Concluído o ciclo do tempo
Diante da gárgula de pedra não precisaram realmente esperar muito. Mal chegaram e a gárgula girou deixando aparecer atrás de si uma escada giratória abarrotada de bruxos que tão logo saíram pelo vão, tomaram uma formação militar bem definida, e que os marotos reconheceram.
Em um curto espaço de tempo a formação foi tomando uma forma de contorno em que o interior parecia estar vazio. Eram eles mesmos sendo escoltados até a sala precisa.
No caminho testemunharam o confronto verbal de Lucio Malfoy e Dumbledore e viram mais uma vez os duelos romperem o ar.
Quatro deles surpreenderam-se ao enfim notar que Petigrew salvara Dumbledore com um impressionante Protego, e abatera cinco comensais sozinho com um Rictusempra. Sentiram-se então orgulhosos do amigo. Lílian e Sirius, que foram os únicos que viram o feito antes de voltarem o tempo, apenas disseram. “Sabíamos que ele conseguiria.”
Em um tom de extrema solenidade, maior do que em qualquer outro momento, a voz de Alice soou.
_Agora é a hora. O ciclo do vira-tempo se concluiu e podemos retomar nosso lugar no tempo regular. É hora de nos expormos e voltarmos para a luta.
Mas antes que tirassem a capa de invisibilidade, ouviram um grito que jamais imaginaram. Reconheceram a voz de Dumbledore descaracterizada por uma dor lancinante.
_O que foi isso? - Pergunta Sirius já erguendo a espada e deixando que o punho aparecesse pela fresta da capa. – É a voz de Dumbledore?
Mas antes que qualquer outro raciocínio se formulasse na cabeça de qualquer um deles, outro grito, ou melhor, rugido, este sim, facilmente distinguível, cortou o ar. Era de Hagrid. Algo estava acontecendo de muito grave, e os marotos perceberam que precisavam agir.
Correram o mais que puderam pelos corredores que guiavam até o gabinete de McGonaghal. Ao meio do caminho viram imediatamente poças de sangue bem visíveis no meio do corredor. Assustaram-se, Lílian deixa escapar um gemido acompanhado de abundantes lágrimas, mas logo se convence de que precisa se controlar. Atitudes teriam com certeza que ser tomadas sem demora.
Ao se aproximarem, percebem um pequeno corpo estendido no chão próximo á parede, alguns destroços de estátuas destruídas cobrindo-lhe parte da silhueta, quase desaparecida de tão pequenina, e de tão coberta de poeira e cacos de destruição.
_É Minerva, meu Deus!- Exclama desesperada Lílian, enquanto Alice se aproxima com tristeza em seu semblante, mas também muita sobriedade, e apenas pronuncia uma única e significativa frase.
_Lupin, ainda há tempo.
Mais uma vez a taça de Hufflepuff brilha em um tom esverdeado e exsuda o líquido salutar que traz a Bruxa de volta a vida.
_Como pode ser? – totalmente desnorteada mcGonaghal – Tenho certeza que fui atingida por uma maldição da morte!
_Talvez tenha pegado apenas de raspão. – Desconversa Tiago – O importante é que tínhamos a poção reanimadora da Lily e da Alice aqui conosco.
_ Poção de reanimação? Você aprendeu essa também?
_Os livros sempre ajudam. – Redargúi em tom de pressa a ruivinha – Agora precisamos ir para seu gabinete. Os outros estão lá e podem precisar de nós.
Uma vez diante da porta do gabinete, Tiago bate à porta:
_Professor Dumbledore. Está aí? Somos nós.
A porta se abre por magia e atrás dela, todos sentados, alguns no chão, outros em cadeiras, e sobre a mesa Hagrid ainda desacordado, recebendo cuidados de Molly.
_Que bom que chegaram. A situação está bem difícil para nós. Houveram muitas baixas entre os comensais, e eles ainda estão caídos pelo castelo, mas todo o nosso exécito está machucado. Acabo de receber relatório da enfermaria. Os que lá estão, apesar de cansados, estão curados, mas vários dos nossos simplesmente sumiram do campo de batalha depois de serem atingidos.
_Não se aflija, professor. – ameniza Alice – Estão todos bem, e aguardando um sinal para subir e atacar primeiramente os comensais que invadiram os outros andares.
Depois desceremos todos e daremos cabo dos que estão festejando no salão principal.
_Que alívio ouvir isso srta, Charlesmoon. Mas antes precisamos cuidar dos que estão aqui. Estão todos exaustos e feridos, e Hagrid ainda está desacordado. Perdeu muito sangue.
_Lupin. – diz Tiago – Você ainda tem um pouco da poção da Lili aí?
Tão logo Lupin compreende a menção de Tiago, afasta-se do grupo, vira-se de costas e como pode retira do bolso a pequena taça de Hufflepuff que imediatamente produz fartamente um elixir curativo. Ele invoca uma bandeja com copos, serve neles uma dose do antídoto, depois guarda a relíquia novamente no bolso e se vira, servindo a todos. Entrega o último copo a Molly e diz.
_Derrame isso na boca de Hagrid. Vai reanimá-lo.
Em poucos minutos todos estão reanimados e curados, prontos para voltar a batalha.
_É esse o momento. – comanda Alice – Tiago, envie seu patrono aos outros no térreo. Sirius, faça o mesmo com os que estão na enfermaria.
E nesse momento vários dos bruxos que estavam na sala reparam que Alice traz algo reluzente sobre a fronte. Reconhecem a relíquia de Ravenclaw. Olham para os outros marotos e reconhecem a espada de Griffindor nas mãos de Sirius e o medalhão de Slitherin no pescoço de Frank. Todos dão um passo atrás, o que deixa o garoto rubro de vergonha.
_Galera, é o medalhão de Slitherin sim, mas não está exatemente amaldiçoado. Ele produz um escudo poderoso.
Todos respiram aliviados, enquanto Sirius tira do bolso a taça e olha pra Dumbledore.
_Professor, acho eu que o segredo se revelou.
_Não tem importância. Agora vamos vencer essa guerra e recuperar Hogwarts.
Em poucos minutos todas as escadas, passagens secretas e corredores estavam repletos de bruxos e bruxas vestidos em roupas brancas de duelo, comensais estavam sendo cercados e abatidos às dúzias. Logo estavam os marotos, McGonaghal, Hagrid e Dumbledore diante da Gárgula de pedra que defende os aposentos do diretor, rindo-se das inúteis tentativas de Lucio Malfoy em descobrir-lhe a senha, burlar-lhe e sem sucesso tentar invadir a sala de Dumbledore.
Perante a reação dele, própria de um comensal, brutal e agressiva, todos de uma só vez pronunciaram contra o loiro e seus companheiros “expeliarmus”, desarmando-os e os deixando indefesos. Correram como covardes.
Sem perder tempo se dirigem enfim, visto que conseguiram livras os corredores e todos os andares superiores dos comensais, para baixo, para o salão principal.
Lá, às dúzias e quase simultaneamente foram surgindo os guerreiros da Ordem da Fênix e aos poucos foram cercando os comensais.
Evidentemente esses reagiram de forma desesperada, desferindo maldições aos quatro ventos, atingindo-se uns aos outros, desorientados. Os que sobraram foram atingidos por contra-azarações desferidos pelos membros da Ordem.
Nesse instante, em que já não restava quase nenhum soldado do Lord das Trevas de pé, eis que ele em pessoa adentra o salão, ostentando sua capacidade nova de voar sem vassoura, o rosto consternado de ira e despeito. Berrando a plenos pulmões, entre palavras desconexas, algumas frases que se fizeram inteligíveis a todos.
_Como puderam fazer isso? Não tinham esse direito! Vocês todos deviam estar caídos, derrotados, feridos, MORTOS!!!! Me dêem o que é meu por direito, essa escola me pertence!!!!
E então, um feroz Dumbledore se adianta a todos os outros:
_Pois então, se for capaz, tome-a sozinho, pois seus comensais estão derrotados e nós não.
Em uma explosão de ira desgovernada, o Lord das Trevas abre os braços de aparência ofídica e apenas com a expressão mais animalesca já vista em fronte humana desfere um feitiço, uma maldição tão poderosa que se dissemina por todo o ambiente em todas as direções. Teria matado todos os presentes, inimigos e aliados seus, os guerreiros da ordem e também os remanescentes comensais que ainda restavam, humilhados, no meio do salão, se algo inesperado para o Lord não tivesse ocorrido. Frank se adianta aos demais, ultrapassa até o próprio Dumbledore, segura firme o medalhão de Slitherin e o direciona no sentido de onde a onda de magia negra surgia. Nesse momento uma luz azulada toma conta do centro da sala e intercepta o feitiço de Voldemort. Com menos de um segundo de diferença Sirius surge logo atrás de Frank e ergue a espada de Griffindor que imediatamente suga para dentro de si quase toda a energia negra da maldição que se espalhava.
Também Lupin toma nas mãos a Taça de Hufflepuff fazendo com que ela produza todo o antídoto que ela fosse capaz jogando-o para cima e fazendo com que o líquido respingasse em todos os presentes, curando aqueles que porventura chegaram a se ferir com a terrível maldição. Alice surge logo depois, com o rosto e crânio todo iluminado e grita:
_Tiago, Vááá!!!!
E o lider dos marotos sai correndo, ultrapassa o escudo de Frank e enfrenta, sob sua capa, com toda a coragem típica daqueles que carregam nas veias o sangue dos Potter, e segue em direção ao Lord das trevas, varinha em punho, disposto a duelar com ele até a morte se preciso. Mas logo atrás dele, aproveitando o rastro de imunidade à maldição que Tiago deixava no ambiente, correu Dumbledore.
O poder do Lord nesse momento esgota-se. A maldição perde completamente seu poder e esvai-se, como se jamais tivesse existido. E Dumbledore, com um movimento hábil da varinha, sem pronunciar palavra ou alterar em nada seu semblante sereno, apenas aponta para o Lord, que em meio a um berro de terror, gutural e selvagem, ergue vôo com sua capa antigravidade, Tão rápido que surpreende a todos. Mais uma vez ergue os dois braços e diz.
_Vocês me derrotaram, mas nenhum de vocês jamais se lembrará do que houve aqui!!!
Disse essas palavras com uma dor vingativa na entonação e com um primeiro movimento, Diante de uma multidão vestida de branco, totalmente estupefatos, fez com que todos os seus comensais, acordados ou desmaiados, sumissem do castelo. Os teleportou sabe Merlin para onde. Para seu quartel general, talvez. Num segundo movimento restaurou todo o castelo, todas as estruturas, tudo que havia sido destruído, deixando-o como antes do ataque, inclusive as sobremesas sobre as mesas das casas, como estavam ao término do almoço, quando iniciou seu frustrado ataque. E num terceiro movimento, proferiu pausada e claramente, em uma entonação que ressoou forte, porém não aos berros:
_ obliviate contraho maximum!!!
Todos se viram de pé, reunidos na parte frontal do castelo. Os seis marotos não estavam presentes, nem Dumbledore. Apenas viram um vulto negro cruzar a porta. Não entenderam nada. Não sabiam de nada. Olharam a ampulheta que levitava oscilante sobre a mesa dos professores e notaram o grande lapso do tempo. Horas inteiras haviam passado. Já eram quatro da tarde. Não sabiam o que tinha acontecido.
Enquanto isso, na Sala Precisa, Dumbledore e os seis guerreiros marotos reunidos, imunes ao poderoso encantamento de memória, discutiam o que fazer,
_Será melhor para todos – diz Dumbledore – que também vocês não se lembrem dessa batalha. Também apagarei de minha memória todos esses acontecimentos. Vamos guardar as relíquias no seu devido lugar.
Dito isto, pela primeira vez o diretor tocou com as próprias mãos as relíquias. Pessoalmente arranjou-as dentro da caixa de Dumbledore, a sexta relíquia, e com um sutil movimento das mãos sobre a tampa, fez com que ela voltasse ao tamanho de uma caixa de fósforos dos trouxas. Depois, com um leve pesar na mente, mas sabendo ser o melhor a fazer, pronunciou o feitiço de memória sobre os seis jovens e sobre si mesmo.
_”Oblivio secui sanus”
E na mente dos sete surgiu a consciência empolgada de que em fim estavam ali, na tão esperada reunião onde debateriam e analisariam todos os pormenores sobre aquelas relíquias tão inestimáveis.
_Agora que já estudamos todas elas, sabemos como funcionam, as tocamos e sentimos, acho que devo dizer qual a minha decisão. – emociona-se Dumbledore – Tiago. Como a caixa de Dumbledore foi dada a você, acho que isso o torna guardião das relíquias. E elas devem ir com você para onde você for. Você deve levá-las para casa, guardá-las como seu mais precioso bem, mesmo porque elas pertencem ao seis. Um dia elas serão úteis, imprescindíveis, mas por hora, os seis tem a maior responsabilidade de todas. Mantê-las em segurança e em absoluto segredo, até que seja necessário usá-las.
_Mas Professor! – retruca Tiago, voz embargada, rosto contraído de emoção, sentindo um cansaço no corpo que não sabia de onde surgira; atribuiu-o aos NIEMs e aos treinamentos na Ordem da Fenix– O senhor é o descendente direto. A caixa é sua por direito. Deve ficar com o Senhor.
_Eu tive os espelhos diante de mim por um tempo infinitamente maior do que vocês. Em nenhum momento tive desejos tão nobres quanto os seus, e por isso tenho certeza de que vocês merecem o que ganharam, e essas relíquias são definitivamente suas. Usei meu tempo e minhas oportunidades diante do espelho para um único fim que lamento admitir, não foram exatemente nobres; Agora eu terei dos espelhos aquilo que eu desejei e vocês terão o que desejaram. Assim é o justo, e assim deve ser.
_Mas professor, não querendo ser invasiva, - tateia Lílian - afinal, o que foi que o senhor tanto desejou diante dos espelhos?
_Algo que ia contra a vontade do universo, contra o fluxo normal das existências, e acima de tudo, algo que não era possível definitivamente.
_Mas acho que podemos afirmar, senhor, - argumenta Tiago – que diante dos espelhos tudo é possível.
_Menos aquilo que rege as leis da vida e da morte, rapaz. Um dia, receio, e me dói afirmar, você entenderá.
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