vamos de carro?

─ Vou levá-la de carro.

Momentos depois ele estacionou em gente ao apartamento de Lílian.

─ Obrigada pela noite agradável.

─ Faremos isso mais vezes, quando pudemos fica a sós.

Um minuto depois, Lílian observava da janela da cozinha o carro desaparecer na escuridão. Foi então que percebeu que ele não havia lhe dado nenhum beijo de despedida, e sentiu-se frustrada pelo final de noite.










N/A: primeiramente me desculpe pela demora, mas tive uns problemas com essa fic e tive que resolver. Mas ai está mais um capitulo, espero que gostem.



Ta ai Tonks e Lupin você pediu e eu atende.


BEIJOS E ATÉ.

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