Capítulo 3
Na manhã seguinte, Lílian levantou cedo. Tinha um estranho pressentimento de que algo havia mudado em sua vida.
Começou então a relembrar alguns detalhes da noite anterior. Tinha sido um desastre, e tudo por sua culpa. Agora, á luz do dia podia perceber que havia sido rude ao se levantar da mesa tão brusca. Não fora a toa que ele a trouxera logo em seguida para casa.
Se tivesse uma oportunidade ela se desculparia. Mas decidiu não pensar mais nem em Sirius nem em James. Se ele aparecesse, ela pensaria no que fazer na hora. E, quanto a James, pretendia tirá-lo totalmente de seus pensamentos.
Era hora de se concentrar no trabalho.
Como ela havia admitido, sua confecção ainda não era muito conhecida na cidade, e deveria fazer algo para divulgar mais seu trabalho.
Lílian sorriu, lembrando das palavras de seu pai:
─ Você não é uma mulher de negócios. É exatamente como sua mãe, não sabe muito bem lidar com dinheiro.
Bem. Talvez fosse verdade. Mas naquele dia haveria uma oportunidade, quando Dora trouxesse suas convidadas para ver as roupinhas. Será que ela se esqueceria? Lílian esperava que não, mas era orgulhosa demais para ir até lá. Sim, seu pai tinha razão.
Levantou e tomou um banho. Depois de um café reforçado, passou a organizar uma pequena exposição das roupas na varanda envidraçada. Ficou surpresa com a variedade de modelos. Deu uns passos para trás para ter uma visão do conjunto: as cores eram vibrantes, vários tipos de tecidos e estampas alegres enfeitavam o ambiente.
Mas estava faltando algo, ela pensou.
Lílian foi até o jardim e colheu pequenas flores em tons de amarelo e laranja. Faz dois belos arranjos e os colocou estrategicamente em pontos ensolarados. Lá estava sua pequena loja! Sentou-se para trabalhar em um novo modelo de pijama, mas não conseguiu se concentrar. Os pensamentos insistiam em voltar a James Potter.
De que cor eram seus olhos? Castanhos-esverdiado, ela tinha quase certeza. Ainda bem que estava vestida adequadamente na noite passada...
No meio da tarde o movimento de carros em frente ao prédio chamou a atenção de Lílian. A conversa dos adultos se misturava ás vozes das crianças brincando.
Será que Dora se lembraria? Provavelmente não, com tantos convidados. Lílian começou a se sentir desapontada. Foi quando ouviu passos se aproximando.
Dora nem tocou a campainha. Foi entrando, trazendo consigo onze mulheres acompanhadas de seus filhos. Apesar de Dora tentar apresentar Lílian, as mães foram logo mexendo nas roupinhas, examinando-as uma a uma, fazendo com que as crianças experimentassem.
Tudo aconteceu em poucos minutos. As mães partiram e a varanda ficou vazia. Compraram tudo que Lílian tinha em exposição, além de encomendarem várias roupinhas.
O sol de novembro brilhava quando Lílian saiu a rua, dirigindo seu pequeno automóvel. Sentia-se radiante em seu minivestido amarelo, que destacava o tom avermelhado dos cabelos. Encontrou um lugar para estacionar e foi até o Banco da Nova Zelândia depositar os cheques. Depois, comprou os tecidos necessários para seus estoques.
Já era quase meio-dia. Então ela foi andando até seu restaurante preferido, o Mabel’s. Àquela hora estava lotado. Já ia sair quando avistou Sirius em uma das mesas. Havia uma ruiva a seu lado, uma mulher que conversava animada.
Lílian se retirou apressadamente e foi até outro restaurante, na Galeria Stairways. Sentou-se em uma das mesas, analisou o cardápio e fez o pedido.
De repente, uma voz masculina faltou ao seu ouvido. Ela virou-se e deu de cara com James. O coração imediatamente bateu mais forte.
Ele observou o sanduíche no prato de Lílian e disse:
─ Posso sugerir um pouco de catchup? ─ E, sem esperar a resposta, ele acrescentou o molho na borda do prato. ─ Agora, chá ou café?
─ Chá, por favor ─ ela disse vagamente, ainda surpresa com o encontro.
James pegou o almoço de Lílian e depois encaminhou até a mesa que ocupava. Quando os dois se sentaram, ele disse:
─ Acabei de vir de sua casa. Estava procurando por Sirius, mas não havia ninguém lá.
─Agora sabe onde estou ─ ela sorriu:
─Sim, mas gostaria de sabe por onde anda Sirius.
Será que deveria contar? Lílian ficou em dúvida. A essa hora Sirius estava tendo um
alegre almoço com sua ruiva, então, por que atrapalhar?
James continuou.
─ Molly Weasley, nossa governanta, telefonou-me no escritório. Disse que Sirius chamou um táxi e saiu sem dizer para onde ia. Não voltou para o almoço e ela ficou preocupada.
A curiosidade fez com que Lílian perguntasse:
─Por que minha casa?
─Foi o primeiro lugar que me veio à cabeça. Não tenho a menor idéia de onde essa ruiva mora. Quando eu perguntei a Sirius, ele ficou tenso, e declarou que não era da minha conta.
─Parece que ele está ficando cansado de sua supervisão. James devo me desculpar com você por algo que aconteceu naquela noite.
Ele ergueu a sobrancelha.
─É mesmo?
─ Sinto que terminamos muito rápido nosso encontro. Deve ter me achado rude. Sinto muito.
A expressão de James mudou de repente, como se tentasse lembrar daquela noite.
─ Oh, sim. Você se levantou com um ar dramático. Presumi que estava cansada de minha companhia. Pensei que era uma dica para não aborrecê-la mais. Mas não importa, pois já tinha lhe falado tudo que era necessário sobre o Sirius. ─ ele acrescentou, como se só isso tivesse importância.
Lílian permaneceu em silêncio.
─Gostaria de deixar claro o que pedi a você naquela noite. Se Sirius aparecer em sua casa, ou se você encontrá-lo em algum outro lugar, deve entrar imediatamente em contato comigo. Tem meu cartão, com telefone e endereço.
─E se eu disser que ele está neste instante almoçando no Mabel’s?
Ele franziu a testa.
─ Sozinho?
─ Na verdade, está com uma ruiva. E estão tendo uma conversa bastante animada. ─ela acrescentou.
James gelou.
─ O que está dizendo? Você o viu?
─Fui até o Mabel’s almoçar, mas estava lotado. Mas vi uma ruiva e Sirius em uma das mesas.
─ E só agora está me contando? Por que não falou antes?
─ Por que achei que não poderia fazer nada. Ou você teria ido lá e arrancá-lo do restaurante?
─ Exato. Eu sou responsável por ele.
─Isso é bem possível.
─Uma bela impressão você tem de mim.
Lílian se inclinou sobre a mesa e tocou de leve o braço de J ames.
─Não fique nervoso só porque eles estão almoçando juntos. Que mal há nisso? Sirius parecia tão feliz... Estava sorrindo...
─Acho que tem razão. Na verdade, gostaria de poder confiar mais no comportamento de Sirius. Como era a ruiva? Aposto que era charmosa: bem maquiada, cabelo longos e cacheados.
─Nada disso. Estava vestida de uma maneira bastante discreta. O cabelo estava preso em um coque simples. É claro que só dei uma rápida olhada, mas devo dizer que parecia uma pessoa bastante respeitável.
─ As parecias enganam ─ ele murmurou, em voz baixa.
Lílian falou então em tom reprovado:
─James Potter! Não deve tirar conclusões precipitadas. Não sabe nada sobre esta mulher. Lembre-se: inocente até que se prove o contrário.
─Sei o que Sirius me contou.
─Então me diga: se não confia nas atitudes de Sirius, como pode confiar em suas palavras?
James ficou em silêncio por alguns segundos.
─ Presumo... que ele esteja sendo honesto comigo.
─Você presume. E eu sempre achei que os advogados pensassem em todos os lados do problema.
─Nem sempre. Alem disso, somos humanos. ─ele sorriu e acrescentou: ─ E Deus sabe como gostaria de resolver esse problema de Sirius. Tenho muito trabalho no escritório e não posso ficar correndo o dia inteiro atrás dele.
─Mas está completamente obcecado com essa historia. Por que não procura se divertir? Deve haver uma fila de garotas querendo sair com você. Com certeza deve haver uma especial... ─ela fitou o prato enquanto falava, esperando não parecer curiosa demais.
─Há uma que pode me dar certo apoio, se ela quiser, é claro. ─ o tom parecia casual.
Ma as palavras soaram forte nos ouvidos de Lílian. Então ele tinha alguém. Deveria saber que um homem como aquele estaria ligado a alguém, ou pelo menos teria em vista alguma garota.
Lílian forçou um sorriso e disse um pouco sem jeito:
─Então por que não ligar para ela?
─Porque não há necessidade. Ela está comigo nesse exato momento.
Lílian arregalou os olhos.
─Está se referindo a mim?
James se inclinou para frente e arriscou.
─Vamos jantar juntos outra vez. Hoje à noite?
Ela demorou para responder. Será que entendera bem? James Potter estava convidando-a para jantar outra vez.
─ E então?
Lílian lançou um olhar cheio de dúvidas.
─Não tenho certeza de devemos repetir aquela noite.
─Sim, temos de apagar da memória aquela noite desastrada. Hoje será completamente diferente. Podemos ir ao Muralha da China, você gosta?
─Muito.
─Então está bem. Pego você às sete.
─Está outra vez tirando conclusões precipitadas. Ainda não confirmei que vou jantar com você.
Ele disse sério:
─ Terá algumas horas para pensar no assunto. Chegarei às sete. Se estiver pronta, sairemos para jantar. Se não, sentarei ao seu lado na varanda envidraçada enquanto costura. Essa foi minha primeira visão sua... ─ Agora preciso ir. Tenho um compromisso em meia hora. Vou levá-la até seu carro. Ou será que estou sendo precipitado outra vez? Presumo que tenha um carro.
─ Dessa vez está certo. Preciso mesmo ir para casa iniciar meu trabalho. Tenho tanta coisa para fazer que nem sei por onde começar.
Enquanto caminhava lado a lado até o carro, Lílian sentiu uma estranha sensação de conforto. Ele tocava delicadamente seu braço, acompanhando seus passos com firmeza. Era agradável caminhar pelas ruas movimentadas ao lado de alguém.
Quando chegaram ao carro de Lílian, ela abriu a porta.
─ Então, até as sete.
─Só com uma condição.
Ele ergueu a sobrancelha, surpreso.
─E que condição é essa?
─ Nessa noite não falaremos sobre Sirius. Promete?
─ Promessa feita. Juro que nem tocarei no nome de Sirius.
─Ótimo. Agora corra que já está atrasado.
Quando ele sumiu em meio à multidão ela disse para si mesma.
─James Potter, você é um homem decidido.
Depois foi para casa, tentando relaxar da tensão de mais um encontro com James. Quando chegou, já tinha certeza que aquela noite seria um sucesso. Não que esperasse algo romântico, isso seria impossível! Mas seria no mínimo um jantar agradável, muito diferente do primeiro.
Sabia que a primeira impressão era muito decisiva. E que a primeira impressão de James sobre ela não tinha sido das melhores.
Lílian tentou controlar seus pensamentos e se concentrar no trabalho. No final da tarde, cuidou do cabelo e abriu o armário para decidir o que usaria no jantar.
Percebeu então que não tinha muita opção. É claro que não poderia repetir o vestido da primeira noite. Então só poderia ser o conjunto verde. Não parecia tão sofisticado como o primeiro, mas era elegante e caia bem em seu corpo. Parecia adequando a atmosfera de um restaurante chinês.
Quando James chegou, lançou um olhar de aprovação sobre ela. Mas Lílian percebeu imediatamente que algo estava errado. Sirius, ela pensou, mas não fez nenhum comentário. Então, ele reparou que a varanda estava vazia.
─Onde estão todas as roupas de crianças?
─ Foram vendidas ─ ela respondeu, com certo orgulho. Ela então contou sobre o aniversário do Ted e como Dora fora gentil em levar seus convidados até lá.
James se mostrou contente com seu sucesso.
─Já pensou se não seria melhor ter uma loja de verdade? Pode ter algumas desvantagens, mas com certeza não precisara ficar indo atrás dos fregueses. É só fazer uma bela vitrine e...
Ela sabia que o comentário tinha boa intenção, mas estava preocupada com a expressão abatida de James.
─Há algum problema? Parece abatido...
─Não gostaria de falar sobre isso. Prometi a você...
─Sei que concordamos em não fala sobre isso, mas gostaria de saber se há algum problema com Sirius.
─Acertou. Ele ainda não voltou para casa. Ninguém sabe por onde anda.
─Ora, pare de se preocupar com ele! Você prometeu, lembra-se?
─Como posso parar de me preocupar? Você não conhece Sirius. Ele é um conquistado. Quando quer levar uma mulher para cama, ninguém segura. Agora mesmo ele e sua ruiva devem estar entre os lençóis, apesar do tal amante casado.
─Mais conclusões precipitadas? ─ Lílian perguntou em tom suave.
─Sim, você tem razão. Vamos esquecer tudo isso e nos divertir. Podemos ir?
Ele a acompanhou até o carro. Conversaram pouco durante o curto trajeto até o restaurante.
O estacionamento do restaurante estava quase lotado, e James segurou o braço de Lílian delicadamente enquanto caminhavam até a mesa reservada para os dois. No meio do caminho, ele falou ao ouvido de Lílian:
─ Dê só uma olhada!
Ela já tinha avistado Sirius e sua companheira. Sirius, patentemente, já os tinha visto também, porque se levantou e caminhou a passos largos, com um belo sorriso no rosto.
─ James! ─ ele exclamou com satisfação. ─ Que bom encontrá-lo aqui! ─ Então ficou esperando ser apresentado a Lílian, ainda sorrindo.
Ela falou logo em seguida:
─ Nós já nos conhecemos. Meu nome é Lílian Evans. Moro em seu antigo apartamento.
─ É mesmo? ─ Sirius lançou-lhe um olhar atônito. Depois virou-se para James: ─ Venham sentar-se conosco. Quero que conheçam Karen.
─ Isso está ficando interessante ─ James murmurou, enquanto seguia Sirius até a mesa de canto.
Lílian mal ouviu as palavras de James. Enquanto se aproximavam, ela percebeu que seus temores tornavam-se realidade. A mulher sentada à mesa de Sirius usava um conjunto exatamente idêntico ao seu! E no mesmo tom de verde!
Apesar do choque, ela decidiu que isto não arruinaria sua noite. Então sorriu e disse:
─ Muito prazer. Meu nome é Lílian Evans. Minha nossa, parecemos até gemias!
Karen também riu.
─Acreditaria que tenho um preto também? O preço era tão bom que comprei dois. ─ Apesar do sorriso a voz parecia fria.
Sirius entrou na conversa:
─Karen, esse é meu primo, James Potter esta é a srta. Karen Nelson.
─Sirius me falou sobre você. Sei que está morando em sua casa, enquanto não pode voltar ao antigo apartamento dele.
Lílian percebeu que por alguns instantes James perdeu a fala. Depois, respirou fundo e perguntou com voz calma:
─Foi isso que ele disse?
─Sim. No momento o apartamento está ocupado por uma mulher, mas ele pretende fazer um esforço para tira ela de lá. Então poderá voltar a sentir-se em casa outra vez. Espero que consiga.
James falou então com a voz firme.
─É melhor você entender que não há muita chance de isso acontecer, Karen. Lílian é a mulher que está morando lá nesse momento. E os pais dela são donos do resto do imóvel.
Karen lançou um olhar de questionamento para Sirius.
─É verdade, querido? Você não me contou sobre isso. ─ E encarou friamente Lílian.
Mas a atenção de Sirius estava em Lílian.
─Como você é bonita... ─ disse, em voz baixa.
Ela se sentiu embaraçada, e fez um esforço para manter o tom natural da conversa.
─Por favor, você está acompanhando, Karen. E eu estou com James.
─Gostaria de se casar comigo? ─ Sirius perguntou.
─Oh, Sirius! Claro que não. Eu mal o conheço.
─ Tudo bem. Ficarei por perto caso mude de idéia.
─ É melhor nem tenta ─ Lílian brincou. Depois se virou para Karen. ─ Não se preocupe. Ele não está falando sério.
─ Se você mora no tal apartamento é provável que ele esteja falando sério. ─ Karen disse friamente, com um brilho estranho nos olhos azuis.
Nesse instante o garçom surgiu com o jantar de Karen e Sirius, o que impediu que a conversa prosseguisse. Mas assim que o garçom se retirou, James disse em voz baixa para Karen:
─ Presumo que Sirius tenha lhe contado sobre o acidente.
─ Sim, é claro. Ele me contou tudo.
─ Então sabe sobre a amnésia? ─ James persistiu.
Karen esboçou um sorriso.
─Acho que sei tudo que uma enfermeira precisa saber. Talvez até um pouco mais.
James não conseguiu esconder a surpresa.
─ Você é enfermeira?
Sirius cortou a conversa, com certa irritação.
─É claro que ela é enfermeira. Por que está falando sobre mim como se eu nem estivesse presente?
James tentou acalmá-lo.
─ Relaxe. Estou apenas tentando descobrir o que Karen sabe sobre suas crises de amnésia. Você conversa com Lílian enquanto eu e Karen trocamos mais algumas idéias.
Lílian não gostou nem um pouco da proposta. Não tinha interesse em tornar o foco da atenção de Sirius, mas sabia que era a oportunidade que James esperava para descobrir mais alguns detalhes sobre a mulher que Sirius se referia como “a ruiva”. Na verdade, o cabelo de Karen era bem avermelhado.
─ Está trabalhando em algum hospital? ─ James perguntou polidamente.
─ Não, sou enfermeira particular ─ Karen respondeu.
─ Ah, pessoas idosas, eu suponho.
─Nem tanto ─ Karen respondeu, com um discreto sorriso.
Lílian observou Karen e percebeu que era mais velha do que parecia a primeira vista. Tinha também uma calma que lhe dava um ar de experiência. De repente, a voz de Sirius cortou seus pensamentos.
Ele se inclinou para frente e falou em tom confidencial a James:
─Karen trabalha em uma daquelas casas de dois andares, perto da praia. Eles moram em cima, e Karen no apartamento de baixo. Não lhe contei?
James o encarou com um sorriso.
─Você não contou onde ficava a casa.
Lílian percebeu a confusão em que James se metera. Afinal, ela e Karen moravam no mesmo tipo de imóvel.
Sirius o acusou:
─ Você provavelmente nem ouviu o que eu estava dizendo, ou talvez tenha esquecido.
James simplesmente ignorou o comentário e voltou sua atenção para Karen.
─ Essa pessoa de quem você cuida, está muito doente?
Karen sorriu
─ É uma senhora. Não está muito doente, mas precisa de cuidados especiais. Alem disso, nunca discuto nada sobre meus pacientes com estranhos. Sinto muito, mas creio que entende...
─ É claro, entendo perfeitamente.
Sirius cortou a conversa, reclamando:
─ Sei que não estou cem por cento, mas estou melhorando.
─É claro que está. Mas até ficar completamente são, não quero que faça nenhuma bobagem.
─ Bobagem? Que tipo de bobagem? ─ Karen perguntou.
─ Como, por exemplo, se casar ─ James respondeu com franqueza.
─ Concordo perfeitamente ─ Karen declarou. ─ Aprendi a conhecer Sirius durante os últimos meses, e gosto muito dele. Mas, acredite, somos apenas bons amigos. ─ E pegou na mão de Sirius. ─ Não é mesmo querido?
Sirius, não tirava os olhos de Lílian, se virou para Karen.
─ O que você disse? Desculpe, não prestei atenção.
─Estava dizendo a James que somos bons amigos ─ Karen explicou com paciência.
─Sim, claro que sim.
─ Você sabe que eu tenho meu amigo no andar de cima, não é mesmo? ─ Karen persistiu.
Sirius lançou um sorriso discreto.
─Sim, você já me falou sobre seu amigo e a irmã, ou esposa, sei lá.
─Irmã ─ ela enfatizou.
Mas Sirius já havia se desinteressado do assunto e continuou a examinar o belo rosto de Lílian. Nem a expressão fria de James fez com que ele desviasse seu interesse de Lílian.
E quanto a Karen? Havia hostilidade por traz daquele rosto controlado?
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!