Território maldito



Pedro Pettigrew estava morto. Era a manchete principal no Profeta Diário. Seu corpo fora encontrado sem vida em Camden Town, ao lado do Regent’s Canal, por trouxas. A morte foi pela maldição imperdoável número um: o Avada. Não mencionava o suposto assassino nem mesmo suspeitos, mas quem lia a matéria e entendia bem das coisas sabia que Pettigrew havia sido liquidado por ordem de Voldemort.
Sirius Black se sentiu muito feliz ao ler a notícia, o traidor pagara pela traição, mas apesar de preocupado com Tiago, estava contente que o amigo houvesse conseguido se esconder do Lorde das Trevas. Lupin e ele estavam morando na mansão Black, e tinham convocado a Ordem para mais uma reunião secreta naquela noite.
A virada de ano não foi muito comemorada pela sociedade bruxa porque as trevas espreitavam em cada canto, tentando aliciar com suas garras afiadas qualquer um que tivesse medo e fosse fraco o suficiente para se render à Imperio.
Os primeiros dias do ano de 1981 não davam sinais de que a vida seria tranqüila. Não havia esperanças de paz, especialmente para qualquer bruxo que nascera trouxa ou que se casara com um. A horda do Lorde das Trevas estava dizimando todos os sangues-ruins que se punham em seu caminho. Não havia misericórdia para Voldemort. As ordens eram claras: ou o bruxo aliava-se à Voldemort ou sofreria as conseqüências. Por tal, muitos optavam juntarem-se as trevas, mesmo que isso lhes rendesse a obrigação de perseguir outros inocentes.
Até mesmo o Ministério tinha recuado e muitos de seus funcionários já compactuavam com as barbarescas atitudes dos Comensais e seu mestre. Assim, as famílias cujas ligações trouxas eram visíveis fugiram da Grã-Bretanha, exilando-se em lugares longínquos no total anonimato, muitas vezes sem dinheiro e somente com a roupa do corpo.
A obsessão de Voldemort atingira níveis críticos quando Alvo Dumbledore decidira continuar defendendo Hogwarts e mantendo nela todas as crianças com descendência trouxa que quisessem ficar. Mas o velho mago foi vencido pelo próprio corpo discente, cujos pais amedrontados não permitiram que freqüentassem uma escola constantemente atacada por loucos insanos.
Havia também os que gostavam das coisas do jeito novo: um mundo bruxo somente para bruxos. E a esses, que não eram poucos, Voldemort permitiu livre passagem, porque sabia que concordariam com sua causa. Sim, havia quem vivesse como se nada houvesse acontecido. Nada parou, muito embora o grande contingente estava com medo, iam trabalhar todos os dias, faziam suas comprar todos os dias e voltavam para casa todos os dias. E até confraternizavam todos os dias, mesmo sob o olhar dos Comensais, que formavam um grande número e andavam por entre a gente de peito estufado, jantavam em restaurantes cheios de soberba, passavam pelas calçadas com olhar observador, como se fossem apontar a varinha para o primeiro transeunte que lhes cortasse a frente e matá-lo de forma cruel e lenta.
No novo regime não havia toque de recolher ou qualquer outra proibição. Voldemort não temia grupos de pessoas reunindo-se num pub ou numa esquina mal iluminada. Não temia, muito menos, pessoas que corriam de um lado a outro antes de anoitecer, preparando uma casa mais segura. Ele não iria invadir a casa de bruxo algum que não escondesse um trouxa ou nascido trouxa.
E com todo aquele medo e obediência, Voldemort podia exercer poder máximo sobre o que quer que fosse sem desgastar qualquer força sobressalente. Entretanto, sua única preocupação naqueles dias era encontrar os Potter e matar o filho deles, porque a profecia prenunciada por Sibila Trewlaney dissera que um não poderia viver enquanto o outro não sobrevivesse, logo, era preciso cortar o mal pela raiz. Mas a raiz se aprofundado de tal forma na terra que estava sendo impossível localizá-la.

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