Capítulo III




CAPÍTULO III



Experimentando um misto de nervosismo e apreensão, Lily olhou a sua volta e tentou se concentrar nos detalhes da decoração moderna da Agência Harrington, que era representante do grupo 0800-Marido na costa oeste dos Estados Unidos. Todavia, não tardou em perceber que estava muito ansiosa para se distrair com trivialidades. Tudo o que lhe importava naquele momento era o motivo que trouxera até São Francisco: precisava encontrar um marido adequado antes da semana que se iniciava, ou então seria obrigada a se submeter aos planos de James Potter. “Não vou me passar por esposa daquele prepotente nem que...”

- Srta. Evans? – uma voz feminina, com leve sotaque britânico, a tirou de seus devaneios. – Por favor queira me acompanhar.

- Sim, claro – Lily murmurou, levantando-se de imediato e acompanhando a mulher de meia-idade até o escritório principal da agência.

- Sente-se, por favor, senhorita – convidou-a Rachel Harrington, proprietária da agencia, indicando-lhe uma cadeira que havia defronte a escrivaninha com design moderno.

- Obrigada por ter me recebido hoje, Sra. Harrington – sussurrou Lily, um tanto incomodada pela situação que se apresentava. Nunca antes tinha vivenciado um momento tão constrangedor! Definitivamente, contratar um marido era algo que lhe parecia, no mínimo, irreal!

- Ora, não precisa agradecer, Srta. Evans. Depois que me telefonou percebi que tinha urgência em contratar nossos serviços e, portanto, quis resolver seu problema o mais rápido possível. Quando disse mesmo que a conferencia de sua empresa deve acontecer?

Embaraçada, Lily mordeu o lábio inferior, antes de responder:

- Na semana que vem, Sra. Harrington. Mas espero que tenha compreendido que este assunto é confidencial e que não pode transpirar de forma alguma!

- Sem duvida, minha cara. Aliás, nossa agencia é conhecida por sua total descrição. Este é um dos segredos de nosso sucesso – garantiu a mulher com um sorriso. – Agora, vou lhe mostrar umas fotos junto com os currículos dos candidatos. Depois desta escolha previa, poderemos marcar uma entrevista para a senhorita avaliar qual deles se adéqua melhor as suas necessidades.

- Oh, não! – Lily exclamou desalentada. Se a diretoria da Zonk’s desconfiasse do que estava prestes a fazer, estaria em maus lençóis. – Não terei tempo de voltar a São Francisco, antes do encontro em Carmel. Além de quê, não posso correr o risco de alguém descobrir que estive aqui. – “Principalmente aquele insolente do James Potter!”, completou em pensamento. – Por isto, vou deixar a entrevista a seu encargo, senhora.

Rachel Harrington franziu o cenho.

- Tem certeza de que não deseja entrevistar o cavalheiro que irá passar uma semana como seu marido!?

- Sim, tenho! – Lily afirmou, simulando um sorriso.

- Isto é muito irregular. Nunca me aconteceu antes – comentou Rachel, olhando para o pêndulo do relógio que havia na parede a sua frente, como se estivesse pesando todas as conseqüências do pedido da nova cliente. – Vou fazer o que deseja, Srta. Evans – disse por fim. – Porém, terei de lhe pedir que assine um termo absolvendo a agência de qualquer responsabilidade quanto aos problemas que possam advir desta escolha.

Lily concordou de pronto, afinal, tinha consciência de que não lhe restava outra saída.

Notando-lhe a reação, Rachel Harrington respirou fundo e declarou:

- Neste caso, Srta. Evans, sugiro que dê uma boa olhada nos três rapazes que estarão disponíveis na semana que vem. – Com um gesto habilidoso, pegou alguns portfólios e abriu-os diante de Lily. – Da esquerda para a direita temos: Edgar Bones, Sirius Black e Amus Diggory.

Lily assentiu e estudou as fotos, antes de ler os currículos de cada um dos candidatos a marido.

Após alguns minutos, concluiu que Bones aparentava ser velho demais para assumir o papel de recém-casado e Amus Diggory, por sua vez, lembrava um antigo namorado que acabara se transformando num grande aborrecimento. Portanto, Sirius Black lhe pareceu à escolha mais sensata.

- Entreviste o Sr. Black, Sra. Harrington – sugeriu, entregando o portfólio à dona da agencia. – Se ele parecer convincente, pode contratá-lo. Agora, permita-me ser bem clara quanto as minhas exigências. Não estou procurando alguém que partilhe de minha cama e...

Os olhos escuros de Rachel Harrington brilharam em sinal de compreensão.

- Pode ficar tranqüila, minha cara, nossos acompanhantes não têm este aspecto sensual que muitos imaginam. Na verdade, na maioria das vezes, contratamos pessoas apenas para atenderem a uma convenção social a que nossos clientes se vêem expostos. Executivos que precisam apresentar esposas para conseguir um cargo melhor, mulheres que necessitam de marido para serem aceitas em certos círculos restritos... Este é o perfil básico dos que solicitam nossos serviços.

- Ótimo, fico mais tranqüila por saber que é assim, Rachel. – Lily respirou fundo e tentou acreditar nas próprias palavras. Será que poderia mesmo ficar tranqüila por estar “fabricando” a existência de um marido!? Ela não tinha certeza, tudo o que sabia era que desejava acabar com o comportamento petulante de James Potter.

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Conforme dirigia pela estrada que levava a Hogwarts, Lily refletiu que Sirius Black, sentado a seu lado, tinha tudo o que uma mulher poderia desejar em um marido: era extremamente bonito, possuía olhos sagazes, não se deixava abalar com facilidade e, além de tudo, era articulado e inteligente. Ainda assim, por mais que quisesse, não o julgava capaz de sobrepujar a sensualidade exacerbada de James Potter!

“Mas como sou tola!”, repreendeu-se, quando tal pensamento cruzou sua mente. Só agora se dava conta de que sugerira à dona da agencia para contratar Black porque o rapaz era o único que reunia condições de, pelo menos, fazer frente à beleza e charme de James. Era jovem, bonito e estava lutando para tornar um ator de sucesso. Aliás, era por este motivo que Sirius fazia “bicos” na agencia da Sra. Harrington. Segundo Rachel, Sirius usava o dinheiro dos cachês de scort para pagar um curso de artes dramáticas na Faculdade da Califórnia.

- Por favor, não esqueça, Sr. Black – Lily murmurou, deixando as reflexões de lado quando o prédio da pousada Hogwarts começou a despontar no horizonte californiano – somos recém-casados e devemos parecer extremamente apaixonados um pelo outro.

- Já sei, Srta. Evans. É a décima vez que repete esta frase – o jovem moreno sorriu divertido. – Pode ficar tranqüila que sou um ator profissional. Tenho experiência e talento para representar. Já atuei até mesmo em uma dessas novelas mexicanas que a TV apresenta na programação vespertina. Comparado à carreira de estúdio, com os refletores sempre apontados para seu rosto, este trabalho é moleza.

“Moleza!?”, Lily desejou ter a mesma convicção que o belo Sr. Black. No entanto, acabou concluindo que Sirius pensava assim porque não conhecia James Potter. “Espere até ver o chefe de segurança da Zonk’s e só então profira um julgamento, meu caro!”, ponderou, dando um risinho irônico, antes de voltar a prestar atenção na estrada a sua frente.

Segundos depois da breve conversa que tiveram, ela manobrou o automóvel branco no pátio de fronte à Pousada Hogwarts, estacionando-o sob a copa de uma poinsétia em florescência.

- Vou entrar e pedir que um carregador venha ajudá-lo com a bagagem, Sirius – disse, entregando as chaves do carro ao pretenso marido, e, em seguida, pegou a bolsa de couro que estava no banco traseiro.

- Tudo bem, Srta. Evans, ou melhor, Lily – corrigiu-se Sirius dando um sorriso charmoso. – Acho que agora teremos de parecer marido e mulher e é melhor que nos tratemos pelo nome de batismo, certo!?

Ela assentiu com movimento de cabeça e saiu do carro. Com passos lentos se dirigiu até o saguão de entrada da pousada.

Seus olhos verdes demoraram um pouco para acostumarem-se com a leve penumbra que reinava ali. Afinal, enquanto do lado de fora o sol ainda era um enorme medalhão de tonalidade alaranjada e fosforescente, na parte interna do prédio o final de tarde já dava os ares de sua graça, sendo que até mesmo algumas luzes haviam sido acesas.

- Olá de novo, Sra. Potter – saudou-a a Sra. McKinnon, antecipando-se ao jovem recepcionista que surgia atrás do balcão e sorrindo para Lily com gentileza. – É um prazer tê-la aqui para sua lua-de-mel.

- Obrigada, Sra. McKinnon – ela agradeceu, sentindo a mão da mulher segurar seu braço numa atitude de cumplicidade.

- Imagino que tenha ficado uma linda noiva. Seu marido charmoso também deve ter arrancado muitos suspiros das damas de honra, hein!? Ah, mas o que estou dizendo!?... Sem sombra de dúvida, formam um lindo casal!

“Formam um lindo casal!? Quantas vezes ainda terei de ouvir isto!”, Lily se perguntou, fazendo uma careta.

- Desculpe, mas acho que está havendo um pequeno engano, não deveria me chamar de Sra. Potter – manifestou-se ela, de súbito, recordando-se do tratamento que a Sra. McKinnon lhe dispensara.

- Claro que não Sra. McKinnon! – soou uma conhecida voz às costas de Lily, conforme James Potter surgia a seu lado e a envolvia pelos ombros. – O que minha esposa quer dizer é que deveria chamá-la pelo primeiro nome. Não gostamos de formalidades exagerada.

Lily começou a abrir a boca a fim de protestar.

Entretanto, notando-lhe a intenção, James não pensou duas vezes antes de curvar-se e apossar-se de seus lábios rosados.

- Mmm... estava morrendo de saudades, meu amor! – ele murmurou num tom de falsa ternura. – Foi uma pena termos de viajar em carros separados por causa do trabalho.

- O que importa é que estão juntos agora, James – atalhou a gerente da pousada, fitando-os com ar complacente. – Terão uma lua-de-mel maravilhosa no que depender do pessoal de Hogwarts. Aqui estão as suas chaves, Lily, querida, já entreguei as de James – dizendo isto, a Sra. McKinnon deu uma leve piscadela. – Como prometi, ficarão na suíte vinte e cinco.

- Foi muita bondade sua, Sra. McKinnon – James agradeceu, sorrindo com charme devastador. – Minha esposa e eu estamos certos de que teremos uma excelente estada com vocês.

Lily estava tão aturdida com o desenrolar da cena, que nem mesmo conseguia falar. Seus lábios ainda queimavam por causa do beijo e seu cérebro se recusava a funcionar direito. A bem da verdade, sentia-se atordoada, era quase como se o breve contato com o arrogante Sr. Potter a tivesse deixado fora da realidade. – Oi, Lily, meu amor, achei que estava demorando muito e resolvi trazer as malas para dentro. Já verificou nossas reservas? – a voz modulada e charmosa de Sirius Black a tirou daquele estado de torpor.

Parados diante do balcão de recepção estavam seus dois maridos: o primeiro, que com sua arrogância típica se intitulara como tal, sem nem sequer consultá-la; e o segundo, que ela contratara através da agencia de Rachel Harrington. E agora, como poderia sair daquela situação embaraçosa!?, questionou-se aflita.

- Quem é o senhor e por que fala com tanta intimidade com a Sra. Potter!? – Ellen McKinnon inquiriu, olhando para Sirius Black como se este fosse um terrível demônio que viera para destruir a paz de seus domínios.

- Ora, sou Sirius, o marido de Lily, quem mais? – o jovem ator respondeu, abrindo um largo sorriso e encarnando o papel pelo qual fora pago.

- O quê, como pode dizer algo assim!? O marido dela é James! – grunhiu a senhora com o rosto rubro de indignação.

“Pronto, lá se vai meu emprego pelos ares!”, pensou Lily, sentindo as pernas tremerem tanto que mal podiam suportar o peso de seu corpo esguio. “Se souber a verdade, James não vai poupar esforços para que esta história chegue aos ouvidos de Horacio Slughorn!”.

Como numa cena de suspense, um pesado silêncio pairou sobre o saguão de entrada de Hogwarts e todos os presentes se voltaram de Lily para Sirius Black.

Contudo, para perplexidade dela, o socorro veio de onde menos esperava.

- Não ligue para Sirius, Sra. McKinnon – James manifestou-se, dando uma sonora gargalhada. – Ele adora fazer piadas nas horas erradas. É o irmão caçula de Lily e veio acompanhá-la porque pedi que não a deixasse pegar a estrada sozinha.

- Mas, mas... Bem, se é assim... – a mulher deu de ombros, contudo, não se mostrava convencida. – Devo dizer que em trinta anos neste ramo nunca vi ninguém trazer o irmão na lua-de-mel!

- Foi uma emergência, Sra. McKinnon. Depois de tantas emoções por causa do casamento fiquei com medo de dirigir na estrada – Lily se viu obrigada a tomar parte daquela mentira.

- Claro, e, como lhe expliquei, devido a um imprevisto na empresa, minha esposa só pode viajar algumas horas depois de mim – a voz de James Potter voltou a se fazer ouvir. – Nós decidimos que eu viria na frente para antecipar os preparativos da reunião da Zonk’s, pois assim teríamos mais tempo para nossa lua-de-mel.

Espantando com o desenrolar da cena, Sirius Black limitou-se a fitá-los calado. Tinha muita experiência em teatro para saber que na hora de um imprevisto, o silencio era a melhor solução.

- Está bem, James – Ellen McKinnon capitulou, dando um longo suspiro. – Mas lamento informar que não temos quartos para hospedar o irmão da Sra. Potter.

- Ah, não me diga que terei de voltar para casa depois de todas estas horas de viagem!? – Sirius gemeu, fazendo-se ouvir pela primeira vez depois do reboliço provocado por suas palavras iniciais.

- Hã... pensando melhor, temos um pequeno chalé nos fundos de Hogwarts, que usamos para hospedar familiares de funcionários, quando estes vêm passar uma temporada na pousada. Será que serviria, senhor... Hã, Evans?

- Black – Sirius a corrigiu, antes de esboçar um largo sorriso. – Lily e eu somos irmão apenas por parte de mãe – informou, mostrando ser tão bom quanto James na arte do improviso.

- Acho que o chalé seria perfeito, Sirius – Lily começou a dizer, após pigarrear levemente. – Por que não aceita a oferta da Sra. McKinnon e assim que eu tiver ah... matado a saudade de James, passo lá para conversarmos!?

- Claro, maninha, você tem toda a razão – Sirius assentiu, adaptando-se de pronto à mudança de script.

Por uma fração de segundos, Lily se perguntou o que o rapaz estaria pensando a seu respeito. Afinal, era estranho, para se dizer o mínimo, que ela o tivesse contratado para bancar o marido apaixonado e, minutos antes de começar a encenação principal, aparecesse com um marido ciumento ao lado.

- Estou começando a achar que já o conheço de algum lugar Sr. Black – a voz da Sra. McKinnon rompeu o silencio que imperava no ambiente e fez Lily abandonar as reflexões.

- Por favor, minha senhora, pode me chamar de Sirius – pediu Black, sorrindo de maneira charmosa. – E quanto ao fato de me conhecer, talvez seja da televisão. Atuei na ultima novela vespertina do canal dez.

- Claro, era o astro de Incerto Amanha! – Ellen McKinnon exclamou deliciada. – Espere só até minha sobrinha saber que está conosco. Marlene é sua fã numero um.

- Verdade!?

- Bem, Sra. McKinnon, agora que já está tudo acertado, peço que nos dê licença porque eu e minha esposa estamos de lua-de-mel – James murmurou, também sorrindo, conforme segurava Lily pelo cotovelo e a conduzia para a escadaria de carvalho que levava ao andar superior.

Sem outra alternativa, Lily forjou um sorriso e o acompanhou até o primeiro andar.

- O que pensa que está fazendo ao me afastar de Sirius!? – inquiriu ela beligerante, assim que se viu a sós com James Potter.

- Digamos que estou tentando impedi-la de cometer um grande engano, Lily Evans – zombou James, fazendo uma pequena careta. – Se Sirius Black é seu marido, eu sou um dos sete anões da Branca de Neve! Além de quê, não havia dito que seu marido se chamava Ken!?

- Co... como você pode ser tão cretino!? – Lily gritou entre os dentes. – O nome dele é Sirius Kennedy Black. Ken é apelido – tentou consertar, mas não soou convincente. Aquele era um dos problemas da mentira, sempre havia o risco de se cair em contradição.

- Quanta originalidade na resposta! Mas, coloque uma coisinha nesta cabeça dura, Darling, estou fazendo meu trabalho e as ordens que recebi de Horacio Slughorn foram para cuidar da segurança da empresa – ele deu de ombros. – Agora, se vamos continuar a discutir, acho melhor entrarmos logo na suíte porque nunca se sabe quem pode estar ouvindo.

Por mais nervosa que estivesse, Lily se viu obrigada a reconhecer que James tinha razão. Contudo, tão logo adentraram no luxuoso aposento, ela verbalizou parte de seus tormentos:

- Que diabos o levaram a me registrar na pousada como sua esposa, Sr. Potter!? O que você quer de mim, afinal!?

Pela primeira vez, desde que conhecera Lily no escritório de Slug, James se deu conta de que não sabia ao certo o que desejava dela. Será que estava irritado porque Lily invadira seu território e se adiantara ao sugerir o local onde aconteceria a conferencia; ou sua reação seria apenas reflexo do efeito eletrizante que a moça mignon, de olhos cor-de-esmeralda, exercia sobre seu corpo e alma!?

Ainda não tinha como esclarecer às próprias duvidas. Assim, levado pelo espírito pratico, James preferiu responder o mais obvio:

- Nada mais do que seu marido enquanto nossos projetistas estiverem reunidos em Hogwarts.

- Pelo amor de Deus, isto é ridículo! Nós nem mesmo conseguimos ficar juntos sem discutir! – Lily sabia que não adiantava rebelar-se contra o que já estava feito, entretanto, não podia ficar calada e permitir que o chefe de segurança da Zonk’s a tratasse como fosse mais um dos brinquedos da empresa. Pelo menos não quando seu corpo reagia de maneira tão intensa diante do forte sex appeal que emanava do corpo musculoso de James!

- Tudo o que faço é para manter os novos projetos em segurança – ele teimou em repetir. – Aliás, acho que você precisará explicar direitinho quem é este Sirius Black que trouxe consigo para Hogwarts. Quem garante que este rapaz é uma pessoa confiável e que não está interessado nos segredos da Zonk’s!?

- Deus do céu! Sirius Black é totalmente inofensivo! – Lily afirmou com os olhos reluzindo como se fossem duas raríssimas esmeraldas. – Quem ouve você falar pensa que temos espiões infiltrados em todos os buraquinhos de Hogwarts, apenas para roubar nossos projetos de brinquedos. Acorde, Sr. Potter, ainda existem pessoas normais, que não vivem apenas para espionar o trabalho alheio!

- Quem me garante!?

- Eu garanto! – enfrentou-o. – Pelo menos no que diz respeito a Sirius. Rachel Harrington me deu sua palavra de que ele é de toda confiança – calou-se, de súbito, percebendo que falara mais do que devia.

- E quem é esta tal de Rachel!? – James quis saber, espreitando-a com olhos sagazes.

Ah, não! Nem que James a esfolasse viva não iria contar a ele sobre a agencia de casamentos que contratara!, decidiu Lily, jogando a bolsa de couro sobre o sofá de cetim.

- Não vou dizer! – desafiou-o. – Você é mais paranóico do que Horacio Slughorn, no que refere à segurança! – acusou-o, colocando as mão na cintura. – Não há nenhuma trama secreta para roubar os projetos da Zonk’s ou seja lá o que estiver pensando. De uma vez por todas, entenda que sou apenas uma mulher tentando executar meu trabalho, droga! – gemeu com desgosto.

- Se diz assim, minha cara Lily... – James murmurou, trespassando-a com a íris dourada. – Só desejo que fique consciente de que estarei de olho em você enquanto estivermos em Carmel.

Lily esboçou uma pequena careta e soltou o ar dos pulmões, num gesto de quem assume que não vale à pena discutir. Então, olhou a seu redor tentando encontrar um pouco de alento na decoração luxuosa que admirara uma semana antes.

No entanto, desta vez a suíte vinte e cinco lhe parecia mais uma prisão do que um aposento feito para o amor. Se estivesse imaginando a maneira como seus hormônios reagiriam diante da presença sensual de James Potter, e como toda a historia acabaria se complicando, jamais teria sugerido que a conferencia da Zonk’s acontecesse em uma pousada especializada em lua-de-mel.

- Vou dar uma palavrinha com a Sra. McKinnon – ouviu James romper o breve silencio que imperava no ambiente. – Preciso verificar se ela aceitou a minha versão de que o tal Sirius é seu irmãozinho caçula. Afinal, temos de zelar por sua reputação, minha querida Sra. Potter.

- Minha reputação!? – Lily repetiu, irritada por vê-lo sorrir zombeteiro.

- Claro. Veja a situação pelo prisma da Sra. McKinnon: eu chego antes e digo que, justo em nossa lua-de-mel, minha esposa não pôde vir no mesmo carro por causa de problemas de trabalho. Uma hora depois, você e o Sr. Black aparecem, sendo que o rapazinho faz questão de alardear que são casados. – Uma careta escarnecedora surgiu nas feições másculas. – Ellen McKinnon pode ser uma mulher dócil e simpática, mas não é tola! Quando tiver oportunidade de pensar melhor sobre o assunto, com certeza vai achar tudo muito inverossímil.

- Quer saber de uma coisa, James Potter! Estou pouco me importando com a opinião dos outros! – mentiu ela. – Foi você quem criou esta situação ridícula, portanto, tire-nos dela. Vou é tomar um banho demorado para ver se me refresco um pouco! Estou toda empoeirada por causa da viagem.

James, que já tinha dado dois passos em direção a porta, parou onde estava e voltou-se para encará-la. Sabia que Lily não estava sendo de todo sincera, a única coisa que o intrigava era os motivos que a levaram a agir assim. Quem seria Sirius Black e por que ela o trouxera consigo!? Sem sombra de duvida, o rapaz não era marido de Lily!

- Ah, e antes que me esqueça, Sr. Potter – Lily prosseguiu ao vê-lo hesitar – tem uma cama enorme no quarto adjunto a esta saleta, mas apenas um de nós poderá dormir lá... Este alguém serei eu!

- Como sempre está se mostrando uma mocinha bem-humorada, Lily Evans – caçoou ele. – Mesmo assim, fico feliz em ver que teve o bom senso de confirmar minhas palavras para a Sra. McKinnon.

- E o que eu podia fazer!? Contar que estava mentindo e que não é meu marido coisíssima nenhuma!? – bradou Lily, fitando-o com hostilidade.

- Tenho certeza de que não tomaria tal atitude porque preza demais pelo seu emprego, Darling. Portanto, de agora em diante, se quiser se manter na Zonk’s, passe a agir como se fosse minha esposa.

- Isto nunca! Posso até aceitar esta farsa, só que jamais me comportarei como fosse sua esposa! – prometeu, antes de girar nos calcanhares e adentrar no quarto conjugado.

James ouviu a porta que ligava os dois aposentos sendo fechada com mais força do que necessário, e soube que teria dificuldade em lidar com o gênio intempestivo de Lily Evans.

- Com este gênio e esta cor de cabelos ela só pode ser mesmo descendente de irlandeses! – falou com seus botões, recordando-se de um dos dados que lera na ficha da bela Srta. Evans. Então, subitamente sentindo que também precisava fazer alguma coisa para refrescar-se, desistiu de procurar o Sra. McKinnon e foi até o pequeno frigobar no canto da saleta da suíte. Sem se fazer de rogado, abriu-o a procura de uma bebida que pudesse saciar-lhe a sede.

No entanto, bem lá no fundo de sua alma, James sabia que para amainar o calor que corroia suas entranhas precisaria encontrar os lábios voluptuosos de Lily...

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Por volta das oito horas, Lily saiu do quarto vestindo pantalonas de seda listrada em branco e salmão; camisa branca e um pequeno colete no tom mais escuro da calça. Para combinar com as sapatilhas que calçara, escolheu uma bolsinha de noite informal e prendeu as madeixas laterais do cabelo avermelhado com duas presilhas de marfim. Como maquiagem, optou por usar apenas uma lave camada de batom cor-de-cenoura valorizando os lábios de contornos generosos.

“Adorável!”, considerou James, apreciando-a com olhos sagazes, assim que a viu adentrar na saleta da suíte.

- Muito bonita – ele permitiu-se dizer. – Mas ainda está faltando uma coisinha para ficar perfeita...

Lily franziu o cenho e moveu-se até o espelho que havia sobre o console com tampo de mármore. Com cuidado, examinou sua imagem refletida ali.

- Definitivamente não sei ao que está se referindo – Concluiu, segundos depois, com ar de leve preocupação.

Em resposta a tal comentário, James levantou-se do sofá e uniu-se a ela diante do espelho. Com um sorriso brincando nos lábios carnudos, levou a Mao ao bolso interno do blazer cáqui que usava e tirou uma pequena caixinha de veludo preto dali.

- Todas as noivas devem usar o anel de casamento ou aliança, especialmente as recém-casadas – declarou indulgente, conforme abria a caixinha e tirava um par de anéis dali.

Lily fitou-o surpresa. Por um instante, não soube como reagir.

- Permita-me, Sra. Potter – James sussurrou, tomando-lhe a Mao esquerda e colocando a aliança de ouro e um belo anel de diamantes em seu dedo anelar.

- Você é muito seguro de si, não? – acusou-o com voz gélida.

Por uma fração de segundos, James temeu que Lily fosse retirar as jóias e devolvê-las com palavras ásperas.

- Talvez... – admitiu, exibindo um de seus sorrisos mais cativantes. – Porém, com este gesto quis apenas ser pratico – confessou, prendendo-lhe a Mao delicada entre as suas a fim de impedi-la de retirar os anéis. – Proponho que façamos uma trégua, Lily. O que lhe parece!?

- Trégua!? – ela repetiu, fitando-o desconfiada.

- Claro! Estamos aqui a trabalho e, como profissionais que somos, devemos executá-lo da melhor maneira possível – tentou soar razoável. – Acredito piamente que se quisermos ser bem-sucedidas na missão de que fomos incumbidos, devemos esquecer nossas diferenças pessoais, pelo menos até que a conferência termine.

- Está bem – Lily capitulou, mais rápido do que James esperava. – Mas isto só até que a conferência termine, Sr. Potter – completou, sentindo-se incomodada pela maneira como seu corpo reagia à proximidade dele.

- Ótimo! Ainda bem que entramos num acordo.

- Ei, não pense que vou...

- Psiu! – James a fez calar, colocando um dedo em riste sobre seus lábios voluptuosos. – Concordamos em dar uma trégua, lembra!? – falou em voz baixa. Então, de súbito, foi acometido por uma vontade louca de provar o gosto daquela boca de contornos generosamente femininos.

Cedendo a seus impulsos mais primitivos, James abaixou-se e beijou-a levemente nos lábios, com uma ternura que nem ele mesmo foi capaz de compreender.

Por um instante, Lily ficou imóvel, lutando com todas as forças para não deixar que as emoções que eclodiam em seu peito viessem à tona. Todavia, logo soube que se esforçava em vão. Como se tivessem vontade própria, seus braços enlaçaram o pescoço viril, ao passo que seus dedos se enroscavam nas madeixas de cabelos pretos de James.

- Acho que isto já foi o suficiente, Sra. Potter – ele murmurou com voz rouca, alguns minutos depois. – Quando nos unirmos aos outros, seus olhos vão estar brilhantes como é normal que aconteça com uma mulher que compartilha de um momento de paixão com o marido.

Lily o fitou com perplexidade. Claro, mas o que esperava afinal, que James a tivesse Beijado por que sentia atraído por ela!?, gemeu em pensamentos. Tudo o que James Potter queria era artifício para produzir mais realismo.

Mordendo o lábio e tentando recuperar-se do efeito eletrizante que o contato intimo exercera sobre suas emoções, Lily afastou-se do corpo másculo e começou a se dirigir a porta.

Por uma fração de segundos, James teve vontade de segurá-la pelo braço e terminar o que começara. Contudo, o bom senso logo o fez ver que seria tolice sucumbir à atração que sentia por Lily. Melhor era deixar as águas rolarem...


N/A: Nossa q coisa horrível o James fez com a Lily agora, hein, maldade...

Bom, a partir de agora é q as coisas vão realmente acontecerem...

Bom qria agradecer à:
Julie Padfoot
juh chan
Bel Black
N. Prongs
Vanessa Sueroz
Nathália Krein
Brenda Black-Cullen


Por terem comentado e por gostarem da fic...Mto ObrigadoOoO

Xau, Bjusssss



Guia de Fic’s no Orkut

Dá uma passada lá pra conferir

O Link é esse
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=63593709

Já tem mais de 200 Fic’s indicadas lá.

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