Capítulo V



CAPÍTULO V



O sofá era muito duro e a noite parecia longa demais. Experimentando uma mescla de angustia e irritação, James remexeu-se de um lado para outro, em busca de uma posição mais confortável. Naquele exato momento, amaldiçoava a decisão que tomara de fingir-se de marido de Lily Evans. Fora tolo em acreditar que podia domar o gênio intempestivo daquela ruiva mignon!

Lily era mal-humorada, teimosa e ainda por cima tinha sido capaz de evadir-se para o quarto de outro homem diante de todos os seus amigos. O que ela estava pretendendo provar afinal!?

De súbito, um alarme soou dentro de James. Seria possível que estivesse mesmo se sentindo enciumado!?, questionou-se, especulando sobre a natureza dúbia de seus sentimentos. Diabos, claro que não!, pensou consigo mesmo. Não gostava da sensação perturbadora que experimentava ao pensar na escapadela de Lily para o chalé de Sirius Black, porem achava que tudo se justificava, afinal, era chefe de segurança da Zonk’s e precisava cuidar para que todos agissem com cautela.

A maneira como portou diante da atitude despudorada de sua falsa esposa era apenas uma reação normal, considerando que a segurança dos novos projetos estava inteiramente sob sua responsabilidade.

Sem sombra de dúvida, não havia a menor possibilidade de estar com ciúme!, voltou a assegurar para si mesmo, antes de colocar o travesseiro em cima da cabeça e esforçar-se por dormir.

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Atrás da porta que dividia os dois aposentos da suíte vinte e cinco, Lily podia ouvir alguns gemidos e os resmungos de James, que dava a impressão de estar rolando de um lado para o outro do pequeno sofá. Mas, se ele pensava que aquela atitude ranzinza iria despertar alguma simpatia, estava muito enganado! Diz o velho ditado que quem procura acha, e, ao inventar a historia de que estavam casados, James fizera exatamente o que proclama a sabedoria popular.

Um breve sorriso brincou nos lábios voluptuosos de Lily. No entanto, logo lhe ocorreu que talvez não devesse ficar tão satisfeita com as dificuldades enfrentadas por James, afinal, ele poderia acabar perdendo a paciência e resolver dividir a enorme cama de casal que havia no centro do quarto.

- Acho que vou até o chalé de Sirius – falou consigo mesma. – É mais seguro lá do que aqui – conjecturou, ciente de que se James viesse se deitar a seu lado, vestindo apenas os shorts do pijama, muita coisa poderia acontecer. – Eu não estou preparada para isto – confessou, recostando-se contra os travesseiros e esperando até que o ocupante da cômodo ao lado ficasse em completo silencio.

Já passava das duas da manhã quando ela saiu da cama e vestiu um moletom azul-marinho. Imaginando que a noite estivesse fria, enrolou uma echarpe nos cabelos avermelhados depois, pé ante pé, deixou o quarto e atravessou a saleta. Antes de abrir a porta que levava ao corredor, olhou de soslaio para James, que dormia com o travesseiro sobre a cabeça.

“Melhor assim! Agora só preciso tomar cuidado para não cruzar com ninguém no corredor. Acho melhor sair pela porta que leva aos fundos da pousada, pois é a única forma de evitar o recepcionista de plantão!”

E foi exatamente o que fez, andando sorrateiramente pelo corredor, desceu até o pequeno hall e foi direto aos fundos de Hogwarts. Para sua felicidade, não havia uma só pessoa transitando pela pousada.

“Mas é claro, os hospedes são todos casais em lua-de-mel, agora devem estar se amando, e não fugindo como eu!”, conjecturou, com leve melancolia.

O vento frio da noite outonal a trouxe de volta à realidade e ela se obrigou a rumar célere para o chalé. Estava no meio do caminho quando notou que não havia uma única luz acesa ali. À principio ficou um pouco apreensiva, todavia considerou que, àquela hora da madrugada, Sirius Black deveria estar no décimo sono.

Com mãos tremulas, bateu diversas vezes na porta antes de chamar o nome do falso marido em voz alta.

- Droga! – resmungou, ao perceber que ninguém responderia. Não restava duvida de que ou Sirius saíra ou estava acompanhado da bela Srta. McKinnon, terminando o que tinha sido interrompido horas antes.

Sem alternativa, Lily respirou fundo e passou a trilhar o caminho de volta ao prédio principal de Hogwarts.

De repente, o latido ameaçador de um cão rompeu a quietude da noite.

- Ah não, era só o que me faltava! – gemeu ela, levando as mãos ao pescoço, a fim de segurar a echarpe, antes de sair correndo em disparada. A esta altura dos acontecimentos, a ultima coisa que precisava era armar um escândalo para que todos na pousada soubessem de sua escapadela!, pensou, imaginando uma cena deplorável: James a socorrendo por ter sido mordida pelo cão-de-guarda, depois beijando-a com ardor para puni-la por ter fugido.

Um súbito aperto no peito e nó na garganta a fez correr ainda mais depressa. Não sabia se aquela sensação vinha do medo de ser descoberta ou do calor que se espalhou por suas veias ao pensar naquela boca carnuda apossando-se da sua. Contudo, acabou decidindo que era melhor não procurar respostas que poderiam assustá-la mais do que a incerteza em si.

Suspirando diante de tal percepção, deu mais algumas passadas e finalmente chegou à segurança do prédio. Conforme lutava para controlar a respiração ofegante, seguiu até a suíte vinte e cinco e destrancou a porta com cuidado. Não queria acordar James.

- Ah não! – gemeu, assim que entrou na saleta e viu que o sofá estava vazio. Onde James Potter teria ido afinal!? Será que a seguira!?

Lily precisou dar apenas alguns passos para descobrir a resposta a sua indagação. Assim que entrou no quarto conjugado à saleta, avistou o corpo seminu de James repousando na cama king-size. Sem o menor pudor, ele havia tomado seu lugar.

Lutando para não explodir, Lily retornou a saleta e esticou-se no sofá de cetim. Era absurdo, quase não conseguia acreditar no que lhe acontecera nas ultimas vinte e quatro horas. De um momento para outro, sua vida tinha virado de cabeça para baixo. O que começara como um simples envolvimento profissional, havia se transformado numa situação insustentável.

Agoniada, tirou os sapatos e pensou nas situações hilariantes que vivenciara desde que Horacio Slughorn tinha ordenado que fosse à conferencia acompanhada de um marido. Em sua mente, reviu as cenas de irritação, brigas e também as muitas vezes em que teve a sensação de fazer parte de uma tragicomédia. Sim, porque era justamente desta forma que se sentia quando James a tratava como a mocinha que precisava ser salva de si mesma.

Ele dava ordens, controlava seus passos, antecipava-se a suas decisões, e ainda por cima duvidava de sua capacidade em cuidar de si mesma.

- James Potter é um arrogante isto sim! – resmungou baixinho, antes de puxar o lençol até o queixo e tentar adormecer.

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- Bom dia!

O tom animado da voz de James a despertou. No mesmo instante, a luz do sol incidiu sobre seus olhos, e Lily pestanejou, tentando driblar o sono e a claridade.

- Dormiu bem!?

- Não! – resmungou, colocando o travesseiro sobre o rosto a fim de proteger-se. – E você sabe muito bem disto, James Potter Deveria estar dormindo aqui no sofá e não em minha cama!

- Sua cama!? – repetiu zombeteiro. – Ora, como acordei pouco depois das duas da manhã e não havia ninguém ocupando aquele leito enorme e convidativo, presumi que poderia utilizá-lo sem o menor inconveniente. – Exibindo um sorriso divertido, ele prosseguiu: - Além de que, o sofá combina mais com o seu tamanho do que com o meu. Pensando bem, diria que estas acomodações foram feitas sob medida para você, madame.

- Cretino! – falou com fúria.

- Não, Darling. Fui apenas pratico. Que mal há nisto!? Sabe, não imaginei que fosse retornar antes do amanhecer. Um passarinho azul me contou que você estaria no chalé do Sr. Black.

Então James a tinha seguido!, Lily gemeu, afastando o travesseiro do rosto e sentando-se no mesmo instante.

- Esteve me espionando!?

- De jeito nenhum! – negou, erguendo as mãos para o alto num gesto de quem mostra que é inocente da acusação. – Acontece apenas que vi quando saiu. Mas, infelizmente, suponho que não tenha encontrado o Sr. Black, certo?

Lily franziu o cenho. Como James poderia saber, se não a tivesse seguido até o chalé!?

- Sossegue, Lily Evans. Estou dizendo isto porque vi Black e Marlene McKinnon se dirigindo ao quarto da moça, pouco antes de você ter se embrenhado nessa fuga maluca.

- Então foi por este motivo que não aten... – interrompeu o que dizia, ao notar que estava se traindo. – Como pode saber que foram ao quarto de Marlene!?

- Faz parte de meu trabalho – James deu de ombros. – Um bom chefe de segurança deve estar a par de todos os acontecimentos a seu redor. Agora, se não quiser nos atrasar ainda mais, é melhor apressar-se porque teremos um dia cheio pela frente.

O alarme do profissionalismo soou dentro de Lily.

- Que horas são? – quis saber, colocando os pernas para fora do sofá.

- Sete e meia. Eu já me barbeei e troquei de roupa, portanto, o banheiro é todo seu, Sra. Potter.

- Agradeceria se colocasse na cabeça que não sou a Sra. Potter. Este casamento é uma farsa, lembra!? – retrucou com azedume, conforme se levantava e começava a seguir para o quarto conjugado.

- Querida, quer você goste ou não, aqui na pousada todos a vêem como a Sra. Potter. Agora relaxe. Afinal, quando descermos para o café da manhã, deveremos dar a impressão de que depois de termos feito amor, a briguinha de ontem à noite foi totalmente esquecida.

A única maneira que Lily encontrou para responder à insolência das palavras de James, foi bater a porta com mais força do que seria considerado normal.

Contudo, tal atitude acabou por diverti-lo.

- Se continuar assim, creio que terei de pagar uma taxa extra para a Sra. McKinnon, por danos à estrutura do aposento – ironizou, olhando de soslaio para a porta de madeira.

Meneando a cabeça de um lado para outro, e ainda sorrindo da atitude infantil de sua parceira, James retirou travesseiros e cobertas do sofá e cuidou de arrumá-los no armário. Por nada no mundo iria deixar pistas para a camareira descobrir que sua lua-de-mel era uma farsa. Aliás, nem a camareira nem ninguém mais em Carmel!

Decidido, sentou-se no sofá e esperou até que Lily saísse do banho, a fim de que pudessem descer para saborear o café da manhã no restaurante de Hogwarts.

Menos de dez minutos depois, Lily se uniu a ele e juntos se dirigiram para o salão de refeições da pousada.

Enquanto James parecia tranqüilo e relaxado, Lily estava nervosa. Em seu intimo, ela rezou para que não encontrassem nenhum dos membros da Zonk’s até que se sentisse segura de si.

Entretanto, aquele não deveria ser seu dia de sorte. Mal entraram no restaurante e ouviram a voz de Molly Weasley:

- Ei, queridos, venham até aqui! – chamou a mulher do gerente de vendas da empresa. Estávamos quase desistindo de esperar por vocês.

- Ah, desculpe-nos, Molly – James falou, conduzindo Lily até a mesa dos Weasley. – Mas sabe como é, o amor, as vezes, nos deixa um pouco preguiçosos.

Lily teve vontade de gritar diante da insinuação dele.

- Sim, embora faça trinta e cinco anos que me casei, lembro bem de como é no principio – a senhora de cabelos grisalhos confessou, com um leve sorriso. – É tudo maravilhoso. E não existem briguinhas e desentendimentos que resistam se duas cabeças dividem o mesmo travesseiro – brincou, obviamente se referindo a atitude de Lily na noite anterior.

- Eu não vivo dizendo que minha esposa é uma sentimental assumida!? – brincou Arthur, que acabava de retornar do bufê de frios, montado no centro do restaurante.

Todos sorriam e, aos poucos, Lily também foi relaxando. Durante o café, pela conversa que ouviu entre James e Arthur Weasley, ela não tardou em perceber que era o velho gerente de vendas que estava presidindo o encontro dos projetistas.

- Bem, Arthur, pensei que enquanto você e os demais estiverem trabalhando, Lily e eu podemos cuidar das senhoras e levá-las para um tour pela região – James manifestou-se, assim que terminou o desjejum.

- Ótima idéia! – Molly exclamou. – As outras esposas e eu tínhamos mesmo feito planos neste sentido. Ed Mason também irá conosco e a jovem Srta. McKinnon se ofereceu para levar-nos na Topic da pousada. Combinamos de fazer compras na cidade. Estava pensando em convidar Lily. A saída está marcada para daqui a dez minutos.

- Lily e eu adoraríamos acompanhá-las! – James entusiasmou-se. – Porém, temos um probleminha: precisamos checar a sala de reunião e as ordens do dia, antes de sairmos. – Fez uma breve pausa, então sugeriu animado: - Que tal se vocês forem na frente, e depois minha esposa e eu as encontramos no shopping Center de Carmel!? Poderíamos almoçar por lá.

- Claro James, então estamos combinados. Almoço ao meio dia, certo?

- Para nós está perfeito, não é Lily, meu amor?

Lily assentiu. Um sorriso divertido brincou em seus lábios rosados. Como James era eficiente!, pensou, sem que Molly percebesse ele não só tinha conseguido manipular a programação do dia das senhoras, como também certificar-se de que nenhuma delas pretendia interferir no trabalho dos conferencistas.

- Agora, se nos dão licença, vamos checar a sala de reunião – James murmurou, puxando a cadeira de Lily e ajudando-a a levantar-se. – Embora estejamos em lua-de-mel, o trabalho nos espera – atalhou em tom caçoísta.

Por mais que odiasse o papel a que teria de se submeter, Lily não teve outra escolha a não ser aceitar o braço que o falso marido lhe oferecia. Assim, de braços dados, Lily e James deixaram o restaurante e rumaram para a sala de conferencias.

Estavam cruzando o hall de entrada da pousada quando avistaram Sirius Black e Marlene McKinnon.

- Olá Lily, como vai minha irmã favorita? – Black brincou, sorrindo charmoso.

- Bem, mas acho que você está melhor ainda – respondeu Lily com leve sorriso, numa óbvia alusão ao envolvimento dele com Marlene McKinnon. Era estranho, mas, de certa forma, sentia-se feliz pelo rapaz estar aproveitando a estada em Hogwarts.

- Ah, confesso que não tenho do que me queixar. Agora por exemplo, Marlene vai me levar para um passeio pelas redondezas – Sirius parecia muito entusiasmado.

- Você também irá para Carmel? – James perguntou com ar taciturno.

- Sim. Não poderia perder a oportunidade! – Black exclamou com olhos brilhantes.

- Neste caso, logo estaremos juntos Sirius. – Lily sabia que, para o bem de todos, era melhor manter seus dois maridos a distancia. Por isto, procurou uma saída diplomática: - Também iremos. Ficamos de encontrar com Molly Weasley e as outras senhoras na hora do almoço. Nos veremos depois, irmãozinho – simulou um breve aceno, em seguida acompanhou James até a sala de reunião, que ficava no final do corredor do primeiro andar.

- Parece que, embora seja uma mulher que tem dois maridos, não se sente satisfeita com nenhum deles! – James escarneceu, trespassando-a com o olhar. – O primeiro, nem bem chegou a pousada, arrumou uma namoradinha; quanto ao segundo, que presumivelmente sou eu, você não o suporta.

- Não pretendo discutir minhas preferências pessoais com quem quer que seja, Sr. Potter – ela respondeu evasiva. – É melhor nos concentrarmos em nosso trabalho, porque é para isto que estamos sendo pagos, lembra!?

- Como poderia esquecer? – revidou James, exibindo o arremedo de um sorriso. Sim, como poderia esquecer que seu relacionamento com Lily Evans só duraria até que estivessem supervisionando a conferencia da Zonk’s!? Quando a via tão próxima de si como agora, tinha vontade de beijá-la e abraçá-la com ardor, sendo que o único sentimento que o impedia de ceder aos arroubos de desejos era o senso profissional.

Fazendo um esforço hercúleo para banir aqueles pensamentos torpes, James tratou de verificar se havia alguma falha de segurança do local.

Foi apenas uma hora e meia mais tarde que entraram no carro esportivo dele e seguiram pela estrada que levava a Carmel.

Pelo canto dos olhos, James observou os caracóis avermelhados de Lily sendo beijados pelo vento da manhã outonal.

Vestida com informalidade do jeans e uma camisa branca de algodão, Lily parecia quase uma menina. A única coisa que lhe denunciava a idade eram as curvas generosas do corpo esbelto.

“Uma menina dificilmente teria condições de demonstrar tanta sensualidade!”, conjecturou ele, observando-a como se quisesse devorá-la com o olhar.

No entanto, Lily não tinha consciência do efeito devastador que exercia sobre as emoções de James. Seus olhos verde-esmeraldas estavam fixos nas belezas naturais que circundavam a estrada litorânea.

Por entre fileiras de arvores nativas, aqui e acolá podia-se entrever o azul profundo do oceano, além da magia de praias desertas, ainda livres da invasão de turistas. Para fazer jus a tanta prodigiosidade, o sol brilhava generoso no céu muito claro.

Observando o cenário idílico, de repente Lily percebeu que não fazia sentido ficar zangada com James. Era melhor relaxar e aproveitar os bons momentos do passeio.

E foi exatamente o que ela fez. Apoiando-se contra o encosto macio, fechou os olhos por um instante e inalou o ar puro daquele pedaço da Califórnia.

- Se não se importar, pretendo fazer uma parada. Tem algo interessante que gostaria de lhe mostrar – a voz máscula de James a fez sair do transe contemplativo.

- Claro que não me importo! – garantiu, exibindo um breve sorriso. – Estou sempre disposta a conhecer coisas interessantes! Tenho uma natureza muito curiosa!

- Que bom, neste caso, é quase certo que vai gostar do que temos aqui – ele argumentou, diminuindo a velocidade do carro, em seguida conduzindo-os para uma saída, cuja placa de entrada indicava tratar-se de um Parque de Reservas Naturais.

- Não sabia que existia este tipo de reserva aqui – Lily murmurou, apreciando a estradinha que os levava até o alto de um imenso rochedo, onde vários automóveis estavam parados.

- Este é o Parque Lobos, um dos muitos, nesta região, que lutam pela preservação da flora e fauna local – James revelou, estacionando o Audi conversível junto aos demais veículos.

Animada com a possibilidade de caminhar pela reserva, Lily saiu do carro e foi direto até a parte mais alta do rochedo.

- É deslumbrante! – elogiou, fitando as ondas gigantescas explodirem contra a rigidez do rochedo, depois a espuma branca espirrar para todos os lados como se fosse uma chuva de diamantes.

- Achei mesmo que iria gostar – James aquiesceu. Segurando-a pelo cotovelo, puxou-a na direção oposta a que estavam. – Olhe!

Lily fez o que ele sugeria e ficou pasma ao avistar duas pequenas lontras que repousavam sobre uma das rochas maiores.

- Céus! São lindas!

- Sim, e ouça o som que elas emitem. Dá a impressão de que estão rindo de alguma coisa, não concorda?

Fascinada, Lily limitou-se a movimentar a cabeça em sinal de assentimento.

- Se quiser, podemos descer por este caminho e dar uma volta na praia – James sugeriu, mostrando-lhe que havia uma pequena trilha que conduzia até o nível do mar.

- Oh, eu adoraria! – exclamou, esquecendo de vez o papel de profissional competente, e deixando-o entrever sua verdadeira personalidade. – Não venho a uma reserva natural desde que era criança!

- Então vamos lá, minha cara. Afinal, mesmo que percamos uns quarenta minutos aqui, chegaremos na hora marcada em Carmel. – Tomando-lhe a Mao, James rumou para a trilha escarpada. – Se quer mesmo lembrar os velhos tempos, por que não tira o tênis e dobra a barra da calça? Poderíamos pegar algumas conchinhas.

Surpreendendo-o, Lily aprovou a idéia e, no mesmo instante, tirou o tênis branco que usava.

- Que tal? – ela perguntou, colocando as mãos na cintura, simulando uma pose coquete.

- Perfeita. Creio que vou até acompanhá-la nesta brincadeira. – Ágil como sempre, James tirou o mocassim ocre e enrolou a calça de sarja verde-oliva até a altura dos joelhos.

Como que num passe de mágica, haviam driblado o clima inamistoso que os cercava. Por fim, quando atingiram a praia de areias fofas e quentes, quase todas as reservas haviam caído por terra.

Aproveitando ao máximo a sensação de liberdade, Lily correu até o local em que as ondas beijavam a areia e começou a selecionar as pequenas conchinhas que levaria consigo para a pousada.

Durante alguns instantes, James limitou-se a observá-la como se fosse a primeira vez que a visse. Nunca imaginara que Lily podia ser tão suave e feminina. Agachando-se ao longo da orla e levando as conchas ao ouvido, ela parecia uma garotinha encantada com o mundo!, analisou.

“Ora, James Potter, você não toma jeito mesmo. Sempre procurando confusão!” disse a si mesmo, ao dar-se conta da natureza de seus sentimentos. Então, respirando fundo, uniu-se a ela na busca pelos minúsculos presentes do mar.

Foi exatamente aí que o inesperado aconteceu.

Imersos em suas emoções, os dois abaixaram-se ao mesmo tempo, a fim de pegar uma conchinha de coloração lilás. Com o movimento impulsivo, suas cabeças se chocaram e, perdendo o equilíbrio, caíram sentados na areia.

- Desculpe – James murmurou, tocando o vergão que se formou na testa delicada de Lily. – Não tive a intenção de machucá-la. Está doendo? – Na verdade, queria perguntar se poderia beijar a pele ferida amenizar o efeito da pancada, contudo, achou melhor não abusar da sorte. Tudo tinha ido muito bem até ali, deveria evitar complicações.

- Um pouquinho, mas logo passa. Foi só o choque. – Num movimento repentino, Lily levantou-se e começou a limpar a areia que grudara em sua roupa. – É uma pena que já tenhamos de ir. Por mim passaria o resto do dia aqui...

- Quem sabe antes de voltarmos a Los Angeles possamos fazer isto – sugeriu James, também se levantando e ficando bem próximo dela. – Hoje estamos a serviço da Zonk’s e precisamos ser profissionais.

- Sim, tem razão.

Em silencio, como se fossem velhos amantes que não precisam de palavras para se fazerem entender, James e Lily voltaram para o local onde estacionaram o carro e, poucos minutos depois, retomaram a estrada que conduzia a cidade mais próxima.

- Conhece bem Carmel? – ele interrogou a certa altura.

- Não. Mas ouvi falar maravilhas sobre a cidade – confessou, deixando que um sorriso cativante pairasse em seus lábios rosados.

- É uma cidade muito agradável. Estive aqui alguns anos atrás. Naquele dia em que vim fazer a vistoria na pousada, retornei a Carmel e descobri uma galeria de arte maravilhosa. Podemos ir até lá, após o almoço, com as senhoras.

- Se todas estiverem de acordo, para mim estará bem – Lily respondeu, consciente de que depois do breve momento de descontração que passara na companhia de James, o relacionamento de ambos começava a tomar novos rumos. Mas quais seriam? Verdade que se sentiam atraídos um pelo outro, entretanto, tal detalhe seria suficiente para amenizar as divergências?

Talvez... só o tempo poderia dar a resposta a suas dúvidas.

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O almoço estava se mostrando uma deliciosa mistura de pratos californianos incrementados com molhos básicos da cozinha mexicana. Além de arroz branco e carne moída servida com pimentão e cenoura, havia também um delicioso pãozinho de milho que as senhoras consideraram irresistível.

- Preciso tomar cuidado se não voltarei para casa, pelo menos, dez quilos mais gorda – brincou Molly, a mais espirituosa dentre as três esposas. – Este já é o terceiro pãozinho que como e, na minha idade, não é fácil perder peso – acrescentou, piscando para Lily.

- Ora, Sra. Weasley, ficarei feliz se ao chegar em sua idade estiver nesta forma toda – Lily confessou bem-humorada.

- Minha querida, você com certeza não precisa se preocupar com estes detalhes, tem o corpo mais perfeito que já vi! – a mulher afirmou em tom de elogio.

- Ah, Molly, concordo inteiramente com você! – Ed Mason manifestou-se com ar zombeteiro.

James, que até então se limitara a sorrir, lançou um olhar irritado para o Antonio Bandeiras falsificado. Desde que haviam se encontrado com os outros no shopping, sentia que o passeio perdera um pouco de sua graça. Era estranho, mas seus sentidos estavam em estado de alerta máxima, esperando que Sirius Black ou Ed se engraçassem com Lily.

- Ei, Mason, Cinthia não iria gostar de ouvi-lo falando assim! – Havia um tom ameaçador no fundo da voz de James, quando ele driblou os pensamentos e se manifestou.

- Pois é, meu caro, mas o que posso fazer se minha talentosa esposa está trabalhando neste momento e me deixa livre para apreciar as coisas boas da vida? – retrucou Ed com um cinismo irritante, antes de voltar-se para a jovem Mary Lowe, que estava sentada na ponta da mesa.

- Este cara é mesmo um cretino! – Sirius murmurou, de forma que só James e Lily pudessem ouvi-lo.

Por uma fração de segundos, James ficou em duvida se deveria desconfiar da solidariedade do rapaz com ares de galã. Contudo, logo seu bom senso obrigou-o a reconhecer que Black parecia muito envolvida com Marlene McKinnon para dar importância a outra mulher. Sim, fossem quais fossem os motivos que fizeram passar-se por marido de Lily, o certo era que nada tinham a ver com amor.

Mas o que isto lhe interessava, afinal!? Questionou-se, aturdido com o rumo de seu relacionamento com Lily. Depois de terminada a conferencia, o que aquela feiticeirazinha irlandesa fazia de sua vida não lhe diria respeito!

No entanto, por mais que quisesse, James Potter não foi capaz de controlar os anseios de sua lama. Durante o resto da tarde, tentou, em vão, compreender o que estava acontecendo com suas emoções.

Em todos os momentos, desde quando acompanhou as senhoras à galeria de arte até o passeio no parque de diversões da cidade, se flagrava avaliando Lily, o jeito sensual com que ela se movimentava, a sutileza felina no balançar de seus quadris e, o mais grave de tudo, a maneira como seu próprio corpo reagia diante de tal provocação.

Sim, por mais que quisesse renegar seus sentimentos, ansiava por segurá-la junto de si e saciar a sede naquela boca voluptuosa, sonhava em beijar os seios firmes e redondos e, para completar a terrível insanidade, devaneava em explodir na prazer que tinha certeza que somente Lily Evans poderia lhe dar.

Não era à toa que ela havia trabalhado como dançarina do ventre! Nenhuma outra mulher seria capaz de representar o binômio prazer-sedução com tanta propriedade!



N/A:Hum as coisas estão evoluindo entre o James e a Lily, néh... Agora só depende da Lily...

Vanessa e Amy obrigada pelos coments...e Acho meio dificil mesmo vcs encontrarem esse livro na net...Sabe esse é daqueles livros de romance q se compra em banca de jornal, entende... Minha mãe q tem muitos desses, aii um dia q a net num tava funcionando eu peguei esse pra ler e enquanto lia eu ia imaginando o James e a Lily como personagens da história... foi assim q resolvi adaptá-lo...

Bom é isso Bjusss té o proximo...

Guia de Fic’s no Orkut

Dá uma passada lá pra conferir

O Link é esse
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=63593709

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