Uma Pitada Trouxa
Harry prendeu a respiração, como se o monumento à sua frente tivesse vida e pudesse lhe ouvir. E não foi o único, toda a 11ª ficou em alerta, o único que parecia tão impassível quanto antes era Valden.
Harry imaginara algo pequeno, que fosse discreto, mas bem guardado. Mas se enganara. O forte era enorme, várias torres , e parecia estar dividido em blocos.
-Vamos precisar de um plano muito bom...
Gina concordou. A questão não era o tamanho em si, porque não precisariam necessariamente destruir o forte, mas como encontrariam Voldemort lá dentro?
Harry ouviu um grito e parou a vassoura. Olhou para os outros e eles também estavam angustiados, agora até mesmo Valden. Gina respirava rápido e parecia que ia chorar. Harry ouviu um novo grito e uma voz...
Estava ouvindo sua mãe implorar pela vida dele.
Com um esforço bem grande tentou ignorar os gritos de sua mãe e puxou para longe Gina, tinha que tirá-la dali. Os outros perceberam o mesmo que Harry e saíram de perto. Tiveram que voltar bastante para que pudessem sentar em paz e se recuperar do choque.
-Dementadores -disse Guy- imaginei que pudessem estar guardando o lugar.
Ele desceu da vassoura e abriu uma sacola que trouxera consigo.
-É chocolate, podem pegar.
Harry pegou uma barra para si e entregou outra a Gina. Tinha uma noção do que seria uma das piores lembranças dela: a Câmara Secreta.
-Teremos que subir muito e observar com onióculos. E teremos que nos desilusionar também -disse Guy tirando mais coisas da sacola.
-Bom, somos 14 e existem oito direções principais. Até a todo mundo atingir a posição certa vai levar um tempinho, então nada de perder tempo.
Guy então distribuiu as posições que cada um ficariam. Harry ficaria ao Sudoeste do forte. Ele voou rápido e alto, como ele e Gina queriam. Só não pôde aproveitar mais a sensação, pois agora já tinha em mente o tamanho da missa, literalmente.
De onde ele estava dava para de observar duas torres com clareza, mas a entrada delas era por outro lugar, pois não dava para ver a entrada de onde estava. Ele viu ainda um alçapão grande, como se fosse uma entrada para um andar subterrâneo.
-Preciso lembrar disso...
Era estranho, pelo que ele podia perceber o muro era bicolor, não entedia o porquê. Aumentou o zoom e pôde perceber que a parte clara era feita de mármore, e se não estava errado, havia gravuras em alto relevo sobre Voldemort assassinando pessoas. Achou bizarro.
Ele viu os dementadores depois de algum tempo. Havia aos montes, estavam concentrados na parte do muro que era escura, assim ficavam menos visíveis. Ele não conseguia pensar numa maneira de vencer todos aqueles dementadores para entrar no forte.
-Deixe isso para depois, concentre-se em observar...
Mas não havia tanto assim para observar, o que dava para ser visto, ele já havia visto. Mas então a voz de Norma lhe invadiu a cabeça "peço que observem os mínimos detalhes..." então ele se dedicou a observar mais profundamente o ponto de vista que tinha.
Dormiu até as duas da tarde, chegaram na 5ª Divisão estava amanhecendo. Ele estava exausto, fizera um relatório mental sobre tudo o que havia visto e assim que chegou passou tudo para o papel para que não esquecesse. Então caiu na cama e apagou.
Quando levantou ainda havia pessoas da sua divisão dormindo, e por isso a reunião estava marcada para às cinco. Achou melhor assim, ainda estava sonolento e não agüentaria uma reunião nesse momento.
-Bom dia, Harry -disse uma recém acordada Gina Weasley.
-Boa tarde, Gina -disse ele rindo.
-Ah, que seja. Que confusão nós vamos ter, hein?
-Vai ser difícil entrar naquela porcaria sem sermos indiscretos.
-Norma vai ficar uma fera...
Entraram na cozinha e durante o almoço bem atrasado eles não falaram sobre o forte, conversaram sobre Quadribol e até mesmo lembraram alguns fatos da escola. Gina notou que toda vez e ele ia falar o nome de Rony ou Mione ele hesitava ou ficava meio sério, e ela não conseguiu entender. Gina não queria se meter na vida dele nem dar uma de enxerida, mas não conseguiu evitar, teve que perguntar.
-Por que você não quis escrever para eles, Harry? O que aconteceu? Eu sei que isso nada tem haver com Norma.
Ele suspirou triste.
-Você sabe que eles se casaram?
-Eu não escrevo nem recebo cartas com freqüência por causa da guerra, mas para ser convincente a minha estada na Alemanha às vezes isso acontece. Numa carta mamãe me contou.
-Eu não sabia.
-Como?
-Eu não sabia do casamento, foi depois que eu "morri". Logo depois.
Ela entendeu o ponto de vista dele, e não conseguiu achar nada para falar. Colocou sua mão por cima da mão dele.
-Talvez não seja bem o que você está pensando, Harry.
Ele suspirou profundamente, mas não respondeu nada.
David entrou nessa hora e fingiu na ver a mão dos dois juntas, na verdade não se importou tanto quanto gostaria.
-Boa tarde. Hoje vai ser um dia e tanto não?
-Vai ser exaustivo, isso sim -disse ela.
-Exaustivo, Weasley, é ter que agüentar um bando de preguiçosos na minha idade- disse uma voz seca e penetrante por trás deles.
Norma e Marrie tinham acabado de entrar na cozinha e isso fez com que o assunto morresse e Harry quisesse voltar para o seu quarto e descansar um pouco mais antes da reunião.
Ele quis dormir mais um pouco, mas o corpo já descansado não queria dormir. Estava meio desanimado para conversar com as pessoas da 5ª Divisão, só o que lhe restava para fazer era ler o livro de Sany.
Estava agitado na reunião, lera algo no livro de Sany que lhe dera uma idéia, mas era tão pouco provável que nem queria falar. Era absurdo. Tentava ignorar a idéia, convencer que era impossível, mas não conseguia. Era um plano discreto, do jeito que Norma queria, só não era acessível.
-Leão, sua vez -disse a voz de Norma lhe cortando os pensamentos- O que você viu?
Ele contou detalhadamente o que viu, confirmando o que outras pessoas já haviam dito e acrescentando um pouco mais. Ele pode não ter percebido, mas frisou bastante que tinha partes do muro que eram de mármore e que nessas partes não havia dementadores. Mas então acabou de contar e passou a vez para Amélia Ganor, a mulher gorda que jogara baralho com Laureen Stevens.
Ele tentou prestar atenção na reunião, mas o tempo todo se dispersava e voltava a pensar no que lera, então via que alguém estava falando algo que podia ser importante e voltava a prestar atenção.
Depois que Norma ouviu a todos ficou alguns minutos em silêncio, assimilando as informações e tentando pensar em algo. Por fim começou a falar.
-Através das informações de vocês eu consegui esboçar um plano, mas primeiro eu gostaria de ouvir o seu, Leão.
Harry foi pego de surpresa.
-O quê?
-Sou velha, mas não cega. Você está inquieto desde que entrou nessa sala. O que tem em mente?
A sala toda estava olhando para ele e pelo olhar que Gina lhe dava ele entendia que muita gente tinha notado o mesmo que Norma.
-Bom, o muro tem partes de mármore, certo? Mas o melhor é que nessas partes não há dementadores...
Norma riu.
-Sr. Leão, você não está pensando em destruir um muro enorme e pesado de mármore, está?
-Não. Estou pensando em destruir um enorme, porém frágil muro de gesso.
-Fora de cogitação. Precisaria de muito bruxos para transfigurar uma parte daquela em gesso, e isso chamaria a atenção, qualquer idiota veria vários feitiços sendo lançados.
-Essa é a questão. Não veriam. Não pensei em transfigurar o muro.
Norma ajeitou-se em sua cadeira, parecia estar começando a ficar interessada.
-Então, o que faríamos?
-Se tivesse um meio de fazer chover chuva ácida por algumas horas, umas três ou quatro, em cima daquele forte, o mármore reagiria com a chuva ácida e se transformaria em gesso. Mas é claro que a chuva teria que ser bem ácida, senão a transformação poderia demorar centenas de anos.
-Como sabe disso?
-Os trouxas descobriram isso.
Ela pareceu impressionada por um momento, mas então voltou ao seu normal semblante desdenhoso.
-E posso saber como faríamos chover chuva ácida?
Ele sabia que sua resposta era insinuante, e que ele poderia estar cada vez mais complicado com Norma. Até porque a idéia não seria aceita, mas sabia que tinha que responder o que ela perguntava, então...
-Não há nenhum grupo de pessoas que possa fazer isso?
Era óbvio para ela que Harry estava falando da Divisão 0, e por isso fechou a cara para ele, mas pensou bem no plano. Era discreto e não dava nenhum indício de que alguém sabia do forte ou estava tentando invadi-lo. Ela entendia a inquietação dele, se o plano pudesse ser executado, seria brilhante.
-Talvez, Leão. Talvez. Mas esse é um plano muito arriscado para ser definido como plano principal. Por isso estará como Plano B, pois eu não vou desperdiçar nosso tempo com algo que pode não funcionar -então ela voltou a falar para toda a sala- Eu e Guy resolveremos o resto, caso precise da informação de algum de vocês serão chamados novamente. Podem sair.
Gina saiu olhando abismada para Harry.
- Harry. Isso foi... brilhante.
-Você não sabe o alívio que me deu quando eu vi que ela não me humilhou por pensar em algo assim.
-Claro, o plano pode parecer louco, mas você sabia da existência da Divisão 0 e a possível função deles. Como descobriu isso da reação do mármore?
-Sany, a enfermeira daqui, me emprestou um livro que fala sobre os trouxas, e tem algumas curiosidades, essa era uma delas.
Gina sorriu ainda perplexa.
-Não se esqueça de agradecê-la se o plano for realmente aceito.
Harry riu.
-Não vou esquecer, com certeza.
Mas o tempo foi passando e Norma não falou nada mais sobre o plano de Harry, se seria descartado ou não. Ninguém perguntava nada, é claro, mas havia aquela dúvida no ar. Só quando plano de Norma começou a ser divulgado e as posições de cada um a serem distribuídas ele percebeu que seu plano não teria como ser feito.
-Mas foi uma idéia fabulosa, Potter -disse David para ele certa noite- Aposto tudo como se nós tivéssemos mais tempo Norma faria de tudo para usá-la.
Harry se surpreendeu por David lhe dirigir a palavra sem ironias, brincadeiras ou coisa assim. Mas a verdade é que queria esquecer aquele plano, então não gostou do fato de David ter comentado isso. Era incrível como David conseguia lhe irritar até mesmo quando tentava ser gentil.
-Talvez, Lins. Mas agora nós devemos nos concentrar no plano de Norma e Guy.
Os dois estavam sentados jogando xadrez bruxo, coisa que Harry nunca pensou que pudesse acontecer, mas naquela noite ele não tinha exatamente nada para fazer, e não viu mal algum e jogar um pouco, mesmo que fosse com David. Além do que, a noite estava abafada e sem estrelas, o que não o fazia querer ficar em seu quarto, que não era muito bem ventilado, por ficar no meio do alojamento.
-Mas me diga, Potter. Há quanto tempo você gosta da Gina? Foi agora, de repente, quando a reencontrou ou antes disso você já sentia algo?
Harry fechou a cara e desejou que não tivesse inventado de jogar com David.
-Gosto da Gina só como amiga.
-É, sei, sei... Então já faz tempo que você gosta dela.
Harry moveu sua peça.
-Xeque mate.
David olhou surpreso para o tabuleiro então riu.
-É, Potter, você ganhou.
-Boa noite, eu vou pro meu quarto.
Ele já ia se levantar quando David se acomodou na cadeira e falou maroto.
-Toda essa raiva só por que eu falei dela?
-Isso não tem nada haver com ela.
-Tem haver com o quê?
-Tem haver com eu não gostar de você e não querer que você faça perguntas sobre a minha vida.
-Mas você não gosta de mim por um motivo qualquer ou por que eu a beijei na sua frente? Diga-se de passagem, a beijei várias vezes.
Harry teria dado um soco em David se naquele momento seis pessoas encapuzadas não tivessem surgido do nado do lado deles. Harry apontou sua varinha para eles e David se levantou, fazendo o mesmo.
-Quem são vocês e o que querem?
Uma mulher tirou o capuz, ela era velha, embora tivesse uma aparência bem apresentável. Embora estivesse mais bela que Norma, parecia ser mais velha que esta.
-Eu sou Sarah Cartar e desejo falar com Guy Zian e Norma Wale.
-Lins, vá chamá-los.
David saiu e num segundo voltou com os dois. Harry baixou a varinha, mas não despregou os olhos do grupo.
-Adoce essa sua cara azeda, Leão. Você não sabe para quem está olhando-resmungou Norma impaciente.
Harry sentiu-se mais calma ao ver que aquele era realmente Sarah Cartar, teve medo de que fosse algum espião do outro lado.
Sarah e bando de encapuzados saiu junto à Norma e Guy, e Harry saiu de perto. Não sabiam quem eram ou porque estavam ali, mas conhecendo Norma o pouco que conhecia, era melhor que ele não soubesse de nada.
-Já é tarde... é melhor ir dormir.
Ele entrou no quarto, que estava tão abafado quanto o ar corrente. Abriu a janela o máximo que pôde e resolveu dormir com a porta aberta também, não havia perigo nenhum, só lhe quebrava a privacidade.
Dormiu muito mal, sonhava o tempo todo com David beijando Gina e olhando para ele com um olhar maroto. Sempre que acordava e virava para outro lado, um novo sonho começava, mas que sempre terminava do mesmo jeito, com David beijando Gina. Algumas vezes ele também a pedia em casamento e ela aceitava, o que o fazia acordar com muita raiva.
Quando levantou estava com olheiras, cansado e com sono. Gina, que estava tão bem com ele por esses dias, estranhou quando ele entrou carregado de mau-humor na cozinha.
-Bom dia, Harry.
-Bom dia.
-O que aconteceu?
-Dormi mal.
Ela concordou com a cabeça.
-Eu também, abafou muito, mesmo com a chuva que caiu...
-Choveu essa noite?
-Aham, um pouco. Mas só abafou ainda mais.
Engraçado, embora tivesse acordado várias vezes à noite ele não vira chuva nenhuma. Gina provavelmente dormira pior que ele...
Eles não conversaram durante o café da manhã, ele não conseguia olhar para ela sem lembrar dos inúmeros sonhos em que David a beijava. Quando David entrou para tomar café ele mesmo não tendo terminado, levantou-se e foi ver Sany.
-Hei Sany.
-Bom dia, Harry.
-Dormiu bem?
Ela fez uma cara de desânimo.
-Com certeza não, estava muito abafado. Não estava quente, mas o ar estava seco.
-Eu não vi a chuva, mas Gina... Weasley viu e disse que abafou ainda mais.
-Aham. Eu também vi, ontem o ar estava um pouco melhor. Mas o que eu vi de interessante foi que chegou mais daqueles encapuzados, outros seis.
Ele não deu muita importância ao fato, passou a manhã ajudando Sany, como antigamente. Ela era delicada e gentil, era atenciosa sem ser curiosa. Era estranho como as pessoas dali não conversavam com ela direito, ela era uma pessoa tão legal. Sabia que ela teve um problema de crescimento na adolescência e por isso até hoje tinha a aparência de uma, mas isso não era motivo. Talvez as pessoas ficassem sem jeito ao conversar com ela.
-Fiquei sabendo do sucesso que o meu livro fez, muita gente já veio me pedir emprestado.
-Pois é. Mas ele é muito interessante, fala sobre coisas que os trouxas, em geral, nem dão atenção, como foi o caso do mármore que vira gesso. É um livro muito bom, até mesmo para aqueles que nasceram ou conviveram com trouxas a vida toda.
Ela sorriu sonhadora.
-Meu pai o escreveu.
-Hã?
-Meu pai é o autor do livro. Ele era um aborto, mas não queria ser esquecido pela comunidade bruxa só por isso. Então ele decidiu escrever, publicou vários livros.
Harry se surpreendeu, mas ficou bastante feliz por Sany. Parecia que o fato significara muito para ela.
-É realmente uma pena que a idéia não vá ser usada, poderíamos dar os créditos ao seu pai.
Ela riu e concordou calada, como sempre.
A porta de enfermaria abriu e a cabeça de Ryan apareceu.
-Leão, Norma está convocando todo mundo.
Ele se despediu de Sany e seguiu Ryan.
-Que será que é dessa vez? -indagou Harry.
-Nem me pergunte... Na 11ª Divisão ela era menos surtada, só ficava na dela. Agora é isso, não ta nem aí se todo mundo está se conhecendo e coisa assim...E ainda por cima fica arranjando esse monte de reuniões...
Os dois entraram na sala e aguardaram todo mundo chegar, Norma não estava na sala. Mas entrou pouco depois que Guy fechou a aporta.
-Agradeço, Sr. Zian, por me deixa do lado de fora.
Guy a olhou sem graça, mas ela não deu atenção, estava olhando para Harry.
-Parabéns, Leão. O seu plano será posto em prática.
Ele a olhou surpreso, enquanto metade da sala ficava indecisa em olhar para ele ou para ela.
-A chuva de ontem não foi somente uma chuva, foi a chuva, a que você encomendou. Hoje à noite nós invadiremos aquele lugar.
Depois disso a reunião se tornou pesada, os novos lugares tiveram que ser distribuídos, ações, pessoas e lugares tiveram que ser repassados e depois do almoço teve uma reunião muito mais demorada e cansativa com a 5ª Divisão toda presente. Harry não pôde deixar de reparar que Sany sorria de orelha a orelha.
Assim que a segunda reunião acabou Harry estava orgulhoso de si mesmo, e deixava transparecer.
-É tão difícil assim guardar seus sentimentos, Harry? -perguntou Gina.
-É sim...
-As pessoas notam... se uma delas for capturada pode sem querer revelar coisas sobre você e sua personalidade.
-Então elas revelarão que eu gosto de um elogio quando faço algo certo.
Gina riu.
-Parabéns, Sr. Harry Potter.
Ele riu e olhou superior para David, fato que fez o sorriso de Gina esmorecer.
Estava escuro e ele estava na devida posição dele. Harry entraria pela primeira parede a ser destruída, e usaria um detector negro para ir para a direção onde houvesse maior concentração de magia negra, local onde provavelmente Voldemort estaria.
Gina estava a seu lado, junto a duas pessoas da 5ª Divisão que ele conversara algumas vezes, David estava um pouco afastado, mas dava para vê-lo vagamente. Gina parecia preocupada e ele colocou a mão no ombro dela.
-Vai dar tudo certo.
Ela abriu a boca, mas não falou nada. Só deu um sorriso amarelo.
-Gina, o que você tem?
Ela parecia hesitante, mas ao ver que Harry insistiria em saber resolveu falar.
-Não me leve a mal, Harry... mas eu queria pedir que não fizesse nada estúpido.
-Você o quê?
Ele reagira mal como ela previra, tinha que acalmá-lo.
-Eu sei que foi você que fez com que esse plano saísse e tudo mais, mas é que eu tenho notado uma rivalidade da sua parte para com David. Não faça nada só para querer se mostrar melhor que ele.
Ele olhou para o chão, não conseguia encará-la.
-Eu não acredito que você está me dizendo isso.
Ela suspirou fundo, a face insegura dela mudou para uma bem determinada. Sua voz também ficou dura.
-Eu sinto muito, mas você tem sido um pouco infantil em relação a David. E isso é importante demais para que você faça algo.
Ele a encarou sério.
-Pode deixar, Gina Weasley. Eu não farei nada... estúpido.
Não houve muito tempo para constrangimentos, um encapuzado surgiu atrás deles e lançou um feitiço que dissolveu o gesso.
-Vamos.
Ele, Gina e as duas mulheres atrás dele entraram no forte desilusionados, para que demorasse mais para alguém perceber que o forte estava sendo atacado.
Tiveram problemas quanto a sua localização e onde Voldemort poderia estar, o lugar estava muito impregnado de magia negra e a agulha do detector não parava em um local só, ficava variando entre duas partes.
-Temos que arriscar... -disse Harry- Nós não temos segurança se é por ali mesmo, mas vamos ter que ir...
Não dava mais para contestá-lo, a segunda parede de gesso acabara de ser dissolvida, em pouco tempo Comensais e dementadores perceberiam a presença deles e um ataque feroz começaria. Assim que fossem descobertos, os encapuzados destruiriam todas as paredes de gesso ao mesmo tempo, para paralisar a ação de dementadores e Comensais por algum tempo, mas isso não duraria muito.
Ele corria agitado, sem coração batia forte e pesado, nem sequer lembrava mais da breve e recente discussão com Gina. No seu bolso tinha todo o peso de ser o menino-que-sobreviveu. Ainda ouvia a voz de Norma lhe chamando.
-Tome Leão, você vai precisar disso.
Norma lhe entregara o Talismã do Cobra, mas a questão é que ele não sabia o que isso fazia ou como usaria isso contra Voldemort. Norma com certeza pensava que ele daria um jeito, mas era difícil viver quando todos sempre esperavam que ele desse um jeito em tudo.
-Droga...
O detector negro continuava com a agulha oscilando de um lado a outro, e o caminho que tinham escolhido terminava em uma parede enorme e sem nada.
-Vamos ter que voltar e escolher outro lugar -disse Gina.
Harry já ia concordar quando um barulho imenso de uma eclosão ecoou por todo o lugar. O chão tremeu forte e ele caiu no chão, próximo à parede.
-Nos descobriram -disse uma das mulheres que os acompanhavam- Temos pouquíssimo tempo agora.
Elas deram alguns passos à frente quando perceberam que Harry continuava parado, caído no chão.
-Harry...?
Na parede havia uma imensa cobra esculpida em alto relevo. O símbolo da Sonserina ocupada toda a parede, estando escrito embaixo da cobra "Slytherin".
-Não erramos... é aqui -falou ele mais para si que para alguém.
Ele se pôs de pé e um segundo tremor aconteceu.
-Vamos, Harry, não temos tempo -sussurrou a voz desesperada de Gina.
Ele olhou fixamente para a cobra.
-Abra.
No momento em que Gina ouviu aquele silvo vindo da boca de Harry ela entendeu. Olhou para outras duas e fez o sinal que ficassem ali, chegara a hora delas defenderem a entrada. Gina lançou uma faísca roxa para o céu, mas somente os aliados podiam vê-la.
A cobra ganhou vida e se movimentou entre a parede e parou no canto dessa, então toda a parede começou a se abrir como se fosse uma porta. Ele deu um passo à frente.
-Harry!
Ele olhou apara trás e Gina sorria para ele.
-Boa sorte.
Ela dissolveu a última parede de gesso e entrou junto com os membros da 11ª e 5ª Divisões, mesmo estando todos desilusionados, ainda assim os dementadores podiam senti-los, embora os Comensais estivessem um pouco perdidos.
"Quem irá enfrentar Voldemort? Sarah? Norma Wale? Eu não vi nenhuma das duas por aqui...".
Não sabia o que estava fazendo ali, embora criasse feitiços e poções, ela não era exatamente uma duelista, esse não era seu ponto forte. Estava com muito medo, queria estar calmamente na Divisão 0. Ou melhor, queria estar em casa com Rony.
Um segundo tremor aconteceu e ela estuporou dois comensais, embora por mais que tentasse não conseguia fazer seu patrono sair completo.
-Expecto Patronum!
Mas não saía, não conseguia concentrar nisso de modo algum.
Então um feixo de luz roxa subiu o céu e ela correu em direção a ele, assim como os membros da 11ª e 5ª. Estava perto do lugar e não demorou muito para que chegasse.
-Quem está lá dentro? -perguntou para uma garota ao seu lado.
-Alguém que pode pará-lo.
Hermione conhecia aquela voz, não sabia de onde, mas tinha certeza que conhecia. Não podia ver com quem estava conversando com clareza, pois estavam todos desilusionados, mas tentou observar as feições da mulher, enquanto lutava com Comensais que perceberam a real situação e tentavam vir ajudar seu mestre.
-Eu sinto muito em dizer, mas só houve uma pessoa páreo para Voldemort -disse ela a mulher que achava reconhecer a voz, quando por acaso as duas estiveram próximas.
-Não há ninguém melhor que a pessoa que entrou para fazer isso.
O sangue de Hermione ferveu, como as pessoas podiam esquecer Harry com tanta facilidade? Como deixavam de lembrar as várias vezes que ele impediu que Voldemort retornasse? Movida pela raiva, Hermione parou de lutar e encarou a mulher.
-Só uma pessoa poderia ter feito, Harry Potter. Se ele não fez, ninguém mais fará.
Gina parou e olhou para a pessoa que estava ao seu lado, não podia vê-la normalmente, óbvio, mas pelo jeito que ela falava, será que aquela era...
-Mione?
-Sou eu.
Gina sorriu e abraçou a amiga.
-Sou eu Mione, Gina.
-Gina?
Um Comensal pensou em as atacar, mas Mione lançou um feitiço qualquer e ele caiu no chão.
-Você não deveria estar na Alemanha?
Gina estuporou alguns Comensais e se voltou para Mione.
-Nunca estive lá.
Mione sorriu, mas estava pensando em algo mais.
-Você disse, Gina... você disse que lá dentro está alguém que pode deter Voldemort... -ela parou e respirou fundo- Esse alguém... por acaso esse alguém seria Harry?
-Por milhares de acasos que aconteceram, seria.
Um Comensal estava perto delas, mas muito ao contrário dele as atacar, Mione reuniu todo o ar que tinha no pulmão para gritar.
-Expecto Patronum!
Ele estava parado, sabia que lá fora as pessoas estavam contando com ele, mas simplesmente não sabia o que fazer. À sua frente Voldemort estava repousando dentro de um cilindro preenchido com um líquido verde.
Deu alguns passos e encarou Voldemort de frente, realmente ele estava dormindo, ou coisa assim. Deu um toque no vidro, não era exatamente frágil, mas podia quebrá-lo até mesmo com as mãos.
-Achando isso divertido, Potter?
Ele deu um pulo para trás, viu Voldemort mexer-se dentro do cilindro e encará-lo. Mas antes que Harry pudesse pensar em fazer algo Voldemort quebrou o cilindro.
-Não pensou que eu iria ficar totalmente desprotegido, pensou? Meu corpo dormiu, mas minha alma estava alerta, Potter.
Voldemort deu dois passos em direção à Harry, e este deu dois passos para trás.
-Assustado?
-Você gostaria.
-Ora, ora. Não acredito que veio me ver sem pensar em nada. Achou que sentaria comigo e tomaríamos chá?
Harry tateou o Talismã em seu bolso, sabia que tinha que usá-lo, mas como?
-Bom, talvez não chá, mas já sonhei que você dançava ballet muito bem. Quem sabe você não muda da ramo?
Voldemort riu, um silvo agudo e congelante que fez os pêlos de Harry se eriçarem. Então ele ficou sério, embora um vestígio de sorriso maldoso aparecesse.
-Bom, Potter, dizem que se você tem que matar alguém faça isso logo de uma vez, e não fique conversando. Sinto muito, mas chegou a sua vez.
O coração de Harry começou a bater rapidamente, ele apertou o Talismã.
-Você não vai me matar -disse entre dentes.
Voldemort empunhou sua varinha, que balançou um pouco em sua mão antes de estar firme.
-E por que não? O que você vai fazer para me impedir?
Ele tirou o Talismã do bolso e o estendeu em sua mão, virado para Voldemort.
-Eu tenho um Talismã, e pretendo usá-lo.
Voldemort ficou inseguro, poderia ser o verdadeiro Talismã do Cobra, ou somente um fajuto. Ele segurou a varinha pronto para usá-la, mas Harry foi mais rápido.
-Libertus Cobrae.
Mas ao contrário da história de Norma, a cor verde do colar não foi se esvaindo aos poucos, mas sim um jato roxo de poeira saiu de dentro do Talismã, como se fosse um objeto enguiçado.
Voldemort riu com gosto.
-Isso é tudo que você pode fazer, Potter? Suj...
Voldemort ainda falava quando o pingente começou a ficar verde novamente e comelou a puxar algo que Harry entendeu ser a alma de Voldemort. Esse também entendeu o que estava acontecendo e começou a dizer alguns feitiços, que não tiveram efeito.
Mas algo diferente aconteceu, o Talismã simplesmente parou de sugar a alma de Voldemort, como se o compartimento interno já estivesse cheio. A cor verde decolar estava profundamente verde, e Harry não sabia se isso era bom ou ruim, embora declinasse mais para a segunda opção.
-Vamos tomar chá outra hora, Potter -ele ouviu um guincho.
Não teve tempo de fazer nada, Voldemort em seu corpo fraquíssimo desaparecera.
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