Capítulo X
CAPÍTULO X
Depois de tomar as providencias que julgou necessárias para proteger os interesses da Zonk’s, James finalmente saiu à procura do grupo que iria para Monterey. Andou a esmo durante alguns minutos, porém não tardou em descobrir que as senhoras já o aguardavam no estacionamento de Hogwarts.
Para seu aborrecimento, confirmou que Ed Mason e Sirius Black também estavam presentes, o que deixava claro que os dois homens os acompanhariam na visita ao aquário.
- Vamos logo, James. Faz mais de meia hora que estamos à sua espera! – Molly Weasley recriminou-o – O Aquário abre as dez e não quero pegar fila para entrar.
- Pode ficar tranqüila, Sra. Weasley – Marlene McKinnon se pôs a dizer num tom diplomático. – Com os ingressos que compraram aqui em Hogwarts, não precisarão esperar em fila alguma. Seu acesso está garantido!
- Ah, que bom! Fila sempre me dá uma fome danada! – Molly hesitou ligeiramente. – Pensando bem, talvez fosse melhor levar algumas maçãs na bolsa, para o caso de demorarmos, além do previsto. Esperem um pouquinho que já volto – mal terminou de falar e já corria em direção ao interior da pousada.
James tentou não se irritar com o acesso de gula da Sra. Weasley. Contudo, não foi bem-sucedido. Além dos problemas quanto à segurança da empresa, ele ainda enfrentava outro de ordem pessoal, e estava sendo difícil manter-se frio e impassível.
Sentindo o sangue fervilhar nas veias, James observou os demais membros do grupo, questionando se um deles poderia ser o espião que mexera na combinação do cofre. Contudo, sorrindo e conversando despreocupadamente, todos aparentavam inocência, até mesmo Sirius Black, que trazia os braços em torno do corpo delgado da jovem Srta. McKinnon.
Lily, por sua vez, não dissera uma única palavra desde que o vira aproximar-se e, ao que tudo indicava, estava de péssimo humor.
“Ou será que devo interpretar a atitude dela como preocupação!?”, inquietou-se, pensando que, como Lily estivera a seu lado durante toda a noite anterior, não fora ela quem mexera na combinação, mas bem que poderia ter dado a chave da sala de reunião a Sirius Black, o que os tornariam cúmplices...
- Prontinho, já podemos ir, queridos – a voz melodiosa de Molly o trouxe de volta a realidade.
Contrafeito, James teve de imitar a atitude do resto do grupo e se acomodar no interior da Topic. Para piorar ainda mais seu estado de espírito, descobriu que Sirius Black iria dividir o ultimo banco utilitário com ele e Lily, porque Molly se oferecera para viajar ao lado de Marlene, que era a motorista oficial de Hogwarts.
Com toda certeza a meia hora de viagem até Monterey não seria das mais agradáveis!, ponderou, fazendo uma pequena careta, antes de passar o braço esquerdo em torno do ombro delgado de Lily
O toque do braço musculoso em sua pele a fez estremecer. No entanto, Lily deu tudo de si para ocultar o que lhe is na alma. Seus olhos fixaram-se na vegetação profusa que ladeava a estrada, e suas mãos brincavam com o cordonê da blusa do agasalho Pink que vestia.
Pelo canto dos olhos, divisou a expressão irritadiça de James e decidiu que ele bem que merecia ser contrariado. Claro, que ela própria não estava satisfeita com o passeio e a presença de todas aquelas pessoas para testemunharem sua infelicidade, mas para James era bem feito! Pelo menos uma vez na vida, era bom ser manipulado em vez de manipular!
De repente, Lily recordou-se do que acontecera nas duas ultimas noites e um calor intenso difundiu-se por seus poros. Lembrava-se de como fora mágico sentir o corpo musculoso pressionar-se contra o seu e assim conduzi-la ao ápice do prazer. Era como se, ao ser amada por James, tivesse sido envolvida por uma aura de paixão que transcendia ao mundo real...
As duas noites que passara nos braços de James poderiam ser descritas como o paraíso com que sonha toda jovem apaixonada. Um momento pleno e envolvente, que jamais seria esquecido!
Mas então, com o incidente do inicio da manhã o castelo de conto de fadas ruíra por terra. Ao acordar e descobrir que James não estava mais ao seu lado, sentira-se usada e abandonada como se fosse um objeto qualquer.
Para piorar ainda mais as coisas, havia aquele jeito autoritário com que ele a tratava, e agora a desconfiança que brilhava em seus olhos, cada vez que James se voltava dela para Sirius. O que estaria acontecendo!?, questionou-se, detestando a sensação de impotência que experimentava diante da situação atípica.
Quando descobrira que James os tinha registrado na pousada como marido e mulher, ficara furiosa, afinal, o relacionamento deles não deveria passar de um mero acordo profissional. Agora, no entanto, depois de duas fantásticas noites de amor, uma parte de Lily se recusava a acreditar que, no instante em que a conferencia chegasse ao fim, o falso casamento também terminaria. Como podia ser isto, seu lado racional querendo se livrar de James Potter e o coração ansiando por trazê-lo cada vez para mais junto de si?
Irrequieta, Lily afastou-se do corpo musculoso e tentou acomodar-se mais próximo de Sirius, que estava entretido com a visão da paisagem verdejante. Sabia que era uma reação tola, infantil, mas ainda assim não pode evitá-la.
- Gostaria de trocar de lugar comigo, Lily? – Sirius ofereceu, sorrindo para ela daquela maneira charmosa como os galãs televisivos eram treinados a fazer.
- Oh não, obrigada. Só estava me sentindo um pouco sufocada. Mas agora estou bem – disfarçou, evitando olhar para James, que com certeza a estava encarando.
- Ora, querida, talvez fosse melhor eu me sentar ao lado de Sirius, e deixá-la mais à vontade nesta parte do banco – James sugeriu.
Na verdade, James tinha ficado furioso ao vê-la insinuar-se para Black como se o rapaz fosse o único que lhe interessava. Será que Lily não tinha senso de ridículo!?, questionou-se corroído pelo ciúme. Sirius estava tendo um caso com Marlene McKinnon e ainda assim Lily o queria!? Que lógica maluca era que regia o cérebro feminino?
“Não consigo entender as mulheres!”, James concluiu, fazendo uma pequena careta ao reconhecer que aquela era a primeira vez, em anos, que sentia ciúmes de uma mulher. Como iria acabar seu relacionamento com Lily!?, perguntou-se. Sim, porque a conferencia terminaria dentro de quatro dias, mas a atração que sentiam um pelo outro não poderia ser esquecida com tanta facilidade! Ou será que Lily via a situação de forma diferente!?
Era impossível saber. Tinham acontecido incidentes demais para que o relacionamento deles se estabilizasse ou desse o mínimo de segurança a quem quer que fosse. Isto sem levar em consideração o fato de que poderiam estar convivendo com um espião industrial infiltrado entre os membros da Zonk’s.
Quando Cinthia sugerira que Lily poderia ser este espião, ficara muito abalado, contudo, agora tinha serias duvidas a este respeito. Só mesmo descobrindo porque Sirius Black viera com ela a Hogwarts para ficar tranqüilo.
- Ok, pessoal, estamos chegando ao aquário! – a voz animada de Marlene o tirou do momento de reflexão. – Vou deixá-los na porta e procurar um lugar no estacionamento, depois nos veremos.
Cinco minutos mais tarde, James deu um suspiro de alivio ao ver que, enquanto as quatro senhoras e Ed Mason desciam da Topic e se dirigiam ao portão de entrada do aquário, Sirius Black se limitou a passar para o banco da frente e acompanhou Marlene ao estacionamento.
“Pelo menos isto!”, pensou, segurando Lily pelo braço e entrando com ela no gigantesco recinto que exibia toda espécie de fauna e flora marinha. Na primeira oportunidade que teve, puxou-a para longe do grupo, fingindo lhe mostrar alguns filhotes de focas, que brincavam na piscina ladrilhada.
- Precisamos conversar, Lily – declarou com firmeza. – Não podemos continuar com esta rusguinha idiota. Somos adultos, lembra? Lily retalhou-o com o olhar.
- Certo, James, se acha que algumas palavras podem consertar tudo de errado que aconteceu entre nós, vamos lá, diga! – exclamou, com ar de quem não acreditava que o dialogo pudesse fazer diferença.
De imediato, James notou que deveria relegar os assuntos pessoais a segundo plano. Melhor era prender a atenção de Lily falando-lhe sobre os problemas de espionagem que enfrentavam. Tal atitude também serviria para avaliar a reação dela.
- Alguém mexeu na combinação do cofre da sala de reunião, onde ficam guardados os projetos e planilhas de trabalho da equipe – revelou sem meios termos.
Os olhos verdes se arregalaram diante da noticia. Primeiro Lily ficou perplexa, mas depois deu a impressão de estar horrorizada.
- Santo Deus! Tem certeza!? Será que percebe as implicações do que acaba de me contar, James?
- Infelizmente sim. Também fiquei surpreso com a descoberta – admitiu. – Para piorar, quando chegarmos à pousada serei obrigado a investigar todo mundo. Alias, tendo em vista as circunstancias, achei melhor começar com você.
- Ah, que maravilha! – Lily gemeu revirando os olhos. – E o que fiz para ser colocada no topo da lista de suspeitos? – ironizou.
- Bem, achei que seria o mais sensato, afinal, também tem a chave da sala de reunião e...
- E?
James hesitou ao notar a magoa espelhada no fundo dos olhos verdes, contudo, sabia que precisava dizer.
- Pensei que existe a possibilidade de que também conheça a combinação secreta do cofre, porque está sempre comigo quando o abro pela manhã.
- Ora, como poderia saber, se fico entretida com o computador, enquanto você cuida de avaliar os papeis!? – revidou furiosa. – A não ser, é claro, que tivesse o habito de falar durante o sono – escarneceu. – Aí, então, eu saberia todos os seus segredos, Sr. Potter.
James foi pego de surpresa.
- Eu falo dormindo?
- Não, seu imbecil! Admito que já ouvi um monte de besteiras de você quando esta acordado, mas nada que me lembre, nem remotamente, a combinação de um cofre! Satisfeito?
A pequena foca que brincava na beira da piscina, protegida por um gradil de ferro, assustou-se com o tom alterado da voz de Lily e começou a emitir um som muito parecido com o choro de um bebê.
- Ora, meu bem, não precisa ter medo – sussurrou Lily, voltando-se para o animal, com uma ternura surpreendente. – Ninguém vai machucá-la. Eu só estava brava com este idiota que tenho ao meu lado. Alias, talvez devesse picá-lo em pedaços e dá-lo a você. Imagino que seria um almoço substancioso, tendo em vista o numero de calorias que ele ingere diariamente – Zombou, franzindo o nariz como uma criança travessa.
Como se entendesse o que estava sendo dito, a pequena foca balançou a cabeça e emitiu um som longo e agudo.
Diante da cena inusitada, James não pode evitar de sorrir. A voz de Lily parecia tão doce ao falar com o animal, que sem sombra de duvida o bichinho acreditaria que ele seria o prato principal do almoço.
- Ok, Lily Evans, você venceu – James rendeu-se por fim. – Pare de bancar a garota teimosa e venha até aqui para me ajudar a pensar numa saída lógica para o problema da Zonk’s, afinal, estamos juntos nisto – declarou, sabendo que era melhor deixar o assunto Sirius Black para um momento mais propicio.
Embora ainda estivesse desconfiada, Lily fez o que ele pediu e sentou-se no primeiro degrau da arquibancada que havia junto à piscina das focas.
- Quem mais, além de você e eu, tem a chave da sala de reunião? – ela quis saber, encarando-o enquanto aguardava pela resposta.
- Ora, apenas a Sra. McKinnon, mas eu a descarto da lista de suspeitos.
- E por quê? Só porque Ellen McKinnon é sua fã numero um!? – escarneceu, levada por um instinto que lhe fugia a compreensão.
- Ah, deixe disto, Lily! Foi você quem escolheu Hogwarts para a conferencia, não eu! Além de que, é altamente improvável que a Sra. McKinnon tenha alguma coisa a ver com espionagem industrial – afirmou, embora no intimo estivesse pensando que, por dinheiro, às vezes as pessoas são capazes de tomar atitudes inimagináveis.
- Está bem, mas raciocine comigo: para tentar violar o cofre, o tal espião precisaria saber exatamente o que estamos fazendo aqui em Hogwarts, e como nenhum de nós dois disse nada a ninguém... – deixou a frase suspensa no ar.
- Vendo por este ângulo, imagino que devemos fazer algumas perguntas diretas aos outros membros da equipe e... hã, a seu querido marido substituto – acrescentou James com sarcasmo. – Por falar nisto, Lily, contou ao Black o verdadeiro motivo de nossa vinda para Carmel?
Lily mordeu o lábio inferior, antes de fingir procurar alguma coisa na mochila de couro que carregava a tiracolo.
- Ah, onde será que foi parar aquele pente que se transforma em canivete? Engraçado, o pessoal da contra-espionagem me garantiu que funcionaria assim que precisasse dele – gemeu num tom mais do que teatral. – E é lógico que vou precisar, porque pretendo cumprir a promessa de almoço que fiz a nossa amiga ali.
- Ok, Ok, Lily – James sorriu e olhou para a foca que brincava na beira da piscina. – Prometo que não faço mais este tipo de insinuação. Não quero virar almoço de ninguém, muito menos de uma foca. Tão logo retornaremos a pousada, reuniremos todo o pessoal para ver que pistas podemos conseguir.
Ela o fitou incrédula.
- Está pensando em fazer um interrogatório direto?
- Sim, por que não?
- Ora, com toda certeza ninguém irá confessar nada, especialmente se você chegar e for direto ao assunto. Só se nosso espião for um louco, o que não parece ser o caso.
- O que sugere que façamos, então, madame sabe-tudo?
- Simples, está na hora de exercitar seus dotes de super-detetive, Sr Potter. Eu prometo que ajudarei.
- Claro, sabia que seria condescendente – um riso debochado brincou nos lábios carnudos de James.
- Não seja tão cínico sobre o assunto, James Potter, afinal, se pensar bem, perceberá que terá muito a perder se o caso da violação do cofre chegar aos ouvidos de Slughorn, antes de descobrimos o culpado. Somos os únicos que temos a chave da sala de reunião, lembra?
James correu os dedos por entre a massa de cabelos e acabou reconhecendo que Lily estava certa.
- Como você mesmo declarou, estamos juntos nesta historia, meu caro. Para obtemos resultados favoráveis, teremos de trabalhar em equipe – Lily frisou cada palavra, como se pretendesse deixar claro o significado delas. Mas que diabos lhe dera para se atrever a tanto, se nem ela própria sabia o que esperar de seu relacionamento com James!?
- Sim, estamos juntos e é isto que importa – James murmurou, surpreendendo-a quando a puxou para junto de si e colou os lábios a boca de contornos femininos.
Durante aquele breve contato, o espião que ameaçava os planos da Zonk’s se tornou uma sombra distante. Tudo o que importava para James e Lily era a química poderosa que os fazia lembrar que, antes de tudo, eram apenas um homem e uma mulher.
O que podia parecer pouco para os cépticos, mas que, na verdade, já era mais que suficiente para se viver um grande amor...
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